A tarifa de 50% imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros mexeu com o mercado: dólar subiu a R$ 5,62, bolsa caiu mais de 2,5% e juros futuros dispararam. Felipe Corleta, da The Link Investimentos, analisou os impactos econômicos e políticos da medida.
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00:00Para analisar o fechamento dos negócios nessa quarta-feira,
00:03vou conversar com o nosso Felipe Corleta, sócio da The Link Investimentos.
00:09Corleta, boa tarde para você.
00:10Você falava ontem de como o mercado está de olho no tarifácio,
00:14como o assunto hoje seria tarifácio,
00:17e aí uma falinha do Donald Trump, mais do que confirmou tudo o que você vinha falando.
00:22Boa tarde, turso. Boa tarde para todo mundo ligado aqui no Times Brasil.
00:26Realmente a gente tinha essa expectativa de que diante das declarações mais ácidas do Trump
00:33com relação ao Brasil, isso pudesse ser o resultado de a gente ter uma tarifa maior para o Brasil.
00:40Isso vai acontecer ainda hoje ou amanhã de manhã, segundo o presidente dos Estados Unidos.
00:45Esse número que em abril para o Brasil foi anunciado em 10% deve ser elevado,
00:51possivelmente com as informações que se tem para 20%,
00:54já que ele disse que elevaria em 10% as tarifas para a queda do BRICS.
01:00Então isso tudo pesou bastante hoje, um dia difícil para o mercado aqui,
01:03inclusive já tinha fatores externos pesando, emergentes em geral em queda,
01:08as commodities também, produtoras de metais em forte queda,
01:13ainda refletindo as tarifas anunciadas para o cobre ontem.
01:17Isso já esperava-se que pudesse pesar aqui na Bolsa, mas realmente no meio do dia,
01:23essa declaração do Trump que sem avisar nada entra ao vivo, fala o que quer,
01:29a gente não tem uma agenda de comunicação do presidente americano,
01:34ele realmente tem esse método bastante informal de se pronunciar.
01:40Isso acabou pesando muito, Bovespa para baixo, dólar aí 5,53, retornando para cima dos 5,50,
01:49e essa volatilidade deve continuar no curto prazo, na medida que o Trump apontou as armas do discurso aqui para o Brasil.
01:57Você citou a história do BRICS aí também, Corleta, ele tinha falado, falou no domingo, na verdade,
02:03que os BRICS adotam políticas anti-americanas e, portanto, que ele aplicaria essa tarifa sobre BRICS.
02:09Agora, num momento como esse, fica até difícil de saber se a gente vai receber uma tarifa para o Brasil
02:15e mais uma para a BRICS, ou se a tarifa do Brasil coincide com a do BRICS e fica uma só.
02:20Quer dizer, é momento de incerteza mesmo, até que ele anuncie, e além do anúncio,
02:25até que se esclareça exatamente, não dá para saber exatamente o que vai nos caber nessa nova fase do tarifaço.
02:33É um palpite os 20%, né, Torci?
02:37A gente, efetivamente, se a gente fosse acumular as ameaças, uma tarifa mais elevada para o Brasil
02:44partiria de algo de 10, talvez para 15 ou 20, com um adicional de tarifa para os BRICS e seus parceiros,
02:51talvez a tarifa para o Brasil indo muito mais alta do que o esperado.
02:56Mas eu imagino que, como a balança comercial entre Estados Unidos e Brasil é relativamente estável,
03:02e o Brasil exportando naturalmente produtos de menor valor agregado e alimentos para os Estados Unidos,
03:07enquanto importa, especialmente serviços, né, a gente tem um volume de serviços muito grande,
03:14especialmente serviços digitais, né, as próprias big techs, a gente pode falar,
03:19em Netflix, em gastos com anúncios de Google, anúncios de Meta,
03:23essa balança comercial é muito positiva para os Estados Unidos,
03:28ela é desinflacionária para os Estados Unidos, sem importar alimentos baratos,
03:31e você criar uma tarifa que dificulte as suas principais empresas venderem seus produtos no exterior,
03:38ela também não parece muito vantajosa.
03:41Então, do ponto de vista 100% frio e irracional,
03:45não faria muito sentido para os Estados Unidos elevar essa tarifa.
03:48O que está acontecendo é que o Trump está usando da política comercial para fazer política, né,
03:55isso a gente viu já com as repetidas comentários com relação ao julgamento de Bolsonaro,
04:03ele tweetou duas vezes ontem e hoje retweetou, né,
04:07ou repostou na sua rede social esses posts feitos ontem,
04:12isso mostra que ele está realmente enfatizando esse tema político, né,
04:18muito insatisfeito com talvez a linha política que esteja no poder no Brasil,
04:24mas, trio e calculadamente, é muito difícil de imaginar que ele vai subir tarifas
04:29de uma forma muito elevada, porque isso vai causar mais dano para os Estados Unidos
04:34do que efetivamente alguma vantagem econômica na minha visão.
04:38Pois é, Coruleta, em relação a esse ponto que você citou até agora,
04:41a gente olhava para o Brasil nesse cenário todo de tarifaço e pensava,
04:45não tem porquê querer bater muito no Brasil, né,
04:48principalmente por essa questão do superávit comercial, né,
04:51a gente mais compra do que vende para os Estados Unidos.
04:54Tanto é que quando ele anunciou a primeira fase do tarifaço lá no dia 2 de abril,
04:58ele aplicou 10% sobre o Brasil, que foi a tarifa base, né,
05:02foi de 10% para cima, a gente recebeu 10%, achou que fazia sentido dentro do contexto todo.
05:06E aí agora ele traz essa questão político-ideológica para esse contexto, né,
05:12como você lembrou muito bem, exatamente hoje,
05:14o mesmo dia em que ele falou de novas tarifas para o Brasil,
05:17ele voltou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro.
05:20Ou seja, por essa razão,
05:22será que a gente poderia agora receber uma tarifa maior do que aquela que nos caberia
05:27por sermos um país com o qual eles são superavitários comercialmente?
05:31Exatamente essa conta que a gente está fazendo aqui, né,
05:35é um cálculo de até onde o Trump quer usar da política comercial
05:41para pressionar instituições aqui no Brasil e pressionar,
05:47talvez até o cenário eleitoral do próximo ano.
05:50A gente precisa ter isso em conta, a gente vai ter uma eleição no próximo ano
05:53em que muito provavelmente o Trump vai se posicionar contrariamente ao incumbente, né,
05:59ao atual governo, isso pode trazer,
06:01se já traz agora, imagina num ano eleitoral, o que pode trazer, né,
06:06qual que é o tamanho da vontade e da disposição do Trump de, por exemplo,
06:11ter prejuízos na parte econômica, talvez com inflação de alimentos dentro dos Estados Unidos,
06:17de forma a conseguir pressionar para ter um alinhamento ideológico melhor na América Latina.
06:23E um outro ponto importante dessa conta, né, desse cálculo político é o seguinte,
06:28esse movimento dos Estados Unidos contrário ao governo,
06:34o movimento do governo americano contrário ao governo brasileiro,
06:37ele é um movimento que alimenta muito também a própria narrativa do governo, né,
06:42uma narrativa de nós contra eles, de que estamos, somos uma nação soberana,
06:47então talvez o tiro saia pela culata, na medida que você tem essa pressão vindo de fora
06:52e o governo conseguindo se capitalizar em cima disso e não acabar prejudicado com toda essa pressão.
06:58Então existe toda essa questão móvel, a gente estava navegando numa água muito mais tranquila
07:04até ontem, até o Trump realmente comentar diretamente sobre o Brasil,
07:09e agora a gente passa a ser um player importante dentro desse mundo aí da guerra comercial do tarifácio,
07:14na medida que o Trump traz para a mesa questões ideológicas, especialmente depois desse último final de semana,
07:21onde a gente teve o encontro dos BRICS no Rio de Janeiro,
07:25e tiveram várias declarações ali de buscar fazer negócios internacionais sem usar o dólar americano,
07:32o que incomodou muito o Trump, que depois falou que o dólar é rei, vai continuar sendo rei,
07:36então isso incomodou bastante ali o núcleo duro do governo Trump e essas medidas são claramente uma retaliação para isso.
07:45Amanhã vai ter um evento aqui em São Paulo, do BRICS, eu vou estar lá, vou sentir um pouquinho como é que ficou o clima
07:51dessa história e depois eu conto para vocês aqui no fechamento de mercado,
07:56mas realmente pesou bastante o clima entre Estados Unidos e os BRICS, especialmente com o Brasil,
08:02na medida que o Trump veio aí a comentar sobre o julgamento do Bolsonaro.
08:06Vamos contar amanhã então com o seu depoimento de quem esteve ali no local e foi testemunha ocular do que aconteceu.
08:15Agora, Coraleta, num dia como hoje, quer dizer, os papéis de empresas exportadoras já começam a sofrer mais com essa expectativa?
08:24Olha, as exportadoras acabam sofrendo talvez até um pouco menos, na medida que essa história toda tem fortalecido o dólar aqui no Brasil,
08:34especialmente contra o real, não é uma medida generalizada de força do dólar.
08:40Então, as exportadoras acabam sendo até a proteção.
08:43Quem mais se complica são empresas ali que são sensíveis ao ciclo de inflação.
08:47A gente vê uma inflação arrefecendo muito em função da queda toda do dólar e se a gente tiver uma reversão dessa trajetória,
08:55com os mercados, os investidores internacionais precificando um risco maior para o Brasil,
09:00esse dólar mais alto beneficia os exportadores e prejudica esse combate à inflação.
09:04A gente vai precisar trabalhar com um cenário de juros mais altos para que a inflação possa voltar para perto da meta,
09:11na medida que o câmbio estressa.
09:12Então, eu vejo que é um momento delicado, é um momento que se tem aí taxas de juros bastante proveitosas no Brasil,
09:20talvez seja o momento do investidor ficar um pouco mais cauteloso até que a gente tenha um esclarecimento maior
09:25ao longo dessa semana sobre o nível de tarifa, sobre se essas acusações, esses ataques do Trump aqui ao Brasil vão continuar.
09:32Quer dizer, dependendo do que vier e de como vier empacotado, a gente pode ter uma reversão de tendência do dólar aí.
09:39E ele que vinha caindo, ele pode, hoje já passou dos 5,50, ele pode voltar a subir?
09:45É, tecnicamente a gente avalia aqui que a tendência de curto prazo do dólar,
09:49ela reverte para uma tendência de alta, tendo um dia fechando acima dos 5,56,
09:55e a bolsa que fechou em 137, ele precisaria fechar abaixo dos 135 mil,
10:00para que tecnicamente a gente veja uma reversão da tendência, do ponto de vista ali da análise gráfica, da análise técnica.
10:08Então, é um momento sensível, a gente está muito próximo desses níveis e revertendo a tendência,
10:14muda um pouco a visão aí para o curto prazo, para como que a gente vai adentrar esse segundo semestre.
10:19É um segundo semestre para se trabalhar muito com a expectativa de quando que os juros vão cair,
10:25na medida que a gente tem visto dados econômicos mais fracos daqui,
10:28e o Brasil se beneficiando de uma guerra comercial do ponto de vista relativo,
10:33outros países estavam sofrendo mais na guerra comercial.
10:36E agora a gente tem esse novo risco, esse novo fator externo que precisa ser colocado na conta
10:44para projetar os movimentos aí do mercado brasileiro.
10:47E dentro desse contexto, a ata do FED hoje pouco acrescenta,
10:51porque estamos falando de um passado e o negócio agora é olhar para frente e entender
10:55como é que essa nova fase do tarifácio vai impactar a inflação nos Estados Unidos.
10:59Olha, a gente teve hoje a Bolsa Americana bastante forte pela manhã,
11:05depois do anúncio de novas cartas ainda em linha com os níveis de tarifas que foram anunciados em abril,
11:11assim como os primeiros sete países que vieram ali no dia de anteontem.
11:15Mais países hoje foram tarifados com tarifas em linha com nível de abril,
11:21então isso trouxe a Bolsa Americana para perto do 0 a 0.
11:25Depois com a divulgação da ata do FED a coisa melhorou de novo,
11:27especialmente com um sentimento de que o juros,
11:30um reforço desse sentimento de que o juros do americano cai em setembro.
11:36Percebeu uma grande divisão dentro do FED na leitura desse documento.
11:40Vários membros já olhando para um momento de corte de juros
11:44e realmente o impacto das tarifas sobre a inflação sendo o principal ponto de debate.
11:49Muitos deles acreditam que vai ter um choque de preço no inicial,
11:53mas que isso não vai se consolidar em uma inflação duradoura,
11:56o que já permitiria que o FED cortasse os juros.
11:59Então se tinha ali uma chance de 70% de corte de juros em setembro,
12:04essa chance subiu para 75%, 80% no dia de hoje depois da publicação dessa ata.
12:08Em tese, positivo para os mercados lá fora,
12:11deveria fazer aqui o dólar cair,
12:13mas esse tema específico desses ataques do Trump ao Brasil e à política brasileira
12:19realmente acabaram sendo o centro das atenções.
12:22A gente teve uma bolsa fechando perto da mínima e um dólar nos níveis máximos do dia.
12:27Agora, estamos falando aí de uma reunião de algumas semanas atrás,
12:31quando não havia ainda uma definição sobre o que aconteceria com o tarifácio.
12:36Essa definição está em curso agora, ela está acontecendo.
12:39Estamos vendo em prestações essa nova fase do tarifácio.
12:43Por todo o discurso que o Jerome Powell vem trazendo
12:46desde que o tarifácio começou de forma mais aguda em abril,
12:50seria razoável que o FED aumentasse o nível de preocupação com a inflação,
12:55já que as tarifas estão aumentando também?
12:59Eu acho que sim.
13:00A gente tem o entendimento de que essa publicação do documento,
13:04apesar de ser de uma reunião de três semanas atrás,
13:06ela serve também como uma forma do FED se comunicar com o mercado.
13:10Ô Corleta, desculpa te interromper.
13:14O Trump, o presidente Donald Trump, acaba de divulgar qual será a tarifa
13:18para produtos brasileiros a partir de agora.
13:20Ela vai ser de 50%.
13:22Trump acabou de postar na rede Truth Social.
13:25A gente estava ali no piso de 10% de tarifa de importação,
13:30desde o tarifácio em abril.
13:31Os outros países tinham o mesmo patamar que a gente, ou mais,
13:35e agora a gente dispara para 50%, Corleta.
13:39Do ponto de vista econômico, comercial, faz sentido pensar nessa tarifa contra o Brasil?
13:46Olha, para os Estados Unidos, provavelmente não.
13:48Como eu falei, a nossa balança de pagamentos com eles é muito positiva para os Estados Unidos.
13:53A gente importa mais deles e importa serviços que têm custos baixos
13:57e exporta especialmente alimentos e commodities que têm um impacto na inflação dos Estados Unidos.
14:03É uma bela de uma breaking news aqui ao vivo.
14:07A gente deve ter isso penalizando aqui o real, que é provavelmente um dólar forte
14:13e um dia difícil para o mercado brasileiro amanhã,
14:17diante desse anúncio de que o Brasil vai ser tarifado em 50%.
14:20O Trump tem essa característica de ser imprevisível,
14:25ele tem a característica de trazer medidas muito agressivas na sua negociação,
14:31mas nesse momento a visão que tem é de que ele está despontando uma política comercial
14:35a sua rixa ideológica com o atual governo aqui do Brasil.
14:39Com essa notícia, então, temos agora breaking news.
14:47Eu vou voltar a conversar aqui com o Felipe Corleta, sócio da The Link Investimentos,
14:55com quem eu estava falando no exato momento em que saiu essa notícia.
14:58Corleta, a gente falava exatamente desse ponto,
15:00da contaminação política e ideológica na questão comercial entre Brasil e Estados Unidos
15:06e, pelo visto, a carta de Trump confirma exatamente isso.
15:09Confirma exatamente isso, a expectativa agora é de uma reação bastante dura
15:15por parte do governo, provavelmente o Lula vai se pronunciar sobre isso,
15:18o próprio Supremo, que foi mencionado na carta também,
15:22a gente vai entrar num debate importante sobre soberania
15:26e isso vai ter um impacto importante sobre a política nacional.
15:30Os mercados agora estão em colapso, a gente tem o dólar subindo 2,5% a 5,62%,
15:36a gente falava pouco, os minutos que o dólar estava em 5,53%,
15:40a Bolsa também caindo mais de 2,5%, a curva de juros futuras subindo mais de 20, 30 pontos,
15:48é um momento de pânico nos mercados aqui, nesse mercado futuro.
15:51Mercado à vista, as ações já fecharam, o câmbio,
15:54Petax também já fechou, mas a gente ainda tem um mercado futuro
15:57para balizar um pouco a expectativa desse dia de amanhã,
16:00que vai ser certamente um dia bastante pesado para o mercado doméstico.
16:05Então a gente deve ver um dia do Ibovespa caindo bastante
16:08e dólar à vista em forte alta e talvez recuperando esses 5,60%,
16:12que é o nível de preço que a gente vê nesse momento,
16:16imediatamente após o anúncio que o Trump fez agora.
16:19Um anúncio muito diferente dos que ele vinha fazendo
16:23e que mostra um alinhamento muito grande de Trump com o ex-presidente Bolsonaro,
16:28talvez com seus interlocutores nos Estados Unidos,
16:30para mencionar o Supremo, para mencionar o julgamento do Bolsonaro,
16:35para mencionar esse respeito que ele tem pelo ex-presidente,
16:39numa carta que também anuncia uma tarifa de 50% para o Brasil.
16:44Então o mercado realmente reagindo a isso, a gente deve ter uma nova dinâmica a partir de agora.
16:50Para a gente ter uma ideia da grandeza dessa tarifa de 50% que Trump anuncia a produtos brasileiros,
16:58quando ele apresentou o tarifaço, ou o que ele chamou de tarifas recíprocas,
17:02lá no dia 2 de abril, nenhum país recebeu 50% de tarifa.
17:07Vários receberam 40 e pouco, 30, 20, 10, mas a tarifa não chegou a 50% para ninguém.
17:14Nas semanas seguintes, nos dias seguintes, com as retaliações da China,
17:18no caso da China, sim, chegou a passar de 100%,
17:21até que os dois países se entendessem, depois de uma reunião na Suíça,
17:25outra reunião na Inglaterra, e aí concordassem em baixar as tarifas.
17:29Mas a China foi o único exemplo de país cujos produtos passaram a ser taxados em mais de 50%.
17:34Nenhum outro. O segundo país que entra nessa lista, então, passa a ser o Brasil,
17:38com uma tarifa muito distante daquela de 10% que havia sido anunciada em abril.
17:45Corleta, o mercado olha para essa situação agora e imagina, então, o dólar disparando
17:51e possivelmente trazendo uma nova pressão inflacionária importante para o Brasil?
17:55Sim. Do ponto de vista doméstico, para o mercado, eu acho que o impacto é menor,
18:04mas quando a gente olha para o que o estrangeiro vai olhar para essa carta,
18:08o investidor que está assediado em Londres, que está assediado em Hong Kong, em Nova York,
18:12ele olha para essa carta e ele fica com medo de investir no Brasil,
18:15ele fica com... é muito recém, então, o fluxo do estrangeiro deve ser muito pesado,
18:21aí, retirando reais da sua carteira de investimentos, provavelmente ativos brasileiros.
18:28As empresas que exportam para os Estados Unidos, eu consigo pensar aqui na Embraer, na WEG,
18:34nas empresas de alimentos, proteínas e especialmente empresas do setor de aço,
18:41elas devem sentir muito essa nova tarifa, isso tem um impacto violento na demanda,
18:47e, naturalmente, se esse câmbio voltar a ter uma tendência de alta e voltar a recuperar patamares anteriores,
18:54já após esse anúncio, isso vai trazer uma volta da inflação, uma volta da inflação de alimentos,
19:01em um momento em que os juros pressionam a atividade para baixo.
19:04Então, é um cenário realmente péssimo para o Brasil, onde a gente tem juros muito altos,
19:08travando o crescimento da economia, que já vem dando sinais de enfraquecimento,
19:12e a inflação retomando força, aquele cenário mais estagflacionário,
19:17como classificariam os economistas, com atividade caindo e inflação subindo.
19:22Então, caso não haja uma diplomacia muito habilidosa do Brasil para driblar esse momento,
19:28reduzir essas tarifas, voltar para a mesa de negociação,
19:31isso pode, sim, trazer uma falta de apetite muito grande para o estrangeiro,
19:37ao olhar para os ativos nacionais.
19:39Agora, a carta de Trump, Corleta, ela claramente questiona o sistema judiciário brasileiro
19:47que vem investigando e já condenou, inclusive, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
19:55Num momento como esse, é um equilíbrio delicado, né?
19:57Porque não dá para a diplomacia brasileira simplesmente ignorar um questionamento ao sistema de leis,
20:04ao sistema de justiça do país, ao mesmo tempo em que precisa evitar um estrago maior na relação diplomática e comercial
20:12com os Estados Unidos, né?
20:15Um momento super delicado, tanto do ponto de vista diplomático, do ponto de vista comercial e do ponto de vista político interno.
20:23A gente vai ter, certamente, o governo adotando um discurso de que isso infringe a soberania nacional.
20:29A gente vai ter esse discurso de um inimigo externo dentro do nosso debate político aqui.
20:37Isso pode, inclusive, ter repercussões aí importantes ao longo do próximo ano e das eleições presidenciais do próximo ano.
20:44Então, realmente, é uma mudança de paradigma, não só para a análise dos mercados aqui,
20:50mas também para o tema da política doméstica, das relações comerciais,
20:55especialmente aí desse embate que surge agora, muito provavelmente, entre o governo brasileiro e americano.
21:04Um debate que a gente tinha a expectativa de que pudesse ficar só nas narrativas,
21:08nas postagens de redes sociais e, só claro, começa a tomar ares de algo realmente mais concreto.
21:13A própria expectativa para a taxa Selic esse ano, Corleta, amplamente esperada para a casa dos 15%,
21:23para terminar o ano na casa dos 15%, essa expectativa, ela muda agora?
21:27Não dá mais para bancar que ela fique nesse patamar?
21:31Olha, eu acho que é cedo para falar em alta de juros em reação a esse momento,
21:36mas, certamente, se a gente tiver um dólar voltando a R$ 6,5,70, R$ 5,80,
21:40tem uma expectativa da inflação desancorando, com investidores saindo dos produtos de renda fixa do Brasil,
21:47tirando esse dinheiro, o custo do dólar subindo bastante, pressionando o preço de alimentos,
21:53de transportes, de serviços, de itens importados, isso pode, sim, fazer com que o Banco Central retome um ciclo de alta na Selic.
22:01Eu imagino que essa seja um impacto de segundo momento,
22:04quer dizer, a gente vai ter um choque agora no câmbio, a gente vai ver como que isso vai se desenvolver nos próximos dias,
22:10mas eu acho que é cedo para falar em nova alta dos juros,
22:13mas, certamente, aquele momento que a gente tinha de economia fraquejando,
22:16expectativa de que o mercado buscasse um consenso de corte de juros ainda esse ano,
22:21isso fica muito afastado.
22:22O mercado realmente vai voltar a precificar cortes de juros,
22:25talvez só para o ano que vem, ou até mesmo cortes de juros indefinidos,
22:31sem esse consenso de que o próximo movimento da Selic é um corte.
22:34O consenso hoje é de que ela fica estável por bastante tempo
22:37e o próximo movimento é um movimento de corte.
22:39Isso pode mudar, trazer bastante incerteza para esse cenário também para os juros.
22:44A gente não pode perder de vista, né, Corleta,
22:46que para alguém que defende o lado do ex-presidente Jair Bolsonaro,
22:51uma boa ajuda política que daria agora seria bagunçando a situação econômica do Brasil, né?
22:57É, a gente viu, né, inclusive ontem, a divulgação da pesquisa Atlas Intel,
23:04ali onde a gente viu uma recuperação importante da popularidade do Lula, né,
23:09voltando a ficar à frente de outros nomes da direita e da centro-direita
23:13num cenário de segundo turno,
23:15e isso especialmente refletindo, na minha opinião,
23:18a desaceleração da inflação de alimentos, né,
23:20assim, que é um impacto direto dessa queda do dólar.
23:23Então, na medida que esse dólar sobe, isso prejudica, sim,
23:27a popularidade do governo, na medida que isso vai trazer aumento de preços de alimentos
23:32que a gente sabe que são altamente correlacionados com a popularidade de um governo no Brasil.
23:38Então, isso, sim, pode ser uma dor de cabeça para o governo
23:40e, ao mesmo tempo, do ponto de vista político,
23:42a ativa é importante para poder colocar um inimigo em comum ali,
23:51tentar unir a parte de centro mais ao lado da esquerda.
23:56Coleta, o que seria importante para um momento como esse de contenção de danos,
24:00de gerenciamento de crise?
24:02O que é que seria importante para a Brasília fazer nesse momento na sua leitura?
24:05Olha, eu acho que Brasília precisa se posicionar.
24:12A gente tem um momento onde o governo precisa ter uma comunicação mais sóbria.
24:17Eu acho que não dá para receber um soco e voltar com o outro.
24:20Precisa trazer isso para um tom mais diplomático e tentar levar para esse lado.
24:26Mas eu acho que não precisa...
24:27É muito difícil saber o que o Supremo vai fazer, o que o governo vai fazer.
24:31Então, é o momento de ter sobriedade e tentar acalmar os anos.
24:34Eu acho que essa é a postura que Brasília deveria adotar,
24:36mas não acho que é o que vai acontecer.
24:39Imagino que a gente vai ter aí uma resposta muito dura e ácida
24:43por parte do presidente Lula e das instituições aqui no Brasil.
24:46Felipe Coleta, sócio da Delinque Investimentos.
24:49Coleta, obrigado pela sua atenção.
24:51Deve ter bastante trabalho te esperando aí
24:53e, certamente, os próximos dias vão ser animados para o mercado.
24:57Muito obrigado pela sua participação, Coleta.
25:01Até mais, turismo. Obrigado.
25:02Valeu, um abraço.
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