Tirso Meirelles, presidente da Faesp e do Senar-SP, alertou que a tarifa de 50% imposta pelos EUA pode desestruturar toda a cadeia do agro nacional. Segundo ele, carne, café, suco de laranja e açúcar estão entre os mais afetados. Diplomacia é vista como única saída.
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00:00A gente fala agora dos reflexos do tarifácio dos Estados Unidos sobre o agro-brasileiro
00:11com o Tirso Meirelles, que é presidente da FAESP, a Federação da Agricultura do Estado
00:16de São Paulo e também presidente estadual do SENAR, o Serviço Nacional de Aprendizagem
00:21Rural.
00:21Bom dia para você, Tirso.
00:23Seja bem-vindo ao Real Time.
00:25Marcelo, grande prazer estar com você e seus telespectadores.
00:28Um bom dia.
00:28Vamos começar falando de carne, já que esse produto está entre os mais exportados
00:33do Brasil para os Estados Unidos.
00:34Se as ameaças de tarifa se confirmarem, que tipo de consequência você vê para os produtores?
00:40Olha, hoje nós podemos dizer que nós temos uma das melhores carnes do mundo, né?
00:46Nós estamos hoje com a sanidade animal, uma das melhores existentes no planeta.
00:52Nós temos aí uma evolução muito grande com as exportações de carne para os Estados
00:58Unidos e, sem dúvida nenhuma, terá uma pressão muito grande, tanto interna quanto nos Estados
01:05Unidos, com esse aumento de 50%.
01:08Eu vejo que trará uma descontinuidade da cadeia produtiva interna, mas isso afeta a carne, o café, o açúcar, a soja.
01:19Todos esses projetos que a gente tem de exportação para lá, ele cria um problema estrutural em recurso, mas desestrutura toda a cadeia produtiva.
01:31E, Marcelo, a cadeia produtiva para nós é o quê?
01:34É o comércio, é o serviço, é a indústria e é o agro.
01:38Então, é um complexo muito grande que acaba desestruturando internamente no país.
01:44Suco de laranja e café são outros produtos sensíveis, no seu caso, né, que está no Senar aqui de São Paulo, são produtos muito produzidos no Estado.
01:52Qual que é o panorama desses produtos?
01:55Sem dúvida.
01:56O suco de laranja nosso, para você ter uma ideia, em cada 10 copos no mundo, o 8 é nacional, é brasileiro, né?
02:04E hoje, praticamente, a grande quantidade de suco de laranja vai muito para os Estados Unidos, mas ele tem uma fonte grande de suco de laranja lá.
02:14Mas ele vai sentir muito, porque o mundo, tanto na carne, quanto na laranja, no café, não existe estoque no mundo.
02:22Hoje, praticamente, o que está sendo produzido está sendo vendido.
02:26Então, ele terá uma dificuldade muito grande para estruturar isso na cadeia de alimentos dele dentro dos Estados Unidos, né?
02:35A gente está vendo o ministro Carlos Fávaro dizendo que está dando prioridade para achar novos mercados para o agro brasileiro.
02:42No caso desses produtos que eu citei, da carne, do suco de laranja, do café, você acha que é fácil redirecionar essa produção para outros países?
02:49Não, não é fácil, né? Porque você tem de conquistar.
02:55E, geralmente, você tem de ter a reciprocidade dos países, né?
02:59Eu vou dar um exemplo para você, Marcelo, que eu acho que é importante os telespectadores entenderem, né?
03:05Hoje, já para os Estados Unidos, existe uma complexidade.
03:08Para a gente colocar o nosso café, a nossa laranja, o nosso suco de laranja lá, a nossa carne, nós já pagamos uma taxa para eles.
03:16Essa taxa varia aí, dependendo do produto, 20%, 15%, 5%, dependendo do produto.
03:25Eu vou dar um exemplo para você.
03:26Em fevereiro desse ano, eu estava nos Estados Unidos fazendo uma apresentação da agricultura brasileira sobre a sustentabilidade para a equipe do Trump.
03:37Aí, naquela ocasião, o governo Trump questionou a reciprocidade do etanol brasileiro.
03:44Porque lá eles estavam cobrando em torno de 6% a entrada do nosso etanol e nós estávamos importando dele, quando a gente precisava, 20%.
03:57E aí, nós explicamos a diferença.
04:00Porque o nosso etanol é mais límpido, porque ele é de cana-de-açúcar, o dele é de milho.
04:05E lá se resolveu, foi diplomaticamente, conversando comercialmente, se resolveu esse aspecto todo.
04:11Então, eu acredito que, com todo esse processo, espero que o governo federal, que acabou perdendo a rédea das negociações,
04:22que possa entrar na diplomacia nesse momento para tentar reverter.
04:27Caso contrário, todos nós vamos perder num processo produtivo, econômico do país.
04:32Só considerando esse ano e o ano que vem, nós podemos perder 40 bilhões de dólares de comercialização com o americano,
04:41além de destruir o processo da cadeia produtiva nacional.
04:46Tirso, mas a nossa diplomacia está atuante desde o começo.
04:49As negociações que são lideradas pelo vice-presidente Alckmin, elas estão acontecendo há um bom tempo.
04:54E, de repente, o Trump chega com essa tarifa de 50%, citando aí motivos políticos, inclusive.
05:01Não dá para a gente dizer que a nossa diplomacia já não estava trabalhando, né?
05:05É, o que eu poderia dizer é que realmente não estava trabalhando.
05:09Porque o vice-presidente da República, o Geraldo Alckmin, começou agora, semana passada,
05:16depois que o presidente da República passou para ele fazer essa aproximação junto com a diplomacia.
05:23Por quê? Porque, infelizmente, o que ocorreu?
05:28Existiam fatos colocados pelo nosso presidente, publicamente, que isso atingiu a diplomacia,
05:38tanto americana quanto brasileira.
05:40Pelo fato do presidente da República não ter colocado um embaixador aqui,
05:46já demonstrou que as coisas não estavam bem.
05:48Eu acredito que agora, com o Geraldo Alckmin, o vice-presidente,
05:52e ele tem um jogo de cintura grande,
05:54eu acredito que ele vai implementar essa diplomacia com muita capacidade
05:59para que a gente não tenha essa desestruturação.
06:04Para você ter uma ideia, nós temos 6% do mercado americano.
06:10A nossa porcentagem é muito pequena,
06:12mas nós vamos sentir bastante se a gente não conseguir ter diplomacia
06:18para resolver essa questão, que eu acredito que resolva.
06:21Só uma correção de um fato aqui, Tirso.
06:23A gente noticiou que já tem mais de dois meses o Alckmin conversando com o Jameson Greer,
06:28que é um dos negociadores mais destacados lá dos Estados Unidos,
06:31que está na linha de frente aí dessa negociação das tarifas com países do mundo inteiro.
06:36Agora, que outros setores do nosso agro você acha que podem sofrer,
06:41além desses que eu citei até agora, caso não haja um acordo bem feito?
06:45É, o grande problema é que hoje nós temos um acordo com os Estados Unidos,
06:51não é de livre comércio, como existia o Canadá, como o México,
06:55e hoje eles estão aí também tendo grandes problemas.
06:58O que acontece na realidade, Marcelo, é que nós não fizemos a nossa lição de casa.
07:03O que o Trump está fazendo?
07:05O Trump simplesmente cortou na carne as suas despesas internas,
07:09ele sabe que ele tem uma dívida interna muito grande,
07:12quase o valor do produto interno bruto dele, é algo significativo.
07:17Ele está tentando resolver o problema das taxas para resolver o problema financeiro dele.
07:23Esse é um ponto que ele está puxando, porque nós já éramos taxados para a exportação dele.
07:28Mas tudo isso representa 25 anos de análise que a gente tem de fazer.
07:35O que aconteceu?
07:35Foi quando liberou a Organização Mundial da Saúde, a Organização Mundial do Comércio,
07:43a liberação da China para vender junto com todos esses países.
07:49Ocorreu o quê?
07:50O mundo inteiro ocorreu desindustrialização e foram tudo para a China.
07:54A China cresceu muito.
07:55Então, hoje, a grande concorrência em cima do americano é muito grande.
07:59Então, o americano está se precavendo nesse processo como um todo
08:02e nós estamos entrando aí no samba dessa contingência do mercado internacional.
08:08Então, a diplomacia é o único meio, e eu acredito muito no Geraldo,
08:12nesse sentido de articulação nesse processo como um todo.
08:16Tirso Meirelles, presidente da FAESP e também do Senar em São Paulo.
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