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Após a derrota na Câmara, o governo busca saída para cobrir um rombo de R$ 35 bilhões e retomar a credibilidade das contas públicas. O economista-chefe da APCE, André Perfeito e o CEO da Everblue, Gabriel Padula, analisaram os impactos fiscais, o risco político e os efeitos sobre juros e investimentos.

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Transcrição
00:00Bom, depois da derrota na Câmara, o governo agora quebra a cabeça para saber como vai cobrir o rombo nas contas públicas,
00:07avaliado em 35 bilhões de reais, depois da derrubada da medida provisória que substituiria o aumento do IOF.
00:16Ainda na semana passada, o ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga, chegou a classificar a política fiscal do país de suicida.
00:23O ex-ministro da Fazenda, Maílson Danóbrega, esteve aqui nessa bancada do jornal Times Brasil, exclusivo CNBC, e concordou com essa análise.
00:33Então, para falar mais sobre esse assunto, eu vou conversar agora com o Gabriel Padula, ele é CEO do grupo Everblue,
00:40e André Perfeito, que é economista-chefe e sócio da APCE.
00:45Boa noite para vocês dois, obrigada por terem aceitado o nosso convite.
00:49A primeira pergunta eu quero fazer para os dois.
00:52Vocês acham que a política fiscal do Brasil é mesmo suicida ou o Arminio exagerou?
00:58Vamos começar pelo André.
01:00Boa noite, Cristiane. Boa noite a todos.
01:03Primeiramente, é um prazer estar aqui conversando com vocês.
01:06Quando nós falamos de economia no Brasil, o tema fiscal, sem dúvida alguma, é o coração dessa discussão.
01:11E o que nós vemos hoje é uma política fiscal que tenta manter um discurso de responsabilidade,
01:15mas que, na prática, não entrega coerência, muito menos previsibilidade.
01:20E o resultado disso é um país com juros alto, risco elevado, um investidor cada vez mais distanciado
01:26por desconfiar da sustentabilidade da dívida pública.
01:29O chamado arcabouço fiscal foi vendido como uma nova âncora do país.
01:33Mas, de fato, ele já nasceu frágil, muitos de nós já sabíamos.
01:37Ele permite um crescimento real dos gastos, mesmo sem um resultado fiscal concreto.
01:41E o modelo depende de uma arrecadação que ainda não aconteceu.
01:45E, por isso, o governo ansiosamente começa a criar novas estruturas de arrecadação,
01:50muitas delas com desencontro ao próprio crescimento econômico.
01:54Sem dúvida alguma, uma política claramente desequilibrada.
01:58André, queria te ouvir, claro, queria que eu te ouvisse sobre a minha pergunta,
02:04se você concorda com o Armênio Fraga, e também se você concorda agora com o que o Gabriel nos trouxe.
02:09Bem, olá, que cheguei um prazer falar contigo, e a Bel, tudo bem?
02:15Olha, o termo suicida é um termo retoricamente forte.
02:19Então, sem dúvida nenhuma, o Armênio quis carregar a tinta ali.
02:23Mas você tem uma questão que, de fato, eu acho que ela é, vou colocar da seguinte forma,
02:28ela não é sustentável.
02:29A gente tem observado uma dinâmica de gastos que não encontrou, do lado da receita, um aumento.
02:35A respeito da dinâmica econômica disso, aí tem que entender também a dinâmica política.
02:41Está evidente que o presidente Lula e o PT não têm a observância de gastos como outros governos.
02:50É para isso, nesse sentido que ele foi eleito.
02:54Agora, isso tudo aí não era um problema até pouco tempo atrás.
02:57O que eu acho que o gato subiu no telhado, por assim dizer, foi quando o Congresso aprovou o 5 mil do imposto de renda
03:06e, na contraparte, que é a CMP, pulou fora.
03:09Isso daí mostrou uma coisa que é mais perigosa, na minha opinião, que é até a dinâmica fiscal corrente.
03:14É o descontrole político que vai tornar mais aguda a administração fiscal.
03:19E essa administração fiscal frouxa está se traduzindo numa permanência das expectativas ainda elevadas de inflação para 2027,
03:27que, por sua vez, deixa a taxa Selic no atual patamar, não cai.
03:32Então, a gente está, vamos dizer assim, preso dentro dos próprios modelos.
03:37Isso daí não tem solução simples, não.
03:38Eu acho que isso daí pode piorar nas próximas semanas.
03:41Então, pelo que eu percebi, André, na sua opinião, Armínio Fraga exagerou e o Gabriel concorda com o que o Armínio Fraga disse,
03:50que vários outros economistas também concordaram, inclusive o ex-ministro Maílson da Nóbrega.
03:55Agora, vamos falar sobre essa questão que, toda vez que o governo anuncia alguma taxação extra, ele é criticado.
04:03O discurso é que o caminho da melhora nas contas públicas não é através de aumento de impostos.
04:09Mais uma pergunta para vocês dois.
04:11Queria saber se vocês concordam, se teria um outro caminho, se dá para cortar de algum lugar.
04:17Vamos começar agora pelo André, por favor.
04:20Bem, primeiro é só para falar do Armínio.
04:22Eu acho que ele usou uma figura retórica forte.
04:24Suicídio é uma palavra forte.
04:25Eu não quero dizer que eu necessariamente discordo do que ele está colocando ali.
04:29Sim, houve um certo exagero na palavra que ele usou.
04:32Foi isso que você quis dizer.
04:33Isso, né?
04:34Acho que esse que é o sentido geral do documentário.
04:38Agora, por outro lado, quando se fala de corte, o que me preocupa, vamos dizer assim, é a estrutura do gasto público.
04:45O que eu quero dizer com isso é muito simples.
04:47Se tem uma parte grande do gasto que ele pode fazer o governo, que está em emenda de relator.
04:53E, francamente, emenda de relator é qualquer nota.
04:55A gente já descobriu, nessa altura do campeonato, que isso daí não é feito com a melhor da racionalidade, por causa dessa forma.
05:02E os gastos obrigados, saúde e educação, matadamente, só para pegar os dois grandes grupos, eles crescem alheios a critérios técnicos da saúde e da educação.
05:12Ele cresce porque a arrecadação subiu, cresce porque o PIB subiu, mas nunca se debate a saúde e a educação.
05:19Então, acho que não é nem tanto, é também a quantidade do gasto, mas a gente pode debater isso daí também, mas a forma que é administrado isso, que é terrivelmente mal feito.
05:29Para ser gentil com as palavras aqui, essa hora da noite.
05:33Gabriel.
05:35Cristiane, o gasto público atualmente brasileiro é completamente ineficiente.
05:39O país, ele gasta muito, cerca de 18% do PIB, mas ele gasta mal.
05:43A despesa obrigatória, ela engole praticamente toda a capacidade de investimento.
05:48Sem uma reforma administrativa, a gente tem uma leitura que uma revisão de gastos, qualquer arcabouço, é de uma maneira cosmética.
05:56A gente entende que o problema não é contábil, é estrutural.
05:59Então, a partir dali, a gente começa a ter um olhar num cenário que o discurso, ele é muito bonito, mas na prática ele não se sustenta.
06:07Bom, mas de onde seria possível cortar? Aí ainda, em cima dessa minha pergunta anterior, é possível cortar de algum outro lugar?
06:17Como o governo não corta os gastos, o governo parte para o aumento de arrecadação, que na nossa visão é quem mora o risco.
06:23Ele cria medidas de curtíssimo prazo, reoneração de combustíveis, por exemplo, o aumento do IOF, que para nós é um imposto regulatório, mas que virou uma ferramenta de arrecadação.
06:33O resultado disso é claramente um crédito mais caro e uma economia a cada mês mais sendo travada.
06:41André.
06:43Bem, sobre onde cortar é um debate complexo.
06:47Agora, a respeito da arrecadação, só para fazer também o contraponto, francamente, no tributar mais bete, é isso mesmo que é a discussão do pessoal, do Congresso?
06:56Eu acho que assim, claro que tem que cortar gastos.
06:59Você tem uma questão, por exemplo, do setor... Bem, vou entrar na questão dos privilégios.
07:03A reforma administrativa é absolutamente urgente para colocar esse ponto de novo.
07:10Mas tem uma... O que me preocupa no limite é o seguinte, a dinâmica política atual tende a tornar esse processo mais agudo.
07:17E por que eu estou falando isso?
07:18Vamos supor que o déficit primário desse ano, o governo fala que vai ser 0,5%.
07:23Vou supor que seja 1% do déficit primário desse ano.
07:26Se a gente olhar o conjunto das economias emergentes, o déficit primário projetado pela UFMI, na média, é 4%.
07:33Dos países desenvolvidos, é 2%.
07:35Então, a nossa situação, em termos relativos lá fora, não é exatamente tão grave.
07:39O que é grave é que, nitidamente, o governo perdeu completamente o controle da dinâmica política,
07:45que está se traduzindo, entre outras coisas, nessas derrotas de MP.
07:48E coisas mais estranhas, né? Vão ser francas.
07:50A gente está entrando no ano eleitoral de 2026, onde o campo da direita não conseguiu determinar ainda o nome.
07:57Isso daí é muito estranho. Tem um ano para a eleição.
08:00Isso daí começa a formar preço, na minha opinião.
08:02E o preço se traduz nessa dinâmica fiscal ruim, que não consegue se discutir no plano do Congresso o que deve ser feito.
08:10O governo tem defendido que é possível crescer para depois ajustar as contas.
08:15Na opinião de vocês, isso faz sentido apostar no crescimento antes do ajuste?
08:21Ou isso é receita para o descontrole?
08:23Podemos começar pelo Gabriel.
08:26No fim do dia, Cristiane, o país precisa de mais promessas.
08:31Ele não precisa de mais promessas ou metas utópicas.
08:34Ele precisa de coerência, presibilidade e coragem para fazer ajuste real.
08:38Quando o governo pontua um crescimento antes do ajuste,
08:41a gente entende que o ajuste fiscal não é inimigo do crescimento,
08:44mas ele é um pré-requisito para um crescimento de maneira sólida e com presibilidade.
08:49Eu acho que o mercado precisa ver credibilidade e principalmente disciplina
08:54na construção de metas reais e metas factíveis,
08:58metas que não possam ser de maneira alguma mudadas ao longo do meio da construção.
09:03Eu acredito que com esse olhar nós vamos conseguir ter uma política fiscal
09:06muito mais voltada ao longo prazo, é o que o Brasil precisa.
09:10André, concorda com o Gabriel?
09:12Olha, a questão do crescer primeiro para depois ajustar,
09:17a minha crítica à questão fiscal grande do governo é o seguinte,
09:21não tem necessidade de ter gasto maior,
09:24porque se você olha o mercado de trabalho,
09:26já está no melhor patamar da série histórica.
09:28Quantas vezes a gente viu você falando aqui, Cristiane,
09:30justamente na questão do mercado de trabalho.
09:32Desemprego lá embaixo, com a renda salarial,
09:34com o rendimento médio real subindo,
09:36a massa salarial lá em cima,
09:37precisa que o governo gaste mais agora?
09:41Em termos macro não faz muito sentido.
09:43Então, aí eu volto ao Armínio.
09:44Nesse sentido, eu concordo.
09:46Acelerar o que já está acelerado,
09:49o efeito disso tem sido, entre outras coisas,
09:51impedir que os juros mais longos caem no Brasil.
09:55O que, dívida de passagem, é fundamental para o investimento privado.
09:58Então, assim, a forma que está equacionado,
10:01de novo, eu não quero demonizar gasto, tá?
10:04Eu não vejo dessa forma.
10:06Acho que tem uma outra dimensão.
10:08Mas na situação atual, concreta,
10:10dado o desemprego em baixo,
10:11a massa salarial no patamar recorde,
10:13francamente, não tem nem o que discutir.
10:16Eu acho que o governo deveria, ele mesmo,
10:18segurar isso para evitar esse ruído todo que a gente está vendo.
10:22O Fox não melhora.
10:24O Fox não melhora.
10:25E por conta da questão fiscal.
10:26Isso daí não é culpa do Gabriel Galipo, não.
10:28A gente até acha que é.
10:31Eu discordo.
10:32Isso daí tem a ver com a âncora fiscal.
10:34O novo arcabouço fiscal, na opinião de vocês,
10:37já nasceu desacreditado?
10:39Alguma âncora fiscal real hoje aqui no Brasil?
10:42Vamos começar agora pelo André.
10:45Bem, sobre a âncora fiscal, só para colocar assim,
10:49existe uma beleza na âncora fiscal
10:51que existe também uma possibilidade de modular o governo.
10:54Ou seja, está crescendo muito, aperta mais.
10:57Está muito ruim, solta mais o fiscal.
11:01Tem algo lá que é um pouco mais inteligente
11:03que um simples teto de gastos que nem era antigamente.
11:06Não faz sentido travar desse jeito, na minha opinião.
11:10Agora, a forma do ajuste depende da organização política,
11:14ou da forma política.
11:15Vamos ser absolutamente claros.
11:17O governo atual é do Partido dos Trabalhadores.
11:20Isso implica dizer uma opção política
11:22de uma racionalidade econômica típica disso.
11:25E isso que ganhou a eleição.
11:27A dúvida aqui fica o seguinte.
11:29Qual é a força política que vai contrapor isso?
11:32Se é que...
11:34Você pode fazer ajuste fiscal aumentando a receita.
11:37Claro que tem um limite.
11:38Uma hora bate, desorganiza a economia.
11:41Mas qual é a discussão do outro lado?
11:43Do outro lado, a gente está vendo o governador de São Paulo
11:46sem apresentar realmente a sua candidatura,
11:50pelo menos não até agora.
11:51A gente não viu nomes com peso ainda.
11:54Isso que me preocupa mais, Cristiane.
11:57Gabriel.
11:58Cristiane, é um modelo que depende claramente
12:01da arrecadação que ainda não aconteceu.
12:03E por isso, mais uma vez,
12:06o governo vem produzindo narrativas
12:07do que instrumento de controle.
12:09Na prática, o governo mantém a despesa crescente
12:12e tenta somente equilibrar a narrativa
12:15com o discurso de promessas e receitas futuras.
12:18Sem dúvida alguma, isso não é sustentabilidade.
12:20Isso é mera postergação.
12:22Sem dúvida, para o próximo governo,
12:24existe uma bomba relógio
12:25se não for construído controles e reformas
12:29estruturais e administrativas
12:30antes de metas que não fazem sentido
12:33e metas inatingíveis,
12:35que de fato é o arcabouço fiscal
12:37construído pela política fiscal atualmente
12:40para o Brasil.
12:41E essa bomba relógio deve estourar quando?
12:43A gente imagina hoje,
12:46a gente tem uma dívida voltada a...
12:49A gente imagina que nos próximos seis meses
12:52a gente atinge 82% do PIB de dívida pública.
12:56Isso representa R$ 8,140,000,000,000.
13:00Quanto antes possível,
13:03existe, deve existir essa conscientização.
13:07Senão o próximo governo vai ter um problema nas mãos.
13:09Você concorda com essa questão
13:12que o Gabriel trouxe da bomba relógio, André?
13:16Olha, de fato,
13:17isso tem uma dinâmica fiscal
13:18que, especialmente agora,
13:20depois desse MP ter caído,
13:21francamente, está isso.
13:23Só que eu não resisto à provocação nessa hora.
13:25Digo, a arrecadação do governo
13:29bateu, acho que R$ 3 trilhões de reais recentemente,
13:31vendo aquele impostômetro,
13:33que é uma medida, enfim, um pouco indireta.
13:36Só que nos últimos meses,
13:38só em 2025,
13:39o governo pagou R$ 600 bilhões de reais
13:41só de juros.
13:42Então, esse equilíbrio,
13:44ou esse mau equilíbrio,
13:46tem, vamos dizer assim,
13:47vantagens para nós investidores.
13:49O que eu estou querendo colocar a provocação aqui
13:51é o seguinte,
13:52renda fixa,
13:53particularmente títulos públicos,
13:55pagando IPCA mais 8.
13:57Olha, por mais que o Brasil seja uma bagunça,
13:59e eu concordo no sentido com o Gabriel,
14:02sem dúvida nenhuma,
14:03tem uma discussão fiscal absolutamente desorganizada.
14:07Por outro lado,
14:08nós como investidores aqui,
14:09a população, de forma geral,
14:10tem que ficar atenta,
14:11tem muito dinheiro sendo pago de juros.
14:14E assim,
14:15a questão fiscal é uma bomba?
14:17Sem dúvida nenhuma,
14:18é uma bomba.
14:19Mas esses fatores são muito dinâmicos.
14:23O que eu quero dizer é o seguinte,
14:24imagina,
14:25reverte a situação política,
14:28não necessariamente é uma bomba,
14:29eu acho que tem uma situação
14:32onde a gente tem que saber aproveitar o movimento.
14:34E o movimento é,
14:35a visão fiscal do Brasil a curto prazo,
14:37de maneira conjuntural,
14:38melhorou ou piorou?
14:39Resposta.
14:40Piorou.
14:41Isso implica dizer que juros vão cair agora a curto prazo?
14:43Resposta.
14:44Não.
14:44Se não vão cair a curto prazo,
14:46isso daí quer dizer o quê para nós investidores?
14:48Títulos pós-fixado,
14:50ou prefixando para justamente você pegar a queda na curva de juros lá pra frente,
14:55é a melhor opção.
14:55Desculpa ter sido mais técnico nessa resposta,
14:58é porque tem muito dinheiro na mesa.
15:00Se nós só ficamos discutindo o pecado do governo,
15:03mas a gente está aqui para ganhar dinheiro também, né?
15:06Não,
15:06deu para entender perfeitamente.
15:08Essa relação entre Executivo e Congresso piorou o quadro fiscal?
15:12O aumento das emendas e dos gastos obrigatórios acabou tirando o poder de gestão do Ministério
15:18da Fazenda, na opinião de vocês dois, começando pelo Gabriel agora.
15:22Eu acredito que sim, Cristiane,
15:25mas ao mesmo tempo que o governo produz essa narrativa,
15:29nós entendemos que não existe mais espaço real para gerar o déficit sem cortar despesas.
15:34Completando um pouco da leitura do André,
15:36o governo não demonstrou disposição política para fazer isso de maneira alguma.
15:40e uma meta que agrada o mercado no discurso,
15:43que é o que vem acontecendo nos últimos meses e anos,
15:46mas não sustenta na prática.
15:48Quando o governo admite que pode flexibilizar a meta,
15:50por ali ele destrói toda a credibilidade que estava tentando e que havia contextualizado.
15:56Com certeza, quando nós falamos de crédito, como foi contextualizado,
16:00crédito é credibilidade e transparência.
16:02Quando a gente fala de sustentabilidade da dívida,
16:03a gente precisa perpetuar pelos próximos 12, 24 meses.
16:07Então, eu complemento a fala do André posicionando essa leitura,
16:12porque nós acreditamos que não existe como gerar o déficit sem cortar despesas,
16:17e não é gastando, é gastando mal, que é o que vem acontecendo nos últimos movimentos.
16:23André, por favor.
16:26Bem, a respeito desse tópico, propriamente,
16:29eu vou colocar assim de forma,
16:31o governo, de fato, ele está fazendo,
16:36vou tentar colocar de outra forma ainda,
16:38porque essa questão é tão complexa,
16:39porque ela envolve uma articulação entre curto, médio e longo prazo.
16:42Então, seria muito fácil vir aqui e falar, está tudo errado.
16:47Qual que é o problema?
16:48O real, hoje o real se apreciou quanto o dólar.
16:51Vale notar, não é o real que está forte, é o dólar que está fraco,
16:55não há ilusões quanto a isso.
16:56O problema é que o real se apreciando,
17:00que nem se apreciou,
17:01isso está fazendo a Bolsa Brasileira subir fortemente.
17:04A gente viu outro dia de alta hoje.
17:06O que eu quero dizer é o seguinte,
17:07a gente está numa situação fiscal
17:08que está impedindo a política monetária de afrouxar,
17:12só que, ao mesmo tempo,
17:13a taxa de câmbio se apreciando, o real se apreciando,
17:16força todo mundo a ficar comprado em real,
17:18ou seja, vir para a do real.
17:20Então, o meu receio, no final do dia, é o seguinte,
17:23se o governo perde o controle do fiscal rapidamente,
17:29isso vai pegar todo mundo na posição errada.
17:31Por que eu estou colocando isso?
17:33O mercado financeiro achou que a Selic a 2%,
17:36quando veio lá no governo anterior,
17:39com o Campos Neto,
17:41muita gente ficou corajosa e foi para o mercado,
17:43quebrou a cara, gostava 2%.
17:45Quando entrou o governo Lula,
17:48aí a Selic subiu.
17:49Quando entrou o governo Lula,
17:50achava que o taxa de juros ia subir,
17:52caiu, quebraram a cara de novo.
17:53Depois começaram a achar que ia continuar caindo,
17:55subiu, quebraram a cara de novo.
17:57O meu receio é o seguinte,
17:58a gente monta uma posição,
17:59uma leitura muito negativa,
18:01e isso daí pode machucar todo mundo de novo.
18:04Por isso que eu trouxe na minha resposta anterior
18:06é o seguinte,
18:07dado que, na conjuntura atual,
18:09piorou a percepção fiscal,
18:11é razoável imaginar uma movimentação
18:14de juros muito forte no Brasil?
18:15Resposta não.
18:16dado que IPCA,
18:19os ntnbs que pagam IPCA,
18:23estão pagando IPCA mais 8,
18:25historicamente isso é muito alto.
18:27Então também não consigo ficar adicionalmente
18:30muito mais pessimista,
18:32a não ser que eu esteja imaginando realmente
18:33que o Brasil quebrou.
18:36O que eu acho difícil,
18:37não porque o governo é bom,
18:38mas porque a gente tem uma situação
18:39onde as nossas reservas internacionais
18:42são ainda muito generosas.
18:43Mas é só por isso que eu não estou tão pessimista,
18:45porque se as nossas reservas estivessem baixo,
18:49sei lá,
18:50acho que é ouro,
18:51era para comprar desde ontem
18:52e secultar stablecoin de dólar.
18:55Todo mundo comprando stablecoin de dólar
18:57para se proteger.
18:58Agora, se não houver um ajuste de contas,
19:03qual é o nosso futuro?
19:07Cristiano, o Brasil precisa parar
19:08de depender de medidas emergenciais
19:10e voltar a discutir reformas.
19:12Hoje o Brasil está no movimento
19:14de discutir medidas emergenciais
19:16para tapar buracos.
19:18A reforma administrativa, sem dúvida,
19:19ela é uma revisão de benefícios fiscais
19:21e elas devem ser urgentes.
19:23Sem isso,
19:24retorno à tua pergunta,
19:25o país continuará gastando muito
19:28e entregando pouco.
19:29Uma analogia muito simplista
19:31é um balde
19:32aonde está furado.
19:34Então, por mais que você possa
19:36encher de água,
19:38o recurso nunca vai ser suficiente.
19:40A reforma administrativa
19:41e a revisão de benefícios fiscais,
19:43sem dúvida,
19:44devem ser urgentes.
19:46André.
19:48Bem, a respeito da possibilidade
19:51de não fechar a conta,
19:53é uma decisão política isso,
19:55porque o ajuste pode ser feito
19:56dos dois lados, por exemplo.
19:57O Gabriel colocou a questão
19:59dessa arrecadação
20:00como uma questão
20:02que é meio improvisada.
20:04Eu não sei se eu concordo tanto,
20:06porque é a leitura do atual governo
20:08que você tem que tributar mais
20:09a parcela de cima.
20:11Eu não estou querendo aqui
20:12falar se é bom ou ruim.
20:13Mas esse projeto
20:14encontra ressonância no Congresso?
20:17A minha resposta agora é
20:18não.
20:19Se não encontra,
20:20temos um impasse.
20:22Se temos um impasse,
20:23é o seguinte,
20:23como isso daí vai se resolver,
20:25a conta erro disso é
20:26aumentar o déficit.
20:28É tão preocupante
20:29a situação agora?
20:30Claro que é,
20:31mas em termos relativos
20:32aos outros países
20:33não parece ser tanto.
20:35Não quero dizer
20:36que esteja bom, tá?
20:37Se eu estou falando
20:38que em termos relativos
20:39aos outros países
20:40não parece ser tanto.
20:42Agora,
20:42colocando isso tudo junto,
20:43é o seguinte,
20:45dá para imaginar
20:45que a Selic
20:46vai subir muito mais
20:47que...
20:48Dá para imaginar
20:49que a Selic vai subir?
20:51Não dá.
20:52Ninguém consegue ver isso agora.
20:54Duvido que tenha alguém
20:55imaginando que a Selic
20:56vai para 17 ano que vem.
20:58Pouquíssimas pessoas
20:59estão com essa posição.
21:00Por quê?
21:00Porque o nível de taxa
21:01de juros real no Brasil
21:02é IPCA mais 8.
21:05Isso daí,
21:06para colocar para a audiência aqui,
21:08é absolutamente elevado.
21:13É fora do escopo,
21:15do histórico.
21:16Mas eu insisto,
21:17a questão é da resolução fiscal.
21:19E parte dessa resolução fiscal
21:21passa necessariamente
21:23para a organização da direita
21:25para as eleições de 2026.
21:27Porque o Lula,
21:28a gente já sabe como
21:30é a cabeça do PT.
21:32Ele vai querer aumentar
21:33a tributação.
21:34De LCI,
21:35não passou.
21:36Mas LCI,
21:37LCA,
21:38dividendos,
21:38JCP,
21:39é isso que ele vai querer fazer.
21:41Cadê a direita
21:42para se posicionar?
21:43Como a gente não tem,
21:44fica esse empate
21:46técnico
21:48infernal
21:49que a gente está,
21:50que está tendo a descobrir
21:51para 2027
21:53a dinâmica fiscal.
21:54mais disso.
21:54Isso daí é dificílimo.
21:56Queria agradecer muito
21:57a participação de vocês dois.
21:59André,
21:59Gabriel,
22:00um prazer conversar com vocês
22:01sobre um assunto
22:02tão importante
22:04aqui da nossa economia,
22:05do nosso país.
22:06Obrigada mesmo.
22:07Boa noite para vocês dois.
22:10Obrigada a todos.
22:11Boa noite a vocês.
22:12Obrigado a Deus,
22:13Cristiane e Gabriel.
22:14Um abraço.
22:14Obrigado.
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