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Em entrevista ao Jornal da Manhã, o cientista político Rogério Schmitt analisa o aumento da polarização política após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e as recentes retaliações de Donald Trump contra o Brasil. Ele destaca como a oposição intensifica a pressão pelas pautas, elevando tensões no cenário nacional e impactando a estabilidade política do país.

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Transcrição
00:00Agora são 7 horas e 34 minutos. Repita. 7h34.
00:06Brasília viveu mais uma semana tumultuada, com uma escalada da tensão entre oposição e o judiciário.
00:13Deputados fizeram um motim na Câmara em protesto à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro,
00:20pedindo pela tramitação do PL da Anistia e pelo impeachment do presidente do STF, Alexandre de Moraes.
00:27E para analisar o momento atual da política nacional, o Jornal da Manhã deste domingo recebe o cientista político Rogério Schmidt.
00:36Rogério, muito bom dia para você. Obrigada pela gentileza de nos atender.
00:41Bom dia. Eu que agradeço o convite.
00:44Rogério, quero começar essa entrevista já puxando até um dado de uma pesquisa recente do Datafolha,
00:50mostrando que a polarização avança nesse momento político.
00:54Chegamos a um segundo semestre do ano, com vários embates, esse caso dessa semana no Congresso Nacional.
01:03Como o senhor definiria e como tem interpretado esse momento político que vive o Brasil?
01:08Bom, eu diria que a polarização não é uma novidade, né?
01:16Ela está aí já, pelo menos desde a eleição de 2018, né?
01:22E acho que o que aconteceu essa semana mostra que ela vai prosseguir.
01:27Acho que não só esse ano, o próximo ano, mas também as eleições do ano que vem, né?
01:33De 2026, as eleições gerais, vão se dar nesse ambiente aí polarizado que muitas vezes pode resultar até na paralisia do legislativo, né?
01:45Como aconteceu essa semana.
01:47Ainda bem que foram só dois dias e aparentemente essa crise foi controlada no curto prazo.
01:54Mas aqueles que achavam que a polarização poderia ser controlada,
02:01acho que nesse momento não tem muita expectativa de que esse cenário possa se confirmar,
02:08porque a oposição está pressionando bastante, né?
02:12Enquanto pelo menos não saiu o veredito aí do julgamento do ex-presidente Bolsonaro,
02:16me parece que a estratégia da oposição vai ser uma estratégia de apostar no confronto.
02:25É, e com isso também, né?
02:26A gente vê uma crise entre as instituições, o judiciário que muitas vezes tem legislado,
02:32o legislativo que muitas vezes exerce a função de executivo por meio das emendas.
02:36A tendência é que cada vez mais a gente veja uma crescente crise institucional
02:42entre Congresso Nacional, entre o Poder Judiciário e o Executivo?
02:49Olha, eu sinceramente, eu não descreveria a nossa conjuntura atual como crise institucional.
02:59Eu acho que há os conflitos aí que são típicos, né?
03:03De um sistema político como o nosso, que é baseado na separação de poderes, né?
03:12Mas não me parece que nós tenhamos chegado a um ponto de crise institucional,
03:19porque normalmente na ciência política, quando a gente usa essa expressão,
03:24a gente está se referindo a uma situação quase de ruptura da ordem política,
03:29de ruptura da ordem democrática e não me parece que esse seja o caso brasileiro no momento.
03:36Há, claro, muitas vezes, problemas, né?
03:43Mas que são, em geral, esses problemas são negociados,
03:48o sistema político brasileiro é um sistema onde a cooperação prevalece sobre o conflito, né?
03:56Então, há uma inércia muito grande, um incentivo muito grande para que os atores políticos
04:02cheguem a acordos, cheguem a consensos.
04:06Tem prejuízo, claro, da implosão de pequenos conflitos aqui e acolá.
04:14Professor, o nosso comentarista direto de Brasília, José Maria Trindade,
04:18também participa dessa entrevista.
04:20Aproveitando, Zé, eu já te dou o meu bom dia.
04:24Bom dia, Soraya. Bom dia a todos.
04:27Bom dia, David. Bom dia, você que nos acompanha.
04:29Professor, eu tenho acompanhado aqui essas que eu chamo de cotoveladas,
04:33naturais dos poderes, né? Esticam para lá, esticam para cá.
04:37E, geralmente, são positivas, demarcam o posicionamento e a defesa de competência
04:41e de prerrogativas de cada poder.
04:43Mas, no momento, há um grupo que insiste em dizer que há uma ditadura no Brasil.
04:49Eu tenho dificuldade de ter essa visão.
04:51Qual é a sua visão sobre essa situação atual de disputa de poderes?
04:58É, eu também sou dessa tese.
05:02Quer dizer, não acho que exista uma ditadura no Brasil.
05:04Isso é claramente um discurso ideológico, né?
05:11Sem muita base aí na realidade.
05:14Basta olhar para os rankings de democracia aí que existem,
05:19que são divulgados todo ano, né?
05:21Por diferentes instituições.
05:23E o Brasil, claramente, está num patamar muito diferente, né?
05:30Dos países que são ditaduras.
05:33E, de fato, o conflito dos poderes é algo que é não só permitido, né?
05:41Mas pela Constituição de 88, né?
05:44A Constituição de 88, ela atribuiu aos três poderes, né?
05:49O Executivo, o Legislativo, o Judiciário, né?
05:52Competências muito claras e, algumas vezes, até competências concorrentes, né?
05:57E isso foi de propósito.
05:58Quer dizer, é o chamado sistema presidencialista, né?
06:04Baseado na separação entre os poderes.
06:06A Constituição brasileira tem essas características.
06:09Então, enquanto ela vigorar, né?
06:11E a gente espera que continue vigorando, né?
06:14Nós precisamos nos acostumar com essas situações.
06:18Quer dizer, a tomada de decisões, muitas vezes,
06:21é mais lenta do que a gente gostaria, né?
06:24Mas por conta dessa questão aí da...
06:27De que os atores políticos, os poderes da República, os partidos, enfim...
06:33Precisam buscar sempre os maiores consensos possíveis.
06:38Então, às vezes, é um pouco chato, né?
06:42Porque a gente espera que decisões sejam tomadas mais depressa.
06:46Mas é o que a gente tem que ir analisando friamente a letra da Constituição, né?
06:51Os incentivos que ela coloca.
06:53É isso que a gente vai continuar observando no Brasil.
06:56Professor, o Brasil, nesse momento, também vive um cenário de bastante incertezas
07:01em relação ao tarifácio imposto por Donald Trump aos produtos brasileiros, né?
07:07O senhor vê algum tipo de risco do Brasil acabar virando refém, né?
07:12Da política externa dos Estados Unidos e também dos embates com o STF?
07:19Eu diria que os países, né?
07:23Têm a prerrogativa, né?
07:25De fixar suas tarifas comerciais e, às vezes, aumentá-las, às vezes, reduzi-las.
07:32Isso tudo também é negociado, né?
07:36Nos órgãos internacionais, diretamente entre os governos.
07:42Então, de fato, houve essa elevação das tarifas.
07:46E depois a negociação já fez com que ela acabasse não sendo universal, né?
07:52Quer dizer, vários setores aí acabaram ficando de fora.
07:56E nas próximas semanas, nos próximos meses,
07:58é possível que as negociações acabem fazendo com que outros setores sejam beneficiados, enfim,
08:07ou que talvez até o tarifácio possa ser ampliado.
08:11O que me parece mais grave, né?
08:16Mais complicado nesse episódio não foi tanto a definição de tarifas,
08:21mas, assim, os motivos que foram alegados pelo governo americano,
08:26pelo presidente Trump, né?
08:28Que dizem respeito a questões de política interna brasileira, não é?
08:33Então, acho que é aí que são questões que os diplomatas,
08:38os empresários, os negociadores aí de tratados comerciais
08:45têm dificuldade de intervir, né?
08:48Porque são temas que não dizem respeito a eles, né?
08:51Então, acho que aí foi criado um precedente, me parece mais complicado,
08:56que é você condicionar as tarifas comerciais, né?
09:02Entre os dois países, há questões que dizem respeito somente a um deles, né?
09:06Quer dizer, então, me parece que aí é uma diplomacia de altíssimo nível, né?
09:14Que teria que ser resolvida entre os presidentes, enfim, os grupos de pressão.
09:21Então, acho que é esse o impasse que o Brasil tem hoje, né?
09:24Não é tanto o tarifácio em si, mas os motivos, as desculpas, né?
09:31Que foram, entre aspas, que foram utilizadas pelo governo americano.
09:35Bom, professor, quem perde diante de tudo isso, a gente já sabe, né?
09:39São os brasileiros, mas quem pode sair fortalecido diante dessa situação?
09:44Porque do campo ideológico da esquerda, né?
09:47Existe essa narrativa de que a culpa foi do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro,
09:51que foi até os Estados Unidos, buscou, então, por esse tarifácio.
09:55E do lado da direita, há essa falta de articulação por parte do governo atual.
10:01De todos os contextos existentes nessa história,
10:04qual o senhor acredita que vai sair mais fortalecido?
10:09É, veja, assim, eu sempre prefiro usar explicações que levem em conta vários fatores ao mesmo tempo.
10:17Dificilmente você pode dizer que algo acontece apenas por conta de uma única variável.
10:23Então, é possível que os dois lados tenham uma parte da razão, né?
10:29E pode ser também que outros fatores que não estão sendo lembrados por ninguém
10:32também tenham desempenhado algum papel, né?
10:35Mas o que me parece claro é que, acho que em termos de repercussão política aqui no Brasil,
10:41eu destacaria duas, assim.
10:43Primeiro que você percebe já uma consertação muito clara, né?
10:49Entre os três poderes, o executivo, o legislativo e o judiciário, né?
10:54De se unirem na defesa da soberania brasileira, né?
10:59Na rejeição aos motivos, né?
11:04Que foram utilizados pelo presidente americano para fazer o tarifácio.
11:09Então, acho que esse é um motivo, é uma consequência, a primeira, né?
11:13A segunda é que me parece, e tem pesquisas que já estão começando a mostrar isso,
11:19que a competitividade do presidente Lula, né?
11:22Para dois mil e vinte e seis, que vinha em declínio, né?
11:27Aparentemente, esse movimento já foi interrompido e é possível até esperar
11:34que o presidente agora volte a ser mais competitivo nas eleições do ano que vem, né?
11:40Claro que a gente está ainda a mais de um ano de distância, né?
11:44Da votação, mas já há sinais aí nas pesquisas de opinião pública
11:51que mostram a recuperação da popularidade do Lula,
11:55não por nada que ele tenha feito necessariamente, né?
11:58Mas como o presidente acaba sendo a figura que é identificada, né?
12:03Como a grande liderança da nação, né?
12:06Me parece que quem estivesse na presidência do Brasil nesse momento,
12:10fosse quem fosse, acabaria sendo beneficiado
12:13e parece que é o que está acontecendo com o presidente Lula.
12:17Conversamos com o cientista político, Rogério Schmitt,
12:21a quem eu agradeço mais uma vez pela entrevista.
12:24Um bom domingo para o senhor.
12:27Eu que agradeço a todos vocês.
12:29Muito obrigado. Bom domingo. Bom dia dos pais.
12:32Obrigada.

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