José Velloso, presidente executivo da Abimaq, avaliou como positiva a reunião entre Lula e Trump na Malásia. Ele destacou o otimismo da indústria e apontou a possibilidade de suspensão temporária das tarifas sobre máquinas e equipamentos exportados pelo Brasil.
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00:00Sobre o encontro dos dois presidentes, eu vou conversar agora com José Veloso, que é presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, a ABMAC.
00:10José Veloso, seja muito bem-vindo ao nosso plantão. Obrigado pela participação e boa tarde para você.
00:17Boa tarde. Para mim é um grande prazer estar com vocês novamente.
00:21Bom, vamos falar então sobre a sua reação a essa notícia de que o encontro foi bem-sucedido. O que você espera daqui para frente?
00:28Olha, realmente foi bem-sucedido. Ele caminhou, como a gente já imaginava, era de se esperar que numa bilateral na Malásia, os problemas mais críticos, os detalhes do tarifarço e outras medidas que os Estados Unidos colocou contra o Brasil não seriam solucionadas neste encontro.
00:53A gente imagina que é mais um passo. Nós tivemos aquele passo primeiro na ONU, no encontro dos dois presidentes, depois da ligação que o presidente Trump fez ao presidente Lula,
01:04mais recentemente na visita que o ministro Mauro Vieira fez à Casa Branca ao secretário Mark Rubio, e agora mais essa reunião na data de hoje.
01:15Estamos também na expectativa de uma reunião que deve acontecer hoje, ainda, nove e meia da noite do Brasil e oito e meia da manhã lá na Malásia,
01:27que é aquela reunião que foi falada pelo presidente Lula e presidente Trump, que eles fariam, as equipes fariam em seguida.
01:34Então, acreditamos que a coisa está andando no caminho certo. Eu continuo otimista, acreditando que as sanções pararam de crescer, não teremos novas sanções contra o Brasil,
01:48pelo contrário, agora desatar o nó para reverter aquilo que nós já tivemos. E aqui eu acredito em duas possibilidades.
01:56Uma, não agora, nessa visita na Malásia, eu diria em um próximo encontro de cúpula. Duas opções. Uma, a suspensão por 90 dias da aplicação das tarifas de 40%.
02:12Ficaríamos só em 10%. Então, um período de 90 dias de trégua. E a segunda opção, caso os Estados Unidos não aceitem esse pedido do Brasil,
02:23que alguns setores já sejam colocados na lista de exceções. Entre eles, setor de máquinas, algumas máquinas, setor de carnes, de café e mais alguma coisa que seja importante para os dois países.
02:38Veloso, a gente sabe que a indústria de máquinas é uma indústria muito variada. Eu queria que você explicasse para a gente que setores específicos dentro dessa indústria estão mais sofrendo
02:47e que você diria que precisam de atenção mais urgente.
02:53Olha, os setores que mais exportam para os Estados Unidos...
02:55Bom, o setor de máquinas é hoje 20% do total do tarifácio que os Estados Unidos aplicam no Brasil.
03:04E somos aproximadamente 3,6 bilhões de dólares de exportações no ano passado.
03:10No outro ano, foram 4 bilhões de dólares.
03:13Dentre as famílias de máquinas, a que nós mais exportamos para os Estados Unidos são máquinas para construção civil.
03:20ou máquinas da linha amarela.
03:23São os dois apelidos aí, mas os dois são construção civil.
03:26Em segundo lugar, são componentes de máquinas.
03:30E em terceiro lugar, aí temos vários setores ali bem próximos uns dos outros,
03:38mas seriam máquinas para a indústria de transformação.
03:41Bom, outra coisa importante dizer, existe uma interligação muito grande entre os outros de máquinas.
03:5182% do que nós exportamos para os Estados Unidos é intercompany.
03:5748% do que o Brasil importa também é intercompany.
04:01Então, eu diria para você que quem mais está sofrendo são máquinas para construção civil,
04:06máquinas para componentes de máquinas,
04:10mas também as empresas americanas que precisam desses equipamentos.
04:15Ora, quem cobrou a máquina, emprego está criando lá nos Estados Unidos.
04:20E existe hoje uma reclamação bastante grande da sociedade, entre os empresários,
04:25desse quase embargo que foi colocado numa tarifa de importação tão alta.
04:32A gente sabe que alguns setores, como o café, por exemplo,
04:34quando começaram as tarifas de 50%, houve dois movimentos aí.
04:38O primeiro movimento foi assim, exportar logo o que pudesse ser exportado sem tarifa.
04:43E o segundo movimento foi também atrasar as compras, esperando uma resolução do problema.
04:48No caso de máquinas, aconteceu algo parecido também?
04:51Sim. Aconteceu a mesma coisa.
04:53Nós, no mês de agosto, tivemos crescimento de exportações para os Estados Unidos.
04:59Por quê?
04:59Aqueles empresários que anteciparam as entregas.
05:03Que vocês vão lembrar que quando o governo Trump aplicou as exceções,
05:09a tarifa de 50%, naquela mesma data,
05:13o governo americano deu uma data de quem exportasse,
05:17que embarcasse a mercadoria até o dia 6 de agosto,
05:22e essa mercadoria chegasse nos Estados Unidos até 5 de outubro,
05:26não seria cobrada a tarifa.
05:29Então, o que aconteceu?
05:30Muitas empresas anteciparam as entregas para fugir da tarifa.
05:34Agora, quando saiu a estatística de setembro,
05:37agora nós já temos uma visão mais clara.
05:39Nós temos que, tirando máquinas para a construção civil,
05:42a queda nas nossas exportações é de 30%, 28%, praticamente 30%.
05:49Foi a queda que nós tivemos.
05:51E nas máquinas rodoviárias, ou máquinas para a construção civil,
05:56que são contratos de longo prazo e contratos de valores muito altos,
06:00esses contratos estão sendo observados, eles estão sendo realizados.
06:09Ou seja, nessas máquinas não houve queda de exportação.
06:13Os empresários estão observando aquilo que estava sendo tratado,
06:16porque são contratos de longo prazo.
06:19Agora, naquilo que não é de longo prazo, nós tivemos uma queda de 28%.
06:23José Veloso, presidente executivo da ABMAC,
06:26muito obrigado pela sua participação e boa tarde.
06:29Eu que agradeço, estou sempre à disposição de vocês.
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