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A nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre o café solúvel brasileiro, que entra em vigor nesta quinta-feira (07), pode impactar diretamente o principal mercado consumidor do produto. A avaliação é de Agnaldo Lima, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), em entrevista ao Real Time, do Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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Transcrição
00:00O café solúvel brasileiro corresponde a mais de 25% das importações dos Estados Unidos.
00:06Mas com a nova tarifa de 50%, que entra em vigor na quinta, em tese,
00:11o Brasil pode perder espaço no maior mercado consumidor do mundo.
00:14Sobre esse assunto eu falo agora com o Agnaldo Lima,
00:17que é diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel, a ABIX.
00:21Boa tarde para você, Agnaldo. Seja bem-vindo ao Real Time.
00:25Boa tarde, Marcelo. Obrigado pela oportunidade de estar falando aqui para vocês.
00:28Bom, eu queria saber qual o impacto que você acha que vai haver realmente no setor de café,
00:37porque a gente sabe que uma parte dessa exportação pode ser direcionada para outros mercados
00:43com um pouco mais de facilidade, se a gente comparar, por exemplo, com produtos mais perecíveis,
00:47como manga, como uva.
00:49Sim. Não, não tem dúvida.
00:52Tem esse aspecto, tem essa vantagem, mas é muito preocupante,
00:56porque os Estados Unidos são o nosso maior comprador, né?
00:5919% das exportações brasileiras vão para os Estados Unidos.
01:03Nós só perdemos para a União Europeia, que compra em torno de 30% das exportações.
01:08O Brasil é o maior produtor de café solúvel do mundo, o maior exportador,
01:12são mais de 100 países, e já atua de forma bastante efetiva em vários países,
01:18sendo que a maior oportunidade de direcionar, eventualmente, alguma produção é para a Ásia,
01:24porque a Ásia é que mais consome café solúvel em termos percentuais de crescimento anual.
01:32Então, existe a preocupação, os Estados Unidos, além de ser o principal cliente brasileiro,
01:44praticamente 25% é de solúvel brasileiro, nós estamos ali empatados com o México,
01:51como os maiores fornecedores, e isso nos dá uma certa esperança
01:56de que a gente pode ter algum tipo de negociação para amenizar essa situação.
02:00Eu acho que poucos produtos podem causar mais irritação no consumidor americano do que o café,
02:07justamente porque eles consomem muito.
02:08Isso, por si só, já é um fator de impacto sobre o Donald Trump,
02:11que está sempre muito atento ali à popularidade dele.
02:14É até difícil acreditar que o café tenha ficado fora das isenções, né, Agnaldo?
02:19Pois é, foi isso que isso tirou um pouquinho o nosso sono,
02:22a ponto de deixar a gente com saudade do mês passado,
02:27onde todas as coisas estavam indo normalmente,
02:29e o café solúvel estava caminhando para bater mais um recorde de volume e de receita de exportação.
02:38É incrível esse tipo de procedimento, né, dado pelo governo americano,
02:43porque a gente considera que o café nos Estados Unidos é gênero de primeira necessidade, né,
02:48e tem uma importância vital para todos, né,
02:51nós sabemos que todos eles realmente consomem, né, com avidez café,
02:58e não deu para entender por que ficou fora.
03:00Mas, nesse embrólio todo, né, que vem acontecendo,
03:05talvez pela importância que o café tenha para o Brasil,
03:08possa ser um ponto em que o governo queira negociar de alguma maneira mais efetiva,
03:13de alguma troca, né, nessas negociações.
03:18Eu queria entender agora com você o fator China,
03:20porque a China habilitou mais de 180 exportadores brasileiros para vender café para lá.
03:26Isso é apenas uma gota no oceano ou é um valor significativo?
03:30Você acha que isso pode cobrir bastante das perdas que a gente, porventura, tenha nos Estados Unidos?
03:34Isso é uma sinalização interessante, né?
03:38Eu acho que é mais do ponto de vista de comunicação,
03:43porque o Brasil já exporta para a China, várias empresas exportam para a China,
03:46a gente está procurando entender o que é essa habilitação,
03:49mas é um mercado que o Brasil tem facilidade de entrar,
03:55só que sofre uma concorrência, principalmente o solúvel,
03:59sofre uma concorrência dos países da própria Ásia,
04:01porque existem muitos acordos comerciais que zeram a tarifa.
04:05Por exemplo, o Vietnã, que vem já aumentando sua produção de café solúvel já há uns cinco anos,
04:10já deve ocupar a segunda ou a terceira posição de uma forma meteórica,
04:15tem acordo de zero com a China.
04:17O Brasil paga 12%, o produto brasileiro tem 12% de tarifa.
04:22O grão verde não tem esse problema de tarifa,
04:25mas o solúvel nós temos e, evidentemente, nós torcemos
04:29que essas medidas que os chineses tomaram,
04:32pelo menos que consigam ter uma tarifa um pouco mais amena para o Brasil,
04:37porque aí, com certeza, nós conseguiríamos ter um ambiente extremamente favorável
04:42para redirecionar nossas exportações, se isso for necessário.
04:47A gente ainda acredita que os Estados Unidos ainda vão continuar consumindo,
04:52mesmo com tarifa alta.
04:53É, até porque eles não têm muito para quem recorrer, né?
04:57Você pega uma rede como Starbucks, ela não vai comprar qualquer café para colocar lá,
05:00ela quer um café de qualidade.
05:02E nisso, pelo que eu entendo, o Brasil ainda é superior ao Vietnã, por exemplo, né?
05:06Sim, com certeza.
05:07Essas são as nossas vantagens que nos dão esperança de ter um otimismo nesse sentido, né?
05:13É cruzando os dedos aqui e acendendo algumas velas para que tudo dê certo.
05:17É isso, tem que rezar bastante, né?
05:19Agora, Aguinaldo, outro fator interessante, que eu estava conversando agora há pouco
05:24com um especialista em comércio exterior, é que há uma certa mudança de cultura na China, né?
05:28A China cada vez mais adquirindo alguns hábitos ocidentais e um deles é tomar café.
05:33E ele me disse o seguinte, que mesmo que houver um aumento marginal ali de, vai,
05:371% de consumo de café na China, isso já é, assim, muita coisa, né?
05:43Porque a China é um país super populoso e isso pode apresentar uma demanda grande ali
05:48para café.
05:50E também a China está lançando, já lançou uma rede de cafeterias para competir com
05:54o Starbucks, chama-lo King Coffee, que abriu até loja nos Estados Unidos.
05:59Se começa a crescer, começa a rivalizar, por exemplo, com o Starbucks, é mais também
06:04um fator de pressão ali de uma empresa grande, significativa como o Starbucks, sobre
06:08o presidente Trump, né?
06:10Sim, com certeza.
06:11Então, existem várias situações que nos é favorável, né?
06:16No final de semana tivemos uma manifestação dos restaurantes dos Estados Unidos solicitando
06:23ao governo americano que amenize isso porque precisam de produtos frescos, vamos assim dizer.
06:29Então, tem muita coisa que está rolando que aponta para uma boa negociação e, ao mesmo
06:36tempo, talvez faça com que a gente saia da zona de conforto, vamos assim dizer, né?
06:42Porque nunca estamos confortáveis, mas, de uma certa forma, de buscar outras alternativas
06:47e negociações internacionais.
06:49Sabe, Marcelo, o Brasil é um país que tem poucos acordos internacionais.
06:53Então, precisa de mais acordos internacionais, de maneira que a gente possa ter o produto
06:59brasileiro menos tarifado, né?
07:02Veja que a gente está patinando nesse acordo União Europeia-Mercosul, uma tarifa de 9%,
07:07que é aplicada aos produtos brasileiros, não só ao solúvel, mas que, no caso do solúvel,
07:13haveria um encerramento dessa aplicação durante quatro anos, né?
07:18Ela cairia gradativamente durante quatro anos e, veja bem, a Europa é o nosso maior
07:23mercado, 30% do solúvel brasileiro vai para lá e é o maior fornecedor de solúvel
07:28para a Europa.
07:29E veja que o Vietnã já tem acordos com a Europa e a tarifa é zero.
07:37Então, o Brasil é um país competitivo e que, se tivéssemos mais acordos internacionais,
07:42acordos de comércio, nós, com certeza, teríamos muito mais amplitude para poder enfrentar
07:48situações como essa.
07:49Você está otimista com esse acordo com a União Europeia?
07:51Porque tem duas maneiras de ler a situação, né, Agnaldo?
07:54Uma delas é pensar o seguinte, bom, está mais difícil vender para os Estados Unidos,
07:59é interesse da União Europeia fechar acordo com o Mercosul.
08:02A outra leitura, que eu já ouvi também, é a seguinte, a União Europeia está com pepino
08:07na mão agora para resolver a situação com os Estados Unidos e não tem nem tempo de
08:11pensar nesse acordo com o Mercosul.
08:12Então, para qual dessas duas linhas você tende a olhar, assim, com, digamos, mais credulidade?
08:21Veja bem, a gente, o mundo está reativo, né?
08:25Você não consegue se programar para fazer as coisas, então se reage de acordo com as
08:29circunstâncias.
08:30E é fato que a atenção dos negociadores europeus estão com os Estados Unidos nesse
08:35momento.
08:35O nosso acordo, né, União Europeia e Mercosul, é coisa de décadas.
08:41Inclusive, foi em 2019 que o acordo foi assinado, nós estamos em 2025, indo para 2026 até
08:46agora, sempre se pegando em alguns detalhes, principalmente nas questões ambientais.
08:52Então, a gente tem hora que a gente está com muito otimismo, tem hora que a gente fica
08:57bem pessimista, mas a esperança é a última que morre, a gente continua com as expectativas
09:02nesse sentido, e lembrando o seguinte, não há uma expectativa que aumente o consumo
09:07de café na Europa, mas com certeza se forem retiradas as tarifas do café brasileiro, nós
09:15iremos deslocar outros vendedores, né, outros exportadores do mercado europeu, já que o
09:24Brasil, mesmo com a tarifa de 9, ele ainda segue sendo o maior país fornecedor de solúvel
09:29para a Europa. Então, com menos 9%, com certeza nós deslocaríamos outros concorrentes desse
09:36mercado. Então, é um jogo que vem, a gente faz a leitura de aumento de consumo, África, por
09:43exemplo, países populosos, seria um excepcional ambiente para o Brasil trabalhar com café
09:50solúvel, mas nós temos tarifas que partem de 30% acima. Então, fica proibitivo e aí
09:56a gente fica numa situação sem ter muita flexibilidade para buscar outros mercados
10:03que o Brasil não tenha acordo.
10:06Agnaldo Lima, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel,
10:11muito obrigado pela sua participação hoje aqui no Real Time e boa tarde para você.
10:15Boa tarde, obrigado.
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