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A recusa do Tesouro ao empréstimo de R$ 20 bilhões aos Correios expôs uma crise ainda mais profunda. Carlos Honorato, professor da FIA Business School, analisou os riscos de um modelo de negócios sem retorno e os desafios para salvar a estatal.

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Transcrição
00:00Seguindo aqui, Fast Money, agora duas e três, a gente fala do Tesouro Nacional, que rejeitou
00:05nessa terça-feira a proposta do consórcio de bancos para viabilizar o empréstimo de
00:1020 bilhões de reais que salvaria os Correios da crise financeira que a estatal está passando.
00:15A negativa por parte do Tesouro veio porque a taxa de juros oferecida de 136% do CDI,
00:22muito alta para um crédito com garantia do governo.
00:25Agora, os Correios devem levar uma contraproposta aos bancos e aguarda se as instituições aceitam
00:31os novos termos do Tesouro.
00:34A gente vai entender melhor esses desdobramentos, uma conversa agora ao vivo com o professor da
00:38FIA Business School, Carlos Honorato.
00:41Tudo bem, professor?
00:42Boa tarde, seja muito bem-vindo.
00:44Olá, Natália.
00:45Muito boa tarde.
00:46Obrigado pelo convite da CNBC.
00:48A gente que agradece a sua disponibilidade, professor.
00:51Como o senhor vê essa taxa ali de 136% do CDI proposta quando a gente tem um limite de
00:59120%?
01:01Estava na cara já que isso não ia passar, professor?
01:04As críticas foram muito fortes.
01:07Parece negociação de pai para filho.
01:10A gente tem que lembrar que Tesouro Nacional, a garantia do Tesouro Nacional é a melhor garantia
01:15possível.
01:16É a garantia de dívida.
01:17Quer dizer, não existe ninguém com menos risco do que o título do Tesouro.
01:22Então, até se o governo fosse emitir dívida própria, a taxa de juros selic é melhor do
01:27que você pegar dinheiro emprestado a essa taxa.
01:31Então, eu acho que o Tesouro Nacional foi rápido e, eu diria, assertivo em evitar que
01:37a gente tivesse empréstimos disso.
01:39Principalmente porque a gente está encaminhando para uma empresa que ainda não demonstrou um
01:43plano de negócios de reestruturação.
01:45Então, nesse ponto, a gente tem que ser bastante crítico de pegar dinheiro barato, pegar dinheiro
01:51caro para um negócio que talvez não dê o retorno desse investimento.
01:55Porque aí o risco é para quem?
01:57Para quem que ficaria, que sobraria essa conta, professor?
02:01Sobraria para nós, né?
02:03Porque o Tesouro não existe, né?
02:05Quem é o Tesouro somos nós.
02:06O grande problema, Natália, é que a gente está trabalhando com uma empresa, né?
02:13Que por mais que seja longeva, que seja uma empresa admirável, né?
02:17Você tem um problema fortíssimo de modelo de negócios.
02:20Quer dizer, todos os correios e empresas de correios do mundo passaram por problemas similares, né?
02:26Mudou o mundo em termos de correspondência, né?
02:29Do mundo eletrônico, das entregas.
02:31E, infelizmente, o correio não se adaptou a isso.
02:34Então, se você vai colocar um dinheiro para sanear uma empresa, um negócio,
02:39para uma nova proposta de negócio, precisa estar muito claro que nessa nova fase,
02:44efetivamente, os correios vão conseguir pagar a conta.
02:47O que não me parece, não ficou claro até agora que tem essa condição.
02:50Então, a garantia do governo é muito forte para um negócio que provavelmente não consiga se reestruturar.
02:57Então, professor, é justamente trazer esse outro ponto, né?
03:00Porque, assim, esse seria um dinheiro para pagar fornecedor em atraso,
03:04para bancar um plano de demissões voluntárias e para se atualizar, voltar a ser competitivo, né?
03:11Investir num plano mesmo, num novo modelo de negócio como o professor trouxe aqui.
03:15Então, a gente está falando de muito dinheiro, mas não dá para ter certeza se esse dinheiro,
03:22ainda que ele viesse, seria suficiente? É isso?
03:26Exato. E você falou uma coisa muito interessante, né?
03:29Quando a gente fala em se atualizar, não adianta eu ir para o mercado e falar
03:32vou comprar a melhor solução de inteligência artificial.
03:36Porque não é assim, eu preciso saber usar, eu preciso que isso esteja internalizado dentro da minha forma.
03:42Inovação não é alguma coisa que você só compra, você precisa ter uma cultura de inovação, de desenvolvimento.
03:47E, principalmente, os correios, eles lidam com logística, né?
03:51Logística é uma das coisas mais complexas que a gente tem na economia, né?
03:55Que tem um custo elevado e você percebe já que existem outras empresas que fazem isso bem.
04:01Então, é muito dinheiro para você colocar num negócio muito incerto.
04:06Eu estava fazendo uma comparação, né?
04:08Se você pegasse esses 20 bilhões com garantia do Tesouro, né?
04:11Abrisse ali uma linha de crédito no BNDES e distribuísse esse dinheiro para pequenos negócios
04:17que estão desenvolvendo coisas na área de inteligência artificial, né?
04:23Programas, enfim, aplicativos, desenvolvimento.
04:27O risco de você ter retorno, risco entre aspas, é muito maior do que você apostar numa empresa como os correios.
04:32Então, a solução, talvez, mais rápida seja de você encerrar essa atividade, né?
04:39Ou quebrar isso em pedaços, vender o que tem valor ainda enquanto tem tempo e partir para um outro modelo, né?
04:46A gente não pode ficar no sonho de achar que só colocando dinheiro a gente vai conseguir sanear um negócio
04:52que não é mais competitivo no ambiente que a gente tem hoje.
04:55Exatamente, porque, de fato, não há exatamente uma lacuna.
04:58Pelo contrário, está bem preenchido esse setor, tirando a parte da função social que os correios têm, né, professora?
05:04Além de toda essa carga de história, de tradição, de tantas pessoas que sustentaram suas famílias, enfim,
05:12trabalhando lá, trabalham ainda.
05:14Mas, de fato, tem essa questão, que é uma preocupação de muita gente, dessa função social,
05:21de fazer chegar a conta de luz, outras correspondências em regiões inóspitas.
05:26Como que o senhor vê esse ponto?
05:28Então, o Correio conseguiu uma rede, a gente tem que parabenizar isso, né,
05:34de estar em todas as cidades do Brasil, né?
05:37Só que a gente vive uma realidade hoje que, eu acredito que é 98, 99% de todas as cidades do Brasil
05:43e hoje já tem acesso à internet, né?
05:45A forma de comunicação mudou, você tem os correios, né?
05:50Se a gente repensasse, por exemplo, para a Inglaterra, o Reino Unido teve um problema com os correios deles
05:55e eles transformaram os correios meio que numa entidade um pouco a tempo inglês, né?
06:02Quer dizer, se você transformasse os correios em alguma atividade que tivesse um benefício final, né?
06:08Até se tentou um tempo atrás que ele virasse banco, quer dizer, você tem que pensar num modelo de negócios, né?
06:15Que envolva essa capacidade logística que ele tem e de entrar em algum outro negócio.
06:21Agora, você pedir isso, né?
06:23Quer dizer, se você quer fazer uma transformação completa numa empresa,
06:27mantendo as mesmas pessoas, a mesma estrutura, o mesmo jeito,
06:30você vai continuar fazendo as mesmas coisas para ter resultado diferente.
06:34Isso não vai acontecer, né?
06:35Então, talvez uma saída mais criativa, assim como, por exemplo, a gente não teve mais companhias aéreas do Estado,
06:44isso a gente tinha uma companhia aérea do Estado de São Paulo, a VASP,
06:49e não precisa mais disso, apesar que não funciona tão bem,
06:52mas você pode ter aí uma empresa, né?
06:56Que talvez tenha capital misto, você venda uma parte, se associe com alguém
07:00e alguém que faça isso melhor do que a gente.
07:03Porque o usuário lá, nós que vamos na agência do Correio levar um pacote,
07:08receber alguma correspondência, a gente não está se preocupando com quem está fazendo,
07:13se é público ou privado.
07:15A gente quer que aquilo saia na hora e chegue na hora.
07:18E isso os Correios não têm conseguido mais fazer como faziam antigamente.
07:22É verdade, professor.
07:23É interessante isso que o senhor trouxe de olhar, né?
07:25Para modelos adotados em outros países e que deram certo de outra forma,
07:29mas, por enquanto, por aqui, o plano do empréstimo ainda não foi abandonado, né?
07:33Professor, os Correios agora levam uma contraproposta aos bancos.
07:37Então, a gente está falando, né?
07:38Banco do Brasil, Citibank, BTG, ABC, Safra.
07:41E com esses novos termos aí do Tesouro, né?
07:46Equivalência a cerca de 18% ao ano, Selic em 15%.
07:50E eu quero saber se o senhor acha que os bancos vão aceitar
07:53ou a gente está só postergando decisões, de fato, mais difíceis
07:59e que podem agravar mais a crise ainda?
08:03É, eu acho que pode ter uma queda de braço.
08:06Eu acredito que no mercado financeiro sempre tem alguém que vai topar isso,
08:11porque, bem ou mal, você tem um retorno interessante,
08:13especialmente se lá para frente a gente tiver um momento
08:15que a taxa de juros começa a cair.
08:17Se você fixar um empréstimo pré-fixado, você vai ter uma vantagem bacana, né?
08:23E é curioso, né?
08:24O pessoal é contra privatizar os Correios,
08:27mas quando você faz um empréstimo num banco nesse montante,
08:31é praticamente você está privatizando o negócio, né?
08:34Então, você acaba lá na frente tendo um problema
08:37de ou um endividamento muito maior
08:39ou você vai ter que entregar o spoiler, vamos dizer assim, dos Correios
08:43para um desses bancos que vão acabar se tornando sócios, né?
08:46A gente vê isso acontecer.
08:48Então, veja, por mais que seja, não importa se a empresa
08:52ela é de origem pública ou privada,
08:54ela está no mercado de concorrência, ela está no mercado, né?
08:58Se o negócio não para em pé, não adianta você querer forçar a barra.
09:03Infelizmente, o foco é muito na manutenção dos empregos,
09:06dos benefícios, né?
09:08O Correio teve durante muito tempo
09:10o plano de saúde estendido a parentes acima e abaixo,
09:15a pais, filhos, coisas que ninguém mais tem em outras empresas.
09:19Então, não é que a gente seja contra esse tipo de benefício,
09:22mas é fundamental de que a empresa concorra,
09:24consiga ter capacidade de concorrer.
09:27Então, eu acho que vão aparecer interessados, né?
09:30Só que a gente corre o risco de fazer uma privatização branca,
09:33vamos dizer assim, no sentido de que você privatiza, né?
09:37E sem privatizar, e lá na frente, se não der resultado,
09:40quem é credor vai acabar virando dono do Correio do mesmo jeito.
09:44É, e professor, essa crise é descrita como a pior, assim, da história, né?
09:49E eu queria saber com a sua experiência,
09:51que lições, assim, de gestão empresarial, né?
09:54Uma companhia como essa pode tirar de tudo isso?
09:59Eu tinha um professor meu, há muito tempo atrás, de estatística,
10:02que ele dizia o seguinte, a natureza não dá saltos, né?
10:05Eu não sei exatamente o que isso significa,
10:07mas nos negócios também não há saltos.
10:10Ou o negócio funciona, para em pé, se equilibra em pé,
10:14e aí a gente tem que ver os resultados financeiros,
10:17é retorno, é o EBIT, é faturamento, é capacidade de investimento.
10:23Se o negócio não tem essas coisas, mais cedo ou mais tarde ele vai cair, né?
10:28E pior quando você tem uma empresa ligada ao governo,
10:32porque, tradicionalmente, negócios que são administrados pelo governo
10:36acabam tendo uma performance pior do que o setor público, né?
10:39Não é por isso que eu esteja defendendo aí privatização ou não.
10:43Mas o fato é que a gente percebe,
10:46se o negócio não para em pé financeiramente,
10:49ele não adianta, ele vai quebrar de uma forma ou de outra.
10:51Você vai ter alguém abastecendo, né?
10:53A gente tem exemplos recentes aí, por exemplo,
10:55como a Oi, que recentemente foi decretada aí a falência e tudo mais,
11:00são empresas, negócios que ficaram moribundos durante muito tempo, né?
11:05Por uma dívida gigantesca.
11:07Então, eu costumo brincar,
11:09é melhor um fim terrível do que um terror sem fim, né?
11:13Isso vale para relacionamentos e vale para empresas que não funcionam.
11:17Então, se o negócio não está dando resultado,
11:20você tem que chegar uma hora e definir, terminar.
11:22Só que quando isso acontece dentro do governo, é muito mais difícil.
11:25Se a gente fizesse uma avaliação empresa-privada,
11:28talvez o Correio já tivesse deixado de existir há bastante tempo.
11:31Exatamente, né?
11:32Para que o fundo do poço não vá ficando cada vez mais fundo, né?
11:35E, professor, qual que é o peso da gente estar há poucos meses, né?
11:40Da eleição aqui no Brasil, nesse processo todo?
11:45O que a gente tem visto em diversos movimentos hoje,
11:48quer dizer, é que você não tem saídas alternativas e inteligentes, né?
11:53Como você tem um governo hoje que ele está muito pressionado pelo Congresso, né?
11:59Ele não consegue se movimentar,
12:01a gente fica numa camisa de força em que a gente só vê mais gastos públicos.
12:06Então, o Congresso quer retalhar o Executivo, aumenta gastos,
12:10o Executivo, do outro lado, concede benefícios que a gente não sabe quem vai pagar.
12:14E isso se reflete nessa questão das estatais.
12:17Quer dizer, você não tem ali uma comissão de notáveis,
12:20ou alguém do Senado, da Câmara, conversando com o Executivo
12:23e tentando propor uma saída econômica e empresarial para o governo.
12:28Não, você tem uma...
12:29Para o Correios, né?
12:30Você tem uma saída só de queda de braço.
12:33E isso só gera mais custos, né?
12:35A gente está falando aqui de Correio tem que...
12:38Se for para vender alguma coisa do Correio, tem que valer enquanto vale alguma coisa.
12:41Porque também corre o risco de isso deixar de valer ao longo do tempo.
12:44Então, esse momento, ele atrapalha muito, né?
12:48Porque você vai ter um ano, um ano que vem com muitos gastos públicos.
12:52Muita briga ideológica, né?
12:54Briga de retórica.
12:56E decisões que são importantes para o país acabam ficando adiadas.
13:00E uma delas é o que fazer com Correios.
13:02Tem Infraero, por exemplo.
13:03Eu estava pesquisando.
13:04Ela também tem esse resultado negativo.
13:06E praticamente todos os aeroportos que eram da Infraero foram privatizados.
13:11Então, por que você mantém uma estatal como essa se você não precisa mais administrar, né?
13:16Eu acho que até aquela estatal do trem de alta velocidade ainda existe sem ter trem de alta velocidade.
13:22Então, essa discussão do gasto público precisaria ser mais bem feita no país.
13:26E em ano de eleição isso não vai acontecer.
13:28Exatamente. Complexo demais, né?
13:31Mexer nesse vespeiro e em medidas que podem ser muito impopulares também, muito polêmicas.
13:37Enfim, controversas.
13:39Quero agradecer, Carlos Honorato, professor da FIA Business School, pela conversa ao vivo aqui no Fast Money.
13:44Muito obrigada. Boa tarde. Volto sempre.
13:47Natália, um grande prazer. Um abraço a todos os nossos telespectadores.
13:51Boa tarde para todos.
13:52Tchau, tchau.
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