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A permanência do ex-presidente na custódia da Polícia Federal é classificada como uma situação histórica.

No Visão Crítica, especialistas analisam que é "sempre triste que um presidente seja preso". Ao observar a história recente do país, o caso é único e lamentável, com graves implicações para o futuro da política nacional e para a própria democracia, explicam.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/EJY9M4xijUA

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Transcrição
00:00Eu quero, antes de responder, agradecer novamente o convite.
00:03Estar aqui contigo é um prazer.
00:05Doutor Calfon, é um prazer conhecê-lo.
00:07E o doutor Gustavo, que várias vezes também já estivemos juntos
00:11e até conversava com os dois, caminhando para cá.
00:14Há um tempo atrás, professor Vila, professor Calfon, professor Gustavo,
00:19um cientista político que era chamado sempre como economista,
00:22que era para discutir democracia e desenvolvimento econômico.
00:25Dos anos para cá, toda vez eu estou com advogado.
00:28Alguém vai ser preso ou está sendo investigado ou pode ser solto.
00:33Mas tirando isso, eu queria falar algo que o doutor Calfon comentou no início.
00:41É sempre triste que o mandatário, o chefe do executivo, um presidente da república, seja preso.
00:48Eu não vou me alongar na história, porque do lado historiador eu não sou ousado a tanto.
00:53Mas eu quero dizer o seguinte, de 1989 até agora,
00:58se nós formos pensar nos presidentes da república que tiveram problemas com a justiça,
01:05foram presos ou que sofreram processo de impeachment,
01:09e aí o Collor consegue pintar as duas casas, né?
01:12Teve o impeachment, renunciou e hoje está preso domiciliarmente.
01:16Mas nós temos apenas o Fernando Henrique Cardoso,
01:18que não teve processo de impeachment e não teve problemas com a justiça.
01:22De certa maneira, um termo que a gente usa muito na sociologia, né?
01:27A gente pode discutir uma certa anomalia, né?
01:30Nas nossas escolhas ou instituições democráticas.
01:34Então há uma reflexão mais profunda a respeito da democracia no Brasil de forma mais substantiva.
01:39Professor Vila, politicamente é uma situação de fato histórica,
01:44porque a gente tem uma sequência, e isso você conhece bem,
01:50uma sequência de golpes de Estado, de insurreições e de violência,
01:55e de episódios de violência política no Brasil.
01:57E a condenação do núcleo 1, desse núcleo crucial,
02:05do qual o Bolsonaro é entendido como líder, é de fato histórico.
02:09E aí a questão para a política.
02:11A questão para a política, nas várias interpretações possíveis,
02:14nós temos um dado objetivo.
02:16E temos vários outros subjetivos.
02:20Objetivamente, professor Vila, professor Kaufman, professor Gustavo Sampaio,
02:23Objetivamente, Bolsonaro hoje não tem as mínimas condições
02:29de, no curto e no médio prazo, retornar ao poder político.
02:34A ciência política, ela lida com a conquista do poder,
02:38com a manutenção do poder, e sempre que possível, com a sua ampliação.
02:42Bolsonaro conquistou em 2018,
02:45é o único presidente na Nova República não reeleito,
02:48quando o Estatuto da Releição foi aprovado,
02:49Fernando Henrique, então ele não manteve e nenhuma chance de ampliar.
02:53Aliás, o poder é reduzido.
02:56E aí, o outro elemento desta objetividade muito clara, muito patente,
03:01é que Bolsonaro, não voltando ao poder político,
03:06o poder não fica órfão.
03:08O poder não tem vácuo.
03:09Então a gente tem as subjetividades agora
03:13daqueles que desejam e que têm vontade
03:15de ocupar esse espaço político.
03:18Salvo o melhor juízo, tem um comentário seu, recente,
03:21dizendo que, inclusive, foi muito dito que se Bolsonaro fosse preso,
03:25o Brasil pararia.
03:27Não parou.
03:28Não é?
03:29As manifestações foram manifestações pontuais,
03:33e, aliás, manifestação pacífica,
03:35a Constituição garante,
03:37ninguém é contra uma manifestação pacífica,
03:40de desacordo, enfim, de desagravo, nada disso.
03:42Mas a questão é que Bolsonaro é uma página virada
03:47e a história política brasileira,
03:50a partir do ano que vem, vai se recompor.
03:53Vai se recompor no campo da direita,
03:55da extrema direita, nós podemos até avançar,
03:58mas também a gente sabe que, pela idade,
04:00o presidente Lula, que busca a reeleição,
04:03será a última participação dele em eleições.
04:06Mas eu estou dizendo assim, eu digo isso com muito cuidado,
04:08professor Vila, professor Calvon, professor Gustavo,
04:10porque o Pedro Malan dizia que no Brasil
04:12até o passado é incerto.
04:14Então, assim, eu quero tomar muito cuidado com isso,
04:17porque, de fato, a gente tem uma situação hoje
04:19muito objetiva, que, politicamente,
04:22as pessoas já começam a, como faz o mercado,
04:25precificar.
04:26Não estão precificando o Bolsonaro,
04:28mas já estão olhando para a lei
04:30e quem é aquele que herda os votos.
04:32Na família, bem colocada, inclusive, por muitos,
04:36o nome que aparece desponta,
04:37e eu acho que, com problemas, é Flávio Bolsonaro.
04:40Que foi aquele que fez a convocação da vigília,
04:44que, mexendo na tornozeleira por parte do pai,
04:47levou a decretação da prisão preventiva.
04:50Então, o nome da...
04:50Tudo o que o Lula quer.
04:52O nome Bolsonaro na urna para disputar,
04:54para continuar a manter a polarização.
04:56Por um outro lado, a pergunta dos outros atores políticos
04:59que querem, subjetivamente,
05:01têm a vontade, mas não reúnem as condições objetivas
05:04para disputar.
05:05Eu fico por aqui para não me alugar,
05:07mas eu acho que, de fato, é um momento histórico
05:09e a questão é a seguinte,
05:11Bolsonaro fora do jogo, quem vem?
05:13A pergunta é essa.
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