Economistas defendem negociação com Estados Unidos após anúncio de tarifaço

Name: Economistas defendem negociação com Estados Unidos após anúncio de tarifaço
Uploaded: 2025-07-11T02:36:25+00:00
Duration: 10 min 21 s
Channel: Jovem Pan News

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No Visão Crítica, Nelson Marconi, Roberto Dumas e Roberto Gianetti da Fonseca analisam o tarifaço anunciado por Donald Trump contra produtos brasileiros. Os economistas questionam como a polarização política no Brasil pode ter influenciado para a decisão do presidente norte-americano. Eles questionam o mau posicionamento dos políticos brasileiros frente a essa medida, reforçando a urgência de uma negociação madura para proteger a economia nacional dos impactos comerciais.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/2fZlFTpCPxc

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00:00Então, eu sei que nós somos um terreno pantanoso, não dá pra prevenir de saber direitinho.

00:06Inclusive que as medidas só vão ser adotadas a partir de 1º de agosto, vale lembrar.

00:10E pro Trump, entre hoje e 1º de agosto, é uma eternidade, porque é bom lembrar que o governo começou a 20 de janeiro, salvo engano,

00:17mas dá a impressão que começou há 30 anos, né? Porque morreu tanta coisa, então curto espaço de tempo.

00:22Então, no caso nosso aqui do Brasil, relações com os Estados Unidos, especialmente,

00:26e a questão que envolve o câmbio, pressões políticas, frases infelizes, não entende, eu vi agora políticos falando,

00:32eu tenho vergonha de políticos brasileiros falando sobre essa questão, nem sabem o que estão falando,

00:37sobre o Supremo Tribunal Federal, é do desconhecimento, a ignorância hoje virou empoderamento, né?

00:43Então, é triste, eu digo isso de forma muito clara, porque eu tenho vergonha do que eu vejo no parlamento brasileiro.

00:48Então, eu passo pra você, Roberto, já caminhando pro nosso final.

00:51Bom, como é que fica, então, eu sei que a pior coisa em economia é a imprevisibilidade, né?

00:57Isso é uma coisa tenebrosa.

00:59Imagina alguém fazer um plano de médio prazo, é impossível, né?

01:03Pro seu negócio ou exportação, em suma, o que ele estiver fazendo nos vários ramos da economia.

01:08Como é que ficamos? O governo brasileiro deve agir como, né?

01:11A sugestão apresentada, eu achei excelente, do Janete, do papel do vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro também,

01:18de uma comissão de negociação, né?

01:21De conversar e para buscar chegar a um acordo.

01:25Como é que você entende isso agora?

01:27O que que nós, pra onde nós vamos?

01:29Ao menos hoje, né?

01:31Nesse dia aqui, vou até marcar aqui, dia 10 de julho, pra gente não esquecer.

01:35Não quer dizer que nós vamos.

01:37Sim.

01:38Eu concordo plenamente com o que o doutor Roberto Janete colocou aqui.

01:42É importante ter um conselho, um comitê, o que quer que seja, liderado pelo vice-presidente,

01:49por setores privados, e tentar negociar.

01:52Olha, quem tá na cadeira de cima, não sabe muito bem o que tá acontecendo.

01:57Quem tá na cadeira de baixo, sabe que nós vamos sofrer.

02:02Como falam, amor e briga de elefante,

02:06quem sofre é a grama.

02:08Então, a gente precisa saber que nós dois vamos perder aqui.

02:13Então, é importante que vocês, do setor privado dos Estados Unidos,

02:19exerçam o seu papel moderador junto a Trump e falam,

02:23olha, isso aqui não dá certo.

02:26Não dá certo.

02:26Porque partir do STF, isso é inegociável.

02:31Isso não tem carta na manga.

02:32Não é questão de defender Bolsonaro ou defender Lula.

02:38É soberania.

02:39É soberania brasileira.

02:42Muita gente pode estar ouvindo aqui e falar, você tá defendendo isso.

02:44Eu não tô defendendo nada, eu tô defendendo a soberania.

02:48Eu não sou advogado, eu não sou jurista, eu não sou nada disso constitucionalista.

02:52Mas é brasileiro.

02:53Mas eu sou brasileiro.

02:54E o que o STF determinou está determinado.

02:56Não vai chegar alguém lá de fora e falar, olha, a democracia é isso.

03:01É o choque de poderes.

03:03É o choque de poderes.

03:05Que, aliás, diga-se de passagem só, eu já sei que meu tempo tá acabando.

03:09A questão do IOF, só um paralelo aqui.

03:13O Alexandre de Marais falou que precisamos de uma conciliação do Executivo e Legislativo.

03:17Não!

03:18O Executivo tem uma força, o Legislativo tem outra.

03:21Eles precisam debater pra atender as necessidades da população.

03:27Então, o desacordo é importante.

03:31A conciliação com o desacordo.

03:35Veja o Parlamento Britânico como que é a briga.

03:38Sim.

03:39Alguém assistir a Câmara dos Comuns fica assustado com as reuniões, né?

03:43Porque as pessoas imaginam que é o Congresso Brasileiro.

03:46É uma piada, né?

03:47Agora, e aí disse o ministro, falou, viu, Dino, eu passo pro Janete, consertação com C, né?

03:53Não com S.

03:54Então, essa questão, como é que nós vamos, afinal, dar o passo adiante?

04:01Porque é um choque, claro.

04:03Eu nunca vi o Departamento de Estado, nós conversamos até pouco antes,

04:07provavelmente nem tenha tomado, originalmente, conhecimento dessa correspondência,

04:11que não é nem correspondência, foi colocado numa rede social, né?

04:14Porque o Departamento de Estado, a tradição norte-americana, são de excelentes quadros, né?

04:20E eu não sei o que aconteceu.

04:21Claro que o secretário de Estado é uma pessoa limitada, Marco Rubio, de uma limitação muito grande.

04:26Mas, mesmo outras vezes, teve secretário de Estado limitados, mas com quadros excelentes que o Sr. Cabo.

04:32Não parece agora.

04:33E aí, como é que nós ficamos, então, nessa consertação, nessa negociação entre nós e os Estados Unidos?

04:40Primeiro, eu quero fazer uma observação, Vila, é o seguinte.

04:45Eu desconfio, percepção pessoal minha, de que essa carta nem passou pelo Departamento de Estado.

04:52Ela foi enviada e assinada na Casa Branca para a rede social,

04:58e o Departamento de Estado tomou conhecimento pela rede social, assim como o Brasil.

05:02Possivelmente.

05:02Então, isso é de uma loucura, do ponto de vista de...

05:06E a explicação...

05:07Formalidade.

05:08Tem que ter um ritual, um formalismo entre os países.

05:10Não se faz isso.

05:11Foi um cut and paste.

05:13Agora, essa questão da cegueira das pessoas, que você estava falando há pouco,

05:18de não entenderem o que está acontecendo.

05:21Tem uma frase aqui, que eu até capturei para trazer aqui para o programa, para lembrar dela,

05:26de um brasileiro que admiro muito, que é o Ariano Suassuma,

05:29que falou o dia o seguinte.

05:32Não é possível convencer um fanático de coisa alguma,

05:36pois suas crenças não se baseiam em evidências,

05:41baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar no que quer.

05:46Exato.

05:47Então, é isso.

05:48Então, eles acreditam no que eles querem.

05:50E tem outra também, desculpa.

05:52Eu gostava muito do Paulo Francis.

05:54Não deixe os fatos mudarem sua opinião.

05:59Mas é isso.

06:01E quando nós vamos para o campo da irracionalidade,

06:05fica muito difícil discutir racionalmente essas questões.

06:08Pois é.

06:09Que é bom lembrar.

06:10Porque o fanático você não consegue discutir.

06:12Ele tem uma visão cega.

06:14Ele não acredita em qualquer outro fato, a não ser aquele que ele crê.

06:18Por fanatismo, por polarização.

06:21E infelizmente, nós estamos vivendo hoje num mundo cheio de fanáticos.

06:25E não há melhor exemplo de fanático hoje no mundo do que o Trump.

06:29Sim.

06:29Que acredita em si mesmo, na sua verdade absoluta.

06:33E daí ele, com a prepotência que tem,

06:37seja com o empresário, já tinha e continua agora no governo,

06:41querendo impor a sua vontade de forma agressiva, unilateral,

06:45sem menor preocupação com as consequências.

06:52Hoje, a presidente do Conselho da União Europeia fez um discurso também importante,

06:57acho que numa reunião entre França e Itália, você ouviu ou não?

07:00Sim.

07:00E que falou o seguinte,

07:02esse homem não sabe quantos milhões de pessoas ele está afetando.

07:07Quantos milhões de pessoas estão sendo desempregadas?

07:10Quantos milhões de consumidores estão sendo prejudicados?

07:13Porque os produtos ficarão mais caros, os empregos desaparecerão.

07:18Quer dizer, nós estávamos tentando construir um mundo multilateral,

07:22cada vez com mais livre comércio, com vantagens comparativas,

07:26trazendo benefícios para o conjunto da humanidade.

07:29De repente, vem um cara que puxa o tapete, joga tudo para o ar.

07:33E erra na concepção macroeconômica.

07:35Um retrocesso.

07:37Nós estamos vivendo um retrocesso gravíssimo.

07:41Por isso a nova ordem econômica mundial é o único caminho que eu vejo de colocar de novo a casa em ordem.

07:48E aí não é pelos Estados Unidos, é pelos BRICS.

07:52Nós vamos ter que fazer a lição de casa.

07:54E junto com China, com Índia, com Rússia, eu sei que somos todos heterogêneos,

07:59não temos a mesma opinião, não temos os mesmos regimes e nem devemos ter,

08:04porque cada um tem sua cultura.

08:05Nós falamos há pouco, a reclama é que a China não tem democracia,

08:09mas a China nunca teve democracia, porque agora...

08:12E nem quer democracia.

08:14Temos que respeitar a cultura deles.

08:17Então, eu acho que o que nós temos que buscar é uma nova ordem de entendimento dos países,

08:22porque nós temos um conjunto de pessoas,

08:25os 7, 8 bilhões de pessoas, que seremos logo mais,

08:28e dentro de um outro ponto, que nós não falamos essa palavra ainda aqui,

08:32da questão do meio ambiente.

08:34Claro.

08:34Que esse é um problema transversal de todos e que os Estados Unidos também se retirou do jogo.

08:40Vem aí a COP30, nós vamos ter que negociar as regras de meio ambiente sem os Estados Unidos na mesa.

08:45Isso é um absurdo.

08:47A falta da maior economia do mundo no negacionismo que prejudica toda a humanidade.

08:52Nelson, desculpe, mas um minuto de você com a sua brevidade vai fazer uma síntese do que nós discutimos hoje.

09:00É, o que a gente está vendo é que é uma situação onde você tem um governante com muito poder,

09:06absolutamente deslocado, que a gente não sabe o que ele vai poder fazer.

09:11Para nós é um problema, mas acho que para o mundo todo você está colocando isso.

09:15Quer dizer, e tem quatro anos pela frente.

09:18Se é que vão ser quatro anos só, a gente não sabe politicamente o que ele vai fazer com os Estados Unidos e tal.

09:22Invadiu o capitório de novo.

09:24Então, pode querer transformar os Estados Unidos em uma autocracia.

09:27Ele sim transformar em uma autocracia, os Estados Unidos, é uma coisa muito perigosa.

09:32E, enfim, agora aqui, o que a gente tem que fazer?

09:35A gente tem que olhar para isso e, primeiro, defender os nossos interesses sempre.

09:40Os nossos interesses quais são?

09:41Eu acho que foram colocados aqui vários deles nesse caso.

09:44Você taxar os serviços.

09:46Vamos taxar os filmes americanos?

09:47Eu quero assistir um filme americano, tudo bem.

09:49Mas está certo, o soft power deles, não tenho nada contra os produtores americanos, nem nada.

09:54Mas tem que fazer isso, tem que conversar com os BRICS.

09:56É isso.

09:57Você vai ter que, dentro desse arranjo, procurar outros países para fazer essas coisas.

10:02Porque realmente os Estados Unidos não vão ser mais um parceiro confiável durante a fase do Trump para ninguém.

10:08Não tenho nada contra os americanos.

10:10Eu acho que só o governo do Trump vai realmente causar problemas para todo mundo.

10:15Pode piorar que pode ver o J.D. Vance.

10:17É, exato.

10:18Pior ainda.

10:19Espero ter sido rápido.

10:20Não, foi ótimo.

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