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A Receita Federal lançou a operação Cadeia de Carbono, investigando empresas laranja e esquemas de interposição fraudulenta na importação de combustíveis. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, detalhou diligências em cinco estados, envolvendo R$ 240 milhões em cargas e um prejuízo histórico de bilhões à economia brasileira.

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00:004 horas e 47 minutos, interrompemos a reportagem porque temos breaking news aqui no Brasil.
00:09Hoje a Receita Federal deu início a operação cadeia de carbono para investigar fraudes na importação e venda de combustíveis e derivados de petróleo.
00:18A ação mira empresas sem estrutura compatível que aparecem como importadoras formais para esconder os verdadeiros responsáveis e a origem dos recursos.
00:29Vamos já acompanhar aqui a entrevista coletiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está aqui em São Paulo e vai agora, portanto, falar sobre essa operação que teve diligências em 5 estados.
00:41Vamos então acompanhar aqui.
00:43A gente tem visto algumas operações que envolvem combustível, que envolvem o Fintex, temas do tanto parecidos.
01:02Também tem a ver com esse, se por acaso o governo está fazendo junto com a Receita Federal realmente um vento fino nesses setores e tal.
01:09Por que a gente está vendo junto nisso, por esse tipo de operação?
01:12Muito bem.
01:14Bom, vou começar aqui a responder.
01:16Primeiro, agradecer a presença de todos.
01:19Nós, desde 2023, nós criamos no âmbito da Receita Federal um núcleo para o combate a chamadas fraudes estruturadas.
01:28Na verdade, são esquemas criminosos que se desenvolvem ao longo do tempo e que se valem de brechas na legislação, liminares, desembaraços a doaneiros antecipados.
01:43Uma série de expedientes que dificultam muito a vida da Receita Federal, prejudicam demasiadamente o consumidor brasileiro, que acaba comprando gato por lebre, acaba comprando gasolina batizada, uma série de questões relativas ao direito do consumidor.
02:02Prejudica a concorrência leal, porque aqueles bons contribuintes que pagam seus tributos, que respeitam a legislação, não conseguem competir com os malfeitores, com os criminosos.
02:18Então, é um prejuízo enorme para a economia nacional.
02:21Além disso, sobretudo os estados brasileiros, em particular São Paulo, Rio de Janeiro, mas não só, porque eu falo desses dois estados, onde estava forte concentração de consumo de combustíveis, acabam sendo muito prejudicados na arrecadação de CMS.
02:39Lavram multas enormes e acabam não recebendo em função de uma falta de legislação robusta.
02:45Nós estamos aí, às vésperas, talvez, da votação definitiva da lei que pune o devedor com Tomás.
02:54O Senado, depois da Operação Carbono Oculto, que foi no dia 28 de agosto desse ano, o Senado deu uma resposta, aprovando um relatório aprovado pela Receita Federal, de autoria do senador Ifraim.
03:13Foi amplamente votado, não teve nenhum voto contra, se não me falha a memória.
03:21E agora a Câmara dos Deputados pode dar uma resposta a essa nova operação, cadeia de carbono, consumando a aprovação da lei do devedor com Tomás, que vai à sanção presidencial.
03:34Essa lei é muito importante para o Brasil, porque o Brasil é o único país que tem uma legislação muito frouxa com aquele sonegador reiterado,
03:48que sabe que pagando um tributo, negociando dívida, ele acaba escapando da legislação penal.
03:55Isso é muito grave, o fato de uma pessoa que tem um esquema criminoso acabar anuindo para trás das grades em função dessas brechas na legislação.
04:07Ninguém está falando de inadimplência aqui, ninguém está falando de atraso de tributo, não estamos falando disso.
04:12Nós estamos falando da pessoa que tem um esquema criminoso para não pagar tributos e reiteradamente distribuir mercadorias no Brasil adulteradas,
04:25devido ao tratamento aduaneiro, sem a atenção às regras do Inmetro, sem a atenção à ANP, no caso da Agência Nacional de Petróleo.
04:39Enfim, é realmente um esquema criminoso que, inclusive, pode servir para a lavagem de dinheiro.
04:47Então, é muito grave.
04:49Eu sou da opinião, desde que assumi a Fazenda, de que a Receita Federal tem muito a contribuir com o crime organizado.
04:57Desde que se dê a ela os instrumentos, como esse do devedor Contumaz,
05:03e uma outra coisa que nós estamos reivindicando junto ao CNJ, ao Conselho Nacional de Justiça,
05:09é que liminares, sobretudo no âmbito aduaneiro, não sejam concedidas antes da Receita ser ouvida.
05:18Porque quando a Receita leva ao juiz o que de fato está acontecendo,
05:22o juiz efetivamente não tem razões para conceder liminar,
05:28cuja eficácia acaba atrapalhando a investigação que é feita pela Polícia Federal do crime que foi detectado pela Receita Federal na sua fiscalização.
05:42Como a Receita fiscaliza a aduana, fiscaliza as atividades econômicas,
05:49ela acaba tendo um acesso natural a eventuais indícios de fraude, de crime,
05:55como é o caso da interposição fraudulenta,
05:58que é você usar pequenas empresas laranja para acabar desviando a atenção da Receita do foco,
06:05de quem efetivamente está recebendo a mercadoria adulterada, a mercadoria subfaturada e assim por diante.
06:13Mas o uso dessas empresas pequenas fazia esses onegadores ter um benefício fiscal?
06:18Sim, porque não pagam imposto.
06:20A empresa fecha sem o pagamento de impostos.
06:24Você não consegue ter uma abertura contínua de CNPJs novos
06:29e os tributos nunca são recolhidos, justamente em virtude desse expediente.
06:35Abre e fecha, abre e fecha a empresa.
06:37E a empresa que está operando o esquema, essa não fecha,
06:41mas está se valendo daquelas que fazem, às vezes, de uma empresa séria,
06:45razão pela qual, inclusive, hoje, a Receita Federal está emitindo uma portaria,
06:51uma instrução normativa que vai disciplinar o desembaraço antecipado.
06:58Porque essa era uma das estratégias que eles usavam
07:01para desembaraçar a mercadoria em um determinado porto do Brasil
07:06e entregar a mercadoria em outro, já desembaraçada.
07:10Onde a Receita já perdia, já tinha feito o desembaraço em outro local,
07:15perdia a oportunidade de fazer a conferência da mercadoria.
07:18Então, quer dizer que essas operações, elas usam de prestes, da legislação,
07:25e acabam dando uma certa verniz de legalidade que dificultaria...
07:30Que dificulta.
07:32É isso.
07:33É em função disso que a instrução normativa vai ser expedida hoje.
07:38A lei do devedor com Tomás é muito importante.
07:41Ela está há oito anos em tramitação.
07:44Nós estamos, desde o primeiro dia desse governo,
07:48pedindo para que o Congresso aprecie a lei,
07:51porque é uma ferramenta fundamental para que nós possamos combater esse tipo de crime.
08:00Agora, esse núcleo de fraude estruturada, de combate à fraude estruturada,
08:06vai se transformar com a aprovação da MP 1303,
08:11que muda uma série de questões burocráticas, numa delegacia.
08:15Então, nós vamos institucionalizar a inteligência que foi criada nos últimos dois anos
08:21para colaborar com os agentes de combate ao crime.
08:26Nós vamos dar mais subsídios para a Polícia Federal,
08:30mais subsídios para o Ministério Público dos Estados e para o Ministério Federal,
08:35para que esse tipo de combate tenha mais eficácia.
08:37Então, a Fazenda está entrando, o Ministério da Fazenda, desde 2003, está trabalhando nisso,
08:44mas nós estamos colhendo agora os frutos dessa ação.
08:48A Receita tem muita inteligência instalada,
08:51pode-se colocar dentro das suas atribuições, que é de fiscalização,
08:56essa inteligência à disposição dos investigadores,
09:00para que depois o Ministério Público possa punir essas pessoas,
09:04desde que se aperte um pouco a legislação sobre o devedor com Tomás,
09:14que é uma peça essencial desse esforço que está sendo feito para coibir essa prática.
09:21E o setor de combustíveis foi escolhido por razões óbvias.
09:25Ele é o que mais está sendo usado para esse tipo de atividade.
09:30Então, você tem as redes de distribuição, os postos de gasolina,
09:35os caminhões que foram apreendidos no dia 28 de agosto.
09:39Você tem uma rede aí, praticamente nacional,
09:42que dá suporte à lavagem de dinheiro e ao crime organizado de uma maneira geral.
09:47Essas pequenas importadoras, elas não pagavam impostos?
09:52O expediente geralmente usado é você usar...
09:58Porque há uma... Primeiro, para fazer uma declaração aqui importante,
10:03os empresários sérios, longe de estarem sendo afetados por essa ação,
10:10estão sendo protegidos por essa ação.
10:12Porque quem age regularmente no território nacional,
10:17esse está salvaguardado, porque ele está...
10:20Esse empresário sério está sofrendo a consequência de um criminoso
10:25que está agindo de forma desleal com o seu concorrente e com o consumidor,
10:31que não sabe o que está comprando.
10:33Porque isso tudo, até nessa operação de hoje,
10:36ela foi acompanhada de um perito do Ministério das Minas e Energia
10:40para saber exatamente o que é a carga.
10:44Qual o conteúdo efetivo do que está ali?
10:47Qual é o combustível que está sendo importado nessas condições?
10:51Então, até sobre isso, está sendo feita uma vistoria
10:54para que a conformidade entre o que está sendo declarado
10:58e o que, de fato, está sendo importado, seja atestada.
11:01O Matheus, o que nós recebemos, fala que a receita está sempre em contato com o judiciário
11:07para que não tenha...
11:09Se eu puder explicar melhor isso para a gente?
11:11Exatamente por isso.
11:13Barreirinhas tem insistido muito que, muitas vezes, o combate ao crime
11:17se perde na aduana porque, muitas vezes, é concedido uma liminar
11:22para o impetrante de um pedido antes da receita ser ouvida.
11:27E aí você perde, efetivamente, o flagrante, a oportunidade de, efetivamente, conferir a carga,
11:35de saber o que estava sendo importado.
11:38Então, esse tipo de atuação junto ao Conselho Nacional de Justiça é fundamental.
11:44Então, no dia de hoje, a Fazenda estava em contato permanente com o judiciário
11:50para impedir que uma eventual liminar concedida, inadvertidamente por alguém que recebe uma petição
11:57e considera razoáveis os argumentos, não expedisse a liminar antes de ouvir a Receita Federal.
12:05Então, são pequenas coisas que podem ajudar muito.
12:10São detalhes, são brechas que, se resolvidos, podem ajudar muito a Receita Federal.
12:18De novo, a Receita é um órgão de fiscalização aduaneira e tributária.
12:24Mas ela, quando se depara com indícios de crime, ela remete imediatamente para a Polícia Federal,
12:30que, obviamente, que hoje já foi informada do que ocorreu lá no Rio de Janeiro,
12:37para que ela passe a investigar como aconteceu com o carbono oculto
12:41e orientar o Ministério Público da esfera competente para tomar as medidas judiciais cabíveis.
12:48Olha, o detalhe técnico é bom checar com a Receita.
12:59O problema é que...
13:01Não, qual é o problema que a instrução normativa visa corrigir?
13:05A questão do desembaraço antecipado.
13:11Porque essa era uma das estratégias em que você usava vários portos do Brasil,
13:17um para desembaraçar e o outro para descarregar a mercadoria.
13:20E era nesse tipo de concessão do Estado,
13:25você pode desembaraçar num lugar e descarregar a mercadoria no outro,
13:28que você tinha, muitas vezes, a operação, o recurso ao judiciário
13:34para impedir que a Receita exercesse as suas funções.
13:39Então, é isso que nós estamos fechando com a instrução normativa.
13:42Quer dizer, uma casa que viria para São Paulo, ela poderia ser desembaraçada no Rio de Santo?
13:47Hoje você pode fazer isso.
13:49Inclusive, tem...
13:50Existe navio...
13:51Não, ele é desembaraçado lá, mas não descarrega lá.
13:56Você usa uma das embarcações que está sendo objeto de cautela por parte da Receita,
14:06ela está indo para o Rio de Janeiro, mas com a carga já desembaraçada, por exemplo.
14:13De onde as reuniões têm a ver? De que país?
14:15Isso eu não saberia o que dizer.
14:17Mas, assim, segundo a Receita Federal, até aqui, segundo eu fui informado,
14:24na Salvo Melhor Juízo, não há indícios de que haja qualquer comprometimento
14:29da parte de quem vendeu a mercadoria.
14:34Não há nenhum indício de envolvimento na prática de crime tributário e aduaneiro no Brasil.
14:42E já se sabe se de fato é combustível?
14:44Porque naquela operação do PCC, o que se via é que se dizia que estava trazendo etanol
14:48e estava se transportando, estava se transportando o tal do etanol, na verdade.
14:52É por isso que um perito do Ministério das Minas e Energia está acompanhando toda a operação,
15:00para que nós tenhamos praticamente, em tempo real, um laudo sobre o que está sendo transportado.
15:07Que era outra brecha também.
15:09Você tinha dificuldade, depois, em recorrer ao judiciário e provar que aquilo que tinha sido transportado
15:16era um tipo de combustível e não outro.
15:19Então, agora, se está se fazendo in loco, no momento do desembaraço ou do desembarque da mercadoria,
15:27está sendo feita a perícia.
15:28O tamanho do prejuízo já está fechado?
15:31Ou pode haver um novo balanço?
15:32A gente vê que foi feito as novas análises?
15:34Olha, o que está mapeado nesse momento do que pode ser objeto da operação no dia de hoje
15:41envolve 240 milhões de reais em mercadoria, em combustível.
15:48Mas, enfim, como é uma prática rotineira desse esquema de corrupção,
15:57nós realmente estamos falando de bilhões de reais.
16:01Nós estamos falando de bilhões de reais.
16:02São 240 milhões, não de sonegação, né?
16:06De possível apreensão.
16:10Pode chegar a, de acordo com o que está sendo mapeado, pode chegar a 240 milhões de reais
16:19nessa operação cadeia de carbono.
16:22Mas, se nós levarmos em consideração o esquema e há quanto tempo ele vem driblando os mecanismos,
16:33aí você está falando de bilhões de reais.
16:34Essa operação do Rio é mais com relação a esse esquema que eles fazem de desembarassar no porto
16:40e depois chegar em outro?
16:42ou dá suspeita ali de que a mercadoria realmente não seja...
16:48Essa conclusão nós vamos ter nas próximas horas, de tudo o que isso envolve.
16:54Mas os dois navios foi por conta de uma...
16:57Sim.
16:58Que vocês chegaram foi por conta desse esquema do desembaraço.
17:02Sim.
17:02Tá, obrigada.
17:03Tá bem?
17:04Obrigado, obrigada.
17:06Sobre um outro tema, fala um pouco com a gente aqui em São Paulo.
17:08Sobretudo, a Fazenda tem expectativa de que na semana que vem possa ser votada em plenário
17:13ou para a reforma que você está vendo?
17:14Tá.
17:14Eu vou permanecer no Brasil em virtude dessa possibilidade.
17:21Então, nós entendemos que possivelmente os líderes se reúnam na Câmara
17:26para julgar a conveniência e oportunidade de levar a plenária semana que vem.
17:33Então, eu estou ficando um pouco em função disso.
17:36Ministro, as pessoas foram presas hoje, que eu acabei chegando um pouco depois,
17:40não sei se o senhor já foi falado.
17:41As pessoas foram presas durante a operação?
17:43Não, que eu tenha...
17:46Eu sou a preenção da vertadoria agora.
17:48Sim, exatamente.
17:49Tá bom?
17:50Obrigado, obrigado, gente.
17:51Obrigada, Vinícius.
17:53Cinco horas, cinco minutos.
17:55A gente acompanhou aí ao vivo a entrevista coletiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
18:01trazendo aqui detalhes, Vinícius Torres Freire, sobre essa operação,
18:05realizada hoje pela Receita Federal.
18:07A Polícia Federal foi comunicada, recebeu essas informações também,
18:11mas a operação foi executada pela Receita Federal.
18:13Uma operação chamada Cadeia de Carbono contra fraudes na importação e comercialização de combustíveis.
18:20A operação foi realizada em cinco estados, Alagoas, Paraíba, Amapá, Rio de Janeiro e São Paulo.
18:26Ela incluiu retenção de cargas, havia cargas de petróleo de dois navios que seguiam para o Rio de Janeiro.
18:31O ministro explicou aí que as cargas são avaliadas em 240 milhões de reais,
18:37mas que se formos olhar todo o histórico de práticas criminosas nessa linha,
18:44de tudo aquilo que já foi perdido, inclusive em sonegação fiscal, estaríamos falando de bilhões de reais.
18:49E, Vinícius, o ministro mencionou aí que o cerne dessa operação gira em torno da prática de interposição fraudulenta.
18:58Há empresas aí investigadas que são muito pequenas para o tamanho da operação que elas estão fazendo de importação de combustíveis.
19:04Explica para a gente como é que funciona esse esquema.
19:06Basicamente, é um laranjão. Laranjão, minha voz está sumindo.
19:10O que ele faz? Uma empresa que não tem tradição, tamanho, finanças, capital, tamanho de capital, tamanho de empregados, não tem nada disso.
19:18Ela importa um monte de combustível.
19:20Agora, quem está dando dinheiro para ela importar é outra e quem está recebendo combustível para vender é uma outra.
19:27Então, é uma laranja, é o intermediário que consegue passar por falta dessas fiscalizações.
19:33Deixa eu contar uma historinha. Em 2023, o estado do Amapá baixou os impostos das mercadorias que chegavam nos seus portos, que são pequenininhos.
19:42O que começou a acontecer? Navio de diesel russo ia lá no Amapá, pagava o imposto pequenininho e depois ia entregar o combustível em outro porto, como falou o ministro.
19:54Era uma variante desse esquema.
19:55Então, tem muita empresa que está nesse mercado, tem muita CNPJ que está nesse mercado, para abafar a origem de dinheiro e quem está, no final das contas, comprando e distribuindo esse combustível.
20:09Esse esquema que o ministro está falando, inclusive ele começa a entrevista falando da lei do devido ao conto mais, que tem remotamente a ver com isso.
20:16Ele fala o seguinte, tem um monte de empresas, tem um monte de grupos, provavelmente criminosos, que abrem o negócio, fecham, vão ver que estão sendo fisgados, vão para outro, abrem outro.
20:28É sempre o mesmo grupo e vão trocando o CNPJ para poder continuar atuando e emitir umas notas falsas.
20:33Então, o que o ministro está falando é que existe um grande esquema de falsificação de atividade empresarial e que um deles é esse de importação de combustível e que esse esquema de combustível, provavelmente, ou pelo menos uma parte dele, com certeza, tem ligação com organização criminosa, com o PCC, porque é a má parte da entrada de combustível que eles vendem por aqui.
20:55Ponto.
20:55Agora, eu falei agora com o pessoal da polícia, embora a polícia federal não esteja envolvida nisso, a Receita, por enquanto, quer dizer, está por cima, eles falaram o seguinte, o problema é que não tem só empresa malandra, tem empresa grande, eu não sei, eu falei, grande quer dizer o quê?
21:13E que atua legalmente em outras áreas, é metida nisso.
21:16Então, a coisa é um pouco mais grave.
21:18Agora, o que o ministro está falando e a Receita está fazendo é tentar descobrir um monte de empresa fake, instituição financeira fake, que lava dinheiro do PCC, como na Operação Carbono Oculto, que lava dinheiro, que esconde a operação criminosa e a importação de combustível.
21:31É uma tentativa de pegar essa gente, porque isso dá dinheiro para a organização criminosa, arrebenta a empresa regular, que tem que vender combustível com fiscalização, custo aumentado e preço ok, e financiando o crime em outras áreas.
21:45Então, é uma tentativa grande da Receita de cercar mais essa gente.
21:48E nessa tentativa de cercar, o ministro da Fazenda também falou agora sobre fechar brechas legais, inclusive.
21:54Vamos trazer para a conversa aqui o nosso analista Eduardo Gair, que está em Brasília também acompanhando os bastidores do governo e os bastidores dessa operação.
22:04Gair, o ministro Fernando Haddad anunciou aí a publicação de uma instrução normativa da Receita Federal.
22:09Existe também como frente dentro dessa operação, de coibir esse tipo de crime, a adoção de medidas legais nesse sentido, então.
22:18Adotar uma legislação que possa fechar buracos aí por onde esse esquema está conseguindo passar.
22:23Turci, desde o início do governo, o Ministério da Fazenda tem a lei do devedor com o Tomás como o core dessa tentativa de burlar o crime organizado,
22:37de, na verdade, impedir a sua infiltração dentro da economia formal.
22:41Agora, esse é mais um projeto que está parado no escaninho do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Mota, há um tempo,
22:48e que não avança, enquanto a Câmara vota PEC da blindagem, vota anistia para quem tentou o golpe de Estado,
22:54ou pelo menos a urgência disso, um projeto tão importante como esse do devedor com o Tomás está parado na gaveta do presidente da Câmara.
23:01Um segundo ponto interessante dessa coletiva é que já se fala em desvio da casa de bilhões,
23:07o que evidencia esse completo desmonte do Estado brasileiro do ponto de vista das receitas.
23:13Um dinheiro que poderia estar indo de ICMS para a saúde, para a educação, vai para o bolso de quem sonega.
23:20Esse é um ponto que a Receita tenta cada vez mais combater, mas os mecanismos de evasão fiscal têm sido cada vez mais sofisticados.
23:28E o terceiro ponto parece que não tem nada a ver com a PEC da blindagem, mas tem sim a ver com a PEC da blindagem,
23:34porque essa operação de hoje da Receita Federal, assim como a Operação Carbono Oculto,
23:38as duas deixaram muito claro como o crime organizado tem se infiltrado na economia formal.
23:44E a PEC da blindagem é um convite para o crime organizado se infiltrar também na política,
23:50porque agora, por exemplo, um grande empresário que esteja, por exemplo, envolvido nesse caso de fraude nos combustíveis,
23:59ele pode, se quiser, fugir da investigação ou se candidatar a deputado federal e fica blindado,
24:05não pode ser investigado pelo Supremo a não ser com a autorização do Congresso,
24:10ou até mais fácil, monta um partido político, porque a PEC da blindagem coloca o presidente de partido
24:15como dentro desse grande escudo que tenta se montar.
24:19Então, o Senado Federal vai tentar dar um freio de arrumação nessa emenda à Constituição,
24:25mas esses assuntos estão muito ligados, sim, Tur, se a economia formal já tem sido contaminada pelo crime organizado
24:31e a política precisa criar algum tipo de risco no chão para isso não acontecer o mesmo aqui no Congresso.
24:37Pois é, tanto é que está sendo bem propriamente chamada essa PEC da blindagem de PEC da bandidagem.
24:44Vinícius, o Gair citou aí a questão do impacto na sonegação fiscal desse esquema.
24:52Os governos são prejudicados, consequentemente a população é prejudicada por conta disso,
24:58agora a população também é prejudicada de outras formas, o combustível que as pessoas estão consumindo
25:03e tem também as próprias empresas que agem dentro da lei e sofrem uma concorrência que é desleal.
25:10Como tem dito o pessoal lá do Congresso, é um efeito ruim amplo, geral e irrestrito, Fábio.
25:16Por quê? Primeiro, alimenta bandido, eles têm mais dinheiro para montar e manter a organização criminosa.
25:24Segundo, que acaba com as empresas corretas, que têm custo alto, como eu tinha falado,
25:30que têm custo de observância das regras, para você cumprir as regras têm custo,
25:33têm que vender o combustível no preço da concorrência, não no preço da bandidagem,
25:37então elas são prejudicadas e aí vão saindo do mercado para piorar.
25:40E tem o problema fiscal. Aquele exemplo que eu dei lá do Amapá, do navio russo que chegava
25:45para desembarcar o petróleo, o diesel, aliás, no porto do Amapá, que nem existia, não tinha capacidade para isso,
25:52e na verdade mandava, vinha depois desembarcar no Paraná e em São Paulo,
25:57só nessa fraude, de 23 a 24, no começo de 25, foi um bilhão de reais de imposto que o Paraná e São Paulo perderam.
26:05Isso é um exemplozinho. Quanto mais essa gente está levando.
26:10E quantas pessoas eles estão corrompendo para facilitar esse esquema.
26:15Então, assim, é muito grave, parece uma coisa assim, olha, importação de combustível, laranjão.
26:21Não, é muito grave, é central para o Brasil de hoje, porque isso é uma tentativa de pegar o crime
26:26onde dói mais para eles e segurar.
26:28Se não tiver isso, daqui a pouco a gente vai ter, como o Gaia falou,
26:31gente comprando cadeira no Congresso ou comprando mais gente no Congresso.
26:36E pior, existe a suspeita de que líderes partidários estejam envolvidos com gente
26:45que o faz em importação ilegal de combustível.
26:48Tudo se conversa, né?
26:50E, Gaia, por falar em tudo se conversa, essa operação de hoje, a cadeia de carbono,
26:56ela também conversa com a Operação Carbono Oculto, que a gente acompanhou algumas semanas atrás,
27:01que revelou aquele ingresso do crime organizado, inclusive na Faria Lima,
27:07e o ministro citou aí que a Polícia Federal, Vinícius Torres Freire também lembrou aqui,
27:13embora a operação de hoje seja da Receita Federal, a Polícia Federal já participa dessa investigação,
27:20recebe essas informações e existe uma troca aí entre os dois órgãos federais
27:24para avançar toda essa frente contra o crime organizado, né?
27:27Claro, essa troca é absolutamente fundamental.
27:33O atual diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues,
27:35tem uma relação excelente com os ministros do governo do presidente Lula,
27:40então, claro que existe sim uma parceria que é muito bem-vinda, inclusive,
27:45para o combate ao crime organizado, unindo Receita Federal,
27:48também o próprio Ministério Público, como foi na Operação Carbono Oculto,
27:52e a Receita Federal.
27:54Então, sim, há conexão entre esses dois casos.
27:56Agora, ainda falando dos combustíveis, queria até ouvir a opinião do Vinícius sobre isso,
28:01o comentário dele, porque existe um desafio até adicional para a própria Petrobras.
28:05A Petrobras é muito cobrada pelo governo para reduzir o preço de combustíveis,
28:10para o combustível chegar mais barato na bomba, para o consumidor na reta final.
28:15Agora, o que adianta também a Petrobras abrir mão de Receita,
28:18reduz um pouco do combustível,
28:20e depois, o que acontece é que o crime organizado está tão dentro dessa cadeia,
28:25desse setor, que o controle do preço final fica muito difícil para a estatal tomar conta.
28:30Não estou aqui, em hipótese nenhuma, defendendo a hipótese da Petrobras
28:34ser a grande responsável do poço até o posto.
28:38Mas o que eu quero dizer é que essa cobrança em cima da estatal,
28:41e que isso repercute no mercado, por vezes, não consegue ter efeito.
28:45A Petrobras abaixa 20 centavos na refinaria, isso não chega no consumidor final.
28:51Esse é o tamanho do desafio que o Brasil enfrenta agora,
28:53porque se perdeu o controle do setor de combustíveis, pelo menos da parte podre dele.
29:00Vinícius, quer complementar?
29:01Galera, é verdade, a Petrobras tem...
29:05Mesmo se ela quisesse, ela não ia poder fazer nada a respeito do preço do combustível,
29:09a não ser que fechasse a concorrência.
29:11Ela tem um importador legal de combustível que ficaria fora do mercado
29:14se ele tivesse que concorrer com o preço abaixo do mercado da Petrobras.
29:18Mas sou bandido, não.
29:20O bandido tem ganhos operacionais de ser bandido,
29:24de não pagar imposto, de não pagar custo de observância das leis.
29:28Então, assim, o pior de tudo, gente, a gente tem que lembrar,
29:32é uma história muito antiga.
29:33Qualquer pessoa que se informa, que vê meios de comunicação,
29:37lei de jornais, sabe que existe denúncia de que criminosos têm postos de gasolina,
29:43que era um modo de você lavar dinheiro.
29:46Inclusive, a operação Lava Jato começou com uma investigação em um posto de gasolina.
29:51Mas isso já era muito velho.
29:53Então, é o seguinte, o crime está engordando,
29:55ficando mais forte, tendo mais dinheiro,
29:58desde décadas, pelo menos desde o final dos anos 90,
30:02com postos de gasolina.
30:03E daí eles começaram a entrar em outros negócios, imobiliário,
30:06começaram a ter algumas empresas de lojinhas de postos de gasolina
30:11e começaram também agora a entrar na finança.
30:13Isso tudo porque eles ficaram sofisticados,
30:16ganharam muito dinheiro, ganharam muita força.
30:18A gente está vendo agora uma coisa diferente no Brasil,
30:20a gente tem que falar, que a gente nunca elogia, quase não elogia nada,
30:24mas a gente está tendo um esforço concentrado
30:26para acabar com essas empresas ilegais
30:28e para tentar fechar a torneira do combustível ilegal,
30:31que vai dar uma enfraquecida razoável no crime.
30:36Vinícius Torres Freire e Eduardo Geyer,
30:38obrigado pela participação aqui de vocês.
30:41Eu vou só finalizar aqui,
30:42reforçando um ponto que o ministro Fernando Haddad
30:45citou no final da coletiva.
30:47Ele disse que não vai viajar para Nova Iorque na semana que vem
30:50para participar da Assembleia Geral da ONU.
30:54O presidente Lula vai, vai com a sua comitiva,
30:56não fará parte dessa comitiva porque, segundo ele,
31:00ficará no Brasil tratando da tramitação do projeto
31:03que aumenta a faixa de isenção do imposto de renda.
31:08Geyer, Vinícius, Vinícius, quer dar um pitaco?
31:10Alexandre Padilha também não vai, ministro da Saúde,
31:13desistiu, porque ele tinha aquele monte de restrição,
31:15só podia andar cinco quadras perto da ONU e falou,
31:18tchau, também não vou.
31:19Houve restrições da parte do governo americano
31:21no sentido de permitir a circulação de Padilha em Nova Iorque.
31:24Obrigado, Vinícius, pelo complemento, pela participação.
31:27Geyer, obrigado também.
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