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No Visão Crítica, a bancada debate as conclusões do cientista político Eduardo José Grin obre a influência direta das redes sociais no aumento da polarização e da radicalização política no Brasil.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/cqwQBvfmgUk

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00:00Tem acontecido.
00:01Eu vou passar para o professor Eduardo Grimm antes.
00:04Queria só lembrar, desculpe a minha rouquidão, a minha gripe eterna.
00:09Lembrar que quando o Wilson Pedroso lembrou da polarização,
00:13falando, olha, isso não é uma coisa que nasceu agora,
00:15só aos mais novos e aos não tão mais novos.
00:18Lembrar que antes da PSDB-PT, durante o regime militar,
00:23por imposição, pelo ato institucional número 2,
00:25e pelo ato complementar número 4, para ser bem preciso,
00:30foi criado o bipartidarismo, que dá um sentido.
00:32Arena, Aliança Renovadora Nacional, Movimento Democrático Brasileiro.
00:36Então você trabalhava com esses dois polos.
00:39E antes, na República Populista, nascida em 45 até 64,
00:44nós tínhamos o varguismo e o antivarguismo nacional.
00:46Mas São Paulo era diferente.
00:48São Paulo sempre era diferente.
00:50Aqui era a Jane Ademar, os janistas e os ademaristas.
00:53Isso marca todas as eleições de São Paulo desde 1947.
00:57Ademar vence, 50, Lucas Nogueira Garcês.
01:01Ademarista vence, em 54, Jânio vence, 58, Carvalho Pinto.
01:07Janista vence e o Ademar volta em 62.
01:10Só para ver como é que nós tínhamos a polarização.
01:13Só que é uma polarização, aí voltamos à questão,
01:17que tinha presente projetos alternativos de gestão do Estado.
01:21E agora, usando a expressão do Wilson Pedroso,
01:24essa polarização eu gostei, raivosa.
01:27Raiva, raiva, raiva, raiva.
01:29É difícil para construir ideias.
01:31Professor Green, na opinião do senhor,
01:33como é que fica essa questão?
01:35Nós chegamos a um ponto, nós estamos no pré-processo eleitoral,
01:38de 2026, já todo mundo falando em eleições.
01:42Como é que nós ficamos?
01:43Vamos continuar nessa polarização?
01:45O que pode pensar o eleitor pelas pesquisas que nós acompanhamos?
01:48Qual é a sua opinião?
01:51Boa noite, Vila.
01:52Obrigado pelo convite mais uma vez.
01:54Aos colegas aí, o professor Zé Álvaro Moisés da USP
01:58e ao Wilson Pedroso.
02:00Eu começaria comentando que eu acho que há um fenômeno mais estrutural,
02:05que não afeta só a democracia brasileira,
02:08mas também outras democracias no mundo
02:11que vêm enfrentando situações similares,
02:15que envolvem polarização, por assim dizer,
02:19ou em alguns casos até radicalização política.
02:21Isso tem a ver com fenômenos estruturais da sociedade.
02:26Eu destacaria um aqui, que é a entrada das redes sociais no debate político,
02:31porque a criação das bolhas, ao invés de ela permitir diálogo, interação,
02:36troca de concepções distintas sobre democracia ou sobre qualquer outro assunto que seja,
02:44as redes sociais vão confirmando opiniões que vão congelando essa possibilidade
02:51de convívio democrático e de tolerância entre opiniões diferentes,
02:56e nós vamos produzindo uma crescente intolerância que vai caminhando para a polarização,
03:00em alguns casos até para transformar os seus adversários políticos quase em inimigos mortais.
03:08Então, eu acho que há uma tendência estrutural na sociedade,
03:12diante da entrada desse novo fenômeno no mundo da política,
03:17que me faz crer que vai ser muito difícil que a gente consiga superar isso no curto prazo.
03:25Vejo o que está acontecendo nos Estados Unidos,
03:27vejo o que se passa em outras democracias do mundo,
03:30pegando o caso americano, talvez como o mais emblemático.
03:34Então, me dá a impressão que, ainda que o eleitor esteja saturado,
03:39para os atores políticos isso gera dividendos eleitorais.
03:44Ontem a gente estava vendo aquela votação que acabou não permitindo ao governo aprovar,
03:51a medida provisória da taxação das BETs, dos bancos,
03:57e dos bilionários, como se falavam,
04:03a primeira coisa que os deputados de oposição fizeram foi juntar-se todos e fazer vídeos para os seus eleitores,
04:10para dizer que eles estavam ali defendendo que o governo deixasse de taxar,
04:15deixasse de tributar e coincidir com essa narrativa toda.
04:18O que significa isso?
04:21Nós temos uma espetacularização da política por meio das redes sociais que gera voto,
04:26que gera resultado político.
04:28Então, eu não vejo como nós venhamos a escapar disso nas eleições do próximo ano.
04:34Eu acho que nós vamos ter, sim, uma eleição que, mesmo que ela possa, no primeiro turno,
04:39sobretudo no campo da oposição ao atual governo,
04:42ter mais candidaturas, ter mais de um representante político da oposição,
04:47que vai desde a extrema-direita bolsonarista até a direita mais clientelista ou a direita tradicional,
04:53mas, no final do dia, nós vamos ter uma campanha bastante polarizada.
04:58Uma segunda questão, que acho, dialogando com o Wilson,
05:05mesmo que nós tenhamos uma saturação do eleitor,
05:08e essa saturação é bastante evidente,
05:11porque a gente observa os números crescentes, por exemplo,
05:14de abstenções e votos brancos e nulos nas eleições que vêm crescendo,
05:18eleição após eleição, seja ela municipal, seja ela estadual ou nacional,
05:24mas acho que a entrada de um outsider, por assim dizer,
05:28ou de um candidato novo que busque soterar essa polarização,
05:33ela tem um custo muito elevado numa eleição presidencial.
05:36Transformar-se em uma candidatura conhecida nacionalmente não é algo fácil.
05:42Fazer campanha num país como o Brasil requer muito dinheiro,
05:45muita estrutura partidária.
05:48Mesmo o Bolsonaro, quando se elegeu em 2018,
05:51ele estava longe de ser um outsider.
05:53Ele já fazia campanha a presidente há quatro anos
05:56e ele contou com uma conjuntura que dificilmente vai se reproduzir,
05:59que foi o lavajatismo, que colocou o PT no ringue,
06:05e mesmo naquele momento o Lula, se não tivesse sido condenado,
06:09era favorito a ganhar as eleições.
06:11Então, não acho que o caso do Bolsonaro seja um exemplo a ser generalizado.
06:16Foi uma situação bastante específica que aconteceu.
06:20E finalizo dizendo que,
06:23assim como o eleitor pode estar cansado da polarização,
06:27o discurso da chamada terceira via também está muito difícil de ser aceito pela população.
06:31Porque se essa terceira via não é nem de direita e nem de esquerda,
06:36qual é a identidade que ela tem?
06:38É difícil se apresentar numa campanha dizendo que eu não sou nem um lado nem um outro,
06:42mas eu não consigo dizer exatamente o que eu sou, o que me diferencia.
06:46Então, a mensagem que essa chamada terceira via,
06:50quando ela buscou surgir, lá em 2018, eventualmente com o Alckmin,
06:54em 2022, em candidaturas como a da Simone Tevitt, por exemplo,
06:59nunca foi claro o suficiente para ter fôlego de criar uma narrativa
07:03que pudesse, de fato, representar uma alternativa distinta aos campos políticos
07:08que hoje estão dominando a política nacional,
07:12que é aquele historicamente dominado pelo PT,
07:16que vem buscando ampliar um pouco a sua franja de apoio na sociedade,
07:19e essa nova força política que emergiu com muita força no Brasil,
07:24que é a extrema-direita antissistema, por assim dizer.
07:28Então, finalizo dizendo que talvez hoje a polarização no Brasil
07:32tem um componente que é saber que candidaturas vão, de fato,
07:37jogar de acordo com as regras do jogo democrático
07:39e uma candidatura que pode, como foi a de Bolsonaro em 2018,
07:46seguir insistindo numa lógica, vamos dizer assim, antissistema.
07:51Veja que são questões, vocês estão acompanhando,
07:53interessantíssimas colocadas pelos nossos convidados.
07:57É difícil explorar todas elas, mas eu vou pegar uma derivação minha
08:01para colocar os convidados para depois retornar alguma dessas questões
08:05porque elas acabam dialogando.
08:06Desculpe voltar à história, mas nós temos um grande personagem
08:12do século XX e da história de São Paulo que é esquecido.
08:14Aqui todo mundo esquece, esquece o que ocorreu ontem,
08:16que é o Paulo Duarte.
08:17O Paulo Duarte é uma pessoa fantástica.
08:20E nas suas memórias, em certo momento, ele viajou com o Austin Luiz,
08:23que foi governador de São Paulo, por ferrovia, por o estado inteiro.
08:27O estado inteiro de São Paulo era cortado por ferrovia.
08:30Ele saiu de São Paulo, deu a volta de Itair até São Paulo
08:34e depois desceu até a divisa com o Paraná.
08:36Tudo por ferrovia.
08:37Isso em 1922.
08:40Bem, e aí em certo momento, nessa viagem pelo interior,
08:44o Austin Luiz era um cheito muito alto, bonitão, etc, etc.
08:48Não vou contar toda a história dele.
08:50Foi prefeito e depois vai ser presidente da República.
08:53Não era paulista.
08:54Paulista de Macaé tem até uma marchinha famosa.
08:57ele manda para o trem, no meio do interior de São Paulo.
09:01E fala para o Menalto Delpique.
09:02Só para quem, como hoje o Brasil, desculpe, emburreceu,
09:06o Menalto Delpique é um grande poeta, paulista.
09:09Antigamente se aprendia na escola, mas hoje é esqueleto de funk.
09:12Mas no passado, não tão distante, nós aprendíamos também
09:15os grandes escritores e os grandes poetas, os romancistas,
09:19e o Menalto Delpique é um deles.
09:21O Menalto Delpique era deputado pelo PRP para o trem
09:24e o Menalto Delpique era baixinho.
09:26O Washington Luiz era muito alto.
09:29Ele fala para o Menalto, desce o Menalto, pisa nessa terra.
09:32E o Menalto fica assustado, resolve descer o trem, pisa.
09:35Ele fala, você está pisando pela primeira vez no distrito que vota em você.
09:39Por quê?
09:40As eleições, o voto distrital.
09:42E o PRP, as listas, era a eleição de bico de pena.
09:46Então, as pessoas votavam e nunca tinham visto o candidato.
09:49O Menalto Delpique, pela primeira vez, tinha pisado no distrito
09:52que supostamente o elegia a cada três anos.
09:56Porque, em certo momento, a eleição, o mandato era de três anos
09:58e o do senador de nove.
10:00Isso no caso federal.
10:01Eu estou dizendo isso, fazendo essa longa passagem,
10:04porque eu nunca entendi.
10:05Nós tínhamos o voto distrital no Império,
10:07o voto distrital na Primeira República.
10:09Quando veio o Código Eleitoral de 32,
10:11eu gostaria de ler os anais.
10:13O Assis Brasil, parlamentarista clássico,
10:16lá do Rio Grande do Sul, figura importantíssima na história,
10:19até então, era também defensor do voto distrital.
10:23Nós criamos o voto proporcional.
10:25E, a partir dali, dali para frente,
10:27ficamos com o voto proporcional.
10:29A minha pergunta é, eu sei que não existe solução mágica
10:32para a polarização, para o baixo nível da política brasileira,
10:36para parlamentares que nos envergonham, etc.
10:39Mas pergunto primeiro ao professor José Álvaro Moisés.
10:41Essa discussão não é nova,
10:43essa discussão de alterar a composição do parlamento,
10:49de ter um voto distrital puro,
10:51segundo alguns outros, votos de direção omisso,
10:53conforme as grandes democracias no mundo.
10:56É difícil encontrar uma democracia com voto proporcional,
10:59como temos no Brasil.
11:00Pergunto ao senhor, não seria um caminho
11:02para qualificar a disputa política no Brasil?
11:05Eu, pessoalmente, acho que sim.
11:08Acho que o distrital misto,
11:12que, na verdade, não é um distrital distrito-senso,
11:16porque ele combina tanto o proporcional em relação aos partidos
11:21como a escolha do representante no distrito.
11:26Agora, na tradição presidencialista brasileira,
11:30que tem muita força os cargos executivos,
11:34e muito menos importância os partidos davam
11:41ou até recentemente não davam ao parlamento,
11:45não colocou essa questão como um elemento central
11:50da estrutura da representação.
11:53A representação política, como nós sabemos,
11:56é, digamos assim, um ponto, um foco central
12:00do funcionamento da democracia.
12:02As pessoas têm que sentir que elas estão representadas,
12:07sentir que, de alguma maneira,
12:09as promessas que foram negociadas no momento da eleição,
12:14o que os candidatos prometeram,
12:16podem efetivamente se tornar fatos, ação.
12:20Não é isso que acontece, não é?
12:21Então, eu tenho a impressão que
12:23o proporcional, no caso do Brasil,
12:28em primeiro lugar, ele leva a uma disputa interna,
12:34candidatos do mesmo partido competindo.
12:37Porque você não tem a lista,
12:41não tem, digamos assim, uma definição de prioridades
12:44da parte do partido para dizer quais são os que efetivamente
12:48representam aquilo que o partido estima como a sua identidade programática.
12:55O que é muito difícil, porque a maior parte,
12:57com poucas exceções, não é?
13:00Os partidos não têm essa identidade programática.
13:03Então, também não se preocupam em eleger,
13:06por exemplo, uma bancada que, de alguma maneira,
13:09expresse esses interesses ou essa orientação
13:14para a qual houve adesão dos eleitores, não é?
13:18Agora, eu acho, ouvido aqui,
13:21seria muito importante, no caso brasileiro,
13:24se nós pudéssemos fazer essa passagem.
13:27E, num certo sentido, nós estamos testemunhando uma transição.
13:33A Câmara dos Deputados, em particular,
13:37a partir de 2016, com o Eduardo Cunha,
13:42vem num processo de empoderamento,
13:45de se autoempoderar,
13:48sem que haja um debate amplo na sociedade
13:51sobre o que isso significa.
13:53Em grande parte, se retirou prerrogativas do presidente.
13:58Sim, eu sei que não é um percentual muito grande,
14:04mas é 25%, um quarto dos recursos orçamentários
14:10são, hoje, manipulados, dominados,
14:13pelo esquema das várias emendas.
14:16Emendas individuais, emendas de bancada,
14:19emendas de comissões.
14:22Bom, sem falar das emendas secretas,
14:26do orçamento secreto.
14:27Então, nesse contexto,
14:30é muito difícil você obter consenso
14:35para fazer uma mudança tão importante.
14:38Eu acho que seria um modo,
14:43uma forma de aproximar o eleitor
14:46do seu representante,
14:48de você ter conexões mais claras
14:51que permitam que o eleitor desempenhe também
14:54o papel de controlador,
14:56de quem cobra,
14:58de quem monitora a ação do seu representante,
15:01através do voto, é claro,
15:03e através da participação dos partidos.
15:05Mas não é bem esse cenário
15:08que os partidos desempenham no caso do Brasil.
15:12Eu acho que nós temos um problema
15:15que é estrutural
15:17nessa relação entre os partidos,
15:23os eleitores,
15:25e o modo como representam,
15:29no âmbito do parlamento,
15:32os interesses dos seus eleitores.
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