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Leonardo Trevisan, economista e professor da ESPM, analisa a recente investigação aberta pelos Estados Unidos contra o Brasil. A ofensiva americana mira temas como comércio digital, redes sociais, etanol e até o Pix, e levanta preocupações geopolíticas — especialmente sobre a relação Brasil-China e o avanço dos Brics.

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Transcrição
00:00Nesta semana, a pressão dos Estados Unidos sobre o Brasil ganhou novos capítulos,
00:04depois que o governo Trump abriu uma investigação formal contra o Brasil.
00:08O motivo? Práticas comerciais consideradas desleais por Washington,
00:13com foco no comércio digital, nas redes sociais, em tarifas sobre o etanol e até contra o PIX.
00:19Mas o que representa essa ofensiva?
00:21Para entender o impacto e as possíveis consequências para o Brasil,
00:24a gente conversa agora com o Leonardo Trevisan, que é economista e professor de Relações Internacionais da ESPM.
00:31Boa noite, professor. Seja muito bem-vindo ao Jornal Times Brasil.
00:35Boa noite. Boa noite a todos que nos escutam. Boa noite, Marcelo. Obrigado pelo convite.
00:40Professor, eu queria entender o que a gente pode esperar dessa investigação e quanto tempo ela pode durar?
00:45É, essa pergunta é importante pelo seguinte, a investigação do STR e do escritório de representação,
01:01ela é, antes de mais nada, um mix, uma mistura de diferentes posições.
01:08E o alvo dessa situação é muito bem definido.
01:14Até onde vão os interesses dos Estados Unidos para conter a hegemonia chinesa,
01:24não só no Brasil, mas principalmente na América Latina?
01:29Esse ponto me parece essencial, Marcelo.
01:33Não é uma investigação sobre o Brasil especificamente,
01:36é uma investigação dirigida ao Brasil para dar muitos recados,
01:42não só aos países latino-americanos, mas não há dúvida alguma,
01:49o alvo é também o relacionamento com os bricos.
01:54Professor, a Mária Almeida, nossa analista, tem uma pergunta para o senhor agora.
01:57Claro.
01:59Professor, obrigada por estar aqui com a gente hoje também.
02:02Eu queria até que você explorasse um pouquinho mais essa questão do, digamos assim,
02:06do alvo indireto possível dessa investigação.
02:10Porque, de um lado, a investigação surgiu também depois da colocação das tarifas
02:14e justificadas a tarifa de 50% com base no fator político,
02:19fatores que não seriam, inclusive, sustentáveis para a aplicação da lei de emergência econômica nos Estados Unidos.
02:24Então, também se pensou, se coloca a investigação como uma alternativa
02:28para embasar mesmo a ação tarifária contra o Brasil.
02:32Mas é isso.
02:33Tem por trás a questão dos BRICS e uma eventual organização de uma moeda,
02:37de alternativas monetárias daquele lado.
02:39Tem aspectos importantes sobre o domínio da tecnologia e do espaço digital.
02:45Está tudo isso misturado?
02:46Tem algo que prevalece na sua opinião?
02:48E aí, voltando para a pergunta do Marcelo, né?
02:50Quer dizer, quanto tempo isso vai demorar e quais são os próximos marcos
02:54para a gente ficar atento em relação a para onde vai,
02:57dada essa amplitude de possibilidades?
02:59Olha, primeiro, né?
03:01Quanto tempo, sabe, Mari?
03:03A minha sensação é de que todo esse conjunto de denúncias,
03:11ele tem a intenção de manter uma pressão constante sobre diferentes temas.
03:21Propriedade intelectual é o primeiro deles.
03:24É claro que a propriedade intelectual não passa pela 25 de março.
03:29A lógica da propriedade intelectual, da questão da propriedade intelectual,
03:34está essencialmente em comércio, comércio com China.
03:37As diferentes posições que aparecem nisso,
03:44que são, inclusive, surpreendentemente, né?
03:48Aparece o Donald Trump defendendo, o governo Trump defendendo a diminuição do desmatamento.
03:58Ora, como é que a gente entende essas diferentes posições?
04:03Só com uma versão, Mari, que eu acho que é importante para a gente notar bem.
04:10Os Estados Unidos sabem perfeitamente aonde atacar o Brasil.
04:18A visão deles sobre o Brasil é uma visão de constante pressão contra nossas exportações específicas.
04:29Esta é, talvez, um primeiro passo.
04:34Já há alguns anúncios de que o alvo seguinte será a nossa indústria aeronáutica.
04:40É bastante provável.
04:42Se você me disser, ah, mas então não há espaço para uma negociação?
04:47Há espaço para uma negociação.
04:48Desde que fique muito claro o recado para outros países.
04:55Vocês vão, de alguma forma, se acomodarem aos nossos ditames, aos nossas exigências.
05:03Fora delas, não tem muita negociação.
05:07Nós não estamos sozinhos, Mari.
05:10Japão, Coreia...
05:11Para citar dois exemplos, né?
05:13O Japão é o quarto PIB do mundo.
05:15Nós somos o oitavo.
05:16O Japão é o quarto PIB do mundo.
05:18Também passa pelo mesmo processo.
05:21Se você me perguntar as razões imediatas pelas quais Trump age dessa forma,
05:29eu te diria que é início de governo e ele tem...
05:33São seis meses apenas e ele tem interesses muito definidos para, vamos dizer,
05:41para acomodar uma nova estrutura tributária nos Estados Unidos.
05:49Esse ponto me parece importante para entender motivos.
05:53Se você me disser que Trump está esperando que o mundo pague para manter o Estado americano,
06:01enquanto ele diminui os impostos dos mais ricos para novas experiências econômicas, especialmente no mundo digital,
06:11aí que se você falar em inteligência artificial, eu vou te dizer que passa por aí, sim,
06:17eu acho que estamos no caminho certo.
06:18O mundo vai pagar a conta e, de alguma forma, a parcela mais rica vai diminuir a sua porcentagem e os Estados Unidos farão novos investimentos digitais muito significativos.
06:34Eduardo Gaia.
06:35Professor, boa noite. Obrigado pela participação aqui no jornal hoje.
06:42Professor, a minha dúvida é a seguinte.
06:45Claramente, essa ação de Donald Trump não tem como prioridade, de fato, a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro,
06:51como o senhor colocou, inclusive, há um pano de fundo de um xadrez geopolítico muito bem instalado,
06:56que é a própria competição entre os Estados Unidos e a China.
07:00A minha pergunta para o senhor é a seguinte.
07:02Se o impacto econômico nos Estados Unidos for muito elevado, como parece ser,
07:07de estar e fácil, o café da manhã do americano ficando mais caro,
07:10e Donald Trump não sendo exatamente uma pessoa leal a seus aliados, como o próprio caso do Elon Musk mostrou,
07:17o senhor vê a chance de Donald Trump abandonar o seu aliado no campo internacional, que é Bolsonaro?
07:24Olha, nós temos bastante cautela.
07:27Essa tua pergunta é importante, porque nós temos que separar as coisas.
07:32Desculpe a minha opinião tão enfática.
07:37Eu acho que todo o episódio em torno de Bolsonaro, ele é subproduto.
07:46Havia uma intenção maior, que é conter a presença chinesa.
07:51Bolsonaro, vamos dizer desta forma, aproveitou a ocasião.
07:55Ele, de algum modo, percebeu que poderia ter também uma ação política.
08:02Essa tua frase final, e em algum momento ele abandona, precisa estar bem presente.
08:09Observe que Donald Trump já deixou muito claro, agora já são três dias,
08:13três dias atrás, no Jardim da Casa Branca,
08:16uma frase que vai bem de encontro ao que você comentou.
08:20Bolsonaro não é meu amigo, ele é muito bom, ele é um bom homem, mas não é meu amigo.
08:27Está aberta, de alguma forma, a possibilidade de retorno.
08:33Não há imagem que possa ficar muito sólida de um processo de muita adesão política de Bolsonaro.
08:41Bolsonaro, basta uma lembrança, Eduardo.
08:45Observe que todos os nomes do primeiro mandato foram totalmente esquecidos.
08:51Lembra de Mike Pompeu?
08:52Lembra do próprio Kizar da economia?
08:55Não é do interesse momentâneo, ele substitui.
09:00Você lembrou de Elon Musk?
09:01São muitos dessa forma.
09:03Se a gente olhar com alguma calma o processo todo,
09:09nós vamos ver que o presidente Trump tem interesses exclusivos na sua própria política.
09:16O restante, eles são apenas agentes delas, todos eles substituíveis.
09:23Ah, mas isso tem a ver com a própria lógica do aprendiz?
09:27Tem sim.
09:28É melhor a gente não esquecer dessa origem, quando pensar na composição do staff e das amizades
09:37e da permanência delas no cenário político.
09:42Professor, dentro desse raciocínio seu, que tipo de carta o Brasil poderia colocar na mesa
09:47que poderia fazer os Estados Unidos avançarem com uma negociação?
09:51Porque a gente não pode deixar de vender, por exemplo, produtos agrícolas para a China.
09:55Porque isso daí é ponto fundamental da nossa balança comercial.
09:58E também a gente tem outros tipos de negociação com a China
10:02que já estão bem estruturados hoje na cadeia econômica do Brasil.
10:06Então, assim, o que a gente pode entregar para dar a sensação para o Trump
10:09de que o Brasil está privilegiando talvez um pouco mais uma volta do prestígio com os Estados Unidos?
10:18Olha, eu penso que é muito difícil.
10:22Não está claro para os Estados Unidos, não está claro nas ações de Trump o que exatamente ele quer.
10:31O comércio da 25 de março é uma brincadeira, uma situação muito pequena.
10:37Não é disso que nós estamos falando.
10:39A propriedade intelectual é, de outra forma, também uma discussão muito presente.
10:45O Brasil não tem grandes importâncias com isso.
10:47A questão central estaria no ponto inicial da tua pergunta.
10:53O Brasil sair completamente da órbita chinesa e migrar para a órbita americana de uma forma definitiva.
11:01Eu acho que isso seria impossível.
11:03Quando nós olhamos para a presença chinesa no Brasil,
11:07ela não está solidificada só nas nossas exportações.
11:10Eu vou fazer só uma menção.
11:13Quando nós olhamos para o porto de Xangai, no Peru,
11:18e olhamos para as possibilidades das novas rotas de comércio,
11:25não só a bio-oceânica, que liga o Atlântico ao Pacífico,
11:30que os chineses montaram.
11:33Não é só a rota pelo norte, pelo rio Solimões e Amazonas,
11:38que já vai ser entregue agora em novembro.
11:41É uma sequência de investimentos que vai da indústria eólica,
11:45que vai especialmente uma presença de transferência de tecnologia para o Brasil.
11:51Veja as novas fábricas de automóveis elétricos que a China está montando no Brasil.
11:57Seria difícil o Brasil fazer, vamos dizer, um freio de arrumação,
12:03que freasse tudo isso para atender aos interesses americanos.
12:06A China construiu esse processo ao longo dos últimos 20 anos.
12:13Sabe, quando a gente tem que entender o que pode ser oferecido para Trump acalmar-se
12:20e voltar a uma outra visão sobre o Brasil,
12:24talvez a gente tenha que pensar naquele comentário eterno do ministro da Economia da Nigéria.
12:31Custou muito caro para ele esse comentário para um agente do FMI que publicou num relatório.
12:38Quando nós conversamos com os americanos sobre investimento, os americanos nos dão um sermão.
12:45Quando nós conversamos sobre investimentos, apresentamos um projeto para os chineses,
12:50o mínimo que a gente ganha é um aeroporto.
12:53Vamos pensar nisso.
12:54A China fez exatamente isso com o Brasil.
12:59De algum modo, quando olhamos para esse processo, são muito fortes esses laços.
13:04Será muito difícil para o império americano, com toda a força que tem,
13:10recuperar a posição que tinha e a hegemonia que tinha na visão,
13:15tanto econômica como geopolítica, no caso brasileiro.
13:20Leonardo Trevisan, economista e professor de Relações Internacionais da ESPM.
13:25Muito obrigado pela sua participação hoje aqui no Jornal Times Brasil e boa noite.
13:30Eu é que agradeço o convite de vocês.
13:32Boa noite a todos.
13:33Boa noite a todos.
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