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Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), falou ao Real Time sobre a lentidão nas investigações de 72 casos de dumping. Ele alertou que a demora pode permitir a entrada de produtos estrangeiros abaixo do custo, prejudicando empregos e indústrias locais.

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Transcrição
00:00E a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais alerta e cobra que o governo tem agilidade em investigações de processos anti-dumping.
00:09Atualmente, 72 casos são investigados.
00:13Para a Federação, a lentidão nas decisões pode levar à invasão de produtos estrangeiros do mercado brasileiro e colocar em risco empregos e indústrias locais.
00:23E quem fala com a gente sobre isso é o Flávio Roscoi, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais.
00:30Oi, Flávio, muito boa tarde para você. Seja bem-vindo aqui ao Real Time. Tudo bem?
00:36Boa tarde, Eric. É um prazer estar aqui no Real Time.
00:39O prazer é todo nosso de tê-lo aqui conosco.
00:42Flávio, o que mais preocupa neste momento a Federação nesses processos ou nessa questão do anti-dumping?
00:49Olha, em função da turbulência que existe hoje no mercado internacional, com desvios de comércio, quer dizer, vários países que tinham fluxo de comércio um com o outro, esses fluxos foram interrompidos,
01:03o que a gente vê é alguns países fazendo uma prática desleal no mercado que chama-se de dumping.
01:09O que é o dumping? Boa parte da população, é um termo técnico, né?
01:12É quando você vende algo abaixo do preço de custo para destruir o seu concorrente.
01:20E no caso, quando empresas de determinado país fazem isso com outro país, o objetivo é tomar aquele mercado por completo.
01:28E depois que você destruir o concorrente naquele mercado local, você sobe o preço daquele produto para a normalidade.
01:36Então, essa prática, são países que são maiores produtores, fazem isso com países que são produtores intermediários, ou médios, ou até mesmo pequenos.
01:46Nesse caso específico, a gente vê vários produtos, principalmente de origem asiática, entrando no Brasil abaixo do preço que esses países comercializam no seu mercado interno
01:58e abaixo do preço que esses mesmos países exportam para outros países.
02:04Para dar um exemplo, nós temos alguns produtos, por exemplo, da cadeia texto, que estão sendo vendidos no Brasil a 2 dólares
02:11e que a China, por exemplo, exporta para o Vietnã a 7 dólares o mesmo produto.
02:17Sendo que o Vietnã compra mais que o Brasil.
02:19Olhem, como é que alguém que compra mais pode pagar 7 e quem compra menos paga 2?
02:25É porque no Vietnã não tem mais essa indústria.
02:30E aqui no Brasil ainda tem.
02:32Então, o objetivo é destruir a indústria local, depois do que era 2 vai passar a ser 7.
02:38E aí, toda a sociedade vai pagar o preço, vai pagar um produto muito mais caro que pagaria se tivesse a indústria local,
02:45além de perder a indústria local.
02:47Então, dumping, na verdade, não é defesa no sentido de aumentar a tarifa, fechar o país.
02:54Não, dumping é cumprir as regras, é atacar o dumping, fazer este dumping, é cumprir as regras do mercado internacional, da prática leal de comércio.
03:05Agora, Flávio, neste momento aí, numa guerra comercial com os Estados Unidos, o mundo inteiro,
03:11os Estados Unidos taxando praticamente todos os países do mundo, existem algumas aproximações.
03:20Então, o Brasil muito com o mercado asiático, o Brasil dependendo dessas relações, também com países da África.
03:30Só que é o seguinte, para a gente poder vender para fora, nós também vamos precisar comprar, é preciso abrir um pouco o nosso mercado.
03:37Os casos de dumping podem aumentar neste momento aí de incerteza comercial por causa do tarifaço dos Estados Unidos?
03:46A prática de dumping, o país que está praticando um dumping, ele está fazendo um ato desleal de comércio.
03:54Então, não tem que falar de relação, quem está sendo atacado é o Brasil, o Brasil que deveria ficar sentido, né?
03:59Porque ele é uma prática desleal de comércio.
04:02Então, você fazer o antidumping, normalmente, não gera nenhuma rusga no mercado internacional.
04:07Eu vejo que essa medida é o mínimo que se faça, não é, novamente, não se trata de abrir ou fechar mercado.
04:17Se trata de exigir prática leal de comércio.
04:21E a prática desleal de comércio, normalmente, ela vem com o objetivo de prejudicar aquele país no fim das contas.
04:31Então, eu não vejo, por exemplo, o Brasil apresentou agora um direito provisório para o mercado americano, no caso da Braskem.
04:49E isso é correto.
04:52Se os americanos estavam fazendo prática desleal, tem que se implementar no meio dessa crise toda com os Estados Unidos.
05:00E nós estamos apoiando.
05:01E também deve ser feito o mesmo, com o China, com outros países.
05:06Há algum caso concreto, já de setor ou produto, que já esteja sofrendo com o atraso nas decisões?
05:12Vários segmentos já estão com seus pleitos aí há algum tempo no MDIC, claro, que é um volume maior,
05:19justamente porque é uma prática desleal mais relevante.
05:23E agora é hora efetiva do governo implementar, pelo menos, os direitos provisórios, né?
05:29para que esses mercados fiquem estabilizados.
05:31Aço, indústria texto, você tem uma série de segmentos que já vem sofrendo há algum tempo
05:38práticas desleais de comércio.
05:42Flávio Roscoi, queria muito agradecer a sua participação aqui no Real Time.
05:47Obrigado, viu?
05:48Um grande abraço para você e uma ótima quarta-feira.
05:51Eu que agradeço, Eric.
05:52Foi um prazer.
05:53Muito obrigado.
05:54Prazer todo nosso.
05:55A gente que agradece.
05:56Obrigado.
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