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O presidente dos EUA, Donald Trump, fez uma forte afirmativa sobre o pagamento de benefícios alimentares durante o shutdown. A paralisação já dura 35 dias, igualando o recorde anterior e afetando milhões de americanos. O professor João Alfredo Nyegray analisa as causas, impactos e riscos políticos dessa crise.

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Transcrição
00:00E o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou hoje que os benefícios de assistência alimentar
00:06serão concedidos somente quando a paralisação do governo federal for encerrada,
00:11apesar de uma ordem judicial determinar que o governo efetue os pagamentos até a quarta-feira desta semana.
00:18Os benefícios do programa de assistência nutricional suplementar serão concedidos
00:23somente quando os democratas da esquerda radical liberarem o governo,
00:28o que eles podem fazer facilmente e não antes, escreveu Trump em uma postagem no Trash Social.
00:35O impasse de 35 dias sobre o financiamento do governo comprometeu os benefícios
00:40de quase 7 milhões de norte-americanos de baixa renda.
00:45E sobre o shutdown, eu converso agora com o professor doutor João Alfredo Niegrai,
00:52que é professor de geopolítica da PUC do Paraná.
00:55Oi, boa noite e seja muito bem-vindo ao Conexão.
00:59Muito boa noite, Paola. Boa noite a todos os espectadores.
01:03É uma alegria estar no Time do Brasil.
01:04Nós que agradecemos a sua participação.
01:07Professor, a paralisação do governo lá dos Estados Unidos entrou hoje no 35º dia,
01:13e isso igualou o recorde que foi alcançado no primeiro mandato de Donald Trump
01:18como o mais longo da história.
01:20A gente está falando, então, da maior economia mundial, né?
01:22Quais são os impactos e as consequências desse shutdown tão extenso?
01:27Essa é uma excelente pergunta, até porque, como você comentou,
01:33esse shutdown de agora é igual a um shutdown anterior do mesmo tempo.
01:39Anteriormente, lá entre 2018 e 2019, em que nós tivemos um shutdown de 35 dias,
01:47cerca de 800 mil funcionários foram afetados da esfera federal dos Estados Unidos,
01:53muitos deles trabalhando sem receber,
01:55e cerca de um quarto das atividades federais foram interrompidas.
02:00Naquela época, esse episódio, o Congressional Budget Office,
02:04atribuiu um custo direto de pelo menos 11 bilhões de dólares para a economia estadunidense,
02:10dos quais cerca de 3 bilhões em perdas permanentes do PIB,
02:14sem contar, é claro, impactos indiretos e déficits que são difíceis de misturar.
02:19Na conjuntura atual, as estimativas caminham na mesma direção,
02:24mas com valores ainda mais elevados devido à duração prolongada
02:28e ao maior número de funcionários afetados.
02:32Então, projetões recentes desse Departamento de Orçamento do Congresso
02:36indicam que um shutdown de 4 a 8 semanas
02:39pode retirar entre 7 e 14 bilhões de dólares do PIB dos Estados Unidos,
02:45com impacto aí de um a dois pontos percentuais na taxa de crescimento do trimestre,
02:50parte recuperável quando o governo reabrir, parte perdida para sempre.
02:56Ou seja, um prejuízo gigantesco, né, professor?
02:59Mas a minha pergunta agora é a seguinte,
03:01por que que apesar de ter maioria na Câmara e no Senado,
03:05os republicanos não conseguem reverter o shutdown?
03:09Do ponto de vista imediato, esse shutdown tem várias causas,
03:14em especial o impasse entre essa maioria republicana no Senado
03:18e a minoria democrata em torno de duas grandes agendas distintas.
03:23De um lado, o financiamento regular do governo federal
03:26e do outro, a manutenção ou ampliação de subsídios de saúde
03:31ligados ao chamado Affordable Care Act, o antigo Obamacare,
03:36que os democratas se recusam a deixar expirar.
03:39Os republicanos, por sua vez, insistem em descolar o orçamento e saúde,
03:45defendendo que o orçamento se reabra para que depois se passe a negociar benefícios
03:51e os democratas condicionam seus votos justamente à extensão desses subsídios.
03:57E esse conflito ganha uma dimensão um pouco mais explosiva,
04:01porque é filtrado pelas regras do próprio Senado.
04:03Ainda que os republicanos tenham 53 cadeiras,
04:08qualquer legislação orçamentária precisa superar a barreira dos 60 votos
04:13para encerrar o debate e avançar a votação final,
04:17o que dá a essa minoria democrata um poder de bloqueio bastante significativo.
04:23E, professor, a gente também mostrou que o presidente Donald Trump
04:27ameaçou não pagar o auxílio alimentação caso o shutdown não termine.
04:32mesmo com autorização judicial para utilizar esse fundo emergencial.
04:37Então, esse tipo de negociação, na base da ameaça, pode atrapalhar ainda mais o impasse.
04:43Com certeza.
04:44E a gente não pode esquecer que essa negociação na base da ameaça
04:47é justamente uma das características fundamentais do próprio Donald Trump,
04:51que vem adotando aquilo que eu chamo de bully diplomacy,
04:55ou diplomacia coercitiva, diplomacia do bully.
04:57Então, isso acaba sendo um pouco característico da própria forma Trump de se negociar.
05:02Esse programa SNAP, que é conhecido lá como os food stamps,
05:07é administrado pelo Departamento de Agricultura
05:09e fornece auxílio financeiro mensal a famílias de baixa renda para compra de alimentos.
05:15Só no ano passado, esse programa atendia cerca de 42 milhões de norte-americanos
05:20com benefício médio de 180 dólares por pessoa.
05:24E esse benefício e sua continuidade dependem diretamente
05:28de autorizações orçamentárias anuais do Congresso.
05:31Ou seja, sem aprovação de um orçamento ou de uma resolução de continuidade,
05:36esse fluxo de recursos pode, sim, ser interrompido.
05:40E há uma série de auxílios e recursos de emergência que já estavam no limite
05:46por volta ali da quarta semana de paralisação.
05:50E a partir de então, o governo dos Estados Unidos só consegue pagar parcialmente benefícios
05:55ou adiar a recarga desses cartões que permitem que as pessoas utilizem
06:02para compra de alimentos e auxílios emergenciais.
06:06E aí, para finalizar a minha fala, em alguns estados como Novo México, Texas e Michigan,
06:11bancos de alimentos e ONGs passaram a registrar já um aumento bastante expressivo da demanda,
06:17uma vez que a gente está vendo aí famílias ficando sem o auxílio.
06:21E, professor, na sua leitura, enquanto o governo enfrenta esse shutdown,
06:26o Donald Trump faz gastos milionários aí com reformas na Casa Branca.
06:30Isso pode passar um sinal de que o problema não é tão grave assim?
06:34Com certeza. E eu vejo que há aqui um custo político doméstico.
06:40O Trump diz que essas reformas na Casa Branca vão ser bancadas pelos gigantes da tecnologia e por ele próprio.
06:48Mesmo assim, pesquisas vêm mostrando o crescimento da insatisfação popular
06:52com ambos os partidos, mas, em geral, um peso maior de responsabilidade sobre o Partido Republicano.
07:00Isso, certamente, tende a contaminar as eleições intermediárias,
07:05reforçando aí um ceticismo em relação às instituições estadunidenses.
07:11Isso pode, certamente, alimentar discursos populistas, de rasgar as regras,
07:16como proposta de eliminar aí alguns mecanismos do Congresso
07:22que podem produzir ganhos de curto prazo, para um lado,
07:25ao custo de enfraquecer contrapesos fundamentais do longo prazo.
07:29Esse shutdown é, ao mesmo tempo, uma causa e um sintoma.
07:34Causa por gerar perdas econômicas, por aumentar a insegurança de famílias vulneráveis
07:39e criar todo esse ruído que nós estamos acompanhando nos mercados financeiros.
07:43E sintoma porque revela um orçamento sequestrado por essa guerra bipartidária
07:49num cenário de um Senado paralisado por regras que já não incentivam o compromisso
07:55e uma presidência disporta a usar a máquina pública como moeda de troca.
08:01Muito obrigada pelos esclarecimentos e suas colocações.
08:04João Alfredo Niegrai, que é professor de geopolítica da PUC do Paraná.
08:09Muito obrigada, professor, pela gentileza de participar ao vivo com a gente.
08:13Aqui, uma ótima noite para você.
08:14Muito obrigado, um forte abraço a você e, é claro, aos espectadores.
08:19Obrigada, até a próxima.
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