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O pesquisador associado do Insper, Marcos Mendes, criticou a estratégia do governo para fechar as contas de 2025. Segundo ele, o aumento de impostos não resolve o problema estrutural do país: o descontrole das despesas. Mendes alertou para os riscos da dívida e cobrou responsabilidade de Executivo e Legislativo.

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Transcrição
00:00A gente vai conversar agora com o Marcos Mendes, ele é pesquisador associado do INSPER.
00:04Marcos, boa noite para você, obrigada por ter aceitado o nosso convite.
00:08Bom, primeiro quero saber a sua opinião sobre esse embrólio todo gerado a partir do aumento do IOF
00:13e também com essas alternativas apresentadas por Haddad e equipe.
00:18Para onde caminha essa história e qual é o final possível?
00:22Bom, boa noite. Vamos lá, vamos tentar separar o problema.
00:26O grande problema do Brasil é o crescimento da despesa.
00:30Estão querendo resolver o problema do crescimento da despesa com mais imposto.
00:34Isso não resolve, porque se você aumenta o imposto hoje, amanhã a despesa continua crescendo,
00:40você vai precisar de mais imposto.
00:42Então, nós não estamos caminhando para a solução adequada,
00:45nós estamos caminhando para um puxadinho para fechar as contas de 2025.
00:49Qual é, o que que impede da gente ter a solução correta, que é controlar despesas?
00:57Nós temos resistências a isso no executivo e no legislativo.
01:00O executivo não admite que, desde que assumiu, fez a despesa disparar,
01:07com o PEC da transição, com reajuste real do salário mínimo e outras decisões de expansão fiscal,
01:15como a cada dia o presidente anunciou um novo programa,
01:19é gás de graça, é energia de graça, é bolsa para estudante,
01:25é cada hora uma ampliação de crédito, não, minha casa, minha vida,
01:30cada dia é um programa novo, e outros estão sendo gestados.
01:34Então, o executivo não quer admitir que adotou um programa inconsistente.
01:42O legislativo, por sua vez, não abre mão do grande aumento de emendas parlamentares
01:51e de outras despesas que criou, ou benefícios tributáveis que criou para alguns setores.
01:58Então, fica difícil, porque não há uma consertação no sentido de reconhecer o problema que nós temos
02:07e trabalhar nas causas desse problema, que não é simples.
02:12A gente precisa resolver o problema do crescimento real do salário mínimo todo ano,
02:18que é insustentável, as emendas estão em um nível que é insustentável,
02:23não há mais condições de você continuar reajustando várias despesas pela variação da receita,
02:28chamada vinculação de receitas.
02:30São todos problemas muito conhecidos que estão nos levando para uma trajetória de dívida muito perigosa,
02:37mas que, de um lado, o executivo não admite que tem responsabilidade,
02:42fica sempre jogando a culpa nos governos anteriores,
02:45e, de outro, o legislativo se coloca numa posição muito confortável
02:48de dizer que não aceita aumento de impostos,
02:52mas também não quer discutir a sério controle de despesas.
02:58Fica um discurso aí de que precisamos fazer reforma administrativa.
03:03Reforma administrativa, se for uma reforma do RH do Estado, não gera economia.
03:07E se for uma reforma mais ampla, então vamos colocar os pontos.
03:12Quais são os pontos que está, efetivamente, o legislativo propondo para reformar a despesa.
03:19Do jeito que está, é muita fumaça, muita discussão e pouca solução.
03:24Pelo que eu estou entendendo do que você está dizendo,
03:26o caminho, então, na sua opinião, deveria ser o inverso,
03:29diminuir despesa mais do que aumentar receita.
03:33Só que o governo não consegue fazer isso porque não consegue fazer as medidas estruturantes.
03:38Exatamente.
03:39E fica embolando uma discussão.
03:41Você vê toda essa imagem que vocês mostraram antes do ministro,
03:45ele falando que essas medidas que ele está propondo são justas,
03:50porque quem está em não andar de cima vai pagar mais imposto.
03:54Correto.
03:55Precisamos equalizar a tributação, mas não para fechar as contas.
04:01A gente tem que separar a discussão de receita e de despesa.
04:04O que causa problema fiscal no Brasil hoje é a disparada da despesa.
04:08Então, precisamos controlar a despesa.
04:10Ah, temos um outro problema, que é o fato de que a carga tributária é distribuída de forma desigual.
04:16Então, vamos equalizar a carga tributária.
04:19Vamos cobrar mais de quem paga pouco imposto para reduzir o imposto de quem paga muito.
04:26Então, uma proposta mais adequada seria,
04:31vamos voltar a tributar esses instrumentos que não são tributados
04:34e o que isso gerar de aumento de arrecadação, vamos, por exemplo,
04:38reduzir a alíquota do novo IBS, da nova CBS,
04:41ou a alíquota geral do imposto de renda de todo mundo,
04:44porque aí você vai ter uma tributação mais igualitária, como o ministro quer,
04:50ou andar de cima pagando imposto,
04:52mas o resto da população pagando menos imposto.
04:55E aí a gente controla o desequilíbrio fiscal pelo lado que gera o desequilíbrio,
05:01que é o aumento da despesa.
05:02Eu vou passar para a pergunta dos nossos analistas.
05:05Vamos começar pelo Alberto Azental.
05:07Alberto, boa noite para você.
05:09Boa noite, Cris. Boa noite a todos.
05:11Marcos, em função do IOF, jogou luz na questão da isenção tributária.
05:18São 544 bilhões de reais no ano passado.
05:23Representa 4,6% do PIB.
05:26Há anos atrás, representava apenas 2% do PIB.
05:29E 20% da arrecadação.
05:32Você acha que finalmente o governo vai se debruçar sobre essa questão
05:37e entender o que vale a pena ou não nessas isenções?
05:42E se tem como realizar algum corte?
05:44Parece que alguns analistas falam em termos de 280 bilhões.
05:49Poderiam eventualmente ser tratados nesse processo?
05:53Bom, primeiro a gente tem que saber o que está ali dentro.
05:55Ali dentro tem Zona Franca de Manaus.
05:59Alguém vai mexer? Não.
06:00É constitucionalizado, não queremos mexer.
06:02Ali dentro tem o Simples, o regime de Simples, de microempreendedores.
06:06Eu acho que se mexer nos dois, Zona Franca de Manaus e Simples, vai ser excepcional.
06:10Porque ambos, além de gerarem renúncia fiscal, eles geram uma série de distorções na economia
06:16que diminuem a produtividade, diminuem o crescimento econômico.
06:20Agora, isso é fortemente blindado.
06:22Você pode ir para outros benefícios.
06:25Por exemplo, tem lá um benefício, o regime especial da indústria química,
06:28que foi criado para uma única empresa, a base de Loro.
06:32Já se tentou derrubar esse regime especial da indústria química quatro vezes.
06:36E ele sempre sobreviveu.
06:38A mesma coisa com a desoneração da folha de pagamento,
06:41que beneficia vários setores.
06:44Todos aqueles setores que têm trabalhadores pejotizados
06:47são beneficiados pela desoneração da folha de pagamento.
06:50Toda vez que se tentou acabar com isso, não se conseguiu.
06:56Inclusive, com editoriais de jornais importantes,
06:59defendendo a desoneração da folha, porque a grande imprensa depende disso.
07:04Você tem benefícios dentro do imposto de renda pessoa física
07:09que eu acho que deveriam acabar.
07:10Por exemplo, uma pessoa rica no Brasil, quando completa 65 anos de idade,
07:15paga menos imposto, só porque fez 65 anos de idade.
07:18Isso não faz o menor sentido.
07:20Tem desoneração para pessoas que tiveram doença grave,
07:24que já estão curadas, e que continuam não pagando imposto
07:28porque tiveram uma doença grave lá atrás e foram curadas.
07:31Então, tem uma série de coisas que você precisa realmente consertar.
07:35Agora, é preciso ter uma proposta concreta,
07:40com diagnóstico claro e levada à discussão.
07:43Quando você vem com essa conversa de vamos fazer um corte horizontal
07:46de 10% de todos os benefícios, isso não vai acontecer nunca.
07:50Não é fatiga do ponto de vista prático,
07:54e vai ser muito difícil de implementar em termos jurídicos.
07:59Dar uma redação para isso é impossível.
08:01Então, é claro que tem que reduzir.
08:03Essas desonerações cresceram muito lá no governo Dilma.
08:11Agora, uma coisa que o governo não fala também,
08:13ele gosta de botar a culpa nos outros no passado,
08:16é que em 2023 e 2024 foram criadas 53 novas desonerações tributárias.
08:24Dois terços delas propostas pelo executivo
08:28e o impacto fiscal estimado pela Receita Federal
08:31é da ordem de R$ 80 bilhões ou mais de reais por ano,
08:36medido no ano de 2025.
08:38Então, o governo que ao mesmo tempo faz um carnaval danado
08:42dizendo que precisamos acabar com os benefícios fiscais,
08:47acabou de criar 53 novos.
08:49Então, é preciso a gente olhar as coisas no detalhe
08:53e não fazer esse discurso superficial
08:56que muitas vezes serve ao embate da polarização política,
09:02como parece que foi essa audiência pública de hoje,
09:05e que não se caminha para soluções concretas
09:08que sejam melhores para o país.
09:10Vamos para a pergunta do Vinícius Torres Freire.
09:12Vinícius.
09:14Marcos, boa noite.
09:15A gente sabe, o diagnóstico,
09:17pelo menos para o meião dos economistas,
09:20das pessoas que analisam a administração pública,
09:22o que tem que fazer.
09:23Agora, fora alguns heterodoxos mais radicais,
09:28agora, a gente sabe que ninguém quer fazer,
09:30como você acabou de dizer.
09:32Mesmo essas medidas estruturantes
09:34que falaram que sairiam desse encontro
09:36na área da despesa,
09:38como limitar o crescimento do repasse do governo
09:40para o Fundeb,
09:41ou limitar o crescimento da despesa
09:44com benefício de prestação continuada,
09:46isso não passou e nenhum dos lados quis botar o guiso no gato.
09:49Nem isso passou.
09:50Então, na prática, agora,
09:52eu queria uma análise do que pode acontecer,
09:54porque o governo precisa ou quer tapar
09:57uma parte do rombo da meta fiscal dele
09:59com algum outro aumento de imposto,
10:02que o IOF, em dois terços, deve cair.
10:04Boa parte do que ele propôs vai cair.
10:07Sobra contingenciamento.
10:09Com a sua experiência de setor público,
10:11e olhando a política,
10:12o que sobra para fazer nesse caso?
10:15O governo vai ter que contingência mesmo,
10:17vai tapar o rombo,
10:18e como é que fica em 2026?
10:20Porque o maior aumento de imposto
10:21viria para cobrir rombo de 2026.
10:23Em termos de análise de conjuntura,
10:25o que sai daí?
10:27Eu acho que vai sair algum aumento de imposto
10:30que o Congresso vai conceder na margem,
10:33e o governo vai recorrer fortemente
10:36a aumento de dividendos estatais,
10:39Petrobras, BNDES,
10:41vão do Brasil, vão extrair o máximo que é possível extrair,
10:44e vão fazer aquelas manobras criativas
10:47que já estão se desenhando,
10:50como, por exemplo,
10:51antecipar receitas futuras de petróleo,
10:55que já foi, inclusive, apresentado
10:56um projeto de lei no Congresso.
10:59E isso não é medida de ajuste fiscal nenhum,
11:02nem é receita nova que você está arrumando,
11:04você está só trazendo do futuro para o presente
11:07uma receita que vai aumentar,
11:10melhorar as contas agora,
11:11e vai piorar lá no futuro.
11:13E eu acho que as contas de 2026
11:15estão ficando bem comprometidas,
11:18e aumenta muito a probabilidade
11:19de uma mudança da meta fiscal,
11:22porque mesmo no limite inferior da banda
11:25vai ficar muito difícil o governo cumprir,
11:28se ele não conseguir um reforço robusto
11:33de receita,
11:34e não conseguir nenhuma reforma
11:36do lado da despesa.
11:39Marcos Mendes, pesquisador associado do INSPER,
11:41muito obrigada por ter aceitado o nosso convite,
11:44boa noite para você.
11:46Eu que agradeço, boa noite, um prazer.
11:48Até a próxima.
11:48Tchau.
11:49Tchau.
11:50Tchau.
11:51Tchau.
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