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Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, analisou o impacto das mudanças tributárias propostas pelo governo Lula, incluindo o fim da isenção para LCI e LCA e a unificação do IR para investimentos. Ela alertou para riscos fiscais e efeitos negativos no crédito e na arrecadação.

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Transcrição
00:00A gente vai conversar agora com a Alessandra Ribeiro, ela é sócia e diretora de Macroeconomia e Análise Setorial da Tendências Consultoria.
00:07Vamos falar sobre, claro, os impactos dessa medida provisória assinada pelo presidente Lula,
00:12que traz essas compensações propostas para substituir a arrecadação menor do IOF.
00:19Alessandra, boa noite, obrigada por ter aceitado o nosso convite.
00:22Vamos tentar destrinchar um pouco aqui essas medidas,
00:25começando por LCA e LCI, que eram isentos de imposto de renda,
00:30e a partir de agora estariam sujeitos a uma alíquota de 5%.
00:34Quais são as implicações dessa mudança, especialmente se a gente levar em consideração
00:39o mercado de crédito imobiliário e agropecuário?
00:43Olá, Cristiane, boa noite a todos. Obrigada pelo convite.
00:48Pois é, Cristiane, tem essa proposta de aumentar essa alíquota para 5% nesses títulos
00:54que são do setor agropecuário, do setor imobiliário, e de fato, hoje são isentos,
01:01vão passar a pagar um pouco mais de imposto, ainda assim, eles são bastante incentivados
01:08quando a gente compara com outros tipos de investimento, mas é fato,
01:13comparando com uma situação de isenção e você passa a pagar 5% de imposto
01:21sobre esses instrumentos, isso pode, na verdade, minimizar um pouco a demanda
01:29por esse tipo de instrumento e, obviamente, gerando menor também captação
01:35para esses segmentos. Então, deve ter, claro, algum efeito no mercado de capitais,
01:41porque esses instrumentos estão sendo muito utilizados, junto com debêntures também,
01:46a gente tem observado um crescimento muito expressivo das emissões
01:50através desses instrumentos todos e, obviamente, que há um efeito de moderação
01:56na demanda por esse tipo de letra, por esse tipo de instrumento,
02:00que significa um crédito um pouco mais restrito.
02:04O governo anunciou também uma medida provisória que unifica a alíquota de IR
02:09em 17,5% para renda fixa e variável.
02:13Como é que essa mudança pode impactar o comportamento dos investidores
02:17a partir de 2026?
02:20De fato, agora a gente não tem mais, inclusive, o escalonamento
02:24e tem essa uniformização de alíquotas.
02:28Na verdade, o que vai determinar a demanda ou por renda variável ou renda fixa
02:35a partir dessa uniformização de alíquotas, são os fundamentos e a expectativa de ganho.
02:41No fundo, agora, não é uma questão de imposto que vai determinar
02:45se eu vou alocar ou não na renda fixa ou na renda variável,
02:49mas os fundamentos por trás daqueles mercados e a expectativa de rentabilidade.
02:54Então, obviamente, como em outros mercados, há uma competição.
03:00A gente vê muitas vezes esses movimentos em outros mercados
03:02quando a Bolsa tem um menor apetite por Bolsa,
03:07os agentes vão alocar os seus recursos mais em renda fixa.
03:11Então, esse tipo de movimentação, que eu não vejo maiores problemas,
03:14eu vejo uma movimentação normal entre instrumentos financeiros diferentes
03:19e, inclusive, são guiados por fundamentos econômicos e expectativa de rentabilidade
03:25e não por questão tributária, o que é ideal do ponto de vista econômico.
03:30Eu vou passar para a pergunta dos nossos analistas.
03:31Vamos começar pelo Alberto Azental.
03:33Boa noite para você, Alberto.
03:35Boa noite, Cris. Boa noite a todos.
03:37Alessandra, desde o primeiro dia do mandato,
03:41o governo adotou uma política econômica do tipo assim,
03:44vamos gastar como se não houvesse amanhã e buscando uma reeleição.
03:51Isso você até enxerga normalmente no último ano, mas não desde o início.
03:57E parece que eles esticaram muito a corda.
04:00Você enxerga o governo bastante fragilizado
04:04e tendo que correr agora atrás do prejuízo?
04:08Olá, Roberto. Boa noite.
04:10Pois é, a gente começou esse governo com um aumento muito expressivo das despesas
04:16que veio, inclusive, lá com a PEC da transição, lá atrás, de 2022 para 2023
04:21e depois com algumas medidas, aumento, por exemplo,
04:26do próprio, na verdade, a própria discussão do arcabouço,
04:29ainda que ele tenha limite para crescimento da despesa,
04:33o fato é que as medidas adotadas, por exemplo,
04:36em relação à regra do salário mínimo e sua vinculação que existe
04:40com os benefícios previdenciários e outros benefícios,
04:44o piso mínimo para investimento,
04:46a volta, inclusive, do piso constitucional de saúde e educação,
04:50enfim, várias medidas que vieram também ao longo do começo,
04:55principalmente o começo de 2023, com o novo arcabouço fiscal,
04:58deixaram realmente a situação das contas públicas muito mais difícil.
05:02A gente vê um crescimento muito expressivo das despesas obrigatórias
05:07e o que isso está acontecendo, com as despesas obrigatórias
05:11crescendo num ritmo mais expressivo e a gente tem um limite de crescimento
05:15imposto pelo arcabouço fiscal, há um achatamento das despesas discricionárias.
05:20Então, é uma dinâmica extremamente complicada,
05:24porque, inclusive, as simulações mostram, as estimativas,
05:26que, em 2027, essas despesas discricionárias vão estar muito achatadas,
05:33inclusive comprometendo a própria continuidade de muitos serviços públicos.
05:38Então, a gente tem uma situação muito difícil.
05:40E agora o governo está nessa situação, não consegue fechar as contas,
05:44em 25 e principalmente em 26, e, ao mesmo tempo, não tem, não,
05:48e também não tem o objetivo de querer fazer reformas estruturais
05:52para alterar essas dinâmicas e, também, na parte do Congresso,
05:55a gente não vê nenhuma boa vontade em tocar nesses temas mais sensíveis também.
06:00Eu vou passar agora para a Júlia Lindner,
06:02nossa analista de política ficar lá em Brasília,
06:05para ela fazer a pergunta dela.
06:06Júlia, por favor.
06:10Alessandra, boa noite.
06:11Eu queria te ouvir sobre esse novo decreto que foi editado pelo governo,
06:15tentando corrigir aquele decreto inicial com a alta do IOF,
06:18que teve uma reação muito negativa,
06:20mas ainda nesse novo decreto manteve alguns pontos.
06:23Como é que você vê essa medida nesse momento
06:25e também a crítica desse viés mais arrecadatório?
06:30Olá, Júlia, boa noite.
06:32Pois é, acho que o que o governo tentou com essa calibragem aí do IOF
06:37foi realmente amenizar alguns pontos muito sensíveis
06:40que impactariam principalmente crédito às empresas.
06:44A gente, inclusive, fazendo algumas simulações com base na versão inicial,
06:49chegava a efeitos bastante importantes para o crédito às empresas.
06:53Nesses dois anos, 25 e 26,
06:55uma diminuição de cerca de 38 bilhões de reais no crédito para as empresas,
07:01com efeito, inclusive, importante no crescimento econômico.
07:04Então, nessa linha, tentou-se calibrar essa parte,
07:08ainda que outras permaneçam.
07:10E aí a gente tem claramente o efeito para fluxo aqui de investimento
07:14quando tem que ir para fora e outras questões.
07:18Na nossa avaliação, teve sim esse objetivo de arrecadação.
07:23O governo está tentando buscar pelo menos um limite inferior
07:27das metas estabelecidas para 25 e 26.
07:30E aí ele foi pelo caminho que é mais fácil,
07:33realmente, a alteração no IOF.
07:36teve erros, porque acho que tem efeitos aí, por exemplo,
07:39esses que são muito negativos para crédito de empresas,
07:44e aí a gente viu que teve que realmente voltar atrás.
07:49Mas acho que o ponto nessa história toda é isso,
07:53é algo pontual para fechar as contas no curtíssimo prazo
07:57e longe de trazer uma solução estrutural para as contas públicas,
08:02que é o que a gente precisa, dada a dinâmica de endividamento
08:05que a gente tem observado.
08:07É um crescente, na verdade, uma tendência muito crescente
08:11de endividamento público quando a gente pega a relação
08:14em relação ao PIB.
08:16Vou passar agora para o Vinícius Torres Freire
08:18e fazer a pergunta. Vinícius.
08:21Alessandra, para a gente fazer uma conta em cima das gambiarras,
08:24dos remendos, foi até surpreendente ver que,
08:28nesse pacote que o governo fez, nessa MP,
08:29boa parte não vem do aumento de imposto direto,
08:34vem de evitar que as empresas usem compensações tributárias.
08:40A maior parte do dinheiro desse ano,
08:4110 bilhões e metade do dinheiro do ano que vem,
08:44vem, 10 bilhões de reais,
08:46vem de a Receita tentar evitar que as empresas
08:49usem créditos tributários indevidos ou ilegais
08:52no dinheiro da Receita, para compensar, para pagar imposto.
08:56Quer dizer, isso além de estar sujeito à judicialização,
08:59pode estar sujeito a erro de cálculo.
09:01Como a gente já viu várias vezes,
09:02o governo tentar recuperar dinheiro
09:04nos contenciosos da Receita com o contribuinte.
09:08Dá para acreditar que vem 10 bilhões,
09:11porque o pacote desse ano depende quase inteiro disso,
09:15de proibir que as empresas usem compensações indevidas
09:18para pagar imposto.
09:20Isso aí é muito incerto.
09:22Isto posto, o governo vai ter que fazer mais gambiarra,
09:24tipo pegar dividendo de estatal e antecipar receita de petróleo?
09:28São, na verdade, duas questões.
09:30Você acha que vem 10 bilhões aí?
09:33Pois é, Vinícius, boa noite.
09:35De fato, o que a gente aprendeu nesses últimos anos
09:39é que o governo realmente errou a mão
09:41em algumas estimativas de receita.
09:44Acho que o grande exemplo foi a estimativa relacionada ao CARF.
09:48Inclusive, diante dessa revisão importante
09:52é que a gente está vendo a necessidade do governo
09:54correr atrás de outras fontes.
09:57Então, claro, tem sim um risco
09:59desses 10 bilhões não se materializarem.
10:02E aí, para 2026,
10:04que é um cenário, inclusive, mais desafiador,
10:06obviamente, a gente não sabe qual vai ser o desenho final
10:09do que vai sair,
10:10a estimativa é que arrecada-se aí
10:13cerca de 20 bilhões de reais.
10:16Tem riscos, esses números podem não se concretizar,
10:19e aí qual é o ponto?
10:20O governo não entrega nem o limite inferior
10:23das metas estabelecidas.
10:25Qual que é o caminho natural?
10:26Bloqueios e contingenciamentos.
10:28Eu acho que isso o governo vai ter que fazer,
10:30bloqueios e contingenciamentos.
10:32Eu acho que essa é a saída mais natural.
10:34A gente sabe que é difícil,
10:35politicamente muito sensível,
10:37até porque isso também passa
10:39por uma parte aí das emendas,
10:41afetando o Congresso,
10:42tornando a situação política ainda mais complicada,
10:45mas eu diria que esse é o caminho mais natural.
10:48E a outra possibilidade,
10:50obviamente, é a questão de antecipação de dividendos.
10:53A gente já viu isso outras vezes,
10:56viu isso, inclusive, muito ao final de 2022,
10:59no ambiente lá das disputas eleitorais,
11:02essa antecipação de recursos,
11:04que seriam pagos em 2023,
11:07pelas estatais,
11:08sendo apropriadas das contas de 2022.
11:10Então, isso é um mecanismo que é utilizado
11:12por diferentes governos.
11:14Alessandra, muito obrigada.
11:16Sempre muito bom receber você aqui.
11:18Volte mais vezes e boa noite.
11:20Obrigada, Cristiane.
11:21Boa noite.
11:22Obrigada.
11:22Boa noite.
11:32Boa noite.
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