O tarifaço dos Estados Unidos provocou impactos severos na indústria de madeira do Brasil: 4 mil demissões, 5.500 em férias coletivas e 1.100 em lay-off. Paulo Pupo, superintendente da ABIMCI, explicou os desafios do setor e a dificuldade de substituir o mercado americano.
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00:00Agora o assunto aqui é o tarifácio dos Estados Unidos que provocou um terremoto no mercado de trabalho na indústria de madeira aqui no Brasil.
00:084 mil trabalhadores foram demitidos, 5.500 estão em férias coletivas e 1.100 foram para o lay-off, a redução temporária da jornada de trabalho.
00:17A gente vai falar sobre os efeitos da sobretaxa com o Paulo Pupo, que é superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente, a Abince.
00:26Bom dia para você, Pupo. Seja bem-vindo ao Real Time.
00:30Bom dia, Marcelo. Muito obrigado pelo espaço e a oportunidade de falarmos.
00:35Então, eu queria que você fizesse um raio-x para a gente do que vocês estão enfrentando no setor de vocês.
00:41Bom, o setor de madeira processada é intensivo e mão de obra, ele é bem espalhado em vários estados do país.
00:48Obviamente, ele tem uma concentração maior nos estados do sul, Paraná e Santa Catarina, lideram e representam aproximadamente 90% da capacidade industrial instalada madeireira no país.
00:58Então, esses estados são os mais afetados.
01:01Nos últimos dias, a Abince, que é a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada, fez o levantamento só na base Abince.
01:08Isso não está nos sindicatos patronais do número de demissões decorrentes desde o dia 9 de julho para cá.
01:16E esses números nos assustaram bastante, em torno de 4 mil demissões já efetivadas, que nem você falou, 1.100 já em lay-off.
01:26E o que é pior, um cenário futuro entre 30 e 60 dias, que se isso permanecer, nós temos no horizonte entre 4.500 e talvez até 5 mil demissões futuras ainda para acontecer.
01:40Você tem esperança de que esse cenário não se concretize?
01:43Olha, o único caminho é a negociação tarifária.
01:48Com 50% não existe comércio.
01:52O mercado dos Estados Unidos é muito consolidado, foi conquistado há muitas décadas já a participação nossa no mercado americano,
01:58com parcerias comerciais, com investimentos em tecnologias,
02:01atendendo às certificações, às exigências da aplicação da madeira,
02:05em especial no segmento da construção civil, que é o principal segmento que consome a nossa madeira.
02:10E com 50%, o Brasil está atrás de todos, é a pior tarifa nominal do mundo.
02:17Então, o importador americano, Marcelo, quando ele olha o mapa mundo,
02:21ele vê essa luz piscando de 50%, ele vai buscar os nossos vizinhos,
02:25outros países que possam complementar a demanda dele.
02:28Então, a nossa grande preocupação é que nós iremos ser substituídos nesse mercado.
02:34E você, quando você é substituído, dificilmente você recupera.
02:37Então, é uma construção de décadas de parceria e de avanço comercial que está sendo colocada à prova
02:43por falta de gestão governamental, política, enfim.
02:47Talvez um posicionamento mais diplomático e menos um componente político para a negociação das tarifas.
02:53Infelizmente, a gente é passageiro desse carro.
02:56A negociação tarifária é a cargo do governo.
02:58O setor está indo nos Estados Unidos, tem participado das uniões interministeriais em Brasília.
03:05Em Brasília, tivemos a missão em Washington a semana passada,
03:09fomos defender o país na audiência pública da sessão 301,
03:13mas esse é o limite, é o teto operacional setorial.
03:17A tarifa, infelizmente, não está nas nossas mãos, está no avanço político entre os dois governos.
03:22Eu imagino que seja muito difícil vocês trocarem esse mercado americano por outros mercados da noite para o dia,
03:29mas vocês já conseguiram alguma coisa, direcionar pelo menos uma parte dessas exportações para o mercado interno ou para outros países?
03:38Olha, Marcelo, esse é um grande desafio.
03:40Alguns produtos têm uma dependência muito grande do mercado americano.
03:43Ele foi desenvolvido para atender o mercado americano,
03:46a concepção de algumas empresas foram feitas para atender o mercado americano.
03:49Esses produtos estão completamente expostos a essa situação tarifária,
03:53com cancelamentos plenos de contrato, com cancelamentos de embarques.
03:57Alguns produtos que são mais transversais,
04:00numa média e longo prazo, a gente pode fazer uma pequena transição.
04:04Mas o mercado de madeira processada do Brasil já é muito ativo na exportação há muitos anos.
04:09Então, desenvolvimento do mercado, a gente faz isso de forma permanente.
04:12Então, onde tem demanda no mundo, nós já estamos participando.
04:15E a demanda americana representa, em média, quando você passa uma regra, um tipo de média no setor,
04:21representa 50% das nossas exportações.
04:24Então, mesmo que você consiga abrir um mercado em outros países, outros continentes,
04:30ela é uma fatia muito pequena que você consegue tirar dos Estados Unidos para aquele mercado.
04:34Então, nós não temos uma solução nem de curto, muito menos de curto, nem de médio prazo para abrir novos mercados.
04:40É uma visão para o nosso setor, uma visão até simplista do governo,
04:44e dizer, não, tira dos Estados Unidos e põe para o mercado.
04:47Não é assim.
04:47A gente está há 30 anos no mercado internacional desenvolvendo vários shares de participação em determinados países.
04:54Então, não é uma tarefa simples para o setor.
04:56Nós não temos uma receita imediata para essa transição mercadológica.
05:02Infelizmente, no setor da madeireira não é possível assim.
05:05Tomara que outros setores sejam mais viáveis a essa transição.
05:09No setor da madeira, ela não é tão simplista assim.
05:11Você falou uma coisa interessante aí sobre a dificuldade de você reconquistar o mercado caso você o perca.
05:17Outra questão que eu fico pensando aqui é a seguinte.
05:20Os trabalhadores também que estão deixando esse ramo podem começar a se dedicar para outras áreas.
05:26Depois, conseguir mão de obra com essa especialização para trabalhar da noite para o dia também não é fácil.
05:31É um trabalho de RH dificílimo, construído ao longo dos tempos.
05:38Você montar e treinar equipes de trabalho é um desafio gigante.
05:41E aqui, em especial nos estados aqui do sul do país, a taxa de desemprego é bem justa, bem pequena.
05:49Eu diria que a gente está quase num pleno emprego aí dentro do setor.
05:52E se você perder essa massa de colaboradores, é muito difícil você recuperar.
05:57Realmente, você falou de forma muito correta.
05:59Ele vai, essa massa de mão de obra vai para outros setores e você fica aí num gap de força de trabalho muito grande
06:07caso as demissões aconteçam ainda mais.
06:10É uma preocupação em todos os lados.
06:12Realmente é um, posso dizer assim, é uma tempestade perfeita que nós estamos passando nesse momento.
06:17Não está, é bem desafiadora a situação do setor.
06:20Paulo Pupo, sinceramente, eu desejo que as coisas mudem e que vocês possam ter dias melhores aí com mais esperança.
06:27Paulo Pupo, que é superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente,
06:32a ABINCE.
06:33Muito obrigado pela sua participação e bom dia.
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