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O economista Eduardo Giannetti da Fonseca, em conversa com Marco Antonio Villa no "Só Vale a Verdade", aborda a crise das gerações, questionando se as dificuldades econômicas são um fenômeno exclusivo do Brasil ou global.

Giannetti afirma que este cenário é mundial e aponta o fim da hiperglobalização como um dos principais fatores que tornam a prosperidade mais difícil para os jovens. O professor detalha as mudanças estruturais no mercado de trabalho e na economia global que impactam diretamente a vida de milhões de pessoas.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/s7KT_s3lwJU

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Transcrição
00:00Não é ter uma visão lá, Afonso Celso, do porquê meu fã no meu país.
00:05Lá de 1900, quem nos acompanha, o Afonso Celso, a expressão ufanismo, nasce por ali.
00:10E ele dizia que todo o Brasil era maravilhoso.
00:12A floresta amazônica era tão densa, as árvores, que você podia caminhar pelas copas das árvores.
00:18Se fosse, era um negócio inacreditável, hein?
00:20O porquê meu fã no meu país.
00:21Mas sim, seu fanista, Eduardo, pensando assim, em certo momento da nossa história, no século XX,
00:26principalmente entre os anos 1930 e 1980, meio século, 50 anos,
00:31alguém dizia assim, eu vivo melhor que o meu pai e meu filho vai viver melhor que eu.
00:36E a realidade econômica mostrava isso.
00:38Não era uma construção ideológica, mas era uma realidade concreta que aquele cidadão vivia.
00:43Hoje, dificilmente alguém pode dizer que vivia melhor que o pai e que o seu filho viverá melhor que ele.
00:48O que aconteceu conosco?
00:50Será que é uma realidade só brasileira?
00:52Será que os Estados Unidos não têm algo semelhante?
00:56O sonho americano, um pouco, era o contrato de que cada geração viveria um pouco melhor do que a geração anterior.
01:04Eu tenho uma tese, Vila, que é a seguinte.
01:07O Brasil, nesse período que você mencionou, de 30 a 80, é um período em que não houve globalização.
01:18Nós tivemos, você que é historiador sabe disso, nós tivemos uma onda muito forte de globalização no final do século XIX e início do século XX.
01:27É a segunda revolução industrial, derivados de petróleo, eletricidade, transporte marítimo barato, comunicação, rádio, cinema, telefone.
01:40Você tem uma onda de globalização comercial e financeira, o mundo se globalizou imensamente no final do século XIX e início do século XX.
01:54Era a Pax Britânica, o apogeu do Império Britânico.
01:59Essa globalização, ela cai por terra com a Primeira Guerra Mundial.
02:02Interrompe esse processo.
02:07O mundo só recuperou o nível de globalização do final do século XIX e início do século XX, o mundo, em meados de 1980.
02:17Todo esse interregno da Primeira Guerra Mundial até meados de 1980 foi um período em que as forças de integração e interdependência na economia mundial ficaram contidas.
02:30Você teve a Primeira Guerra Mundial...
02:32E o fim dos impérios, né? Alemão, Austro-Hungro...
02:35O enfrentamento dos impérios, você teve o Crash de 29, a Grande Depressão provocada por uma corrida protecionista, uma escalada protecionista,
02:47a polarização política com o surgimento do fascismo e do nazismo, a Segunda Guerra Mundial e o enfrentamento de duas potências,
02:54uma incumbente, a outra emergente.
02:57E o acordo de Bretton Woods, ele cria uma nova ordem mundial, mas que contém o impulso globalizante.
03:05São taxas de câmbio administradas, controles de capital, economias protegidas.
03:12Os países em desenvolvimento adotaram políticas de substituição de importações muito fechadas.
03:17O Brasil foi líder nesse processo, com a Índia e outros.
03:21Então o mundo ficou autárquico, relativamente autárquico.
03:26Só recuperamos a globalização vivida na história econômica no final do século XIX, em 1980.
03:34Isso é mensurável.
03:36Isso é mensurável.
03:37Você mede proporção de comércio em relação ao PIB, transações financeiras internacionais em relação ao PIB, investimento direto estrangeiro em relação ao PIB.
03:47Olha que coisa incrível.
03:49Todo o período que vai da Primeira Guerra Mundial até meados de 1980, o mundo foi menos globalizado do que no período anterior.
03:57No início da década de 80, tem uma brutal, uma monstruosa aposta na liberalização.
04:04Thatcher e Reagan representam isso.
04:06Você tem liberalismo comercial, você tem uma aposta na liberalização dos fluxos financeiros, você tem uma tremenda financeirização da atividade econômica.
04:19Os ativos financeiros passam a crescer de uma maneira totalmente desconectada da economia real.
04:25Isso nós estamos vivendo agora.
04:27E o mundo entra na hiperglobalização.
04:30Que é um processo que mereceria uma análise aqui, que nós não vamos ter tempo para fazer.
04:34Mas ele culmina no quê?
04:36A China se torna responsável por um terço da produção industrial do mundo.
04:42Em poucas décadas, a China, que era zero, responde por um terço da produção manufatureira global.
04:49Centenas de milhões de trabalhadores asiáticos entram no mercado global de trabalho e consumo e passam a oferecer trabalho produtivo e disciplinado que custa uma fração do que custa o trabalho dos seus pares ocidentais.
05:06Porque eles vêm da miséria no mundo rural, ganham muito menos, não pagam previdência, não têm direitos, não têm poder de barganha.
05:15E aí tem um deslocamento de capital produtivo do mundo em escala inimaginável para os países que lideraram esse processo.
05:24Eu fiz essa longa digressão para dizer o seguinte, o Brasil foi muito bem nesse interregno pós-globalização da Bela Epoca e pré-hiperglobalização.
05:36No período das autarquias, das economias fechadas, da substituição de importações, economias que olhavam mais para si do que buscavam o crescimento por meio da integração e da interdependência.
05:51Você vê os países que avançaram na hiperglobalização foram a Coreia do Sul, a China, os tigres asiáticos, Israel, países que se integraram ao fluxo mundial de comércio.
06:03Austrália, Nova Zelândia, o Brasil não fez esse movimento. O Brasil perdeu totalmente o pé da economia mundial quando houve esse movimento da hiperglobalização.
06:13Por que?
06:14Porque nós insistimos em ficar no velho modelo achando que tinha que ser daquele jeito, reserva de mercado para a informática, inflação, dívida externa.
06:26Atolamos. Por isso que eu estou otimista agora, Vila. Acabou a hiperglobalização.
06:31Nós estamos vivendo o início de uma nova ordem econômica mundial.
06:36Por que? Acabou?
06:36Acabou primeiro pela crise financeira de 2008 e 2009. A partir dali o comércio internacional não cresce mais a um múltiplo do PIB.
06:45Depois da pandemia. A pandemia mostrou o calcanhar de Aquiles da hiperglobalização.
06:49Nós não tínhamos nada aqui, né? Não tínhamos máscara, não tínhamos...
06:53No mundo, 80% dos ingredientes farmacêuticos ativos vinham de dois países, Índia e China.
07:00180 produtos críticos das cadeias globais de produção tem dois ou três fornecedores no mundo.
07:06Esse é o calcanhar de Aquiles.
07:07Quanto mais interdependente o sistema e mais integrado, mais vulnerável ele fica ao rompimento de um elo na cadeia.
07:14Então o que se passa a buscar na saída da pandemia é diversificação, segurança.
07:20Ficar na mão de Taiwan para produzir chip é uma loucura.
07:2380, 90% dos chips avançados vêm logo de Taiwan.
07:28O problema das terras raras, o problema dos minerais críticos, a transição energética.
07:33E o último capítulo do fim da hiperglobalização tem nome.
07:36Donald Trump.
07:36Ele declara uma guerra unilateral ao mundo.
07:40Guerra tarifária.
07:41Pelo menos por enquanto.
07:42Guerra tarifária.
07:44E aí cria uma bagunça na ordem econômica e uma falta de regras.
07:49Porque a cada dia ele muda.
07:52E a coisa está pegando.
07:53Hoje a notícia é que o México está impondo 50% de tarifa sobre a China na importação.
08:00E tem algumas questões que o Brasil também vai ser complicado.
08:02Também vai ter.
08:02Então essa aposta na hiperglobalização e essa onda de hiperglobalização terminou.
08:09Eu não acho que vai retroceder para as autarquias do pós-guerra, Segunda Guerra Mundial.
08:14Mas o caminho da hiperglobalização mostrou o limite.
08:20E nós como que ficamos nisso?
08:21Eu acho que abre oportunidades para o Brasil se repensar e reposicionar.
08:27Sim.
08:27Porque nós estamos muito bem situados geopoliticamente.
08:31Nós oferecemos segurança.
08:33Oferecemos possibilidades de diversificação nas cadeias globais de produção.
08:38Não fizemos ainda um movimento para valer de integração ao fluxo mundial de comércio,
08:45que está se reconfigurando em novas bases.
08:48Temos energia limpa.
08:49Temos energia renovável.
08:51Temos uma reserva de minerais críticos invejável.
08:55Temos biodiversidade.
08:57Temos a capacidade de aumentar a oferta alimentar para atender o mundo da classe média emergente,
09:02indiana, etc., que vai vir com força.
09:05Eu acho que o Brasil está muito bem posicionado para encontrar um dinamismo maior do que nesse período
09:14em que nós ficamos completamente alijados dos focos e dos polos dinâmicos da economia mundial
09:22durante a hiperglobalização.
09:23Eu estou apresentando uma tese aqui de amplo alcance, mas é a minha leitura do momento.
09:29É verdade.
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