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O economista Paulo Gala, da FGV-SP, analisou os impactos das tarifas americanas sobre produtos brasileiros e os possíveis desdobramentos geopolíticos. O especialista vê chance de maior aproximação entre Brasil e China, mas alerta para o risco de dependência excessiva e a necessidade de exportar mais tecnologia.

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Transcrição
00:00A China atualmente é o principal parceiro comercial do Brasil.
00:04Os Estados Unidos ainda não definiram as tarifas que serão impostas ao país asiático
00:09e o Brasil enfrenta a partir do dia 7 de agosto 50% de imposto em produtos importantes como café, carne bovina, por exemplo.
00:17Agora, será que o tarifaço norte-americano pode então, no fim das contas, acabar aproximando mais ainda Brasil e China?
00:24Vamos entender mais desses possíveis movimentos?
00:26A entrevista ao vivo é com o Paulo Gala, que é professor de Economia da FGV de São Paulo.
00:32Tudo bem, professor Paulo? Muito boa tarde e seja bem-vindo.
00:36Tudo bem, boa tarde. É um prazer falar com vocês e com todos que nos assistem.
00:40Professor, como o senhor acompanhou esses últimos dias, esses últimos movimentos?
00:46E o que o senhor vê de caminhos que o Brasil deveria ou poderia seguir a partir daqui?
00:53O primeiro é dizer que foi uma surpresa positiva.
00:55Acho que a gente estava preparado para o pior, de 50% de tarifas sobre todos os produtos brasileiros
01:01e não apenas metade dos produtos brasileiros que vão para os Estados Unidos.
01:05Então, acho que foi uma boa notícia inicialmente, mas claro que a outra metade ainda sofre muito.
01:11São tarifas que praticamente inviabilizam o negócio.
01:1450% é uma tarifa gigantesca, não é qualquer coisa.
01:19E a boa notícia para o Brasil é que os produtos manufaturados,
01:24que são mais intensos em inovações tecnológicas, como aviões, máquinas, equipamentos,
01:30eles foram um pouco menos prejudicados,
01:32com as exceções que o governo americano acabou passando para o Brasil.
01:37A característica das exportações brasileiras para a China é que é muito baseada em commodities.
01:41Apesar de 30% das exportações irem para a China, tudo isso é commodities.
01:48Milhares de ferro, soja, petróleo, a parte mais tecnológica,
01:52o Brasil acaba exportando para os Estados Unidos e a Argentina,
01:56que é o terceiro maior parceiro.
01:57Agora, acho que tem perspectiva positiva ainda,
02:00porque nós vamos causar um problema de aumento de preços das commodities.
02:04Por exemplo, carne, há uma escalada de preços de carne muito forte nos Estados Unidos.
02:08Então, eventualmente, a carne brasileira ajuda a oferta,
02:12a aumentar a oferta nos Estados Unidos.
02:14Há uma alta de preço, inclusive, de alimentos no mundo.
02:17Então, acho que a gente pode ter algum otimismo
02:19em relação a mais isenções para produtos brasileiros.
02:25Professor Paulo, Felipe Machado, nosso analista, está aqui com a gente.
02:28Felipe, eu nem cumprimentei você, desculpa.
02:30A gente estava interagindo aqui nos bastidores e eu não me liguei.
02:33Boa tarde.
02:34Boa tarde.
02:34Agora, ao vivo, a Money Times.
02:36Boa tarde, boa tarde a todos.
02:37Boa tarde, professor.
02:38É bom falar com o senhor.
02:39Tudo bom.
02:40Professor, a gente viu, como o senhor lembrou bem,
02:43alguns produtos acabaram entrando nessa lista de isenções
02:46e outros produtos não.
02:48Café, carne, a gente já tem falado sobre isso.
02:50Eu queria saber da opinião do senhor,
02:51por que esses produtos não entraram?
02:53Quer dizer, tem algum significado,
02:55tem alguma razão comercial para uma futura negociação,
02:58alguma estratégia por trás de não terem sido incluídos
03:03esses produtos especificamente?
03:04Olha, não dá para saber as negociações que ocorreram diretamente entre empresas e membros do governo americano.
03:13A gente não tem notícias detalhadas disso.
03:17Agora, o que dá para saber é que os produtos que não estão na lista de exceções,
03:23eles são mais commodities.
03:25Portanto, eles são de fácil substituição.
03:27Por exemplo, o café.
03:28Evidente que o café brasileiro é muito importante,
03:30a oferta é enorme,
03:31mas é possível substituir o café brasileiro pelo café colombiano, por exemplo.
03:36Agora, um avião da Embraer é mais delicado.
03:39Esse é um caso específico em que se vê a necessidade
03:43que os Estados Unidos têm em relação a produtos brasileiros.
03:45Os jatos regionais da Embraer são muito importantes para as companhias americanas,
03:49até porque a Boeing e a Airbus não têm produzido volume suficiente
03:53nessa categoria de aviões regionais.
03:55Eles produzem mais os aviões grandes.
03:57Tem aquela encomenda gigantesca da American Airlines de jatos da Embraer.
04:02E, portanto, essas tarifas acabariam prejudicando as próprias empresas americanas.
04:07Foi o caso do suco de laranja também,
04:08que não é tão fácil você...
04:10Uma coisa é substituir a laranja, outra coisa é o suco de laranja.
04:13Então, a natureza do bem, a especificidade do bem,
04:16se ele é mais processado, se ele tem mais conteúdo tecnológico,
04:19se ele é um bem mais diferenciado,
04:21acaba ditando o quão difícil é substituir esse bem.
04:26Não quero entrar muito no economês aqui,
04:28mas a ideia é que os Estados Unidos agiu também um pouco por interesse próprio,
04:33por ter dependência desses produtos brasileiros
04:35que não são tão facilmente substituíveis,
04:38ele acabou colocando na lista de isenções,
04:40o que acabou sendo uma boa notícia para o Brasil.
04:44E, professor Paulo, agora a gente fica nessa preocupação,
04:48todo mundo fala que ninguém ganha com tarifas,
04:51no esporte, etc.
04:52Agora, quando a gente olha para Brasil e Estados Unidos,
04:55há quem diga que as tarifas podem acabar sendo até mais prejudiciais
04:59à economia dos Estados Unidos do que à brasileira, em alguns casos.
05:02Qual é a leitura do senhor sobre isso?
05:06Afeta as economias por canais distintos.
05:08Para o caso americano, o pior pode ser a inflação.
05:11Eu dizia há pouco que já há um temor com escalada de preços de carne,
05:16os preços em geral no mundial de alimentos têm subido,
05:19há uma preocupação nos Estados Unidos de inflação que não está totalmente controlada,
05:23a gente viu os indicadores dessa semana mostram ainda uma inflação
05:26ocorrida em 2,6% ao ano.
05:29Então, acho que os efeitos ruins para Estados Unidos têm a ver com inflação.
05:34E para o Brasil, tem a ver com atividade econômica.
05:36Pode até ter um efeito benéfico no Brasil de queda de preço de carro,
05:40café por conta do excesso de oferta temporária,
05:44que está no produto que sobra aqui no Brasil.
05:47Mas o que pode atrapalhar mais é o crescimento econômico,
05:51PIB brasileiro, nível de produção caindo, vendas caindo.
05:54Então, ao dia, sem dúvida, os dois países perdem,
05:57seja com atividade econômica ou com emprego.
06:00Professor, nós vimos hoje cedo que saíram os dados do emprego nos Estados Unidos,
06:06os dados vieram bem abaixo do esperado.
06:09O senhor acha que já é um reflexo dessa questão das tarifas?
06:13Quer dizer, a incerteza nos empresários, nas indústrias americanas,
06:17levam que eles não criem, não contratem,
06:20esperando uma atualização, uma melhor definição do cenário?
06:24Está relacionado com isso?
06:27Sem dúvida.
06:29A incerteza nos Estados Unidos, no momento, é muito elevada,
06:32não só em relação às tarifas, mas também em relação à imigração.
06:35O que a gente viu nos dados hoje de manhã
06:36é que os dados de oferta de trabalho estão mudando muito.
06:41A oferta de trabalho está caindo,
06:43porque como os imigrantes deixam o país,
06:45ou porque são imigrantes legais,
06:47ou porque estão preocupados, enfim,
06:49por vários motivos,
06:51mas o fato é que a oferta de mão de obra
06:54também está sendo reduzida nos Estados Unidos.
06:56O que a gente viu nos dados de hoje de manhã
06:58é que há uma queda de demanda por trabalhadores,
07:01mas também há uma queda na oferta de trabalhadores.
07:03Tanto é que o desemprego ficou em 4,2%,
07:06que ainda é um desemprego bem baixo.
07:09Isso tudo mostra que a economia americana
07:11está acertada por um ambiente de incertezas
07:14em relação a tarifas,
07:16em relação à mão de obra,
07:17disponibilidade de mão de obra,
07:18deportação,
07:20tudo isso faz com que os empresários
07:22fiquem mais parados,
07:24fiquem em um stand-by,
07:25como você observou,
07:28e sem decisões de investimento,
07:30contratação, a economia é a terra,
07:32para não dizer que ela pode ir até parada.
07:35Agora, falando de Brasil e China,
07:37nesse contexto,
07:38de um ambiente de tarifas elevadas,
07:41a gente já vê, professor,
07:43uma aproximação maior entre Brasil e China,
07:46que já era grande,
07:47declaração de abertura de mercado
07:48para produtos brasileiros,
07:50proposta de cooperação em alguns setores.
07:52Como o senhor vê,
07:53essa parceria é, de fato,
07:56muito bem-vinda, muito necessária?
07:58O senhor se preocupa com uma dependência
08:00muito forte da China?
08:02E ela pode compensar as perdas
08:04que a gente vai sofrer com as exportações
08:06para os Estados Unidos?
08:06Eu acho que ela ajuda,
08:09a China já é o principal parceiro
08:11de exportação do Brasil há muito tempo,
08:13recebe 30% das nossas exportações,
08:15mais de 100 bilhões de dólares.
08:17O que me preocupa nessa relação
08:18é que é uma relação muito assimétrica,
08:21no sentido de que a gente exporta commodities
08:23e bens sem conteúdo tecnológico
08:25e importa bens industriais.
08:27Basta ver os carros elétricos chineses
08:29que estão invadindo o Brasil.
08:30Você anda por aí com aplicativos,
08:34olhando para as cidades,
08:34e o carro chinês.
08:35Então, os chineses estão sendo muito hábeis
08:38em colocar o produto industrial chinês
08:40em solo brasileiro.
08:43A gente deveria, acho que,
08:44tentar usar essa proximidade
08:46para também promover
08:47exportações industriais brasileiras para a China.
08:51A grande vantagem dos Estados Unidos para o Brasil
08:53é que a gente coloca muito produto industrial tecnológico lá.
08:56Embraer, de novo, é o melhor exemplo.
08:58Acho que caberia ao governo agora
09:00a oportunidade de tentar redirecionar
09:03a produção industrial brasileira
09:05para ser exportada para o território chinês,
09:07e não apenas commodities.
09:09Isso sozinho já vai no automático.
09:12A gente coloca bilhões e bilhões de dólares
09:14de petróleo, de minério de ferro,
09:17de soja, de carne.
09:18Isso, inclusive, acho que é uma tendência
09:20de acréscimo.
09:21Parte do produto que não vai ter para os Estados Unidos
09:23vai acabar indo...
09:25Mas fica esse desafio da inserção industrial.
09:28da capital tecnológica brasileira,
09:29do comércio mundial e das relações com a China.
09:33Certo.
09:33Felipe, mais uma sua.
09:34Professor, a gente fala bastante
09:36sobre esse assunto aqui,
09:38dessas exportações, commodities,
09:40diversos produtos, por exemplo,
09:42de mais valor agregado,
09:43como o senhor citou bem a Embraer.
09:44A gente acaba citando quase sempre a Embraer.
09:47Existem outras áreas,
09:48outros setores da economia brasileira
09:50que o senhor vê um potencial
09:51para ter a produção de mais produtos
09:54para exportação com alto valor agregado?
09:57Porque parece que a gente fica
09:58um pouco refém também
09:59apenas da indústria aeroespacial,
10:01a questão da Embraer.
10:02O senhor vê algum potencial
10:04em outros setores
10:04para a gente ampliar um pouquinho
10:06essa produção de produtos
10:07mais sofisticados?
10:11Sem dúvida.
10:12O Brasil tem muito potencial.
10:13A gente tem, por exemplo,
10:14a WEG com a parte
10:15de materiais elétricos
10:16e transformadores,
10:17de geradores.
10:18O ecossistema
10:19de veículos elétricos chineses
10:21depende muito
10:22desses materiais elétricos.
10:25A gente tem uma campeã internacional
10:26que é a WEG,
10:27a parte de autopeças no geral
10:29com o IOSP,
10:30Marco Polo,
10:32a parte de ônibus,
10:33a parte de medicamentos também.
10:35O Brasil tem uma indústria
10:36muito robusta de medicamentos
10:38desde a escalada
10:39da lei dos genéricos.
10:40Eu acho que tem potencial interessante aí.
10:44A parte também de química,
10:46de baixo carbono,
10:47que a gente diz da química sustentável,
10:49de plástico, de eteno,
10:51que usa biometano.
10:53Toda essa linha
10:54de industrialização verde
10:56é uma avenida
10:58de expansão para o Brasil.
10:59Então, a gente tem potencial.
11:01Agora,
11:01a gente tem que transformar isso
11:03em realidade,
11:04porque senão
11:05a gente não consegue aumentar
11:06o salário
11:07e a renda per capita
11:08de maneira consistente
11:09no Brasil.
11:10Esse que é o desafio
11:11que a gente tem.
11:13Tá certo.
11:14Bom, quero agradecer demais
11:15o professor Paulo Gala,
11:17de economia
11:18da Fundação Getúlio Vargas
11:19aqui em São Paulo,
11:20pela participação ao vivo
11:21aqui com a gente.
11:22Volte sempre, professor.
11:24Boa tarde, viu?
11:26Obrigado, foi um prazer.
11:26Obrigado.
11:27Obrigado.
11:27Obrigado.
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