Fim parcial do tarifaço abre portas, mas expõe fragilidades do Brasil; assista análise

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Em entrevista ao Real Time, Tirso Meirelles, presidente da FAESP, analisou as barreiras que ainda atingiam até 63% das exportações brasileiras aos EUA, detalhando prejuízos, impacto do tarifaço Trump, queda de preços, riscos ao leite nacional e desafios de competitividade do agro.

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00:00E mesmo com as isenções do tarifácio, 63% da pauta de exportações do Brasil para os Estados Unidos

00:06ainda pagam algum tipo de taxa, segundo a Confederação Nacional da Indústria.

00:12Nós vamos conversar agora sobre essas barreiras à entrada de produtos brasileiros no mercado norte-americano

00:17com o Tirso Meirelles, ele que é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo, a FAESP.

00:24Oi Tirso, muito bom dia para você, seja bem-vindo ao Real Time, tudo bem contigo?

00:28Muito bem, Eric, que alegria falar com você, com o Rodrigo aí do teu lado.

00:33Vocês disseram muito bem sobre o crescimento da economia brasileira.

00:38A grande problemática é a segurança jurídica, né Eric?

00:41Sem segurança jurídica fica muito difícil.

00:44Isso demonstra o que aconteceu com o tarifácio.

00:46Nós fizemos aí, o governo federal fez uma mistura entre a diplomacia e a economia,

00:53acabou misturando todo esse processo e acabou trazendo aí um prejuízo de 5 bilhões de dólares esse ano com o tarifácio.

01:01Agora, com a retomada de algumas tarifas, vamos dizer, sem o tarifácio,

01:07mas você precisa de verificar qual o dano que ocorreu no mercado.

01:11Sem dúvida nenhuma, o mercado de café e de carne que a gente estava esperando muito ocorreu,

01:16mas isso ocorreu também um down black em alguns países, como Uruguai e Paraguai compraram nossas carnes e venderam por norte-americano,

01:25como também o México subiu praticamente 350% de compra do nosso produto para vender para os Estados Unidos.

01:33Você pega a Colômbia, comprou 600% de café a mais para vender para os Estados Unidos.

01:38Isso abaixou as nossas taxas, diminuiu os nossos preços e aí diminuiu a inflação dos alimentos para o governo.

01:44Então, você vê que a inflação dos alimentos, ela foi abaixada com muita força, ela não foi resolvida.

01:52Por isso que o governo não consegue diminuir as taxas de juros, prejudicando toda a cadeia produtiva.

01:57Agora, Tirso, a CNI fala ainda em um patamar aí de 60% de produtos brasileiros que ainda sofre alguma taxação.

02:06O Midic, do governo federal e o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços,

02:17diz que agora só 22% dos produtos estão com o tarifácio, que a gente chama de Trump.

02:23Já é um certo alívio.

02:25A gente tem ali pontualmente alguns setores importantes, como calçado e também aço, ferro-alumínio, ainda com problemas.

02:33Mas já dá um grande alívio, não é isso, Tirso?

02:35O Eric, eu acho que você colocou um ponto muito importante.

02:38Aqui temos de ressalvar o trabalho que o ministro da Indústria e Comércio fez.

02:43Porque o presidente da República sempre atrapalhava as negociações, falando de outros assuntos,

02:50para que realmente criasse esse conflito.

02:52O ministro da Indústria e Comércio foi muito enfático, foi negociar e conseguiu.

02:57Hoje nós temos aí grandes problemas com máquinas e equipamentos agrícolas.

03:02Nós temos aí o calçados, que nós temos o subproduto de couro.

03:07Nós temos aí também o etanol e o açúcar para ser resolvido.

03:11Então existe o mel, nós temos aí os pescados.

03:16Tem bastante coisas para serem resolvidas.

03:18E, obviamente, que com a diplomacia separando da economia,

03:22eu acho que já ajusta bastante para que a gente possa ter uma consolidação do processo como um todo.

03:28Porque com uma taxa de juros de 15%,

03:30fica inviável até o produtor fazer investimento na sua propriedade,

03:34porque os nossos investimentos são em céu aberto.

03:37E o governo federal retirou todos os seguros que poderiam passar para o homem e a mulher do campo

03:43para ter uma tranquilidade.

03:45Por isso que nós estamos desenvolvendo centros de excelência,

03:48principalmente de irrigação, para salvaguardar um pouco a produtividade do produtor e da produtora rural.

03:54Tirso, você acha que agora com a retomada das exportações brasileiras,

03:59ou de grande parte agora dos produtos, inclusive agro, para os Estados Unidos,

04:04vai precisar aumentar essa produção?

04:07Até porque o Brasil conseguiu atingir ou expandir os seus mercados,

04:12colocando os seus produtos em outros mercados.

04:14E agora para atender também os Estados Unidos,

04:16o Brasil vai precisar, ou os produtores e exportadores vão precisar aumentar a sua produção?

04:23Eric, boa pergunta.

04:24É uma pergunta muito interessante,

04:26porque o Brasil é interessante.

04:29Nós podemos fazer três a quatro safras na mesma área nossa.

04:32Então a retomada é muito rápida.

04:34O mundo não tem estoque de alimentos.

04:36Então eles vão depender do país intrinsecamente.

04:40Tanto na carne, porque o estoque americano de bois é o mais baixo que já ocorreu nesses últimos 100 anos.

04:47Você pega a Austrália, também teve um problema seríssimo.

04:50Então quem tem poder de barganha para vender e consolidar os mercados é o Brasil.

04:56O Brasil aprendeu com esse tarifácio a fazer acordos bilaterais.

05:00É, acordos importantes.

05:02Você pega a Argentina,

05:04a Argentina, se você fizer uma análise, tem muito mais acordo,

05:07o dobro de acordos bilaterais que o Brasil.

05:10Agora, é importante a gente se alentar,

05:12e o governo precisa estar atento a isso,

05:15e isso nós já conversamos com o ministro da Indústria e Comércio,

05:18o doutor Geraldo Alckmin,

05:20sobre o problema do leite que está acontecendo no nosso país,

05:22onde que a Argentina e o Uruguai inundaram de leite o Brasil misturando água.

05:28E o nosso é o leite puro, que você não precisa misturar.

05:32Agora, você pega o Acordo Comum Europeu com o Mercosul,

05:36lá eles estão colocando uma cláudia o seguinte,

05:38poderá aumentar 10% a taxação se algum produto vier a ferir e transgredir,

05:45por exemplo, a concorrência do produtor rural.

05:48E ele pode diminuir 10% da taxação.

05:50Então, quer dizer, isso está combinado, é segurança jurídica daquilo que você faz.

05:55Agora, o Brasil está acabando com os pequenos e médios produtores de leite,

05:58porque está trazendo essa importação com um dumping,

06:04atrapalhando todo o processo produtivo do país.

06:07Agora, Tirso, o Brasil vai ter que reposicionar,

06:12fazer um reposicionamento dos seus produtos,

06:15ou ele consegue continuar vendendo para esses países

06:19que ele acabou fazendo alguma relação bilateral,

06:23ou fazendo algum acordo diante do tarifácio,

06:26ou não.

06:27É tranquilo, dá para atender todos os mercados neste momento.

06:32Enfim, a gente...

06:33A carne, por exemplo.

06:34Você tem cortes de carne que os Estados Unidos demandam mais,

06:38que é diferente, por exemplo, da carne que é vendida para a China.

06:41Como é que vai ficar esse tipo de venda agora?

06:45Vai ter que ter reposicionamento ou não é possível atender todo mundo?

06:50Dá para atender todo mundo, é tranquilo, não temos problema nenhum.

06:53A diversificação da indústria brasileira, nesse sentido, é muito rápida.

06:58Isso traz realmente uma amplitude do mercado brasileiro.

07:02É, obviamente, que a gente tem que ter um cuidado especial.

07:07Está certo que nós tivemos uma abertura de mercado muito interessante.

07:12Antes do tarifácio, nós exportamos muito café e muita carne para os Estados Unidos,

07:17que nós não tínhamos o hábito de comprar.

07:19Então, tinha um estoque lá.

07:20Mas, sem dúvida nenhuma, esse reposicionamento, nós somos muito rápido

07:24e nós não vamos perder mercado e vamos manter os mercados abertos também.

07:30Tirso Meirelles, queria muito agradecer a sua participação aqui no Real Time.

07:35Um grande abraço para você e uma ótima semana, meu amigo.

07:38Muito obrigado. Grande honra estar com você e seus telespectadores.

07:42Um grande abraço.

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