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A OCDE revisou para baixo a previsão de crescimento mundial, destacando o impacto da guerra tarifária iniciada por Donald Trump. O analista de inteligência qualitativa da FGV, Leonardo Paz Neves, explica por que a inflação deve ser mais persistente em 2025 e como o protecionismo ameaça a economia global.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://tinyurl.com/guerra-tarifaria-trump

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Transcrição
00:00A gente volta a falar sobre a previsão da OCDE para o PIB mundial.
00:05Como a gente já mostrou aqui no comecinho do Conexão, a organização revisou para baixo o crescimento da economia global.
00:12E a principal razão para isso é a guerra tarifária deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos,
00:17que também vai ser duramente impactado na política comercial protecionista do Donald Trump.
00:24Sobre isso, eu converso agora com Leonardo Paz Neves, analista de inteligência qualitativa no Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getúlio Vargas, a FGV.
00:38A quem eu já começo aqui, Leonardo Paz Neves, agradecendo a presença.
00:43Leonardo, agora há pouco eu estava falando sobre o tamanho do PIB, que vai haver um encolhimento geral com uma exceção curiosa à Índia.
00:54Mas eu queria começar a conversa contigo por outro prisma, que é esse aqui, inflação.
01:01Vou mudar aqui a câmera para que a gente possa ver esse quadro aqui.
01:05A inflação que tende a ser mais pegajosa em 2025, 2026, por conta do tarifácio.
01:15Tirando aqui a Argentina, por motivos óbvios, a gente tem visto aí o governo Javier Milley, que tem enxugado a inflação.
01:24Aqui é um ponto fora da curva.
01:26G20, ainda com uma inflação persistente.
01:30Mas os Estados Unidos, principalmente, tendem a crescer a sua inflação, principalmente em 2025, tem uma quedinha em 2026.
01:41E outros grandes pátios industriais, a exemplo da Alemanha.
01:46A China, segundo a OCDE, tem uma previsão de um encolhimento da inflação.
01:53Gostaria de ouvir a tua análise para a gente poder entender um pouco melhor esses números.
01:58Leonardo, perdão pela minha longa introdução aqui.
02:02Boa noite mais uma vez.
02:04Boa noite, Favali. Boa noite a todos que estão com a gente.
02:06Eu acho que é importante ter clareza para as pessoas.
02:09O que a gente está começando a olhar para esse ano de 2025, né?
02:13Eu acho que você já mais ou menos deu o diagnóstico.
02:15A maior parte dos especialistas tem travado que teremos um crescimento mais baixo,
02:19teremos uma inflação mais persistente nesse ano que vivemos, de fato.
02:24E o elemento central disso é a questão da desconfiança, né?
02:28Acho que para além do problema de ter tarifa mais alta, que já é uma questão significativa,
02:33eu costumo dizer que tarifa é, no final das contas, imposto para o consumo, né?
02:37A gente pensa em tarifa entre países, fica achando que parece que o governo do Brasil
02:42vai pagar a tarifa para o governo norte-americano.
02:44Não é.
02:45Empresas que pagam essas tarifas, né?
02:46Quando vai importar os produtos.
02:48Então vai passar para o consumo de maneira geral e, por consequência, vai ficar mais caro.
02:51Mas acho que o problema central dessa história toda é incerteza.
02:55Na medida que você não tem clareza se amanhã você vai ter 145% de tarifa dos Estados Unidos
03:00em relação à China ou se será 10%, quem é que vai trabalhar nesse cenário, né?
03:04Que grandes empresas vão criar novos parques, investir em produção, pegar dinheiro,
03:09abrir novas frentes de emprego, se não sabe quanto é que vai ser o custo da sua produção,
03:14quanto é que vai ser o custo do seu principal mercado.
03:16O mercado americano é um dos principais mercados do mundo.
03:18Então, na realidade, você tem um problema de oferta, você está limitando a oferta,
03:23porque menos a gente está investindo.
03:25Você tem um aumento dos preços médios em função do aumento das taxações, enfim.
03:29Não se sabe quanto é, mas sabe que será maior do que já era.
03:32Então, tudo está indicando, e além da incerteza, tudo está indicando que teremos sim preços
03:37sistematicamente mais caros para o mundo inteiro, de certa maneira, não só para os Estados Unidos.
03:42Afinal, o governo Trump, basicamente, aumentou o tario para quase todos os países do mundo,
03:47e naturalmente a economia americana não é nada desprezível.
03:50É um dos principais parceiros comerciais, se não o primeiro, o segundo ou o terceiro,
03:54de quase todos os países do mundo.
03:55Então, isso vai ter um impacto, obviamente, global.
03:59Leonardo, eu destrinchei aqui numa linguagem gráfica para a gente entender um pouco do relatório da OCDE.
04:06Esse me chama a atenção que as economias avançadas dentro da OCDE e emergentes,
04:11a exemplo do Brasil, que não está na OCDE, jamais voltaram a ser o que eram daquela crise global em 2008,
04:19deflagrada pela quebradeira dos bancos americanos, e pela Covid.
04:24Então, a gente já tem um traço aí de uma perna mais manca na economia desde 2008.
04:30Mas o que me chama a atenção, e voltando alguns milênios na história, relembrando o Heródoto, o pai da história,
04:37a gente estuda história que, conhecendo o passado, entendemos o presente e projetamos o futuro.
04:43Esse daqui é um gráfico feito pela OCDE, eu só recriei aqui para a gente conseguir enxergarmos todos juntos.
04:51São os ciclos de taxações dos Estados Unidos desde o século XIX.
04:58O que a gente está vivendo, essa alta aqui, não é vista desde o ano de 1893.
05:05Ou seja, aqui os Estados Unidos se tornaram o grande hegemon do século XX,
05:09todo mundo passou a consumir produtos americanos porque ele tinha uma posição,
05:14uma postura amigável de exportação dos seus produtos e entrada, então, de matéria-prima, que viessem de outros países.
05:21Com essa mega taxação aqui do Trump, que tem um pico em curtíssimo espaço de tempo,
05:28a gente entende que ele está na contramão da história.
05:30Isso aqui já é uma linguagem gráfica que mostra que não vai dar certo daqui para frente?
05:35Bom, vamos pensar o que é dar certo.
05:38Eu acho que essa linguagem gráfica mostra realmente que você tem uma completa reconfiguração do comércio internacional,
05:44e, obviamente, do principal país, que as duas estruturais comércio internacional dessas décadas todas
05:49que a gente teve essa taxação mais embaixo.
05:51A impressão que o Donald Trump passa é que todo esse tempo que você ficou com a taxação mais baixa,
05:56os Estados Unidos estão sendo passados para trás e com déficit.
05:59Isso é uma meia-verdade.
06:00Realmente, eles tinham déficit em vários países, mas, obviamente,
06:03quando os Estados Unidos mandam empresas, por exemplo, para fora,
06:06esses países estão retornando lucro.
06:07Então, se tem remessas de lucros, o Estados Unidos é o maior país que tem a maior remessa de lucro
06:10de empresas de fora do país para dentro.
06:13O país é o país que mais tem serviços financeiros, que recebe serviços financeiros.
06:18Então, acaba que ele ganha em outros lados e, através disso, ele consegue, de certa maneira,
06:22manter algum grau de equilíbrio e se colocar no centro da economia global.
06:27Por isso que ele, obviamente, vai ser tão importante assim.
06:29Tem outro elemento, Favali, que acho que a sua tabela anterior ajuda a mostrar,
06:34que mostra que a gente nunca voltou.
06:36Não, a anterior, né? Mostra a projeção que a gente nunca voltou antes.
06:39Tem um elemento que acho que é central e que o relatório do OCDE mostra
06:42é que a gente não está conseguindo, basicamente, voltar para esses patamares
06:46muito em função de dívida pública.
06:48A maior parte dos governos, desde esse momento, especialmente os mais ricos,
06:52vivem com problemas graves de dívida pública e de refinanciamento a essa dívida pública.
06:55Isso é dificultado a questão das políticas monetárias e fiscais, obviamente,
06:59dos países se equilibrarem, de fato.
07:01Quer dizer, não é só a taxação do Trump que está criando um impacto.
07:04Ela, obviamente, cria impacto nesse momento, mas a trajetória que a gente vem
07:07desde a Covid, desde a crise de 2008 já foi impactante, obviamente,
07:11mas a Covid vai ser muito forte nesse aspecto.
07:13A crise europeia também não ajudou muito.
07:15Todo mundo aí está com um problema de dívida e de gestão dessa dívida toda.
07:20O que não ajuda é um cenário onde nós temos um conjunto de forças mais extremas,
07:25de certa maneira, na política, pressionando os partidos políticos tradicionais
07:29a tentarem sair com soluções e dificilmente você consegue achar a solução que era de população
07:34cortando o custo, equilibrando o conto.
07:36O pessoal tem que gastar mais para poder se defender, de certa maneira, de populismos, extremismos,
07:41uma coisa parecida.
07:42Essa equação está muito difícil e eu acho que esse que é o cenário complexo.
07:46Você tem países tendo que gastar mais para se segurar politicamente,
07:50o governo Trump aumentando essas tarifas, dívida pública com dificuldade.
07:54É um cenário difícil que eu acho que o relatório do OCDE acaba apontando mais ou menos, de fato,
07:59um cenário de baixa, baixa de economia, aumento de inflação e, obviamente, de incerteza.
08:05Leonardo, então já deixa notado que eu tenho certeza que a nossa próxima conversa vai ser sobre aumento de gastos,
08:11porque o orçamento desenhado pela Casa Branca, no Donald Trump,
08:15que ele está pressionando para ser aprovado no Senado,
08:17joga ainda a dívida um pouco maior nos Estados Unidos,
08:20que era justamente aquilo que ele havia prometido cortar.
08:24Mas aí, cenas para o próximo capítulo.
08:27Uma pena nossa conversa tenha sido tão curta, que aconteceu tanta coisa hoje no dia,
08:31que eu preciso aqui ainda resumir para os nossos telespectadores
08:34o que fez o mundo girar nessa terça-feira.
08:37Leonardo Paz Neves, analista de inteligência qualitativa
08:40no Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV,
08:45a quem eu agradeço mais uma vez a nossa participação aqui.
08:48Obrigado, Leonardo.
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