A China sinalizou disposição para negociar um acordo de livre comércio com a União Europeia, buscando fortalecer o comércio e a integração industrial entre os dois blocos. Em entrevista ao Conexão, o professor Evandro Carvalho, da FGV e da UFF, analisa o impacto econômico e geopolítico da proposta e como ela pode redefinir rotas de infraestrutura e cadeias produtivas globais.
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00:00E a China declarou estar disposta a negociar um acordo de livre comércio com a União Europeia,
00:06promover a integração entre o cinturão econômico e o plano Global Gateway Europeu
00:13e trabalhar conjuntamente pela reforma e também pelo aprimoramento da governança global.
00:19Essas informações constam em um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores em Pequim
00:26depois de uma reunião do chanceler chinês com o Ministro das Relações Exteriores da Estônia.
00:33Sobre esse assunto, eu converso agora com o Evandro Carvalho,
00:36que é professor de Direito Internacional da Fundação Getúlio Vargas e também da Universidade Federal Fluminense.
00:43Oi, Evandro, boa noite para você.
00:45Muito obrigada por aceitar nosso convite de participar ao vivo aqui do Conexão.
00:50Muito obrigado, Paula. É um prazer participar aqui do programa.
00:54Obrigada a você.
00:54Evandro, para a gente começar, como que a proposta chinesa de um acordo de livre comércio com a União Europeia
01:01pode impactar as relações econômicas entre o Bloco e Pequim,
01:06especialmente aí diante de todas essas tensões comerciais recentes que a gente tem visto?
01:13Essa é uma tentativa que tem muito interesse por parte do governo chinês
01:19de reconstruir as relações com a União Europeia em bases de confiança que possa promover o comércio e também até mesmo uma certa integração industrial entre eles.
01:34Há uma tendência muito grande no comércio, no ano internacional, nesses acordos de livre comércio.
01:42No caso, por exemplo, da Ásia, existe a parceria econômica regional abrangente,
01:47que é um acordo de grande impacto na estrutura do comércio global no contexto asiático,
01:54que naturalmente um acordo desse com a União Europeia teria também um impacto profundo.
01:59E como eu falei também, até mesmo na integração industrial, nas cadeias produtivas,
02:03imagina-se, no europeias, em setores como veículos elétricos, semicondutores, farmacêuticos,
02:09e naturalmente isso é um tema de muito interesse da China,
02:13como também pode favorecer a transição energética na Europa.
02:17Agora, claro que um acordo desse também se coloca num contexto geopolítico complicado,
02:25sobretudo na relação entre China, Estados Unidos e União Europeia e Estados Unidos,
02:30mas é importante subliar que não há, de fato, grandes conflitos e grandes tensões
02:37de interesses fundamentais entre a China e a União Europeia,
02:40de modo que há uma, vamos dizer assim, se isolar esse contexto geopolítico complicado,
02:47afastar essas implicações geopolíticas, haveria grandes chances de avançar em alguns acordos,
02:55ou pelo menos em algumas áreas, num acordo comum de livre comércio.
02:59Evandro, de que forma essa integração entre o Cinturão Econômico da China
03:05e o Plano Europeu Global Gateway poderia redefinir, então, as rotas
03:10e também parcerias estratégicas de infraestrutura entre a Ásia e a Europa?
03:16Essa é uma boa pergunta. A política externa chinesa dá uma prioridade muito grande
03:24à iniciativa Cinturão e Rota, conhecida como a Nova Rota da Seda, que tem diversos eixos
03:30e um deles é focado no investimento em infraestrutura que possa favorecer o comércio internacional
03:37entre as partes que fazem parte dessa Rota da Seda.
03:43Então, investimento em portos, aeroportos, ferrovias e por aí vai.
03:48A Europa, ela manteve uma certa distância regulamentar em relação a essa iniciativa chinesa.
03:56A Itália chega, inclusive, a integrar essa iniciativa, a fazer parte dela e depois se retira,
04:03muito por uma pressão também dos Estados Unidos.
04:07Mas o que acontece? A China procurou, portanto, buscar os resultados, parcerias concretas,
04:15independentemente de um país ou outro fazer parte ou não da iniciativa Cinturão e Rota,
04:19muito embora, claro, ela tenha interesse nisso.
04:21Então, ela foca nos resultados ou naquilo que pode gerar aqui no Brasil.
04:29Se fala muito disso, na sinergia dos projetos, por exemplo, de desenvolvimento aqui no Brasil
04:33com a iniciativa Cinturão e Rota da China.
04:36A mesma coisa no que diz respeito a esta relação entre a Europa e China.
04:43E eu acho que, por exemplo, a gente pode tomar a agenda de desenvolvimento verde como um exemplo,
04:47que a China tem muito interesse nisso, a Europa também,
04:51pode haver alguma complementaridade aí muito grande.
04:54Há setores que podem ter uma certa dificuldade de ajustamento.
04:59A gente pensa no setor automotivo, por exemplo,
05:02pode ter um impacto para a União Europeia, pressão sobre montadoras tradicionais,
05:07possível relocação da produção para a China, por um lado,
05:12mas também pode ter um impacto para a China interessante,
05:15acesso facilitado ao mercado europeu de carros elétricos.
05:18De todo modo, a gente está falando de um comércio que ultrapassa os 900 bilhões de dólares.
05:24A União Europeia é o maior parceiro comercial da China.
05:26A China é o segundo maior parceiro da União Europeia.
05:28Então, há muito espaço de oportunidades para ambas as partes,
05:36mas naturalmente também uma série de questões a considerar em razão dos empates
05:42que isso pode gerar em alguns setores, seja na China, seja na União Europeia.
05:46Mas, sem sombra de dúvida, a iniciativa Cinturão e Rota, mencionada por você,
05:52já traz uma espécie de estrutura, um certo mapa de como a China organiza a sua política externa
06:01voltada para esse tipo de relacionamento, que não é só focada no comércio internacional,
06:08na redução de barreiras tarifárias e não tarifárias,
06:10mas também do investimento voltado para a infraestrutura que facilita este comércio
06:15e também ao intercâmbio das pessoas envolvidas nessas relações de negócios.
06:22Você aí de casa acabou de ouvir, então, o Evandro Carvalho,
06:26que é professor de Direito Internacional da Fundação Getúlio Vargas
06:29e da Universidade Federal Fluminense.
06:32Evandro, muito obrigada pela sua participação.
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