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Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, discutiu com os analistas Alberto Ajzental, Julia Lindner e Vinicius Torres Freira os rumos da política monetária, explicando por que a Selic deve se manter em 14,75% mesmo com a desaceleração da economia. Ele comenta o impacto do cenário internacional, com o Fed mantendo juros nos EUA, e os desafios fiscais do Brasil, incluindo o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento de 2026. Uma visão clara e fundamentada sobre juros, inflação e contas públicas.

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Transcrição
00:00Vou conversar agora com Felipe Salta, economista-chefe e sócio da War Investimentos.
00:05Felipe, boa noite. Obrigada por ter aceitado o nosso convite.
00:08Bom, claro, quero começar falando dessa super quarta.
00:12A gente começa amanhã mais uma reunião do Copom, que vai decidir se aumenta ou não a taxa de juros.
00:17Resultado sai na quarta-feira.
00:19Nas últimas reuniões, como eu já falei aqui, era mais fácil cravar o que ia acontecer, dessa vez não.
00:25Então, eu queria te ouvir qual é a sua expectativa, com qual número você está trabalhando e também sobre o FONC lá nos Estados Unidos.
00:35Boa noite, Cris. Obrigado pelo convite. Prazer estar aqui com você.
00:39Olha, dizer o seguinte, eu entendo que o Comitê de Política Monetária aqui no Brasil deve optar pela manutenção da Selic.
00:48A Selic, é bom lembrar, ela é uma referência para a taxa de juros praticada no mercado.
00:54Então, é a forma pela qual o Banco Central garante, por meio da retirada e da colocação de liquidez na economia,
01:01usando para isso títulos públicos, vale dizer, por isso que ele tem uma carteira gigantesca de papéis que o Tesouro coloca na mão dele
01:09para fazer essas operações chamadas compromissadas, essa taxa já é significativamente elevada.
01:17Por quê? Porque ela está bem acima da chamada taxa neutra de juros.
01:23O juro neutro é estimado pelo próprio Banco Central em pouco menos de 5%, 4,8% em termos reais.
01:31A Selic que nós estamos praticando hoje, de 14,75% ao ano, ela representa uma taxa real de quase 9%.
01:41Então, a política monetária já é bastante contracionista, a expectativa ao longo do ano é de desaceleração da atividade econômica.
01:50Os dados que vocês mostraram há pouco, sobretudo do IBC-BR, já indicam essa desaceleração,
01:58bem como a murcha das projeções de inflação.
02:02E em relação ao FONC lá nos Estados Unidos, qual é a sua expectativa?
02:07Deve ser uma dobradinha de Brasil e Estados Unidos para a manutenção,
02:11porque eu também acredito que por lá, por outras razões, a incerteza é muito grande,
02:17os dados de inflação, os últimos, são positivos,
02:21mas a mudança na política tarifária, na política econômica dos Estados Unidos,
02:25foi tal que a incerteza para o Federal Reserve tomar a sua decisão é muito alta
02:32e, mediante essa incerteza, o melhor a fazer é ficar no mesmo lugar
02:38e aguardar a marcha dos acontecimentos.
02:41As expectativas de inflação estão pressionadas por lá.
02:44Então, nesse cenário em que, vale lembrar, o Banco Central americano, o FED,
02:50tem um mandato duplo de atividade e de inflação,
02:55não se recomenda, nesse momento, que os juros comecem a diminuir novamente.
03:00Então, eu aposto nesse cenário, Cris.
03:04Mesmo com o presidente Donald Trump insistindo que precisa reduzir a taxa de juros lá, né, Felipe?
03:10Eu vou passar aqui para... pode falar, pode falar.
03:13Não, exatamente.
03:14Eu acho que ele faz esse papel de pressionar politicamente,
03:18de mostrar que o juro precisa ser mais baixo para estimular o investimento produtivo,
03:22senão só as políticas fiscais, tarifárias, os subsídios não vão funcionar,
03:28mas o FED tem a sua autonomia e acho que vai continuar agindo assim.
03:33Que assim seja, né?
03:34Vou passar, então, para os nossos analistas.
03:36Vamos começar pelo Alberto Azental.
03:37Alberto, fica à vontade para a sua pergunta.
03:40Felipe, boa noite.
03:41É um prazer ter você aqui com a gente.
03:44Eu li teu artigo hoje sobre dedo na ferida.
03:46Queria que você comentasse um pouco,
03:48mais puxasse para essa questão do governo versus congresso,
03:53mas queria que você destacasse se o governo está muito apertado de agora para o final do ano
03:59e se o governo vai ter que tomar alguma medida urgente ou emergencial
04:03para conseguir fechar as contas.
04:06Boa noite, Alberto.
04:08Olha, a minha visão nesse momento é que as contas públicas em 2025,
04:13elas estão mais ou menos equacionadas.
04:15Eu digo mais ou menos porque depois do famigerado decreto presidencial que majorou as alíquotas do IOF,
04:24todo mundo incorporou nas projeções de 15 a 20 bilhões adicionais de receita.
04:29O problema é que o decreto foi esvaziado em alguma medida, ele foi modificado e isso reduz as projeções de arrecadação
04:40oriundas dessas ações, dessas majorações de alíquotas do tributo.
04:46O Congresso, por sua vez, tem dado passos ousados no sentido de enfrentar o Poder Executivo,
04:52de dizer que não vai aprovar as medidas, sustar o decreto, veio com a coisa da emergência e tal, da urgência, né?
05:00Por meio do projeto de decreto legislativo.
05:03Mas a minha impressão é que para 2025, no pior dos cenários, com 7 a 8 bilhões adicionais de contingenciamento,
05:12lembrando que já foram feitos 31,3 bilhões de cortes, né?
05:16Para esse ano, no orçamento, você resolveria o problema.
05:20A questão central é o ano que vem.
05:22Para o ano que vem, nós calculamos aqui na Warren que há uma necessidade de contingenciamento
05:29de quase 50 bilhões de reais, Alberto.
05:33Porque a projeção de receita do PLDO, que é aquela lei que prepara o orçamento,
05:39ela está inflada, com filme repetido, mesma coisa que aconteceu em 2025,
05:44e o governo precisa de um volume de arrecadação maior do que esse que nem sequer está garantido.
05:51Me refiro à medida provisória, à questão da reversão da isenção das LCA, LCI, CRI, CRA, debêntures incentivadas,
06:02aumento do imposto de renda sobre juros sobre capital próprio, etc.
06:05Então, o problema para o ano que vem é, nesse momento, o que deve estar dando mais dor de cabeça para o ministro Fernando Haddad.
06:15Vamos passar para a Júlia Lindner, a pergunta dela, Júlia, lá em Brasília.
06:19Fica à vontade, Júlia.
06:23Felipe, pegando esse final da tua resposta, quais são as alternativas possíveis que você vê
06:29caso realmente o Congresso não aceite o decreto do governo, esvazie a medida provisória,
06:34o que teria na mesa para o governo apresentar e o que aconteceria caso o governo tenha que contingenciar mais recursos?
06:41Se não tiver outra proposta, como é que você acha que fica essa situação?
06:47Boa noite, Júlia.
06:48Olha, então, dando mais detalhes sobre o número que eu comentava,
06:52para o ano que vem você tem uma necessidade, pelas nossas estimativas,
06:55claro que a gente também pode errar, etc., de 50 bilhões de contingenciamento.
07:00Como a despesa discricionária, que é aquela despesa livre,
07:03ela está já num patamar muito próximo do mínimo necessário para o funcionamento da máquina pública,
07:10a gente acha que só dá para cortar de 5 a 6 bilhões no máximo.
07:15Como é que faz com o restante?
07:17Uma parte, se o Congresso apoiar a medida provisória, avançar com as medidas que foram colocadas,
07:24inclusive a tributação de BEX e, inclusive, a redução dos chamados benefícios fiscais ou tributários,
07:31ou gastos tributários, vale dizer, essa redução ainda nem foi apresentada formalmente,
07:37mas deve ser aí nos próximos dias,
07:39se tudo isso acontecer, essa necessidade cai de 45 bilhões,
07:44já contando com 5 de contingenciamento, para algo como 25.
07:48Ainda assim, você teria um buraco de 25 bilhões para o ano que vem.
07:53Então, se o Congresso não fizer nem esse mínimo, minimórum,
07:57aí vai ser um Deus nos acuda, porque vai ter que mudar a meta fiscal,
08:01vai gerar ruídos no mercado, vai impactar a taxa de câmbio,
08:04e toda a história que a gente já conhece.
08:07Vamos passar para o Vinícius Torres Freire.
08:09Vinícius.
08:10Felipe, voltando para a história dos juros de quarta-feira.
08:13Apesar dessa grande divisão, sobe mais 0,25 ou não sobe,
08:20parece que o consenso é o seguinte, a taxa de juros alta vai muito longe,
08:25pelo menos a Selic.
08:26No entanto, no mercado, taxas de 2 a 5 anos estão caindo,
08:29estão 1,5% abaixo de janeiro, por exemplo,
08:32e o BIC está querendo evitar que caiam ainda mais,
08:34para não começar um desaperto monetário por outras vias.
08:37Agora, além dessa discussão de imediato, vamos pensar o seguinte,
08:42a previsão de inflação do Focos está em 4,5% para o final do ano que vem,
08:47quase estourando a meta, no limite da meta.
08:50Quando a gente pode ter notícia para que a discussão mude em relação à Selic?
08:55Quer dizer, quando você acha que vai ter alguma desinflação bastante
09:00ou outros sinais da economia suficientes para a gente sair dessa discussão
09:04de vai ficar alto por um tempão, para a gente começar a pensar em quando baixa?
09:08Excelente e difícil questão, né, Vinícius?
09:13Porque o Banco Central tem uma meta hoje a ser cumprida,
09:17que é fixada pelo Conselho Monetário Nacional, CMN,
09:21que é bastante ousada, uma meta de 3%, podendo chegar a 4,5%.
09:27Para o final do ano que vem, aparentemente, os economistas e especialistas
09:32consultados pela pesquisa Focos estão entendendo que vai ficar ali dentro da meta,
09:38mas no limite superior.
09:40A verdade é que o Banco Central precisa de sinais mais claros para começar a reduzir.
09:46Acho que para interromper o ciclo, as informações que a gente tem já são suficientes.
09:51O cenário externo, você vê a baita ajuda que nós recebemos do dólar,
09:56que caiu do céu essa ajuda.
09:58A gente falava sobre a taxa de câmbio em outras vezes que eu estive aqui com vocês também,
10:03mas a verdade é que daqueles quase 6,30,
10:06agora nós estamos com um câmbio que ajuda muito mais a controlar a inflação,
10:11por meio da questão do repasse para os preços dos importados
10:15e também o desdobramento sobre os componentes que a indústria importa
10:20e produz com esses componentes para vender aqui dentro.
10:23Então, a ajuda que a inflação vai ter do câmbio é muito maior do que se imaginava.
10:28Isso é um ponto importante.
10:29Eu acho que ela veio para ficar,
10:31porque o que tinha de acontecer de mais turbulento na economia americana já aconteceu.
10:37Agora são os desdobramentos, os ajustes disso.
10:40Óbvio que aqui eu estou fazendo um exercício de futurologia.
10:43A questão fiscal, que é a outra dimensão que o Banco Central considera
10:48e que está no seu balanço de riscos, ainda tem muita incerteza.
10:53Mas, por outro lado, do ponto de vista das pressões sobre a demanda agregada,
10:57não é o fim do mundo.
10:58Nós estamos com um déficit primário que vai ficar no ano que vem,
11:01pela nossa projeção, em 0,75% do PIB.
11:04É ruim, tem a conta de juros, que também pressiona o resultado e a demanda, vale dizer,
11:10mas é um quadro que já estava mais ou menos no preço.
11:14Então, eu acho que se a gente continuar na mediocridade em que está, digamos assim,
11:19e não houver nenhum fato novo, nenhum grande reajuste em despesas importantes e tal,
11:25e nenhum fenômeno externo também inesperado,
11:28o Banco Central não tem por que não começar a reduzir o juro no final desse ano e início do próximo.
11:33Felipe, muito obrigado, é sempre um prazer mesmo ter você aqui com a gente.
11:38Boa semana para você e até a próxima, que seja rápido.
11:41Obrigado, prazer meu, viu? Um abração.
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