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A indústria têxtil brasileira deve enfrentar um cenário de retração nas exportações para os Estados Unidos após a confirmação da nova tarifa de 40% imposta pelo governo norte-americano. A medida entra em vigor em uma semana e eleva para 50% a carga total sobre produtos brasileiros do setor.

Segundo Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), a medida representa um impacto direto sobre a viabilidade das operações com o mercado norte-americano. “Foi uma taxa punitiva, de inviabilizar realmente os negócios”, disse em entrevista ao Real Time, do Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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Transcrição
00:00O governo Trump vai adicionar tarifa de 40% para o setor têxtil daqui uma semana.
00:06Isso eleva para 50% a carga total das exportações deste segmento.
00:12E para conversar sobre o impacto desse tarifácio, eu converso agora com o diretor superintendente
00:18da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, a Abit, o Fernando Valente Pimentel.
00:25Oi, Fernando, muito bom dia para você. Seja bem-vindo ao Real Time.
00:28Tudo bem ou mais ou menos?
00:31Não, tudo mal. Não digamos tudo mal, mas tudo mal no âmbito do mercado norte-americano.
00:39Eu acho que é uma marcha da insensatez aquilo que a gente está vivendo.
00:44Economicamente, eu tenho a menor sentido. É claro que as decisões estão aivadas também dentro da esfera política,
00:50mas para a indústria têxtil de confecção e para outros setores que não foram excetuados desse adicional de 40%, é um desastre.
00:58Fernando, falando específico da indústria têxtil, a confecção não ficou isento do tarifácio de 50%.
01:08Só que aí, por outro lado, tem 50% na indústria têxtil e a gente tem, por exemplo, os países do Sudeste Asiático,
01:15que também são muito fortes nesse setor, que exportam muito para os Estados Unidos, como Vietnã, Malásia, Camboja,
01:22com uma tarifa aí de, vai, 20%, 19%, 20%. Aí fica praticamente inviável a competitividade, a competição, né?
01:31Não há dúvida. O Brasil recebeu a maior taxação, foi uma taxa punitiva de inviabilizar realmente os negócios.
01:38Mas eu não esperava, sinceramente, que houvesse, junto com o anúncio, uma lista de exceção.
01:43Ela veio cobrindo aí 40%, 42%. No nosso setor, só cordéis de sisal que ficou nessa lista excetuada dos 40% adicionais.
01:55Ele representou 17% das nossas vendas externas para os Estados Unidos no ano passado.
02:00Agora nós vamos trabalhar com as empresas, já estamos ouvindo-as com as nossas contrapartes nos Estados Unidos,
02:06com as nossas autoridades, para demover ou retirar, não só o setor, todos os setores que não merecem essa punição absurda
02:15que foi implementada com relação à indústria brasileira.
02:19Então, acreditamos que nos próximos meses, mas não pode demorar muito,
02:24nós deveremos ter um cenário mais favorável nesse sentido.
02:27Até lá, precisamos de ter aí as medidas compensatórias que ajudem as empresas mais dependentes das vendas externas
02:34para os Estados Unidos, ultrapassarem essa, digamos, essa tormenta.
02:38O que é uma tormenta, porque não há como viabilizar, nem para o fornecedor brasileiro,
02:43nem para o comprador norte-americano, o pagamento ou descontos nos preços dos produtos
02:47compatíveis com esses 40% adicionais.
02:51Fernando, só para a gente entender, alguns produtos do setor ao qual você representa
02:56são personalizados para as empresas norte-americanas.
03:00Então, ficaria difícil você buscar outros mercados, sendo que esses produtos,
03:05que alguns já estão, inclusive, produzidos, fabricados,
03:08colocar esses produtos em outro mercado ou até no mercado doméstico,
03:12aí há uma perda, realmente?
03:14Olha, os produtos de moda, eles são perecíveis e eles são feitos sob encomenda
03:19para atender aquilo que o comprador, o consumidor norte-americano deseja.
03:24Então, eles têm uma personalização para atender aquele mercado.
03:27Os produtos mais comoditizados têm menos impacto na tentativa de encontrar novos mercados.
03:33Mas você não acha novos mercados do dia para a noite.
03:36E você colocou bem aí algo sobre os asiáticos.
03:39Quando a primeira reação, óbvio, seria tentar colocar no mercado local.
03:44Mas o mercado local está sendo profundamente atacado pelos asiáticos,
03:48notadamente pelo chinês, que representa mais de 60% daquilo que a gente importa.
03:53E isso também porque os Estados Unidos impuseram tarifas aos asiáticos,
03:57num primeiro momento, maiores do que aquelas que impuseram a nós.
04:01Eles estavam em busca de colocar seus excedentes produtivos.
04:05Então, nesse exato momento, nós ficamos com a penalização de perder aí,
04:09potencialmente, 500 bilhões de reais por ano de exportações,
04:13que vinham numa crescente, e ao mesmo tempo sofrendo o ataque
04:17das vendas dos países asiáticos para o nosso mercado local.
04:21Então, é um momento de muita cautela, de muita delicadeza para lidar com tudo isso.
04:26Por um lado, adotando as medidas corretas de legítima defesa comercial.
04:31E, por outro lado, negociando junto com o governo norte-americano,
04:35com as nossas autoridades, com as nossas contrapartes, com os clientes de lá,
04:39para que nós retiremos o setor desta punição.
04:43Porque é uma punição, não é uma tarifa que foi imposta
04:47na maior parte dos países, muito menos aos asiáticos.
04:49E não teria o menor sentido, já que nós atuamos em mercados de nicho,
04:53somos um país ligado ao hemisfério ocidental,
04:56temos aí todo um histórico de relacionamento.
04:59Então, é um momento difícil, mas também não adianta partir
05:02para uma retaliação olho por olho, que, ao final, ficaremos sucervos.
05:05Na verdade, o que nós temos é que encontrar os canais adequados
05:08para poder mostrar a incoerência, o inusitável
05:11do que nós estamos vivendo nesse momento.
05:13O Fernando, as indústrias desse setor já estão fazendo um remanejamento
05:19ou revendo o planejamento e investimentos das fábricas?
05:24Eu não posso dizer, nesse momento, que elas estão revendo tudo.
05:27O que elas estão tendo é que renegociar os seus pedidos.
05:30E aí, isso causa um transtorno, porque, olhando de hoje,
05:33se nada mudar, os pedidos contratados para o segundo semestre
05:37dificilmente serão embarcados.
05:38Então, os planos de produção já serão afetados, certamente.
05:43Por exemplo, o segmento de moda praia,
05:4540% do que nós exportamos vai para os Estados Unidos.
05:49Tem empresas que têm 50%, 60% da sua receita
05:52dependente do mercado norte-americano.
05:54Então, muitas vezes, as manchetes dão o impacto macro.
05:59Não, o impacto macro não é tão grande,
06:01mas o impacto micro, que é onde a vida acontece,
06:04muitas vezes, destrói o negócio,
06:05destrói o investimento feito.
06:07Porque o mercado norte-americano é um mercado muito importante,
06:10é o maior do mundo.
06:11E depois que você se estabelece lá,
06:13você continua investindo, criando produtos,
06:16novas utilidades, novas aplicações.
06:19E tudo isso é um esforço que, de uma hora para a noite,
06:22você pode vir a ser perdido.
06:25Portanto, nós entendemos que,
06:27dada a irrazobilidade daquilo que nós estamos vivendo,
06:30nós vamos encontrar um caminho favorável
06:32para que o setor seja excluído
06:34desse tarifácio que foi nos imposto aqui nessa semana.
06:39Agora, olhando mais para frente,
06:43aqueles que tinham essa dependência maior do mercado norte-americano
06:46estão revendo os seus planos de investimento
06:48e já estão reorientando,
06:50procurando pensar em como reorientar
06:53o seu processo produtivo
06:55para atender mercado local e mercado internacional.
06:58O mercado local é o maior mercado que nós temos,
07:00sem dúvida nenhuma. O Brasil atende 75% das necessidades
07:05dos consumidores brasileiros
07:06e atende uma parcela de consumidores no mundo.
07:09Nós não somos o maior exportador,
07:11mas somos a quinta maior indústria do planeta
07:14e empregamos 1 milhão e 300 mil pessoas diretamente.
07:17É muito grande o setor,
07:18composto, em sua maioria, de pequenas e médias empresas
07:21que são estruturas menores
07:23e que têm mais dificuldade com os financiamentos
07:26das suas atividades produtivas.
07:28Daí também a necessidade das medidas
07:30atenuadoras desse problema
07:32enquanto essa questão não for resolvida em definitivo.
07:37Fernando Pimentel,
07:38queria muito agradecer a sua participação no Real Time.
07:41Sempre bom tê-lo aqui
07:42para mostrar as preocupações
07:44e as alternativas do setor
07:46a esse tarifácio de Donald Trump.
07:48Obrigado mais uma vez.
07:49Um ótimo final de semana.
07:51Obrigado igualmente.
07:52Um abraço a todos.
07:53Um abraço.
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