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O economista Eduardo Giannetti da Fonseca é o convidado de Marco Antonio Villa no "Só Vale a Verdade". Giannetti detalha o método que utilizava para manter o rigor intelectual na academia, evitando o extremismo ideológico que, segundo ele, cega muitos economistas.

O professor revela que seu exercício era sempre se perguntar: "O que Karl Marx diria sobre isso?". Uma reflexão profunda sobre a necessidade de ceticismo e moderação na formação profissional e na análise dos fatos econômicos atuais.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/s7KT_s3lwJU

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Transcrição
00:00Mas se nós olharmos a partir de 1948, aqui na América Latina, com a CEPAL,
00:04ela não tem, salvo engano, se me corrija por favor,
00:07esses modelos matemáticos como referência principal,
00:10mas reflexões, muitas vezes até no campo sociológico, né?
00:13Há uma associação de economia e sociologia, né?
00:15Lembrando desde de 1948, né?
00:17É uma economia mais humanística e mais calcada em história.
00:21Essa linhagem, que é a linhagem mais, digamos, de prestígio
00:26nas universidades americanas, inglesa e algumas europeias,
00:31ela não usa história.
00:33Ela tem até um certo distanciamento deliberado da história.
00:39São modelos altamente gerais, abstratos.
00:43A teoria do equilíbrio geral não tem nada de histórico.
00:48Quem existia na história eram os institucionalistas.
00:51Tinha uma escola alemã institucionalista que achava que a economia
00:55não podia perder o pé da história.
00:57E que cada época tinha problemas diferentes e, portanto,
01:00a teoria econômica tinha que tratar dos problemas da época.
01:04Mas não é essa linhagem, digamos, aristocrática,
01:08dos economistas que ganham o prêmio Nobel.
01:11Sim.
01:12Agora menos, mas durante muito tempo era isso.
01:16Pegando aquele jovem na segunda metade dos anos 70,
01:19que está lá na USP, faz economia,
01:21lembrar para vocês que nos acompanham,
01:23a economia tem o CAVC, que é o Centro Acadêmico de Cairu.
01:27Concorri várias vezes.
01:30Aí tem ali, e assim, Sociais, que é um prédio um pouquinho mais distante,
01:34atrás do prédio da história e geografia.
01:36O prédio da história, como é mais conhecido.
01:39Aquele jovem lá, que estava vendo a segunda metade da década de 70,
01:44tem uma militância forte, mas isso tem um renascimento,
01:46com a criação desse livro em 75,
01:48refazendo, vence até as eleições,
01:50vence a segunda em 76 e os estudantes começam a voltar às ruas,
01:55em 77.
01:57E depois tem a tragédia até da invasão da PUC.
01:59Aquele jovem, o que aquele jovem ensina para você hoje?
02:03Tem algum ensinamento, alguma coisa que você aprendeu lá,
02:06que está dentro de você até hoje?
02:07Ah, muita coisa.
02:08Eu fazia economia de manhã e ciências sociais à tarde.
02:12O mundo da economia era dominado pelos tecnocratas deixados pelo Delfim Neto.
02:20E era muito dominado por um pensamento americano,
02:24de livros textos, de manuais, uma economia bem standard,
02:28de graduação americana.
02:31As ciências sociais eram Marx o dia inteiro.
02:34E eu mergulhei nisso com fervor religioso, te garanto.
02:38E eram dois mundos completamente estanques.
02:43A tecnicidade da economia e o marxismo,
02:50que me levou a estudar Hegel.
02:53Eu, a certa altura, me dei conta de que eu não ia ser um bom marxista
02:58se eu não conhecesse os fundamentos filosóficos daquele pensamento.
03:03E a chave da filosofia marxista era Hegel.
03:06Então, eu passei bons anos da minha vida tentando decifrar o indecifrável.
03:14O Nietzsche dizia que o Hegel tinha mais medo de ser entendido
03:19do que de ser mal entendido.
03:24Agora, uma coisa eu aprendi.
03:26Você não pode se apaixonar por ideias
03:30e ter uma relação de fervor com o pensamento.
03:34Isso, na Inglaterra, eu aprendi demais,
03:37mas eu tinha uma experiência prévia
03:40de religião mal direcionada
03:43no marxismo
03:45que é muito perigoso
03:47porque leva ao extremismo,
03:49leva a uma coisa muito apaixonada
03:50e muito presa de pensamento.
03:53Eu passei anos e anos da minha vida,
03:55Vila,
03:56sério,
03:57eu vou dizer sério,
03:57tudo o que acontecia no mundo,
04:00nessa época dos anos 70,
04:02a minha primeira preocupação era
04:03o que Marx diria sobre isso.
04:07E eu confesso que eu fiquei bom nessa brincadeira,
04:10porque eu me dediquei a isso,
04:14como eu disse,
04:15de uma maneira apaixonada,
04:16com fervor.
04:17Eu citava versículo, capítulo, linha,
04:19Ai de quem usasse um conceito
04:22um pouquinho fora do rigor
04:24com o que Marx tinha definido.
04:26Então, tudo o que acontecia no mundo,
04:28a minha primeira...
04:29Como é que o Marx ia entender esse assunto?
04:32O que ele diria sobre isso?
04:35Foi bom ter vivido isso
04:37e poder me libertar.
04:38Sim.
04:39Eu gostei muito do movimento
04:41de poder sair disso
04:43e olhar de fora.
04:44E outra coisa,
04:46é melhor estudar alguma coisa
04:47do que não estudar nada.
04:48Eu posso ter perdido muito tempo
04:50estudando comentadores franceses
04:53do marxismo.
04:53E perdi.
04:55Mas pelo menos alguma coisa
04:57eu estava estudando.
04:58Você falou francês interessante.
04:59Eu de Marx nasci...
05:00Marx nasce em 1818,
05:02aqui nos acompanha.
05:03A cidade de 1794 até 1815
05:06foi França.
05:07É por causa do Congresso de Viena
05:09que passou para Prússia.
05:10Então, por três anos,
05:11ele poderia ter virado
05:12um filósofo francês.
05:13Na verdade,
05:14isso é muito difícil
05:15virar um filósofo francês,
05:16porque toda a concepção
05:16do mundo dele é alemã.
05:18A concepção é totalmente alemã.
05:19E realmente o Hegel
05:20é a figura dominante.
05:22A tese de doutorado do Marx
05:23é em filosofia pura.
05:25É a diferença entre as filosofias
05:27da natureza de Demócrito
05:29e Epicuro.
05:29Epicuro, perfeito.
05:30E o primeiro escrito dele
05:32é uma análise
05:32da filosofia do direito
05:33do Hegel.
05:34E ele, a figura do Hegel
05:36era muito dominante.
05:38A esquerda hegeliana
05:39da qual ele era parte
05:40foi o movimento formador
05:42do marxismo.
05:44Não existe Marx sem Hegel.
05:45Isso é...
05:46É verdade.
05:47A gente lia
05:48o Sagrado da Família,
05:49Bruno Bauris,
05:50ou aí por aí vai.
05:50A esquerda hegeliana.
05:51Isso, a esquerda hegeliana.
05:52Ideologia alemã.
05:53Você falou dos comentadores
05:54do Marx francês.
05:55Eu também,
05:56no campo da história,
05:56não sei porque eu li
05:57tanto alto certo.
05:58O que aquilo serviu
06:02pra mim entender a história
06:02nada absoluto.
06:03A ciência da história.
06:05A ciência da história.
06:05O resto tudo era ideologia.
06:07A ciência tá aqui, né?
06:08E a ruptura,
06:09a ruptura histêmica.
06:11É.
06:12Dos manuscritos
06:13econômicos filosóficos
06:13em 1844.
06:15Diga-se de passagem
06:16o melhor Marx.
06:17Pra mim são os manuscritos
06:18econômicos filosóficos.
06:19É um texto realmente
06:21de uma frescura
06:23de pensamento
06:24e de uma ousadia
06:26de ideias, né?
06:29Eu, eu, eu,
06:30hoje em dia
06:31eu admiro muito
06:31os manuscritos,
06:32o Grundrisse e o Capital.
06:34É a linha mestra
06:35do pensamento de Marx.
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