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O professor Marcos Vinícius de Freitas, professor na China Foreign Affairs University, analisa no Conexão como o Brasil pode ampliar sua relevância global dentro dos Brics e aproveitar as oportunidades tecnológicas e econômicas vindas da China e do Sul Global.

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Transcrição
00:00Estamos de volta com um convidado ilustre, já conto o porquê.
00:04Nosso assunto agora é a cúpula de chefes de estado do BRICS,
00:08que acontecerá no próximo domingo e na segunda-feira no Rio de Janeiro.
00:12Sobre isso, então, converso com Marcos Vinícius de Freitas,
00:14que é professor na China Foreign Affairs University,
00:18a quem eu tenho a honra de receber aqui no estúdio,
00:21o professor Marcos Vinícius ensina os futuros diplomatas chineses
00:25sobre a América Latina, sobre o Brasil, sobre essa parte ocidental.
00:30Então, é uma pessoa que conhece a China de dentro para fora
00:33e pode fazer uma ótima relação aí de China com o Brasil.
00:37BRICS, obrigado, professor Marcos.
00:39Está passando férias, deu férias aos alunos na China,
00:43veio descansar, mas a gente fez um rápido rapto com a melhor das intenções.
00:49Muito obrigado, professor Marcos.
00:52Eu queria colocar o Brasil primeiro nesse contexto.
00:57O Brasil tem passado por um momento, que eu vou colocar,
01:01de uma observação internacional, digo, os olhos estão voltados para o Brasil,
01:08reputação, achei a palavra que eu estava procurando,
01:10porque fomos presidentes, o Brasil foi presidente do G20,
01:14agora do BRICS, vai receber a COP no final do ano,
01:18e isso leva um olhar mais apurado do resto do mundo para o Brasil.
01:24Brasil dentro dos BRICS, junto com um gigante, China, um gigante número dois,
01:30Índia, alguém importante que dispensa apresentações, Rússia.
01:35A gente ainda está no segundo escalão ou a gente consegue sentar no que eu chamo
01:39da mesa dos adultos nesse banquete da administração mundial?
01:43Eu acho, Marcelo, que a gente tem um problema enorme de percepção do Brasil internacionalmente falando.
01:51Talvez porque a gente se acostumou a ser uma potência média,
01:55e isso foi muitas vezes enfatizado para nós no processo histórico de se dizer que o Brasil era uma potência média.
02:02O que a gente nota é que o Brasil tem uma relevância internacional.
02:05O que fica, o nosso problema sempre é que as nossas lideranças políticas sempre entendem o país aquém das suas capacidades.
02:15Veja, um país que está, participa do BRICS, que é a formatação da governança global nos próximos anos.
02:22Um país que tem uma liderança na questão ambiental, em razão da Amazônia que nós temos.
02:28Um país que tem aí uma previsão, se nós olharmos para o Mercosul,
02:32essa reunião que está tendo o Mercosul, o Brasil é o principal país do Mercosul,
02:36e nós ainda achamos que somos pequenos.
02:39E eu sempre falo, como é que a França, que é um país diminuto, consegue ter uma relevância global
02:45e o Brasil ter, muitas vezes, até ser chamado de anão diplomático.
02:50Eu acho que é uma falta de compreensão da nossa capacidade
02:53e o reconhecimento que a comunidade internacional faz com relação ao Brasil e que nós perdemos.
02:58Então, essa é sempre uma oportunidade para nós aparecermos.
03:02Excelente.
03:03Agora, professor Marcos, o BRICS mudou para BRICS com a chegada da África do Sul,
03:10mas se manteve, então, o Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul,
03:15South Africa em inglês, porque essa expressão já havia sido consolidada.
03:20O BRICS agora é muito maior com a entrada, principalmente, desse bolsão de petróleo,
03:25entre o Irã, tem até algumas curiosidades, a Etiópia passa a fazer parte.
03:32Eu estou falando isso para mostrar para todo mundo esse gráfico aqui,
03:36que é uma comparação do BRICS com o G7, dando aqui destaque para alguns dos seus principais players.
03:48Então, dentro do BRICS, a gente representa quase 26% da riqueza mundial,
03:58tem os Estados Unidos, o G7, a China sozinho, perto de 18 trilhões do PIB global,
04:05só que esse número está crescendo, porque aqui ainda não foram inseridos
04:10a Arábia Saudita, Irã, os novos, Etiópia, que são os novos componentes.
04:17A gente saiu de 5 para 11, o BRICS mais que dobra de tamanho.
04:23Professor, dentro dessa perspectiva, a gente vai passar a ser mais relevante ainda,
04:30só que olhando para a população, com dois gigantes hiperpopulosos, China e Índia,
04:37tamanho da população dos Estados Unidos e o resto do mundo,
04:42o BRICS já abraça a maior parte da população mundial.
04:46Quer dizer, fiz todo esse prefácio para chegar na pergunta.
04:50O BRICS nasce como a União do Sul Global, chamado Terceiro Mundo,
04:56mundo emergente em desenvolvimento, já não é mais isso.
04:59A entrada desse grande bolsão de petróleo coloca, então, o BRICS também em outro patamar.
05:04A gente já caminha para ser mais relevante que o G7, por exemplo?
05:09Eu acho que até, Marcelo, quando a gente faz a questão do BRICS+,
05:14que são esses novos, acho que a gente ultrapassou até um pouco aqui.
05:18Mas o que nós temos de levar em consideração também é o que nós chamamos de paridade do poder de compra,
05:23que é efetivamente como você mede a riqueza de um país.
05:27E na paridade do poder de compra, a China hoje em dia é maior que os Estados Unidos.
05:31Certo.
05:31Então, se nós olharmos, qual é a diferença?
05:34Nos BRICS nós temos aqui um grupo de países que são mais novos, tem população,
05:42você vê ali no G7, uma população em declínio.
05:45E nós sabemos que a primeira coisa que você precisa ter para crescimento econômico é população crescente.
05:52Aí podem falar, não, mas a China está diminuindo a população, mas a Índia está crescendo.
05:57A África é o continente que mais cresce no mundo.
05:59Então, população é essencial para você ter crescimento econômico.
06:03Isso é uma das coisas que a gente não pode esquecer nesse aspecto.
06:05E o BRICS tem uma diversidade que o G7 não tem.
06:09O BRICS é muçulmano, o BRICS é árabe, o BRICS é africano.
06:14O G7 é um grupo de países, que é a exceção do Japão, são todos iguais.
06:17Então, e países com uma nostalgia do passado, que usam o escudo norte-americano de defesa
06:25para se manterem relevantes no processo internacional.
06:28Então, se nós olharmos para o futuro, qual é a diferença?
06:31Por que a gente chama de sul global?
06:33Que essa é uma questão...
06:35Ah, porque já teve um monte de nome.
06:36A gente já chamou de país em desenvolvimento, emergentes, um monte de coisa.
06:40A diferença é que neste contexto de ascensão de China, Índia, Brasil, Rússia,
06:47o que se quer é uma mudança na governança global.
06:50Porque ali, e a gente fala muito do G7, o G7 é fechado.
06:56Perfeito.
06:56Desde 1975, abriu com o G8, colocou a Rússia alguns anos, depois expulsaram a Rússia.
07:01Agora o Trump quer que a Rússia volte.
07:03Mas, veja só, para o Brasil, que participa das reuniões do G7, mas não tem voz, participa, né?
07:11Aliás, se fosse por participação, a África do Sul seria o país mais beneficiado,
07:15porque é o que mais participou de reuniões do G7, não teria a mesma voz.
07:19Então, o que acontece é que eu ouço muita gente no Brasil, sendo contrário à questão do BRICS,
07:25e eu falo, olha, se você quer participar da ordem internacional,
07:28o BRICS dá uma oportunidade que nós nunca teremos, nunca, jamais teremos com o G7.
07:34Agora, a nossa posição, eu vou pegar a população, só para a gente ter esse número,
07:39do tamanho das populações, mas ir além.
07:42China é a segunda maior economia do mundo, existem organizações,
07:47estes dados aqui são do Banco Mundial, existe uma sinalização do Banco Mundial,
07:51já prevendo a China como sendo o grande hegemon do século XXI,
07:54deve passar esses dados de PIB dos Estados Unidos,
07:59a Índia também é um segundo gigante crescente,
08:02mas eu não estou falando de dinheiro nem de população,
08:04eu digo, eu quero chegar de desenvolvimento tecnológico, desenvolvimento científico,
08:08professor Marcos, e aqui a gente tem na China esse grande salto da nova tecnologia,
08:15o exemplo dos carros elétricos que estão chegando com muita força aqui no Brasil,
08:19no resto do mundo, o inconsciente coletivo do consumidor já sabe das marcas chinesas
08:23de automóveis elétricos, estou usando um exemplo,
08:26e a gente está perdendo essa percepção que a China produzia produtos de baixa qualidade
08:31a um preço barato em grande volume, para produtos de alto valor agregado
08:37e de muito maior confiança.
08:40Então, a China com esse desenvolvimento tecnológico, a Índia indo para esse caminho,
08:45e nós dentro dos BRICS, e não só dos BRICS,
08:47mas na cadeia global de abastecimento e de valores,
08:52o Brasil continua naquela posição de ser um fornecedor de matéria-prima,
08:59commodities, agrícolas, minério de ferro.
09:03Isso é bom por um lado, porque a gente tem grandes consumidores.
09:06Isso não é ruim por outro lado, que deixa o nosso desenvolvimento,
09:11como aconteceu com a China, como acontece com a Índia,
09:14parece que a gente anda com um freio de mão puxado,
09:16estou pedindo para a gente chegar primeiro no copo meio cheio, meio vazio,
09:19para depois a gente falar do copo meio cheio, professor.
09:22Veja, vamos pensar assim, Favale, se não houvesse China neste processo,
09:29para quem que o Brasil estaria vendendo?
09:31Nós estaríamos vendendo as mesmas coisas para tentar, com o G7, crescer economicamente.
09:36E não se esqueça, nós estamos há quase mais de duas décadas
09:40negociando um acordo de livre comércio com a União Europeia, que não acontece.
09:43Então, por quê?
09:45Os mercados estão ultrapassados, estão em crescimento, a Europa vem em um declínio,
09:49os Estados Unidos crescem, mas é obviamente que a gente sabe que o crescimento americano
09:53é meio fantasioso, porque como é que você cresce economicamente se você deve mais do que o seu PIB?
09:59Perfeito.
09:59Então, aquelas coisas que a gente vai comentando sempre.
10:02Então, o que a gente nota?
10:04Para, e não há problema na produção de agrícolas, de produtos agrícolas,
10:10o que é importante é que cada país utilize aquilo como uma mola de propulsão para futuras coisas.
10:16É o que a China fez.
10:17A China, quando começou a sua jornada, 45 anos atrás, antes do processo de reforma e abertura,
10:22era um país que produzia produtos agrícolas e bens baratos.
10:27O Brasil exportava carros para a China.
10:29O Brasil tinha uma renda per capita 10 vezes maior que a China.
10:33E os chineses foram fazendo este processo paulatino de vender tecnologia barata,
10:38depois vai crescendo, vai melhorando, e aí você vai encontrando as tecnologias disruptivas.
10:43Veja que interessante.
10:45Um estudo de uma universidade australiana apontou 74 inovações do século XXI,
10:52como as mais importantes, 67 delas feitas na China, não mais nos Estados Unidos.
10:58E quando você pensa no futuro, na tecnologia verde,
11:01é por essa razão que o Trump fala tanto de petróleo, petróleo, petróleo,
11:05que é uma tecnologia do passado,
11:06quando você fala em tecnologia verde, quem lidera é a China.
11:09Painel solar, carros elétricos, toda a questão de desenvolvimento verde vem da China.
11:15Então, essa é uma questão muito importante,
11:17porque os chineses dizem, né, construa a estrada e fique rico.
11:22Faça sua infraestrutura, vá atrás e cresça economicamente.
11:26Mas o mais importante que o Brasil precisa descobrir,
11:28e isso os chineses, o presidente Xi sempre fala,
11:30cada país tem de descobrir qual é a sua tecnologia disruptiva.
11:34E assim ele vai crescer de uma maneira diferenciada.
11:37Nesses momentos, eu lembro do Roberto Campos, né,
11:39que tem um livro basilar, está completando 100 anos,
11:43Lanterna na Popa, que ele fala que o Brasil não perde uma oportunidade,
11:48de perder uma oportunidade.
11:50Nós temos a oportunidade de pegar essa tecnologia chinesa, indiana,
11:55mas voltando o olho mais para a China.
11:58Essa tecnologia que chega aqui, que um dos exemplos é o carro elétrico,
12:02outro, os eletrônicos de marcas chinesas que chegam,
12:05a gente pode ter um caminho de um desenvolvimento de uma tecnologia própria
12:10a partir dessa aliança importante, que não aconteceu necessariamente nos últimos anos.
12:16Tivemos grandes montadoras que vieram da Europa,
12:19vieram depois do Japão, antes disso os americanos,
12:23mas a gente, por exemplo, professor Marcos, não tem uma marca de carro 100% brasileira.
12:27A gente pode romper esse mal passado agora com a China?
12:33Esses novos players podem ser aí, como o senhor falou, uma mola de propulsão para a gente?
12:38Nós precisamos mudar algumas coisas na nossa mentalidade.
12:41A primeira delas, e isso é uma coisa que eu aprendi muito bem na China,
12:45você não pode ter atividade financeira dando mais lucro do que a atividade produtora.
12:50A atividade produtiva de uma nação é a mais importante.
12:53Outra questão relevante é que a margem de lucro tem que ser baixa
12:57para você continuar crescendo economicamente.
13:00Os impostos na China é baixo, para que você consiga crescer economicamente.
13:04Mas eu acho que você não pode basear o seu crescimento econômico na dependência.
13:08Você pode copiar.
13:09Os chineses eram conhecidos durante muito tempo por copiarem a tecnologia.
13:14Só que quando você vai copiando, você vai descobrindo maneiras de aperfeiçoar.
13:18E com isso você vai crescendo, você vai diferenciando.
13:21Qual é a grande questão do Marco Rubio?
13:23Por que os Estados Unidos querem trazer manufatura?
13:26Porque eles perderam a capacidade de inovação que vem do piso de fábrica, do chão de fábrica.
13:32Você desenhar é legal tudo isso, mas você ter a capacidade de desenvolver
13:37e notar as mudanças que são necessárias, isso vem do chão de fábrica.
13:41Então o que os chineses vão falar sempre é, descubra a sua própria indústria.
13:45Dê o seu próprio salto qualitativo.
13:47Ninguém apostava em carro elétrico.
13:50Pois é.
13:50Agora.
13:51E quem anda num Tesla, não quero falar, não sei se é seu patrocinador ou coisa parecida,
13:55mas quem anda num Tesla e num BYD sabe a diferença do que é um carro bom e o que não é.
14:01E o que é apostar numa tecnologia disruptiva e o que não é apostar numa tecnologia disruptiva.
14:07O Japão fez a mesma coisa.
14:08Saiu da guerra quebrado, produzia produtos vagabundos, ruins, e com isso foi aperfeiçoando.
14:13É isso que o Brasil precisa pensar.
14:16E eu acho que a frase, né, que a gente não perde oportunidade para perder uma oportunidade,
14:21é ruim porque a gente vai criando uma mentalidade muito negativa como país.
14:25Tem razão.
14:26E o país que vai achando que é ruim, que é fraco, tudo isso, o que ele faz?
14:30O jovem não fica aqui, todo mundo quer ir embora, a saída do país é o aeroporto de Guarulhos,
14:35e com isso você não vai resolvendo os problemas do país, da cidadania.
14:39Então tem algumas coisas que os chineses fizeram que eu acho muito interessantes,
14:44não de aplicar diretamente, porque tem o seu próprio sistema político,
14:48mas existem algumas lições que eu acho que são muito pontuais,
14:51e esse é o que eu sempre falo, o maior e o melhor soft power da China.
14:55O processo de crescimento econômico chinês é uma lição que o mundo inteiro quer copiar
15:01e que interessa para todos os países em desenvolvimento.
15:04É sempre uma aula receber aqui, uma conversa agradabilíssima, muito rica.
15:09o professor Marcos Vinícius de Freitas, leciona na China Foreign Affairs University,
15:14lá em Pequim.
15:16Obrigado, professor.
15:17Espero que possamos recebê-lo nesse seu período breve de férias escolares lá na China,
15:22para a gente debater mais soluções.
15:25Eu que agradeço pela oportunidade, Marcelo.
15:26Até muito breve.
15:27Tchau, tchau.
15:28Tchau, tchau.
15:29Tchau, tchau.
15:30Tchau, tchau.
15:31Tchau, tchau.
15:32Tchau, tchau.
15:33Tchau, tchau.
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