Donald Trump anunciou a redução de tarifas sobre produtos agrícolas como café, carne, banana e tomate. O professor Vinícius Rodrigues Vieira, da FAAP e FGV, analisa o impacto no Brasil, o efeito político para Trump, o risco de perda de credibilidade e como o alívio tarifário pode influenciar negociações futuras entre Brasil e Estados Unidos.
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00:00E a gente volta a falar sobre a principal notícia desta noite, que é a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reduzir as tarifas sobre alguns produtos agrícolas, como banana, café, carne e tomate.
00:13Sobre isso, eu converso agora com o Vinícius Rodrigues Vieira, que é professor de Economia e Relações Internacionais na FAAP e na FGV.
00:20Professor, boa noite, obrigado pela entrevista.
00:24Olá, Eduardo, muito boa noite, obrigado pelo convite.
00:26Professor, o alívio no tarifácio não chega a ser exatamente uma surpresa, porque o próprio presidente Donald Trump dizia, vinha dizendo que faria uma revisão nas taxas.
00:37Mas a extensão dessa revisão foi impressionante. A lista divulgada pela Casa Branca contém um total de 675 produtos.
00:46Essa extensão do alívio tarifário também te impressionou?
00:49Sim, Eduardo, me impressionou muito, porque o Trump, ele é um negociador muito inflexível.
00:58Nesse caso, ele fez ali uma concessão bilateral.
01:01Só que é importante entender o contexto dessa decisão, dessa concessão.
01:06É um contexto em que Trump, ele passou ali por uma eleição, no caso, o Partido Republicano,
01:11que foi rejeitado pelos eleitores.
01:14Os indicadores econômicos nos Estados Unidos têm demonstrado aí alguns elementos negativos,
01:20principalmente no que se refere à inflação, principalmente no café e na carne,
01:24que são dois produtos aí que o Brasil, mesmo tendo aí a sua tarifa de 40% mantida, né,
01:30só 10% cortados, né, eram 50, saem 10, ficam os 40.
01:34Deve-se beneficiar em alguma medida aí com a retomada de exportações que foram perdidas.
01:40E também, claro, é importante entender o seguinte, Eduardo, nós temos aqui o Trump com baixas taxas de aprovação.
01:47Só que o Trump tem aquele estilo, ele não gosta, para usar uma linguagem simples, de dar o braço a torcer.
01:52Então, ele não reconhece ali que errou em penalizar o consumidor americano, justamente impondo tarifas
01:59sobre boa parte desses produtos aí da lista que foi anunciada, são amplamente consumidos nos Estados Unidos.
02:06Então, por um lado, sem dúvida, é uma surpresa, mas por outro, é perfeitamente explicável
02:11em função da pressão que Donald Trump vem sofrendo, por mais que ele não reconheça essa pressão do público interno.
02:18Professor, os críticos de Donald Trump costumam utilizar a expressão taco, que é Trump always taken out.
02:25O Trump sempre dá para trás numa tradução livre e gentil da minha parte.
02:29É como é que fica a credibilidade política de Donald Trump com um recuo desse tamanho?
02:36Acho que ela só tende a se deteriorar, Eduardo, porque se a gente olhar outros fatores,
02:42outros casos em que Trump recuou, como por exemplo o caso da China, a China ali é uma variação incrível.
02:47Ora, as tarifas ultrapassaram até mesmo um mês depois do tarifácio 100%, depois foram recuadas,
02:54depois ali Trump conversa com o Xi Jinping, tem ali um acordo, um último acordo de curtíssima duração,
03:01só vai durar um ano a questão que a China não vai restringir a exportação dos metais críticos, das terras raras.
03:08Então, tudo isso soma aí como um passivo negativo para o Trump, em que ele agora,
03:13agora, com essa abertura no campo da alimentação, dos produtos que os americanos consomem,
03:18mas que os americanos não produzem, até por características geográficas,
03:22ele espera que a base republicana, mais os centristas, simplesmente esqueçam desse epíteto,
03:30desse rótulo que o Trump recebeu, que é o taco, Trump always taken out.
03:35Mas, de fato, isso faz com que ele perca credibilidade, não só nos Estados Unidos,
03:41mas também em relação a outros países que, não tenho dúvidas, vão procurar aí estratégias,
03:47Brasil inclusive, para que maximizem os seus ganhos em cima de Donald Trump,
03:53haja vista que sempre há ali alguma saída que, no fim das contas, ele acaba cedendo para o outro lado,
04:01para o lado de quem recebeu grandes tarifas.
04:03Então, Eduardo, nós temos aqui mais algo aí para conta de Donald Trump,
04:07que ele vai tentar negar, enfim, ele vive ali em estado de negação,
04:11mas que, de fato, demonstra uma, vamos dizer, flexibilidade excessiva,
04:15que faz com que qualquer político perca credibilidade, inclusive, entre os seus principais apoiadores.
04:21Ora, professor, embora essa decisão de hoje não fale diretamente sobre o Brasil,
04:26o nosso país é muito beneficiado, porque é um grande exportador de commodities para os Estados Unidos.
04:32Então, há, sim, um alívio.
04:34Na sua opinião, isso ajuda ou atrapalha o fechamento de um esperado acordo comercial
04:40entre o Brasil e os Estados Unidos?
04:42Porque há uma certa descompressão do assunto das tarifas,
04:46houve uma redução, não é exatamente o fim do tarifaço, mas há um alívio.
04:50Isso pode atrasar, talvez, o fim do tarifaço,
04:55ou o acordo comercial, na medida em que a pressão diminui um pouco?
04:58Nós temos, Eduardo, aí dois cenários básicos.
05:02Um cenário é justamente em que o Brasil seja favorecido,
05:06porque justamente o Brasil tende a ganhar uma certa vantagem,
05:11mesmo ainda, reiterando...
05:12Vou improvisar mais uma para ficar...
05:13...sobre o...
05:15Vou improvisar mais uma para ficar no tempo, né?
05:18Alô, perdão?
05:19Professor, você me ouve bem?
05:23Agora, sim, conseguimos nos falar, professor.
05:25Sim, posso bem.
05:26Ah, perfeito.
05:26A minha outra pergunta para o senhor é no seguinte sentido.
05:29Também há uma exportação maior de produtos agrícolas para outros países.
05:36Por exemplo, o Brasil é um grande exportador de produtos agrícolas para a China.
05:40O senhor entende que o fim desse, ou esse alívio tarifário, vamos colocar dessa forma,
05:45pode ter desdobramentos no comércio para outros países?
05:51Acho pouco provável, Eduardo.
05:53Sabe por quê?
05:54O que a gente vende para os Estados Unidos, não necessariamente a gente vende ali para a China,
05:58como é o caso do café, por exemplo.
06:00O consumidor chinês, ele não tem o hábito ainda de estar em expansão, né?
06:05Virou uma cultura, principalmente, entre os chineses mais jovens,
06:08tomar ali o seu cafezinho, né?
06:10Uma cafeteria, como geralmente os ocidentais de todas as idades costumam fazer.
06:15Então, aquilo que a gente vende para os Estados Unidos
06:18não necessariamente conseguiu ser redirecionado para outros mercados.
06:23O único produto que eu vejo que talvez possa haver um efeito é a carne,
06:27porque geralmente o mundo emergente tem consumido o quê?
06:30Muita carne, carne bovina, à medida que fica mais rico, que a classe média se expande.
06:35Então, com a retomada potencial das exportações para o mercado americano,
06:40temos aí um cenário potencial em que o Brasil venderá menos carne
06:45para outros mercados, direcionando isso para os Estados Unidos.
06:49Ficou muito claro.
06:50Professor Vinícius Rodrigues Vieira, docente de Economia e Relações Internacionais na FAP, na FGV,
06:56muito obrigado pela sua entrevista aqui ao Conexão nesta noite de sexta-feira.
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