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NotíciasTranscrição
00:00Visão Crítica
00:08Olá, estamos começando a nossa
00:12visão crítica de hoje discutindo
00:14as questões mais recentes
00:15votadas no Congresso Nacional
00:17em especial na Câmara dos
00:19Deputados e que estão
00:20relacionados com o nosso
00:21cotidiano, tanto no nosso dia a
00:23dia como também envolvendo as
00:25grandes questões da política
00:27brasileira. Hoje nós temos aqui
00:29como convidado no estúdio a
00:30doutora Juliana Fratini, cientista
00:32política, que eu agradeço a
00:34aceitação aqui do nosso convite
00:36aqui no estúdio e remotamente
00:38agradeço o deputado federal pelo
00:41PL de São Paulo, o Coronel Tadeu e
00:43a Laís Soares, que é a primeira
00:46suplente de deputada federal e
00:48presidente do PSD, eu sempre
00:51me desconfundo com o PSB, do PSD
00:54Mulher de Minas Gerais. Agradeço
00:57aí aos nossos convidados e vamos
01:00começar remotamente, Coronel
01:01Tadeu, vou começar a passar a
01:03bola aí pro senhor. A primeira
01:04questão, primeiro agradecer o senhor
01:06ter aceito o nosso convite, vamos
01:08primeiro discutir a questão do
01:09imposto de renda, né? E a questão,
01:12a votação unânime, né? O que é
01:14raríssimo, né? Pela isenção até
01:17cinco mil reais, mas há uma contenda
01:20haver uma contrapartida, né,
01:21Coronel? Se eu tiver errado, o senhor
01:23me corrija, porque os recursos que
01:25vinham anteriormente desses que
01:27eram, até eram cobrados pelo
01:30imposto de renda, esses recursos
01:33não viram mais, tem que ter uma
01:34outra fonte, inclusive, é o que
01:35determina a legislação. E havia
01:38proposta de taxação dos super
01:41ricos, que na verdade não eram tão
01:43super assim e não tão ricos assim
01:45também. Eu queria saber a opinião
01:47do senhor, se o senhor foi
01:48favorável à questão do imposto de
01:51renda, da isenção e da onde vão
01:53vir esses recursos. Passo a palavra
01:55ao senhor. Obrigado, Vila, uma boa
01:58noite estar com você, boa noite
02:00Juliana, boa noite Laís e boa noite
02:02para todos aqueles que estão nos
02:03assistindo e ouvindo nesse momento.
02:05Bom, vamos lá. Nós temos questões
02:07positivas e questões negativas nessa
02:09questão do imposto de renda. A
02:10primeira delas que é mais do que
02:12justo se reajustar uma tabela que
02:15há muitos anos não se mexia. Então
02:17nós tínhamos governos que
02:19arrecadavam cada vez mais sem mexer
02:21na tabela e por isso iam
02:24alcançando mais e mais
02:25trabalhadores com baixa renda. Então
02:27essa esse reajuste ele era mais do
02:30que necessário. Estava muito
02:31atrasado, inclusive. Cinco mil
02:34reais é um bom valor. Nós temos
02:36hoje, segundo a própria receita nos
02:38informou, cerca de trinta milhões
02:41de pagadores de impostos deixarão de
02:44recolher aproximadamente mil e
02:46quinhentos reais por mês. É um
02:48número aproximado, mas é o valor
02:50correspondente ao imposto de renda
02:52que eles vinham pagando e isso é
02:54claro, traz benefício para todas
02:56essas famílias sem sombra de
02:57dúvida. A gravidade dessa votação
03:00está na falta de lastro, porque o
03:03governo nesse momento em que aprova a
03:06isenção de cinco mil reais, ele
03:08também renuncia essa receita, ele não
03:10vai mais ter esse dinheiro no cofre e
03:13as coisas não vão bem. Nós estamos
03:15vendo claramente um governo que está
03:18gastando mais do que pode e no momento
03:22em que renuncia a receita, isso vai
03:24faltar em algum lugar. Aí vem a
03:27contrapartida. Vamos cobrar de quem
03:29tem mais, entre aspas, né, Vila? Você
03:31acabou de falar. Parece que os super
03:33ricos não são tão ricos assim e vamos
03:36ver se eles aguentam pagar mais imposto.
03:39Porque o que a gente tem visto nos
03:41últimos anos é cada vez mais o
03:44empresário, aquele que produz riqueza,
03:46oferece empregos, gera renda para a
03:49família brasileira, sendo penalizado
03:52com impostos, aumentando toda aí a sua
03:56carga tributária, que não é pequeno. O
03:58Brasil é um dos países que mais
03:59arrecada imposto e isso vai dificultando
04:02o andar da economia. A roda vai
04:05ficando pesada, vai ficando difícil de
04:07girar e esse eu acho que é o maior erro
04:10desse governo nesse momento. É não
04:12controlar os seus gastos, é não ter
04:15medidas para gastar e a gente está
04:17vendo aí os números, déficit fiscal,
04:20balança comercial, todos os números
04:22entrando no negativo, empresas estatais
04:24apresentando resultados negativos e
04:27isso é muito perverso para um país
04:30tão grande, tão rico, sabendo que ele
04:33poderia estar gerando muito mais
04:35riqueza do que despesa. Então esses
04:38são os pontos negativos, mas é claro
04:40que a gente não pode votar contrário a
04:42isso, porque a gente está vendo ali na
04:43ponta da linha que estamos
04:45beneficiando mais de 30 milhões de
04:48famílias e por esse motivo é claro
04:50que a votação ela foi acachapante
04:52mesmo, não teve como ser diferente
04:55porque seria dizer não à população
04:57que a gente sabe que principalmente a
05:00população de baixa renda é a que mais
05:02está sofrendo, aliás é a que mais
05:04estava pagando imposto, diga-se de
05:06passagem, principalmente o ICMS, que vai
05:09de um supermercado, eles não aplicam em
05:11CDBs, LCIs, LCAs, eles não aplicam esse
05:15dinheiro, não tem a menor possibilidade de
05:18se fazer um investimento desse tipo. O
05:21investimento deles é ir para o
05:23supermercado no momento correto e
05:25tentar comprar o produto básico mais
05:28barato possível para colocar dentro da
05:30sua casa. Então Vila, não dá para ser
05:32contra uma votação dessa, mas
05:34infelizmente a gente tem que deixar
05:35registrado a irresponsabilidade de quem
05:39está comandando as finanças do país
05:41nesse momento, que não está fazendo a
05:43lição de casa.
05:45Laís Soares, muito obrigado a senhora
05:48ter aceito o nosso convite e essa
05:50mesma questão em relação à votação
05:53que teve do imposto de renda, foi
05:55493 a 0 e a questão que envolve, afinal
05:59isso está na legislação e é óbvio
06:02também em termos econômicos, se você
06:03não vai receber aquele dinheiro que
06:05recebeu até então, de forma injusta,
06:07que vários governos não atualizaram a
06:10tabela, é uma coisa louvável desse
06:12governo, tem de se registrar. Por outro
06:14lado, tem a questão do que é chamado de
06:16super ricos. E aí eu passo a palavra
06:19à senhora, mas me lembro antes da
06:21entrevista de um senhor, é inacreditável,
06:24eu conheço relativamente bem a história
06:26política do Brasil e um senhor que fez
06:31críticas, um senhor muito rico, bilionário,
06:34que pagava muito imposto no Brasil e
06:36que estava cansado de pagar os impostos,
06:37foi na Folha de São Paulo, aí quando
06:39perguntado, onde o senhor tem a
06:40residência fiscal no Uruguai? Eu achei
06:43fantástico um homem patriota, reclama dos
06:45impostos no Brasil e tem a residência no
06:48Uruguai. Eu não vou dizer quem é, é um,
06:50mas todo mundo sabe, só colocar no Google
06:52vocês descobrem. Bem, isso vai mostrar a
06:56hipocrisia, né, dessa discussão. Nós
06:58somos os países mais injustos, tributariamente
07:01falando, e não é de hoje que a gente
07:02fala isso, né? Então é fundamental discutir
07:05essa questão seriamente, sem
07:07panfletarismo e economicamente, com
07:09dados concretos e economia não dá pra
07:11brigar com números. Eu passo à senhora,
07:13como a senhora analisa essa questão?
07:17Perfeito, Vila, eu tô muito honrada de
07:19estar aqui no seu programa, né? É uma
07:22excelente oportunidade, muito obrigada
07:23pelo convite, né? Quero saudar a todos,
07:26a Juliana, ao deputado, né? Coronel
07:28Tadeu, é uma honra estar aqui com
07:30vocês. Eu sou uma jovem política
07:32mineira, né? Sou do PSD, sou de um
07:35partido de centro, então eu enxergo as
07:37coisas com muita moderação, né? Com
07:39muita parcimônia. Quando o deputado
07:41fala sobre o empresário que vem sendo
07:43massacrado, né? E isso é verdade, eu
07:46concordo com ele, empreender no Brasil,
07:48ter um negócio no Brasil não é fácil, não é
07:50trivial, é muita burocracia, né? Uma carga
07:52tributária enorme, eu concordo com tudo
07:54isso. Mas isso, essa discussão que
07:58precisa ser feita, precisa ser
07:59enfrentada, né? E o Brasil começou a
08:01enfrentar isso com a reforma
08:02tributária, ela não anula, Vila, essa
08:05outra discussão de justiça social,
08:08sabe? Não é uma coisa ou outra, né? A
08:10gente precisa facilitar a vida do
08:12empresário, sim, porque ele é
08:14importante, nós vivemos no mundo
08:15capitalista, a gente não, né? Eu, pelo
08:18menos, não quero acabar com o
08:19capitalismo, eu só quero que ele não
08:20seja predatório e injusto, né? Eu não
08:24tenho nenhum problema em ver pessoas
08:25acumularem riqueza, serem ricas, terem
08:28mais patrimônio, né? Eu valorizo a
08:32livre iniciativa, o método, tudo isso,
08:35né? O liberalismo econômico, isso faz
08:37parte do meu background, da minha
08:39visão de mundo. Só que eu não acho
08:42razoável você viver num país onde
08:46você tem pessoas com tanto dinheiro e
08:49outras tão miseráveis, né? E isso é uma
08:51discussão, eh, Vila, de ética, né? Isso é
08:55uma discussão muito profunda, eu
08:56considero que essa votação ontem foi
08:58histórica, eh, pro Brasil, não só porque
09:01ela foi unânime, mas porque pela
09:04primeira vez, quer dizer, eu sou muito
09:05jovem, não, quer dizer, pode ser
09:07ter, tenha tido um outro momento, mas
09:08pela primeira vez, assim, que eu
09:10acompanho política e me envolvo na
09:12política nos últimos dez, quinze anos,
09:13que eu vejo algo tão profundo, né?
09:17Assim, indo na causa raiz dos
09:19dos problemas do Brasil, né? Porque a
09:21desigualdade social brasileira, ela é
09:23um câncer, Vila, ela é um câncer, eh,
09:26profundo, e, e a gente tem que ter a
09:29noção de que, eh, não faz sentido você
09:32querer viver numa sociedade, não faz
09:34sentido você, eh, querer, eh, ter uma
09:37qualidade de vida, ser feliz com a sua
09:39família, numa sociedade onde você ignora
09:41quem tá ao seu lado e você não quer
09:43contribuir, né? Assim, isso não, isso
09:46não, não, não faz sentido em lugar
09:47nenhum, os países mais desenvolvidos do
09:49mundo, eles têm cargas tributárias, né?
09:52Muito acima de dez por cento. Eu
09:54confesso, vou dizer uma coisa aqui
09:56polêmica, eu tenho muitos amigos no
09:58mercado financeiro que recebem
10:00dividendos, eh, se dependesse de mim,
10:02assim, tá, dez por cento é muito
10:04pouco, né? A gente tem os números aí,
10:06eh, em muitos lugares, né? Trinta por
10:08cento, é quarenta, e, e, e, e,
10:11assim, a gente tem que refletir o
10:12seguinte, eh, o que que muda na vida, eh,
10:15vila, eh, e, e deputado e todos que
10:18estão aqui me ouvindo e todos que
10:19estão em casa? O que que vai mudar na
10:21vida de uma pessoa, eh, que é
10:23milionária ou bilionária, eh, se ela
10:26tiver que abrir mão ali de um milhão
10:28a mais, um milhão a menos, quinhentos
10:29mil a mais, quinhentos mil a menos. É
10:31o que? É um carro a menos, uma bolsa
10:33a menos, uma viagem pra Europa a
10:35menos, eh, mas assim, o, ao impacto
10:37que isso tem pro país e pras pessoas
10:40que estão, eh, vivendo na mesma
10:42sociedade que ela e que não tem, eh,
10:44essa condição que ela tem por
10:46várias razões, né? Eh, não dá pra
10:48gente dizer, ah, a pessoa é pobre
10:49só porque ela quer, porque ela não
10:52não teve competência, não existe, eh,
10:54um país, um lugar no mundo de todo
10:56mundo é rico, isso não existe, né?
10:58Assim, vai contra a lógica do
10:59capitalismo. Então, o que a gente
11:01quer, né? Eu que sou uma pessoa
11:02moderada, que me considero uma
11:04pessoa de centro, o que eu quero é
11:05um país, eh, e um mundo justo,
11:08que as pessoas tenham dignidade, que
11:09ninguém passe fome, que as pessoas
11:11tenham uma saúde e qualidade, que as
11:13pessoas tenham saneamento básico, que as
11:15pessoas tenham um salário digno, eu
11:16não, né? Eu não quero, eh, Robin Hood
11:19tirar do rico e dividir pra todo
11:21mundo, né? E dar pra, e dar o que é
11:23do rico pros pobres, porque eu não
11:25acho certo ele ter, não é isso, sabe?
11:27Eu só quero que ele, eh, ajude o
11:29país a se desenvolver e dê uma
11:30contribuição que pra ele, vou ser
11:32muito sincera aqui, gente, não vai
11:34fazer falta na vida dele, isso não
11:35vai, ele não vai deixar de ter um
11:37bom plano de saúde, ele não vai
11:38deixar de ter uma alimentação
11:40saudável, ele não vai deixar de
11:41estudar, ele não vai deixar de, de,
11:43de, sabe? De fazer nada vital na
11:45vida dele, porque ele tá pagando
11:46esse imposto. Agora, a pessoa que é
11:48mais pobre, que é trabalhadora,
11:50gente, é trezentos reais, trezentos
11:52reais, num mês, na vida de uma
11:55pessoa que ganha cinco mil reais, é
11:57muita coisa. Eu acho que a gente que
12:00é privilegiado, às vezes a gente não
12:01tem essa noção. Eh, eu, Vila, sou aqui
12:04de Minas, sou do interior de Minas e
12:05eu cresci, eh, numa família classe
12:08média baixa, então eu tenho muitos
12:10amigos, familiares, pessoas muito,
12:13assim, trabalhadoras, muito simples,
12:14gente que ganha um salário mínimo,
12:16eu convivo com isso, gente que ganha
12:17bolsa família, então eu sei que
12:19trezentos reais é muito dinheiro,
12:22entendeu? Eh, às vezes esses trezentos
12:24reais vai mudar a vida daquela
12:26pessoa, eh, porque ela vai ter uma
12:27alimentação melhor ou ela vai
12:28conseguir fazer um plano de saúde,
12:30que ela sempre quis e nunca pôde, ou
12:32ela vai fazer um cursinho pra
12:33vestibular, um curso de inglês, então
12:35assim, eu acho que as pessoas da
12:37classe AB no Brasil, a elite
12:40intelectual brasileira e a elite
12:41política brasileira, ela não tem
12:44noção, dimensão do impacto que é
12:48essa, essa aprovação desse projeto,
12:50do impacto na vida das pessoas, do
12:52quanto esse dinheiro faz falta pra
12:55essas pessoas hoje e o quanto elas
12:57vão sentir a vida delas melhorar e
13:01mudar de forma efetiva, Vila. Por isso
13:05que quando eu, como política, né? A
13:07gente que é política, a gente tem um
13:08faro, né? A gente tem um radar, uma
13:11coisa dentro da gente, assim, que
13:12que mostra um pouco, eh, a tendência
13:15das coisas. Quando eu vi essa
13:16notícia e eu vi essa votação,
13:19acachapante, como o deputado
13:20disse, eu tive certeza dentro de
13:23mim, eu falei assim, olha, o
13:24presidente Lula está reeleito e eu
13:28tenho certeza disso, eh, não é
13:30porque eu sou petista, nunca fui do
13:32PT e e jamais seria, assim, não, não
13:35tem nada a ver comigo. É porque eu
13:36entendo de política e eu entendo de
13:39povo, né? Eu sou filha de um homem
13:41trabalhadora, analfabeto, eh, que já
13:44foi pedreiro, eh, que é comerciante,
13:46então assim, eu, eu, eu conheço, eu
13:47vivo no meio do povo, apesar de eu
13:49também circular na, na, na, na,
13:51de política intelectual, eu conheço
13:53bem a realidade do povo, então, isso
13:54aí é, é muito transformador. Então,
13:56assim, a minha leitura política é que
13:57foi uma vitória enorme pro
14:00governo, foi uma vitória para o
14:02Brasil, foi muito bonito de ver a
14:04oposição, né? A direita, a
14:06extrema-direita votar junto, isso
14:08foi muito nobre, mas ao mesmo tempo
14:10também a gente sabe que tem um
14:11pragmatismo político aí que tava
14:13todo mundo muito apertado, né? Em
14:15relação a, a, a, ao que aconteceu
14:17com a PEC da bendagem, todo mundo
14:19muito traumatizado, né? É, então
14:21assim, eles meio que não tinham outra
14:22opção também, vamos dizer assim, né?
14:23Que foi todo mundo bonzinho, né? É, não
14:26tinha outro problema de correr, então
14:27era, era isso ou, ou, assim, né?
14:29Só quem puder, mas, assim, é, pra
14:32concluir, é, eu, eu tô, assim, muito
14:35encantada, muito emocionada, muito
14:37impressionada com o que aconteceu com
14:40uma, uma jovem política que sonha um
14:42Brasil melhor e, e isso que você
14:44disse, Vila, de, é, do cara que não
14:47paga imposto no Brasil, né? E, é, essa
14:50coerência, essa hipocrisia, é, isso é
14:53muito sério, isso é muito profundo, quando
14:55a gente, é, eu tive uma disciplina na
14:57faculdade que chamava pensamento social
14:58brasileiro, né? Sim. Quando a gente olha
15:00pra nossa sociedade e entende que,
15:03infelizmente, Vila, a elite brasileira,
15:06ela é uma elite em geral, tá? A gente tem
15:09exceções, mas, em geral, ela é uma elite
15:11completamente ilhada da realidade
15:15brasileira, alienada, é, que não, assim,
15:19eu ousaria até dizer que, que é uma elite
15:21egoísta, biocêntrica, que, que assim, o
15:24que ela quer é mandar os filhos pro
15:25exterior e, e, e ficar livre do país, ela
15:27quer sugar, o que o Brasil tem de bom e
15:29pronto, entendeu? E, e, e vou mandar meus
15:31filhos pra Europa e, e a hora que eu
15:33puder, eu vou pra lá também. Deixa eu só,
15:34perfeito, deixa eu só, perfeito, você
15:36até tem razão, deixa eu só passar para a
15:38doutora Juliana, eh, Fratini, eh, quando
15:42até citei o caso do Uruguai, é bom lembrar
15:44o Uruguai foi Brasil, eh, foi a província
15:48cisplatina, né? No processo de
15:50independência, a província cisplatina
15:53Uruguai de hoje, foi ocupada na época
15:56quando Dom José estava no Brasil, fez
15:58parte do Brasil até meados dos anos
16:00vinte, quando houve a guerra da
16:02cisplatina e se constituiu a república
16:05da Banda Oriental Uruguai, só pra
16:07lembrar que nos acompanha um pouquinho
16:09de história e a importância, eh, da, da
16:13história pra nós entendermos muitas
16:14coisas do Brasil. Passando pra doutora
16:16Juliana, lembrando outra vez a
16:18história, que num país que tem tantas
16:21diferenças sociais, eh, professora,
16:24ah, nós não podemos nunca nos esquecer
16:26algo que marca o Brasil até hoje. No
16:28mundo ocidental, é o país onde a
16:31abolição da escravidão foi mais
16:33tardia, em mil oitocentos e oitenta e
16:36oito, e isso não é pouca coisa, porque
16:38essa presença durante quatro séculos
16:41da escravidão marca o Brasil do século
16:43vinte e um, inclusive nas questões que
16:46envolvem o cotidiano e das questões
16:48tributárias, não podemos esquecer
16:49disso. Eu passo pra senhora, como é que a
16:52senhora analisou então essa votação em
16:54relação a questão do imposto de renda e a
16:56discussão que é normal e faz parte da
16:58política, divergência e visão crítica,
17:00gosto sempre de mostrar posições
17:02distintas, em relação a questão da, os
17:05recursos vão precisar vir de outro lugar,
17:06numa linguagem mais vulgar, de onde
17:08virão? Então, eh, boa noite, boa noite,
17:12Laís, gosto muito da Laís, comentei
17:15aqui, que acompanho ela pessoalmente
17:17também, coronel também, boa noite, olha
17:20só, eh, eu tava pensando aqui, né, a
17:23Laís fez uma forte crítica, eh, sobre o
17:27tipo de arrecadação, incluindo o
17:31mercado financeiro. Hoje no mercado
17:33financeiro, uma pessoa, se ela gasta, se
17:37ela, se ela, se ela gasta, não, se ela
17:39aguarda esses trezentos reais que ela
17:42falou que faz a diferença, ela consegue
17:44investir em cem ações no mercado
17:47financeiro, por exemplo, na Congás,
17:50consegue, consegue investir. É só um
17:52exemplo, tá? Sim. Tem ações que estão
17:54lá na, na Bolsa de Valores que dá pra
17:57investir e que elas estão assim, ó,
18:00crescendo. Eh, nessas últimas semanas a
18:03Bolsa de Valores nunca cresceu tanto
18:04como cresceu agora. Mas qual que é o
18:06ponto aqui? Essas pessoas que não
18:12eventualmente fazem esse tipo de
18:14investimento, muitas tão jogando no
18:16tigrinho. Elas tão pegando esses
18:19recursos que são uma gordurinha ou uma
18:23sobra e elas tão eh jogando no
18:27tigrinho. Isso daí é o é o fim da
18:30picada. A gente tá lidando com um
18:32problema muito mais grave de Betis, da
18:35onde eh é como se fosse um balde
18:39furado, onde os recursos estão
18:41escoando, então o governo ele faz
18:44um uma série de tentativas de
18:48preservação, de manutenção desse
18:50recurso que eu acho positiva, tá
18:51viu? Acho super positiva, eu acho
18:53que o sobretudo o ministro Haddad eh
18:57com a Simone Tebet eles eles conseguiram
19:00concluir um processo de um de um
19:02estudo muito grande pra essa isenção
19:04do imposto de renda louvável, mas o
19:08dinheiro escorre ainda do bolso do
19:12trabalhador. Esses trezentos reais que
19:15a Laís falou, onde é que ele tá sendo
19:17investido? É no tigrinho, é em outra
19:19coisa, não sei o quê e por quê? Porque aí
19:22nós temos furos aqui na educação
19:25financeira do próprio brasileiro. Ele
19:27não sabe, por exemplo, onde que ele
19:29pode investir esse recurso pra ter
19:31pra ter mais recurso, pra fazer o
19:33dinheiro, o dinheiro trabalhar pra ele.
19:37O brasileiro precisa entender que não
19:39é o brasileiro que vai trabalhar só
19:41pelo dinheiro, o dinheiro vai
19:42trabalhar pra ele. Aí você vai falar
19:44assim, ah, você tá maluca, né? Porque
19:46é o trabalhador, ele não vai conseguir
19:49chegar nisso. Consegue, ele não consegue
19:51jogar no tigrinho? Consegue, consegue sim.
19:54Agora, é uma questão de educação
19:58financeira. Isso é uma falha muito
20:01grande no nosso país. E assim, pra ser
20:05um pouco mais agressiva aqui no processo,
20:10sem querer ser agressiva, mas pra expor
20:13uma realidade, por que que a Ana Moser
20:15saiu do Ministério dos Esportes? Eu
20:18queria entender. Quando ela entrou lá na
20:21frente ampla, eu lutei pra isso também,
20:24pra frente ampla, da Ana Moser. Por que
20:26que ela saiu? Quem é que comanda o
20:30jogo de tigrinho? É o Ministério dos
20:32Esportes.
20:35Eu acho que precisa mudar. Sim. Tá?
20:38Eu só pediria, vamos só colocar algumas
20:42questões, que a gente tentasse fazer tanto
20:45quanto possível respostas mais breves, pra
20:47gente poder circular um pouco a discussão.
20:49Coronel Tadeu, eu queria colocar uma
20:50questão ao senhor, como deputado federal.
20:53Importante, acho eu. Se o senhor quiser
20:54também falar sobre a questão anterior
20:56também, não tem nenhum problema. Mas, é,
20:59há um ponto que criou uma enorme
21:00polêmica a semana passada, que foi
21:02objeto, inclusive, de discussão aqui no
21:04visão crítica, que foi uma proposta de
21:07emenda constitucional, que acabou
21:08indo pra gaveta no Senado, pela
21:11Comissão da Constituição e Justiça, que
21:13foi apelidada de PEC da blindagem.
21:15Então, eu pergunto ao senhor, qual a
21:18posição que o senhor teve em relação
21:19a PEC da blindagem? E eu acho muito
21:21importante, independente de qual posição
21:23o senhor teve, que o senhor explique a
21:24quem nos acompanha o porquê o senhor
21:26tomou essa posição. Eu digo isso, porque
21:28a democracia, nós temos de entender, é a
21:30convivência de contrários. Se todos
21:32pensassem a mesma coisa, seria muito
21:34difícil você imaginar que nós, às vezes,
21:35somos um regime democrático, que parte
21:37do pressuposto dos contraditórios, não
21:40só de um contraditório, mas de vários.
21:42Então, respeitando a opinião, que eu não
21:44sei do que o senhor teve em relação
21:45a essa votação, qual, como é que o senhor
21:47votou e por que o senhor votou em
21:49relação a, a que foi conhecido
21:50vulgarmente como PEC da blindagem? Eu
21:53sei que outros chamam de PEC das
21:54prerrogativas, mas ficou popularmente
21:56com o PEC da blindagem.
21:59Vila, pedindo vênia aí a você, só
22:02para fazer um comentário naquilo que a
22:03Juliana havia acabado de comentar, bem
22:06rapidinho. O mês passado, no mês de
22:08agosto, por exemplo, o governo pagou
22:1014 bilhões de reais no Bolsa Família.
22:14Nesses 14 bilhões de reais, cerca de
22:163 bilhões foram destinados para as
22:19BETs. Esse ponto que a Juliana
22:21comentou é muito importante, essa
22:24questão da educação financeira e
22:26principalmente da conscientização do
22:28povo, que um dinheiro, por exemplo, do
22:30Bolsa Família não foi feito para gastar
22:32em apostas, foi feito para gastar no
22:34supermercado. Então, é importante a
22:36gente falar, parabéns, viu, Juliana,
22:38pelo seu comentário. Gostei muito da
22:40forma que você falou, da forma firme
22:42que você falou, porque a gente precisa
22:43realmente botar, às vezes, o povo
22:46nas rédeas mesmo, assim, ensinar eles a
22:49gastar o dinheiro de uma forma
22:51bastante responsável. Parabéns pelo seu
22:53comentário, tá? Vamos lá falar sobre a
22:56PEC da blindidade. Sou contra, fui
22:58contra e sempre serei contra. Da mesma
23:01forma que essa PEC foi instituída para
23:04tentar se proteger, para tentar se
23:07proteger a palavra do parlamentar, que
23:09ultimamente tem sido pressionado e, às
23:12vezes, condenado por suas opiniões, esse
23:15é o escopo principal da PEC da
23:17blindagem. Houve, em algum momento, um
23:20desvio na formação, na nomenclatura
23:24dessa PEC da blindagem. A mesma PEC que
23:27pode proteger um parlamentar pelo uso
23:30da sua palavra em qualquer momento,
23:32principalmente no exercício do seu
23:34mandato, ela protege um corrupto, um
23:36bandido. Onde é que já se viu isso? A
23:39gente poder colocar, infelizmente, a
23:40gente chegou a um ponto de ter que
23:42colocar situações completamente
23:44diferentes, né? Mas numa, você tá
23:46percebendo claramente que o deputado
23:49tá fazendo uso da palavra dele, às
23:51vezes, de forma até moderada e não de
23:53uma forma extremada, mas está sofrendo
23:55pressão, principalmente, do
23:57judiciário. E eu sei, Vila, exatamente
23:59porque eu vivo lá dentro, eu convivo
24:01lá dentro, eu sei que hoje tem deputado
24:03com medo de subir na tribuna e poder
24:06falar aquilo que gostaria de falar.
24:09Infelizmente, isso está acontecendo,
24:10isso é uma vergonha pra nossa
24:12democracia. Nós estamos perdendo aos
24:15poucos a nossa democracia e não pode
24:17haver esse tipo de situação. É
24:18inaceitável, mas essa mesma PEC que
24:20tinha esse objetivo de tentar blindar
24:23um pouco o trabalho do parlamentar
24:27que tá ali representando o seu povo
24:28constitucionalmente, porque assim a
24:30Constituição manda, ele tá
24:32protegendo um bandido. O sujeito é
24:34corrupto, ele desvia dinheiro de uma
24:36empresa, de uma prefeitura, desvia
24:38dinheiro de um contrato, desvia dinheiro
24:40da saúde, da onde quer que seja. Tem
24:43provas e mais provas que são
24:45levantadas aí pela Polícia Federal e
24:47por outras instituições e aí esses
24:50crimes chegam na mão da Procuradoria
24:51Geral da República que não poderá
24:54denunciar o sujeito, não poderá
24:57denunciar o parlamentar sem antes a
25:00Câmara dos Deputados se pronunciar ou
25:02o Senado Federal se pronunciar a
25:04respeito disso. Eu não concordo, não
25:07dá pra concordar, porque aí você pode
25:09ter e existe esse corporativismo, a
25:11gente sabe muito bem que existe, existe
25:13esse corporativismo que pode usar esse
25:16instituto da PEC da blindagem pra dizer
25:18não, você não vai abrir ação penal
25:21contra esse sujeito de jeito nenhum, mas
25:23o cara é criminoso, não adianta você
25:25falar, a PEC fala que tem que ter
25:27autorização ou da Câmara ou do Senado
25:29Federal e assim será. Então não dá pra
25:32concordar com uma situação dessa. A
25:33gente precisa é mudar a nossa, o nosso
25:37escopo político atual, que ele tá muito
25:39deteriorado. Eu costumo dizer aí nas
25:42entrevistas, quem diria que em 1988 os
25:45constituintes da época iriam imaginar
25:48que houvesse tanta corrupção nesse
25:50país? Eu acho que ninguém naquela época
25:53quando fez a Constituição, elaborou e
25:55tentou colocar os freios e contrapesos,
25:58ninguém imaginaria que chegássemos ao
26:01ponto de termos aquela frase, todo mundo
26:05de mão dada e ninguém solta a mão de
26:07ninguém. É corrupto dando a mão pra
26:09corrupto em todos os poderes, infelizmente.
26:13Lamentavelmente, essa situação fez com
26:16que essa PEC da blindagem surgisse. E
26:18aí, olha o efeito dela. É claro que eu
26:20jamais iria concordar com isso. Eu tive
26:23uma carreira de 30 anos na polícia
26:25militar do Estado de São Paulo, prendendo
26:27bandido e agora eu deixando o meu voto
26:30lá pra proteger bandido. Vila, sinceramente,
26:33eu jamais faria isso. A minha consciência
26:35não iria permitir. Perfeito. É, eu passo
26:39pra Laís Soares, eh, a sua apreciação em
26:42relação a, lembrando a quem nos
26:44acompanha, que a PEC da blindagem foi,
26:47teve uma votação consagradora, entre
26:49aspas, na Câmara dos Deputados, ah,
26:52seguindo o rito constitucional de uma
26:53proposta de emenda constitucional, foi
26:55ao Senado e passando primeiro pela
26:58CCJ, Comissão de Constituição e
26:59Justiça e lá, ela acabou falecendo,
27:02ainda bem, ah, e por vinte e seis votos a
27:05zero, ah, e o presidente do Senado acabou
27:09em ter, bom, entre essa alguma linguagem
27:11mais vulgar, acabou enterrando, colocando
27:14na, na gaveta e acabou a história da
27:16PEC da blindagem. Mas o, ah, é bom
27:18lembrar que entre a votação da Câmara e a
27:20votação da CCJ, o povo foi às ruas. Isso
27:23é fundamental. O povo se mobilizou porque
27:27foi um escândalo que deixou todos os
27:30democratas assustados. Qual a opinião da
27:32senhora? Desculpa, gente. É, Vila, antes de
27:39de falar a minha opinião, eu queria
27:40saudar a Juliana aqui, agora que eu vi
27:43que a Juliana, que eu conheço, eu não
27:45tinha percebido que era ela, porque
27:47tava, a câmera tava distante, eh, a
27:49Joela é uma mulher muito inteligente,
27:51muito, muito competente, eh, parabéns
27:54pelo seu, né, pelo seu trabalho, pelo
27:55seu posicionamento, parabéns ao Vila
27:57por ter você ao lado dele. Eu gosto
28:00muito de homens que, eh, acreditam em
28:02mulheres, viu, Vila, e dá espaço, e
28:03dá oportunidade, então, eh, fico muito
28:05feliz. Eh, bom, eu queria primeiro
28:08elogiar ao deputado, né, o coronel,
28:11eh, que, eh, mostrou uma coerência,
28:14eh, coronel, muito rara de se ver na
28:17política, hoje em dia, né? Eu sou
28:19mineira, sou uma jovem política
28:21mineira, em dois mil e vinte e dois eu
28:22disputei eleição pra deputada
28:24federal, fiquei como primeira
28:25suplente, e nessa eleição que eu
28:28disputei, eh, o deputado Nicolás
28:30Ferreira, que é do, do partido do,
28:32do senhor, que é do PL, eh, ele
28:34ganhou essa eleição em Minas com
28:35mais de um milhão de votos, né? Um
28:37milhão e meio de votos, uma
28:39votação, assim, absurda, com um
28:41discurso, eh, muito de renovação,
28:46né? De, de mudança, de, de combater
28:49o sistema, de fazer diferente, de ser
28:53um cara de Deus e do bem e ético,
28:56etc. E, e aí quando eu vi o
28:58deputado Nicolás, eh, defender a
29:01PEC da blindagem e votar a favor,
29:04eh, eu não acreditei, sinceramente,
29:07assim, foi uma coisa que eu falei,
29:08gente, isso aqui eu tô, eu devo
29:09tá entendendo errado, não tô, isso
29:11aqui é fake news, é, é um, não é
29:13inteligência artificial, não é
29:14possível que esse cara tá, tá
29:16defendendo isso, né? Que ele
29:18defendeu, então, assim, eu fico
29:20muito, eh, inspirada, coronel, de
29:23ver alguém, eh, ter essa coragem,
29:25essa hombridade, essa coerência
29:27que o senhor teve, eh, a gente
29:29precisa de mais homens na
29:30política como o senhor, eh, e, e a
29:32gente precisa, o quanto antes,
29:34assim, urgentemente na política
29:35brasileira, eh, se livrar de
29:38figuras, eh, como Nicolás Ferreira,
29:40por exemplo, que é um
29:41estelionatário eleitoral, né?
29:43Porque ele se vendeu uma, uma
29:46coerência, uma, uma pureza, um
29:48combate à corrupção, que não
29:50existe, né? Porque, como o senhor
29:52bem disse, ele, eh, ficou ali do
29:55lado dos bandidos, né? Eh, essa
29:57PEC Vila traria uma, uma
29:59consequência absurda pro Brasil,
30:01gravíssima, eh, pro Brasil em
30:04relação ao crime organizado, né?
30:06Porque o PCC e todos esses
30:08grupos, eles iriam se infiltrar
30:11ainda mais na política, porque
30:12eles já estão presentes na
30:13política, né? Mas, assim, a
30:15política iria virar uma máfia,
30:17né? Assim, essa é uma coisa
30:18gravíssima pro nosso país, né?
30:21Eh, eu também achei que era
30:23fake news, até agora eu também
30:24não conseguia acreditar e e
30:26processar que o Sérgio Moro
30:27defendeu essa PEC da
30:29habilidade. Eu também, até
30:30agora, tô tentando entender se
30:32realmente isso aconteceu, porque
30:35não faz sentido nenhum, né?
30:36É completamente incoerente com
30:38toda a trajetória dele, né?
30:40Então, assim, eh, cadê a, a,
30:44aquela paixão de combater
30:46corrupção, aquele, aquela loucura,
30:48aquele amor, aquela sede de
30:50fazer justiça, como é que isso
30:52se dissipa do dia pra noite,
30:54diante de uma barbaridade, como
30:56essa PEC, e, e um cara como o
30:58Moro, defender e votar a favor é
31:01realmente, assim, a que ponto
31:03chegamos no Brasil, sabe? Assim,
31:05que política é essa de, de, de,
31:08de populistas que enganam a
31:10população, que pegam causas e
31:13pautas que são caras ao povo e
31:16manipulam o povo pra chegar ao
31:18poder e quando chegam ao poder
31:20fazem o contrário do que disseram
31:24nas campanhas. E aí eu vou entrar
31:26também no que a Juliana trouxe da
31:27educação financeira e vou falar da
31:29educação política, né? São dois
31:31grandes gagalos hoje no Brasil,
31:33educação financeira e educação
31:34política. O Moro e o Nicolas, eles
31:37sabem que o povo brasileiro não tem
31:40educação política, então ele sabe que
31:42a maioria das pessoas que votaram
31:44nele, é, neles, nem sabe desse
31:47voto ou se ficou sabendo, não
31:49entendeu muito bem o que é e, e aí
31:51é um, uma carta branca pra eles
31:55fazerem o que quiserem, então o
31:56político ele tem que ser muito
31:58ético, ele tem que ser muito íntegro
32:00como o coronel foi e realmente eu tô
32:01de coração admirada pra fazer um
32:04voto às vezes difícil, de
32:06contrariando às vezes o partido, o
32:07grupo, é, porque ele no final do
32:09dia ele sabe que de repente ele não
32:11vai, é, assim, aquele voto ali não
32:14vai tirar a eleição dele, dependendo,
32:16entendeu? Ele poderia dar aquele
32:17voto e continuar.
32:21Perfeito. Eu passaria a a doutora
32:25Juliana justamente pegando o gancho do
32:27que disse o deputado federal
32:29coronel Tadeu, que disse a Laís
32:31Soares com relação a a questão da,
32:34que no fim é a questão da corrupção,
32:37né? Eh, queiramos ou não, a questão da
32:39peca da blindagem envolve uma questão
32:41eh, da corrupção. A corrupção é uma
32:43questão eleitoral importante no país,
32:46eh, especialmente a partir dos anos
32:48cinquenta do século passado, aqui em
32:50São Paulo, principalmente São Paulo
32:52era o centro dessa discussão e tinha
32:54um político, usava um símbolo muito
32:56fácil, que qualquer um entendia pra
32:58acabar com a corrupção, que era a
32:59vassoura, eh, que começou como
33:01vereador, deputado estadual, eh,
33:04prefeito, depois governador, depois
33:06presidente da república, que é o
33:07Jânio Quadros. E aquilo teve um
33:09efeito grande na discussão nacional,
33:11tanto que nas eleições que ele foi
33:13eleito presidente, na época se
33:14votava separado presidente e vice,
33:17havia um candidato e votava se você
33:18escolher como você queria, não tinha
33:20a chapa, né? Na Constituição de
33:221946, o sistema eleitoral adotado no
33:25Brasil era distinto. E um dos
33:26candidatos, o Fernando Ferrari, lá de
33:28Porto Alegre, quem vai lá, tem uma
33:30avenida muito importante, chamada
33:31Fernando Ferrari, era o candato das
33:33mãos limpas e sempre fazia que era o
33:35candidato que, como vice-presidente,
33:38colocava como pauta central a
33:39corrupção. Bem, a corrupção dali
33:41pra frente, especialmente a partir
33:43dos anos setenta em São Paulo, se
33:46foi identificado com um político que
33:47é o Paulo Maluf, isso todo mundo
33:48sabe, né? Nenhuma novidade para o bem
33:51ou para o mal, certo ou não, né? Mas
33:53havia esse tipo de identificação. Bem,
33:56chegamos ao post-trécio no século
33:58vinte e um, Lava Jato, Mensalão,
34:00ação penal quatrocentos e setenta,
34:02Petrolão e da voto, falar da
34:05corrupção. A pergunta é, em síntese,
34:07corrupção, ela, doutora Juliana, ela
34:10tem cor política? Quer dizer, quando
34:12alguém está no poder, o partido X
34:14diz que combate a corrupção e o
34:17partido Y diz que não combate. Quando
34:19é o inverso, o partido Y diz que
34:21combate e o partido X diz que não
34:23combate. Comece a questão dentro da
34:25sua análise no campo da ciência
34:26política. Então, Vila, então a
34:29todos aqui, você falou do Jânio
34:33quadros, né? Eu fiquei pensando na
34:34música do Vá Rir, Vá Rir, Vassourinho.
34:36Que é um slogan fortíssimo, né?
34:39Eu tinha até rir. É. O Vá Rir,
34:41Vá Rir, Vassourinho foi muito
34:42boa, né? É um grande slogan. Muito
34:44boa. Então, olha só, eu vejo a
34:48questão do combate à corrupção como
34:51uma questão mais republicana do que
34:54democrática, efetivamente. Tem uma
34:56diferença aqui conceitual, porque
35:00quando a gente pensa num
35:02republicanismo, nós estamos pensando
35:05em um conjunto de iguais. Se não
35:08concordar, eu gostaria que você até
35:09falasse pra mim também, tá? Pode
35:11intervir aqui na minha fala, por
35:13favor. Então, mas a gente pensa em
35:17igualdade, né? Nós estamos querendo
35:20discutir questões sobre igualdade
35:25dentro do próprio republicanismo, de
35:29certo modo. Na democracia também, no
35:32aspecto democrático também, tem uma
35:35questão de igualdade, mas ela é um
35:40pouco diferente da, de um aspecto ou
35:44outro, do que é republicano, do que é
35:46efetivamente democrático. Então,
35:49a pauta da corrupção, o que eu
35:56entendo, é que ela, ela, ela, ela acaba
36:00se adequando mesmo a regimes
36:02democráticos, o que é muito triste. Eu
36:06não, eu não sei se eu vou conseguir
36:07explicar exatamente o que eu quero
36:09explicar, professor Vila, mas você tem
36:11uma sabedoria enorme, você pode me
36:13ajudar com isso aqui. É, se a gente for
36:17falar em democracia, sobre direitos,
36:20sobre costumes, sobre, é, igual,
36:23pessoas iguais, né? Sobre igualdade
36:27dentro da democracia, isso pode tudo
36:30acontecer e mesmo assim com muita
36:34corrupção. É isso que eu tô querendo
36:36dizer, entendeu? Ah, você pode
36:39encontrar valores democráticos sem
36:42necessariamente ter um valor
36:44republicano muito bem estabelecido. Eu
36:47acho que a questão
36:48é, da corrupção é um valor
36:53republicano, de igualdade
36:55republicana e isso não tá muito bem
36:57estabelecido no país. Tanto é que as
36:59pessoas acham normal, sabe assim, elas
37:02acham muito legal assim, sou super
37:05democrático, sou moderno, sou assim, sou
37:09assado e faço isso, faço aquilo. Aí
37:12você fala assim, bom, da onde saiu
37:15tanto recurso? Mas da onde foi o
37:18dinheiro tal? E você tem um discurso
37:22progressista assim, mas tá saindo o
37:24dinheiro dali? Como é que é isso? Né? A
37:27gente quer questionar isso. E não vale.
37:30A questão é republicana, entendeu? Eu
37:34acho que é isso. É, deputado, eu vou
37:37aproveitar, nós estamos indo já pro,
37:38caminhando pra segunda parte, indo pro,
37:41já pro, quase pro final do programa, mas
37:43ainda temos algum tempo, daí que eu
37:45gostaria que fosse o mais breve possível
37:47a resposta dos convidados. Vou colocar
37:49uma questão pro senhor, o senhor tá aí no
37:51Congresso Nacional, na Câmara dos
37:53Deputados, já que nós falamos de
37:56corrupção, há muitas acusações sobre as
37:59emendas parlamentares, inclusive uma
38:01discussão que envolve a participação do
38:03Supremo Tribunal Federal, sobre a
38:05destinação dessas emendas. O ministro
38:07Flávio Dino tem insistido no simples
38:10cumprimento da Constituição, a cabeça
38:11do artigo trinta e sete da Constituição
38:14é muito clara, sobre a administração
38:16pública direta ou indireta, que deve se
38:18pautar por legalidade, impessoalidade,
38:20moralidade, publicidade e eficiência.
38:23Portanto, o que ele deseja é
38:24simplesmente cumprir o que parece
38:26estranho, a Constituição. Porém, há um
38:29choque com alguma, com alguma fração,
38:32vamos chamar assim, do Congresso
38:33Nacional, em especial com a Câmara dos
38:35Deputados. Eu pergunto ao senhor, de
38:37forma sintética, né? Qual a posição do
38:41senhor sobre as emendas parlamentares, né?
38:44Elas devem ser positivas ou não, como
38:46são? E sobre a questão dos valores?
38:49Bom, Bila, você me obriga a voltar um
38:52pouquinho no passado e explicar como é
38:54que surgiram essas emendas
38:56parlamentares, não é mesmo? Bom, primeiro
38:58o seguinte, a corrupção não é exclusiva de
39:00nenhum tipo de regime político ou regime
39:03democrático ou republicano. A corrupção, ela
39:05faz parte, a partir do momento em que se
39:07vê dinheiro na frente, se a natureza do
39:09homem for desviar dinheiro, ele vai
39:11desviar independente de lado político,
39:13independente de ideologia. A oportunidade
39:16faz o ladrão? Não, o ladrão já nasce
39:17feito, ele só precisa estar ali no
39:19momento certo para poder dar aquela
39:21bocanhada no dinheiro. E isso é muito,
39:25isso se, assim, se potencializa cada vez
39:28que a gente entra dentro daquele
39:30Congresso Nacional e sabe que o que mais
39:31acontece é isso. As emendas
39:33parlamentares, Bila, elas foram
39:34instituídas em dois mil e treze no
39:36governo Dilma Rousseff. E por que que
39:38elas foram instituídas? Porque a Dilma
39:39naquela época se recusava a distribuir
39:42ministérios e cargos para os partidos
39:44políticos que estavam aonde? Dentro do
39:46Congresso Nacional, no Senado e na
39:48Câmara. A partir daí, então, se
39:50instituiu as emendas parlamentares, que
39:52era uma forma de dar uma bocanhada no
39:54dinheiro do governo. Deputado e senador
39:56foi feito para legislar e fiscalizar
39:59somente isso. Não existe essa terceira
40:02função na Constituição e me
40:04corrijam se eu estiver errado. Portanto,
40:06essas emendas não existem. Só que é de
40:08dois mil e treze pra cá. Essa coisa
40:10tomou um volume absurdo, porque cada
40:13vez mais o Congresso avançou em cima do
40:17orçamento federal, no sentido, com
40:19aquela narrativa, eu vou dizer
40:21claramente, com aquela narrativa podre de
40:23dizer, o Congresso precisa participar do
40:26orçamento, mas já participa, pois é o
40:28Congresso que modifica o orçamento. Uma
40:31vez que ele modifica, tanto na LDO e
40:34depois na LOA, e votam favorável ou não
40:37favorável, mas eles votam, eles estão
40:39participando do orçamento. Por que que no
40:41ano seguinte tem que ter dinheiro? Sabe
40:43por quê? Porque eles não fiscalizam e
40:45muito menos legislam. Então, eles
40:47precisam mostrar que estão fazendo alguma
40:49coisa e aí vem aquela história, vou
40:51entregar ônibus, vou entregar ambulância,
40:53vou entregar trator, vou entregar asfalto,
40:55vou entregar dinheiro para a saúde. Então,
40:57virou um jogo político, um círculo, um
41:01círculo vicioso, muito perverso. Se não
41:04tiver dinheiro, ele não se elege. E você
41:06está aí, Vila, assim, estou sendo bem
41:07sintético, porque eu poderia falar muito
41:09sobre isso. E aí vira esse círculo
41:11vicioso, que se o deputado não tiver
41:13emenda, ou seja, se ele não abocanhar o
41:17orçamento federal, ele não volta para a
41:20cadeira que ele tanto deseja. E isso o
41:21político tem muito medo. Por isso é que
41:23vieram essas tais emendas. Aí você pode
41:25dar o nome que quiser, emenda impositiva
41:28de bancada, emenda de comissão, emenda
41:30PIX, emenda do relator, emenda disso,
41:32emenda daquilo. O que não falta é
41:34tipos de emendas simplesmente para tirar
41:36o dinheiro do Poder Executivo que
41:38deveria administrar o Brasil com aquele
41:40dinheiro e muitas vezes não administra
41:42justamente por conta de um Congresso
41:44que põe ali um freio. Isso eu digo
41:46para todos os governos.
41:48Laís Soares, por favor, dentro dessa
41:51mesma perspectiva da concisão, a sua
41:55opinião sobre essa questão das emendas
41:57parlamentares, que elas são impositivas,
42:00o deputado lembrou bem o momento em que
42:03o Congresso aprovou essas emendas
42:06impositivas, até pelas razões o deputado
42:09apresentou bem, porque elas foram
42:11apresentadas e aprovadas naquele momento,
42:14lembrar logo depois quem vai presidir a
42:16Câmara, é um senhor, um deputado muito
42:18influente à época, o Eduardo Cunha, que
42:20depois acaba tendo problemas com a
42:22Justiça, mas isso é uma outra questão.
42:24Eu pergunto à senhora, como é que é,
42:26como é que a senhora analisa a questão
42:27das emendas parlamentares?
42:31Eduardo Cunha, que está em Minas
42:33Gerais e pretende ser candidato a
42:36deputado federal pelo meu estado, né, e
42:38está distribuindo aí milhões para
42:41políticos, comprando apoios, dizem que
42:45até igrejas evangélicas ele está
42:47abrindo, é uma coisa assim inacreditável.
42:50Bom, eu queria comentar sobre a
42:52corrupção, em geral, o que eu posso
42:54afirmar, sem nenhum medo de errar e com
42:57muita dor no coração, é que a corrupção
42:59no Brasil, ela é endêmica, ela está
43:02completamente arraizada e espalhada no
43:05sistema político brasileiro e como o
43:07deputado bem disse, não tem lado, não
43:09tem partido, não tem ideologia, é de norte
43:12a sul, de leste a oeste e acho que a
43:14Juliana foi brilhante de falar sobre
43:16essa questão, né, de ser republicano
43:19versus ser democrático, né, eu acho que
43:21você tem toda a razão, Juliana, tem
43:24alguma coisa aí de errado, usaria de
43:27ajuda de algum sociólogo, antropó, para
43:29entender o que que, onde é que falhou a
43:32formação do caráter, da cultura, do
43:35brasileiro, onde os fins justificam os
43:37meios e se tiver tudo certo, se a
43:39economia estiver bem, se tiver rodando as
43:42coisas, não tem problema, tá, tem
43:43corrupção, né, assim, parece que a gente
43:46não tem esse valor mesmo muito
43:48consolidado e eu digo sempre muito, Vila,
43:50é, nesses últimos meus, anos meus aí na
43:53política, é, eu sempre disse isso para as
43:55pessoas, olha, é, ah, tem muito corrupto
43:57na política, tem, com certeza, tem muita
43:59gente corrupta na política mesmo, em
44:01todos os, todos os cantos, tem algumas
44:03pessoas boas, tem, mas só tem muita
44:05gente corrupta na política, porque a
44:07política é o reflexo da sociedade.
44:10Então, assim, eu já falei isso em
44:12algumas, em alguns momentos e as
44:13pessoas ficam escandalizadas, é uma
44:14coisa polêmica, mas é verdade, é
44:16verdadeira, na minha opinião. A, a, a
44:19sociedade brasileira, a população
44:20brasileira, ela tem a corrupção
44:22naturalizada, todo mundo acha
44:25tranquilo, subornar o fiscal, furar a
44:28fila, falsificar o atestado médico, é,
44:31tudo isso é corrupção, né, então,
44:33assim, acho que infelizmente a gente é, é
44:35uma sociedade corrupta, que elege
44:38político corrupto justamente porque é
44:40uma sociedade corrupta, porque vende
44:41voto, né, e aí, entrando nas emendas,
44:44é, professor, eu considero essas emendas
44:47uma aberração, uma completa, é,
44:52disfunção na nossa democracia, com
44:55consequências gravíssimas para a
44:57política brasileira e para o
44:58movimento do Brasil, porque hoje, o
45:01que que, o que que viraram essas
45:02emendas? E eu posso falar disso com
45:03propriedade, porque eu conheço muito
45:04políticos, eu tô na política há muito
45:05tempo, já fui de outros partidos e
45:07tal, é, essas emendas, hoje elas, elas
45:10servem para três coisas, é claro que
45:12tem uma exceção, uma minoria que não
45:14desvia, que não faz nada de errado, mas
45:17uma boa parte do Congresso Nacional,
45:20ela usa essas emendas para caixa
45:21dois de campanha, compra de voto e
45:25enriquecimento ilícito. São essas três
45:28coisas que acontecem nessas emendas, caixa
45:30dois de campanha, compra de voto,
45:32enriquecimento ilícito. Quis até
45:34repetir para ficar bem claro para o
45:36nosso ouvinte. Por isso, que eles
45:38matam e morrem por causa dessas
45:40emendas no Congresso. Eles votam o que
45:42for, eles podem, enfim, ser algo
45:45completamente contrário ao que eles
45:46pensam, se o governo chegar e oferecer
45:48emenda, oferecer dinheiro, eles votam,
45:50porque é muito forte, né, assim, é um
45:52sistema, se alimentar a caixa dois de
45:54campanha, que é a sua perpetuação no
45:56poder, mas a compra de voto e ainda
45:58ficar rico com isso, é o melhor cenário
46:00do mundo, né? E aí você não tem
46:02fiscalização. Então, assim, e aí, Vila, eu
46:05queria trazer para concluir minha fala,
46:07além desse drama, desse desvio do
46:11dinheiro público para esses fins ruins,
46:14você tem uma ineficiência do gasto, de
46:17ficar mandando trator onde não precisa,
46:18mandando ambulância para onde não precisa,
46:20porque isso dá voto aí, inventa de fazer
46:23trem e ponte sem precisar, entendeu?
46:25Porque isso dá voto. Então, assim, o
46:28Congresso sequestrou o orçamento,
46:31optou o orçamento, né, o orçamento é
46:33refém hoje do Congresso e, para
46:36priorar, além de todos esses problemas,
46:39você torna a renovação política no
46:42Brasil, que eu sei que é uma pauta que a
46:43Juliana gosta muito, que a gente tem,
46:44tem, né, tem tudo a ver nisso, e ela é
46:46cientista política, a sua possibilidade de
46:48renovação, ou seja, de novos entrantes,
46:51de pessoas de fora, como eu e outras, né,
46:54que às vezes não tem aí dinheiro, não
46:56tem muito poder, não tem família
46:58influente e tal, mas quer entrar na
46:59política para contribuir, fica quase
47:01impossível, Vila, fica quase impossível.
47:04E a Juliana, que é cientista
47:05política, ela vai entender isso muito
47:06a fundo, assim, quando eu fui candidata
47:09a deputada federal, eu não conseguia
47:11apoio de nenhum vereador, nenhum
47:13vereador, nem na minha cidade, nem na
47:15região, sabe por quê? Não é porque eu
47:18era uma candidata ruim, eu não tinha
47:19boas ideias, não tinha boas propostas,
47:21é porque eu não tinha emenda, eu não
47:23tinha emenda para dar para eles, então
47:24eles apoiavam os deputados que davam
47:27emenda, e é isso no Brasil inteiro,
47:29entendeu? Então qualquer pessoa que está
47:31me ouvindo aqui, que tem um dia
47:32vontade de entrar para a política, de
47:34ser um deputado, vai ter um desafio,
47:36assim, quase impossível, assim, homérico,
47:39porque você não tem acesso aos bilhões
47:41do fundo, aos milhões do fundo
47:42eleitoral, você não tem emendas para
47:44comprar voto, nem para comprar apoio
47:47político, e aí, você vai disputar como,
47:49né, então, é isso.
47:50Juliana, é, pegando esse gancho, então, a
47:55doutora Juliana, essa questão da
47:57relação entre emendas parlamentares,
47:59política brasileira e corrupção, quer
48:01dizer, no campo da ciência política, como é
48:03possível interpretar, analisar, e se for
48:06possível, a quem nos acompanha, apontar
48:08algum caminho de saída, eu sei que não
48:11necessariamente no campo da ciência, cabe
48:14esse ao pesquisador apontar um caminho de
48:16saída, mas é uma questão forte, presente,
48:19e cada vez maior, porque as emendas a
48:21cada ano, elas aumentam de valores, né, e
48:23elas passam a ter uma relação direta, e
48:26foi bem destacado pela Laís, com o
48:29processo de reeleição dos parlamentares, e
48:31o próprio deputado, coronel Tadeu, já
48:34tinha lembrado disso também. Como é que
48:36fica isso no campo da ciência política?
48:38Então, antes, só uma questão, eu achei
48:41muito legal o que a Laís falou, anos
48:44atrás, eu acompanhei, é, engajamento dela,
48:47político também, mas de perto, achei muito
48:50interessante, eu não sabia que ela estaria
48:52aqui hoje, nem ela saberia que eu estava
48:55aqui hoje, né? Então, é, é muito
48:57interessante a gente fazer esse diálogo e
49:01essa reflexão, porque ela passou por muita
49:03dificuldade mesmo, como, como primeira, com as
49:08primeiras candidaturas, isso é muito
49:09difícil na política, pra quem quer fazer
49:13essa, essa primeira entrada. É, não tem
49:16emenda, emenda não tem lastro, Vila, esse
49:19é o maior problema, acredito eu, é o
49:22lastro dessas emendas, porque se existem
49:25recursos que são destinados e que eles
49:28são bem investidos, eu não acredito que
49:31isso seria um problema, mas não tem
49:33lastro, ninguém sabe efetivamente como é
49:37que esses recursos estão sendo gastos, isso
49:40porque hoje existem algumas outras travas,
49:44algumas outras medidas já, né? Pra que, é, os, os
49:50deputados possam, é, colocar e explicar pra
49:56onde vão ser destinados, mas não, não tá
50:00ainda coeso, então não tem lastro, é, é um
50:04dinheiro que vem, ninguém sabe onde vai, pra
50:06onde gasta e não sei o que, não tem
50:08laço, e aí eu vou complementar com uma
50:11coisa, gente, eu quero que vocês prestem
50:14muita atenção em mim aqui, eu vou até
50:17fazer uma cara bonita aqui, porque é
50:19questão eleitoral, no, na última eleição
50:23existiram mais de cinco bilhões de
50:27recursos públicos, cinco bilhões, cinco
50:32bi, pra campanhas eleitorais, então quando
50:36a Laís fala assim, ah, esse dinheiro, é, que é
50:42sem lastro das emendas parlamentares, também
50:44vão pra gastos de campanha, não sei o que,
50:46gente, tá, tá bom, vou imaginar que seja
50:49isso mesmo, não é uma crítica, Laís, tá? E os
50:52cinco bilhões, pra campanhas eleitorais, são
50:57cinco bilhões, assim, no azul, é de boa, é pra
51:02gastar mesmo, cinco bilhões pra gastar, vocês
51:06têm ideia do que vai ser o ano que vem, em
51:10dois mil e vinte e seis, vai ser muito mais do que cinco
51:13bilhões destinados pra, pras campanhas
51:17eleitorais, não sou contra, sou até favorável pela
51:22comunicação política, pela, pela imprensa, pela mídia, por
51:28tudo, pelos colegas que trabalham, pelos
51:30marqueteiros, comunicadores, políticos, não é essa
51:33questão, eu tô falando que existe muito dinheiro
51:36circulando, de todas as formas, então existe o
51:40dinheiro ali das campanhas, existe o dinheiro das
51:43emendas, onde a gente não sabe, e é o balde com
51:48furos, né, Vila? É o balde que você vai pegando
51:51assim, ó, ele tá furado, você nunca vai conseguir
51:54colocar a água no lugar, por quê? O balde tá furado, não
51:59é? Como é que a gente vai tapar esse balde? Essa é a
52:02questão. Nós estamos indo pro final do nosso
52:05encontro, vejo, foram inúmeras questões, eh,
52:08discutidas e colocadas pelos convidados, eh, de
52:11pontos de vista distintos, ah, eh, mas
52:15reflexões são importantes, e esse é o papel,
52:17inclusive, do visão crítica, que é mostrar a quão
52:20plural é a política e as dificuldades que a gente
52:23vive no presente, mas caminhos também de
52:25superação. Eu tenho só, e peço desculpas aos
52:28nossos convidados, só três minutos, eu tô igual uma
52:30campanha eleitoral, sabe um debate eleitoral que tem
52:32um minuto? Então eu pediria que em um minuto me
52:35respondesse, eu sei que é uma questão
52:36complicada e começando pelo deputado, o
52:38coronel Tadeu, se é, em um minuto, por favor, se o
52:42senhor é favorável ou não ao voto distrital que
52:44poderia, ou distrital misto, se é uma alternativa ao
52:47voto proporcional, sim ou não?
52:49Um minuto é uma eternidade pra quem usa aquela
52:54tribuna, Vila. Eu sou favorável ao voto distrital, sou
52:57contra o voto misto, porque ele vai, pode colocar
53:00pessoas que não foram eleitas pelo povo, mas o voto
53:04distrital, eu acho que ele é coerente, ele dá
53:06representatividade, o estado de São Paulo é um exemplo
53:09disso, eh, nós tivemos épocas aqui onde praticamente
53:13algumas regiões do estado foram, eh, deixaram de ser
53:16representadas por algum deputado federal ou até mesmo
53:19estadual por, por esse tipo de eleição que é adotado
53:22hoje. Então, eu sou a favor do distrital, mas contra o voto
53:26misto. Obrigado. Ah, e pelo cumprimento do tempo também,
53:30muito obrigado, é, é, é, coronel, é, é um homem da
53:34hierarquia da disciplina, assim que tem de ser. Eh, Laís
53:38Soares, por favor, você é a favor ou contra o voto
53:40distrital? Só a favor do voto distrital, achei brilhante
53:45o senhor trazer isso, porque eu ia falar sobre isso, eh, que é
53:48uma das poucas, eh, dos poucos mecanismos que a gente tem
53:52hoje, eh, na política, a gente teria pra reduzir o custo das
53:56campanhas, né? Eh, a gente obrigaria a os deputados, os
54:00políticos a gastarem menos, porque a gente reduziria a área de
54:02campanha, então ficaria, eh, enfim, né? Muito mais difícil
54:06gastar tanto, vamos dizer assim, né? E, e ficaria mais
54:08possível que novos entrantes como eu conseguissem, eh, fazer a
54:13campanha ali, nem que fosse porta a porta, né? Batendo,
54:15enfim, rodando ali, pé no chão, tênis, etc. Então, sou a favor
54:19sim, não sei se precisa, enfim, precisa aprofundar sobre ser
54:21misto ou não, acho que isso é, é, não é o central, acho que
54:25isso é importante, mas não é o central. A grande questão é ter o
54:28voto distrital o quanto antes, pra que a gente reduza os custos
54:31de campanha. Juliana, por favor, em um minuto aí. Tá bem,
54:35concordo com o voto distrital, fazendo uma
54:37complementação aqui, que anos atrás, dois anos atrás, mais ou
54:41menos, professor Vila, eh, os parlamentares deram uma grande
54:47pernada na sociedade brasileira, a partir da aprovação da
54:53anistia da cotas das mulheres e dos negros, vocês tiveram a
54:57coragem de pedir anistia do custo que tinham que pagar por não
55:03terem cumprido a cota das mulheres e dos negros. Olha,
55:09pernada, hein? Pernada, ó. A gente tá de olho. Só isso.
55:14Eu queria agradecer muito, ah, hoje vocês viram que nós discutimos
55:18questões amplas, mas importantíssimas da política nacional, aqui no
55:22estúdio, a cientista política, doutora Juliana Fratini,
55:26remotamente deputado federal por São Paulo, pelo PL de São Paulo,
55:29coronel Tadeu, muito obrigado por ter atendido o nosso convite,
55:32Alain Soares, que é consultora em gestão pública e primeira
55:37suplente deputada federal em Minas Gerais e presidente do PSD
55:40Mulher. E aproveitar, por fim, para convidá-los, a todos que me
55:44acompanham, pro lançamento do meu livro aqui, Canudos, o povo da
55:48terra, que é minha tese de doutorado, na segunda-feira, dia
55:52seis de outubro, dezenove horas, livraria da vila, Shopping
55:56Genópolis. Dia seis de outubro, segunda-feira, livraria da vila
56:01no Shopping Genópolis, minha tese de doutorado, que é o Canudos, o
56:05povo da terra. Aguardo todos vocês lá e nos encontramos amanhã no
56:08Só Vale a Verdade, às vinte e duas horas. Até.
56:14A opinião dos nossos comentaristas não reflete necessariamente a
56:19opinião do Grupo Jovem Pan de Comunicação.
56:26Realização Jovem Pan
Recomendado
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