O Congresso Nacional vive um momento de tensão após líderes romperem com a base governista. No Visão Crítica, Cristiano Noronha, mestre em Ciência Política, analisa a crise, afirmando que Lula "tem uma relação de altos e baixos com o Congresso".
O especialista explica que o rompimento é motivado pela diferença de agendas entre o Executivo e o Legislativo, afetando a governabilidade e a capacidade de aprovar projetos cruciais.
Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/EJY9M4xijUA
Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S
Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/
Inscreva-se no nosso canal: https://www.youtube.com/c/jovempannews
00:00Vila, muito obrigado pelo convite, é um prazer estar aqui com vocês, é um conjunto de fatores, desde que o presidente Lula assumiu esse terceiro mandato, ele tem uma relação marcada por altos e baixos com o Congresso Nacional,
00:25essa relação ao longo do mandato do presidente Lula não foi uma relação absolutamente estável, a gente já viu outras derrotas por parte do governo no Congresso Nacional,
00:38basta ver, por exemplo, o índice de medidas provisórias que são sequer votadas pelo Congresso Nacional, já teve nessa legislatura medida provisória inclusive devolvida,
00:55Então, esse modelo que a gente tem de presidencialismo, de coalizão, onde o Congresso Nacional também se apoderou bastante de uma boa parcela do orçamento,
01:06vale dizer que de emendas parlamentares são em torno de 50 bilhões de reais, há uma natural independência por parte do Congresso Nacional em relação ao governo.
01:20E se a gente olhar também esses partidos do chamado Centrão, embora tenham participação no Ministério também do governo, mas ideologicamente eles não têm uma agenda sintonizada com a agenda defendida pelo governo.
01:40Então, a gente viu, por exemplo, projetos sobre demarcação de terras indígenas, por exemplo, ser aprovado, o próprio projeto, também a questão que o governo tentou reverter e não conseguiu sobre a privatização da Eletrobras,
01:59ou editou um decreto tentando modificar parte do marco regulatório de saneamento, tudo isso, todas essas foram medidas que foram, vamos dizer assim, censuradas, não foram para frente porque o Congresso Nacional resistiu.
02:16Há uma divergência, há uma diferença ideológica também entre o que pensa a maioria do Congresso Nacional e o governo, né?
02:25O governo é de centro-esquerda e o Congresso é de centro-direita, então não existe ali uma afinidade em relação a essa agenda.
02:34Então, a combinação disso, obviamente, que é essa relação marcada por altos e baixos.
02:39E outro ponto também, que foi muito criticado já, inclusive pelo Congresso Nacional, é a falta, é a mudança de postura que o presidente Lula tem em relação ao Congresso.
02:51Nos dois primeiros mandatos que ele teve, ele se envolvia muito mais nesses diálogos com o Congresso Nacional.
02:59Agora ele tem se mantido mais distante dessa articulação política, pela falta de paciência, enfim.
03:06Então, esse distanciamento também, ele acaba resultando nesse tipo de relação não tão próxima, bastante complicada e isso acaba, obviamente, resultando também nesse distanciamento.
03:23Se nós olharmos os dois partidos do presidente da Câmara e do presidente do Senado, Republicanos e União Brasil, Republicanos é Câmara.
03:32Republicanos é o mesmo partido do Tarcísio. O Tarcísio é pré-candidato, com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, à presidência da República no ano que vem.
03:41Portanto, é um projeto, para 2026, diferente, que não passa pela reeleição do Lula.
03:47União Brasil tem Ronaldo Caiado, que já é pré-candidato também à presidência da República e é oposição ao governo do presidente Lula.
03:56Então, daqui para frente também, a gente vai ver esse distanciamento se aprofundar.
04:01E por isso mesmo, no ano que vem, o governo vai ter enorme dificuldade.
04:06Não é para a gente esperar muita coisa de andamento legislativo, de questões estruturais, por exemplo, no próximo ano.
04:15Essa relação poderá vir a ser repactuada depois de outubro, a depender do resultado da eleição presidencial.
04:24Perfeito. Antes, eu vou passar ao professor Paulo Ramires, só para lembrar, e o programa faz muita questão disso, no sentido de qualificar a reflexão,
04:34e a gente discutir política, mas de forma, rompendo um pouco a visão partidária,
04:39lembrar que a posição do presidente do Senado, em relação à designação do Sr. Jorge Messias pelo presidente da República,
04:45é a mesma que ele teve com o presidente anterior, Jair Bolsonaro, em relação a André Mendonça.
04:50Foram as duas formas absolutamente equivocadas, já que é uma prerrogativa presidencial indicar o nome para o Supremo Tribunal Federal.
04:58Cabe ao Senado sabatinar, apreciar, aprovar ou não.
05:03Então, lá, ele, no passado, agiu incorretamente, de acordo com a Constituição, e o mesmo aplica-se ao presente.
05:11Isso é importante a gente ressaltar, que foi feito com o ministro André Mendonça durante semanas e semanas esperando, não se faz.
05:19Isso precisa mudar, nós vamos ter uma discussão mais séria, vamos esperar que o próximo Congresso Nacional o faça, vamos ser otimistas.
Seja a primeira pessoa a comentar