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Marina Cançado, fundadora da Converge Capital e reconhecida pela Forbes e Women to Watch, explicou como o setor privado brasileiro está transformando a crise climática em oportunidades de inovação e prosperidade. Investimentos globais triplicaram desde 2020, mas o Brasil ainda precisa atrair capital e ampliar soluções sustentáveis.

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Transcrição
00:00Hora do quadro protagonistas que traz histórias inspiradoras de mulheres que transformam as áreas em que atuam.
00:07Há um mês da COP30 em Belém do Pará, hoje eu converso com uma consultora e empreendedora
00:13que é uma das principais vozes quando o assunto é crise climática.
00:17Ela está na linha de frente da mobilização de capital e de soluções brasileiras com potencial global.
00:30A protagonista de hoje é Marina Cansado, uma das principais articuladoras da agenda climática no setor privado.
00:37Ela é fundadora da Converge Capital, já passou por organizações como a Future Carbon Group e a XP.
00:44Foi reconhecida em listas como Forbes Under 30, abaixo de 30 anos, 100 inovadores globais para o clima e Women to Watch no mercado financeiro.
00:52Marina Cansado também é co-organizadora do Climate Implementation Summit,
00:58que vai reunir mais de 700 CEOs e lideranças globais em São Paulo no mês que vem, pouco antes da COP30 em Belém.
01:06Marina, prazer ter você aqui no nosso quadro, muito bom conversar com você.
01:11Minha primeira pergunta é a mesma para todas vocês.
01:13Quem é Marina Cansado? Como é que você se define?
01:16Muito legal, muito prazer, é uma honra estar aqui com você, uma mulher que eu admiro tanto.
01:21Bom, é difícil se definir uma palavra, mas acho que eu sou uma brasileira numa busca constante
01:29para que o Brasil realize seu potencial e possa se desenvolver a partir das suas vocações,
01:35que estão muito ligadas à agenda que a gente vai conversar aqui, que é a agenda ambiental, as agendas da transição.
01:42E também acho que uma pessoa que acredita que o futuro não é dado, o futuro é criado.
01:47E por isso que a gente precisa fazer escolhas conscientes de como alocar nosso capital,
01:53de como fazer nossos negócios, para que eles estejam alinhados com o futuro que a gente quer ver.
01:59Então, desde os 20 anos eu venho empreendendo.
02:01Você está contando?
02:02Eu sou uma empreendedora, eu tenho 37 agora, então já fazem 17 anos que eu venho empreendendo.
02:07Já tive diferentes negócios, seja como empreendedora, mas também como executiva, como você comentou.
02:12Então, acho que sempre nessa busca de qual é a melhor forma de dar essa contribuição
02:18para que a gente consiga ser uma potência como país e a gente consiga criar um futuro
02:23que é um futuro do qual a gente se orgulhe.
02:25Em relação a essa pauta que a gente está conversando, onde, na sua opinião,
02:30o setor privado já saiu do discurso e já entrou na implementação?
02:34Olha, é bem interessante, porque essa pauta de clima é recente, de certa forma.
02:40Foi ali no final, se a gente for pensar, foi no final da década de 80 que começou a ter mais dados da ciência mesmo
02:48para mostrar que as mudanças climáticas causadas pela ação humana estavam acontecendo.
02:54Foi só na década de 90 que os negócios começaram, inclusive aqui no Brasil, na Rio 92,
03:00quando foi criado o termo desenvolvimento sustentável,
03:04que se colocou essa visão de que a gente precisava encontrar uma forma de se desenvolver,
03:08crescer mais compatível e mais harmonia com a natureza, com os recursos do planeta e etc.
03:15E aí foi só no começo dos anos 2000 que isso começou a ser traduzido para os negócios.
03:20Então, em 2005, 2006, surgem os termos SG para falar como que a gente olha
03:26para essas variáveis sociais e ambientais nos investimentos, o termo investimento de impacto,
03:32como se faz investimentos com uma intencionalidade clara de resolver um certo desafio,
03:37que começa nas empresas aqui no Brasil, se começa a criar as áreas de sustentabilidade.
03:43E como acho que todo o processo tem um tempo de maturação, tem um tempo de aprendizado.
03:48E por muito tempo, a agenda de sustentabilidade, ela ficava muito marginal.
03:52Ela era uma agenda ali ainda muito vista como custo, como sacrifício,
03:58como uma coisa que não era central estratégia.
04:00Isso começa a mudar nos últimos cinco anos, quando, primeiro, a gente tem uma intensificação
04:05das mudanças climáticas, do aquecimento global.
04:08A pandemia ajudou nisso?
04:09Sem dúvida, acho que ficou muito claro os efeitos que a gente gera no planeta.
04:13Mas foi também ali durante a pandemia que teve um grande chamado às empresas,
04:17que é chamado a corrida para o net zero.
04:20O net zero é como que as empresas, assim como os governos, vão trabalhar para a gente
04:24reduzir as emissões de gás de efeito estufa, chegando muito próximo do zero,
04:29que é o que é necessário para que a gente consiga conter o aumento de temperatura.
04:34Então, se você pensar, toda essa agenda de COPs e etc., ela era muito uma agenda de governos.
04:40Foi lá em 2020, com a pandemia, que teve esse chamado que as empresas precisam ter
04:44sua jornada de descarbonização, que no fim das contas são as empresas
04:48que vão entregar essa redução de emissões.
04:51E aí, nesse processo, além de ter esse chamado das empresas, as empresas começaram a perceber
04:56que sustentabilidade é uma agenda de prosperidade, de eficiência, de inovação.
05:03É muito mais amplo.
05:04É muito mais e que tem muitos benefícios, porque no final das contas,
05:08se eu penso como eu uso meus recursos melhor, se eu penso como que eu me planejo
05:12para efeitos adversos, eu me torno mais resiliente, eu posso me tornar mais eficiente.
05:18Então, eu acho que pela primeira vez nessa história da sustentabilidade, desses 30 anos,
05:23a gente está tendo essa virada de chave, que é uma agenda de prosperidade, de eficiência,
05:30de inovação, que é uma nova fase do crescimento, do desenvolvimento dos países, das empresas.
05:36E para o Brasil, especificamente, nós somos um país muito abençoado nesse sentido,
05:40porque em todos os setores da economia, nós já temos soluções que são pioneiras,
05:46que podem entregar ótimos resultados, sendo positivas para a natureza, menos intensas em carbono.
05:53Então, isso nos coloca como um país que pode estar à frente, ser protagonista das novas cadeias de valor
05:59de todos os setores da economia.
06:01Então, diferente de outros países que têm que fazer, muitas vezes, uma escolha,
06:04talvez eu tenha redução aqui de PIB ou redução de emprego, se eu for avançar nessas pautas.
06:11Para o Brasil, não.
06:12Para o Brasil, há uma pauta que já tem inúmeros estudos que mostram que a gente pode gerar mais renda,
06:17mais PIB, melhoria de vida das pessoas ao investir na transição dos modelos de negócio
06:23para modelos mais positivos para a natureza e menos intensos em carbono.
06:27Mas o que ainda trava as empresas para a entrega dessas metas climáticas?
06:32Então, acho que tem empresas que a gente tem que olhar para setor, né?
06:36Então, eu gosto sempre de dizer que é difícil de generalizar.
06:40Essa agenda precisa ser muito específica, né?
06:42Então, quando a gente vê o agronegócio, por exemplo, brasileiro,
06:45no Brasil, 75% das emissões de gás de efeito estufa praticamente
06:49vem relacionadas ao uso da terra.
06:51Mas, ao mesmo tempo, o agro brasileiro é um dos mais sustentáveis do mundo
06:55e a gente, se conseguir avançar nas práticas mais sustentáveis, regenerativas,
07:01conseguir restaurar as áreas degradadas,
07:03o Brasil tem quase um terço de áreas degradadas no país
07:05que podem ser reutilizadas para biocombustíveis, para tantas outras coisas.
07:10Então, se a gente conseguir fazer isso, o agro sai do emissor,
07:14o vilão, entre aspas, e passa a ser o grande contribuidor.
07:18Quando isso deve acontecer, na sua opinião?
07:20Então, aí já tem esse movimento acontecendo.
07:22Mas ele é um movimento que sempre tem algumas empresas pioneiras
07:26que começam a ver que o agro sempre se sente na pele, né?
07:29Os efeitos das mudanças climáticas.
07:31Então, empresas começam a ver que se eu uso bioinsumos
07:34ao invés de fertilizantes químicos derivados de petróleo, faz mais sentido.
07:39Que se eu tenho uma tecnologia que me ajuda a irrigar
07:42e eu não desperdiçar água, faz mais sentido.
07:45Se ao invés de liberar metano, eu consigo produzir biometano, né?
07:50Que é um substituto ao biogás e ter minha própria energia gerada por resíduos,
07:57que isso é uma supereconomia de energia.
07:59Então, a gente começa a ver, né?
08:00Em cada setor da economia, isso acontecendo.
08:02Você tem setores mais maduros, como o de energia.
08:05No Brasil, nós já temos um setor de energia renovável muito maduro.
08:09Mas mesmo no de energia, a gente tem novas fronteiras, né?
08:13Como hidrogênio verde, os combustíveis sustentáveis da aviação.
08:16Mas já tem uma base, um histórico.
08:18Então, essas soluções, elas já acham mais tração no mercado.
08:22Se uma empresa de energia renovável vai num banco pedir um crédito,
08:26ela já consegue, porque os bancos, o mercado financeiro já conhece
08:30como aquele negócio se opera.
08:32Já outras soluções, como a agricultura regenerativa,
08:35o que tem sido chamado no Brasil soluções baseadas na natureza,
08:38que tem a ver com restauração florestal,
08:41tem a ver com restauração de áreas degradadas.
08:43Ainda tem modelos de negócio que estão sendo testados.
08:48E aí, é um capital de risco que você precisa.
08:50E aí, você precisa do empreendedor que quer correr mais risco
08:53e você precisa do mercado financeiro que também esteja disposto.
08:57Então, o que eu diria é que hoje a gente tem soluções
08:59em diferentes estágios de maturidade.
09:02Muitas vezes, tem empresas e tem o mercado financeiro
09:05que já está investindo em soluções climáticas e nem percebe,
09:07porque aquilo já entrou no dia a dia normal,
09:10porque já é uma coisa que se provou financeiramente.
09:13Mas a gente precisa trazer recursos, capital e empresas
09:16que queiram ser pioneiras nessas outras soluções
09:19que são muito importantes, mas que estão menos maduras.
09:21E como é que a gente pode garantir que essas metas todas
09:24virem métricas de fato e não marketing?
09:27Olha, esse é o grande desafio.
09:30A gente fala que tem sempre um gap entre as políticas
09:35ou mesmo as metas.
09:36Agora, essa COP vai ser muito importante
09:38porque ela vai ser o momento dos países
09:41colocarem novas metas de redução das suas emissões.
09:45Porque no fim, o que acontece?
09:46No Acordo de Paris, os países combinaram
09:48que cada país, voluntariamente, vai falar com quanto vai reduzir as emissões.
09:53Só que, no final das contas, o país não tem como reduzir as emissões.
09:56As empresas que estão naquele país que vão reduzir as emissões.
10:00Então, os governos podem fazer incentivos, fazer regulamentações.
10:04O mercado de carbono é uma ótima estratégia para isso.
10:07Mas, no fim, as empresas que precisam fazer.
10:09Tem iniciativas dentro das empresas também.
10:11E hoje, o que acontece?
10:12As empresas no Brasil, por mais que tenha sido sancionada
10:15a lei que cria o mercado, institui o mercado de carbono,
10:18esse mercado ainda não está em vigor.
10:20Pode demorar uns 4, 5 anos para a infraestrutura estar pronta.
10:23Então, hoje, as empresas brasileiras, elas estão fazendo voluntariamente
10:27esse esforço de descarbonização.
10:29Por quê?
10:30Porque faz sentido econômico, porque cada vez mais,
10:33para eu participar de uma cadeia de valor global,
10:36eu preciso estar de acordo com aquelas exigências.
10:41E hoje, na Europa e em outros países, você já tem exigências.
10:44Então, as empresas que mais estão evoluindo
10:46são aquelas empresas em setores,
10:49em que, para a empresa ser um exportador,
10:51ou para que a empresa faça parte do jogo global,
10:55ela já precisa levar isso em consideração.
10:58E por isso que o mercado de carbono, para a gente,
11:00já tem uma importância.
11:01Porque, a partir do momento que você precifica
11:03as emissões de uma empresa,
11:06isso passa a valer como uma nova regra do jogo.
11:09Porque as empresas que não reduzirem suas emissões,
11:12elas vão ter que pagar por aquilo.
11:13Então, aquilo passa a ter um impacto econômico
11:16muito material, muito real.
11:19Então, isso eu acho que vai ajudar o mercado de carbono,
11:23a precipitação do carbono, sem dúvida,
11:24vai ajudar a gente a sair só das metas para a ação.
11:29Onde você vê, de fato, avanços reais
11:32de empresas, do capital privado,
11:36nessa questão da transição climática?
11:39Acho que eu gosto de falar de números, de dados.
11:42Então, se a gente olhar de 2020 a 2023,
11:46os investimentos em soluções para a clima e natureza
11:49triplicaram o mundo.
11:50Então, hoje, cerca de 2 trilhões de dólares,
11:54que é cerca de 2% do PIB global,
11:57está indo para financiar soluções para a clima e natureza.
12:01Só que, para que a gente alcance as metas do acordo de país,
12:04a gente precisa quadruplicar isso.
12:06A gente precisa chegar a 8, 9 trilhões.
12:09Então, a gente tem esse grande salto,
12:12mas nunca houve tanto investimento,
12:14a despeito de geopolítica, de guerras e de Trump.
12:18Nunca houve, de acordo com os dados,
12:20tanto investimento indo para essa agenda.
12:23Qual que é o problema?
12:24São dois.
12:24O problema é que esse recurso não está distribuído
12:28de maneira igualitária nas regiões do mundo.
12:32Então, desses dois tri que eu falei que a gente tem hoje,
12:34só 100 bilhões está aqui na América Latina,
12:37nem estou falando de Brasil.
12:39E quando a gente olha para esses 100 bilhões,
12:4160% desse capital está indo para a energia e para transporte,
12:46que, de novo, é o que eu falei,
12:47já são setores mais maduros.
12:49Eletrificação de frota, biocombustível,
12:53energias renováveis, enfim.
12:54Mas eles estão sugando esses 60%.
12:57E a gente tem várias outras soluções
12:59de outros vários setores importantes.
13:01Então, tem esse desafio da distribuição.
13:04O segundo desafio é o que eu falei,
13:06da maturidade das soluções.
13:08Hoje, se estima que 35% das soluções
13:11que a gente precisa para fazer a transição
13:13para uma economia descarbonizada já existem
13:15e já são competitivas.
13:19Então, o dinheiro flui mais fácil.
13:21Só que tem 65% que ainda estão no estágio,
13:25são uma startup que está testando uma tecnologia
13:28ou uma coisa que já se começou a provar,
13:30mas ainda não tem escala,
13:32como é o caso aqui do restauração florestal no Brasil.
13:36Então, essas soluções, esses 65% precisam de um capital
13:40e por isso que é tão importante,
13:42a gente vai começar no mundo financeiro,
13:44ouvir falar cada vez mais,
13:46da importância da gente orquestrar diferentes tipos de capital.
13:49Então, você tem o capital dos bancos de desenvolvimento,
13:52que ele é muito importante,
13:53porque ele tem um poder catalítico.
13:55Muitas vezes, se um banco de desenvolvimento entra,
13:57ele acaba atraindo depois dinheiros
13:59dos investidores mais tradicionais,
14:02dinheiros de family offices, filantropias.
14:05Então, a gente está bem nesse momento
14:07em que acho que a gente avançou muito,
14:10mas precisa redistribuir melhor
14:14entre setores e entre geografias esse recurso.
14:18e acho que a gente,
14:20muito do que a gente quer mostrar nessa COP,
14:22e aí já conectando até com o Climate Implementation Summit,
14:25que é um dos eventos que eu estou organizando,
14:27junto com muitas outras organizações,
14:29como o Instituto Clima e Sociedade,
14:30Climate Action e dezenas de parceiros,
14:33é fazer um evento para mostrar soluções transformadoras
14:37que já estão remodelando setores,
14:41porque senão, às vezes, dá essa impressão
14:43de que o setor privado está se comprometendo
14:45com coisas lá para, sei lá, 2030, 2040, 2050.
14:48Voltou hoje, Duda, nossa realidade hoje.
14:50Exatamente, parecem compromissos,
14:52aqueles compromissos, aquelas frases,
14:54muitas vezes, que as empresas criam,
14:56que são frases muito abstratas.
14:58Então, esse evento é justamente para a gente mostrar
15:00que em todos os pilares da agenda de ação climática,
15:04no mundo, tem soluções empreendidas
15:07por empresas grandes ou por empresas pequenas e médias,
15:10por startups, por filantropias,
15:12que já são exemplos de que esses novos modelos
15:16são possíveis e com a nossa ideia
15:19é que esse evento se torne um evento anual
15:21para que, cada ano, a gente vá promovendo
15:24essa troca de experiência entre CEOs,
15:28empresas, organizações do setor privado do mundo todo.
15:31A gente não tem tempo a perder,
15:33então, reduzir a curva de aprendizado,
15:36acelerar que as organizações,
15:38que os países aprendam um com o outro
15:40é fundamental, né?
15:41Então, por isso que a gente está fazendo esse evento
15:43e passar essa mensagem clara para a sociedade
15:45de que tem coisas acontecendo,
15:48tem transformações em curso,
15:50que não é só discurso.
15:51De que maneira esse evento
15:53que vocês vão fazer pouco antes da COP
15:55pode dar um tom para a COP30?
15:57Então, a nossa ideia é justamente isso.
15:59Primeiro, reunir CEOs do mundo todo,
16:02lideranças do mundo todo,
16:03e se juntar essas pessoas...
16:05São mais de 700 CEOs e líderes globais.
16:07Exatamente.
16:08Muita gente que vem para cá antes de ir para Belém.
16:11Exatamente.
16:11Vem para São Paulo antes de ir para Belém.
16:12Na semana anterior, vão ter muitos eventos
16:14acontecendo em São Paulo e Rio,
16:16e aí a nossa ideia é fechar essa semana
16:18de eventos do setor privado antes da COP
16:21com esse evento.
16:23E aí os objetivos são dois.
16:24Um, por reunir essa força,
16:27essa relevância desses atores,
16:29é mostrar que tem o setor privado,
16:31de fato, engajado com a implementação,
16:34porque o sucesso dessa COP,
16:35na minha visão pessoal,
16:37está muito ligado ao setor privado
16:39e setor financeiro,
16:40mostrar a presença e mostrar
16:41que vai colocar os recursos,
16:43que está focado em empreender as soluções.
16:46E do outro lado, a gente dá luz,
16:48iluminar essas soluções transformadoras,
16:50que muitas vezes estão dispersas por aí.
16:53Mas você tem empresas empreendendo
16:55transformações na cadeia do leite,
16:57na cadeia da laranja,
16:59na cadeia da pecuária,
17:01criando tecnologias incríveis
17:04para reciclar roupa,
17:06para pensar novos materiais,
17:08para a gente não ter que usar plástico.
17:10Tem muita coisa acontecendo em escala
17:12e a gente quer dar luz para isso,
17:14porque, em geral,
17:15a gente fica muito focado nos desafios
17:17e as pessoas para terem,
17:19inclusive, esperança,
17:21e acho que esse senso de que é possível,
17:23precisam ver exemplos concretos.
17:25Então, a gente quer trabalhar muito
17:26em cima desses cases concretos.
17:28Muito se discute se Belém está pronta
17:30para receber um evento desse porte.
17:32Eu sei que você frequenta muito lá,
17:34claro, vai muito para trabalhar.
17:36Qual é a sua opinião?
17:37E quais são os maiores desafios de Belém
17:39nesse momento para receber a Copa daqui a um mês?
17:41Então, eu acho que a escolha, né,
17:43de fazer na Amazônia, em Belém,
17:46eu acho que o simbolismo é muito bacana.
17:48Eu concordo com você.
17:49Porque, primeiro, o mundo sabe da importância da Amazônia,
17:53mas tem uma visão utópica da Amazônia.
17:55Sim.
17:56Sabe, isso é aquele imaginário
17:59e não sabe, muitas vezes, ou não vê,
18:02que tem quase 30 milhões de pessoas morando lá,
18:05que são pessoas que vivem na Amazônia urbana,
18:09não necessariamente na floresta,
18:11que tem todos os desafios
18:12para como que essas pessoas vão prosperar
18:15e vão viver bem,
18:16que é até um contrassenso
18:17nessa região de tanta biodiversidade,
18:20riqueza e abundância,
18:21ser um dos muitos dos lugares
18:23de pior IDH no Brasil.
18:24Então, tem uma...
18:26Então, eu acho que vai ser um choque, assim, cultural,
18:30digamos assim,
18:31porque eu acho que o mundo vai se deparar
18:32com uma complexidade,
18:34com uma realidade
18:35que vai gerar muita reflexão,
18:38porque de fora é muito fácil
18:39ficar apontando o dedo.
18:41O Brasil deveria fazer um melhor trabalho
18:43de conter desmatamento,
18:44de conservação,
18:45mas e as complexidades de fazer isso
18:48numa região que é metade do nosso território,
18:51com 30 milhões de pessoas
18:53e desafios ali muito complexos,
18:56que passam, inclusive,
18:57pelo crime organizado e tantos outros.
19:01Então, eu acho que nesse sentido é muito bom.
19:04Agora, eu acho que o desafio é que a gente,
19:06se é uma COP que quer fazer
19:07essa virada de chave para a implementação,
19:09a gente precisa criar esses espaços
19:12para o setor privado conseguir vir
19:14e participar.
19:16E acho que vai.
19:18Talvez as organizações vão ficar
19:20os 10, 15 dias em Belém,
19:23vão ficar alguns dias em Belém,
19:24circular para outros lugares do Brasil.
19:26Acho que vai ser assim.
19:27Minha visão é que vai se ajeitar
19:28e que, na verdade,
19:31acho que o governo foi muito sábio
19:32em criar essa ideia do mutirão,
19:35porque acho que o mutirão é justamente isso.
19:37São cada um, cada organização,
19:39fazendo o que está dentro das suas possibilidades.
19:43E acho que o mutirão tem que acontecer no Brasil.
19:46Então, se um CEO não conseguir ir para Belém,
19:48vir para São Paulo, que ótimo, veio.
19:50Acho que é importante as pessoas virem para o Brasil.
19:53Porque o mundo,
19:55e como eu trabalho muito com investidores,
19:57empresários internacionais,
19:59eu vejo isso muito claramente.
20:01O mundo conhece muito pouco do Brasil.
20:03E porque conhece muito pouco do Brasil
20:05e acaba tendo vários vieses e estereótipos,
20:09acaba, primeiro,
20:11não conhecendo a magnitude das nossas soluções,
20:13a sofisticação do nosso mercado financeiro,
20:16o talento que a gente tem nesse país.
20:19E também, essa falta de conhecimento
20:22gera uma visão superestimada de risco.
20:26E aí, na hora de escolher onde investir,
20:29porque o internacional não entende muito
20:31a nossa política ou sempre a gente tem aqui
20:34nossos jeitos de fazer as coisas,
20:37o capital acaba fluindo para outro lugar,
20:39não para o Brasil.
20:40Então, se a gente traz as pessoas para o Brasil,
20:42para elas conhecerem as nossas soluções
20:44e verem que não é a solução de hoje,
20:48o pró-álcool gerou os biocombustíveis,
20:51vai fazer 50 anos.
20:52A gente tem uma embrapa que está há décadas
20:57possibilitando que a gente tenha uma agropecuária
21:01e também uma indústria de florestas
21:03eficiente, produtiva.
21:06Então, a gente tem muita coisa que tem muita história
21:08e eu espero que com essa cópia
21:10a gente consiga posicionar o Brasil no mundo
21:13como uma liderança nessa agenda.
21:16E aproveitando que você falou de soluções,
21:18das nossas soluções,
21:19na sua opinião, qual é a maior solução brasileira
21:22que tem, de fato, probabilidade
21:25de se tornar uma referência global?
21:27Todas aquelas ligadas ao uso da nossa biomassa,
21:31ao uso da terra.
21:32Então, se a gente olha o agro,
21:35porque o Brasil é o celeiro do mundo,
21:37a gente é o maior exportador
21:38praticamente em todas as categorias de alimentos.
21:41Então, se a gente conseguir continuar
21:43produzindo comida para o mundo
21:44sem desmatar novas áreas,
21:47fazendo isso de uma forma
21:48eficiente e sustentável,
21:53é o que o mundo mais precisa.
21:55O que o mundo mais teme
21:56é insegurança alimentar.
21:58E o Brasil pode ser essa fonte
22:00de segurança alimentar
22:01de forma sustentável.
22:04Então, essa é uma coisa.
22:04A outra coisa é que no próprio uso da terra,
22:08como eu falei,
22:09a gente tem um terço do território brasileiro
22:10de áreas degradadas.
22:12Se essas áreas forem convertidas,
22:13você pode usar, por exemplo,
22:15você pode gerar biocombustível,
22:17que pode ser usado para a indústria marítima.
22:20Eu estava recentemente,
22:21agora na Semana do Clima em Nova York,
22:23numa discussão que a associação, né,
22:27ali dos transportes marítimos,
22:29que são dos grandes poluidores,
22:31vai agora colocar uma regulamentação
22:33em que eles vão precisar fazer
22:35a mudança de combustível,
22:36para um combustível,
22:37do combustível fóssil para um outro.
22:39E qual que é esse outro?
22:40Então, a gente estava levando
22:41o biocombustível brasileiro,
22:43feito em áreas biodegradadas,
22:45como uma solução.
22:46Se a gente muda o combustível da aviação,
22:49pelo combustível sustentável da aviação,
22:51e se a gente muda o combustível
22:53da indústria marítima,
22:55o Brasil vai ser responsável
22:57por, assim, remodelar
22:58toda essa indústria de transporte
23:01extremamente emissora.
23:02Mas o que está faltando
23:03para que a gente consiga virar,
23:05de fato, exportador de soluções
23:08e não só de ativos naturais?
23:10Articulação.
23:11Então, muito vender
23:12essas nossas soluções para fora,
23:14porque tem resistências,
23:16porque tem muitos países
23:18não querendo perder poder,
23:20porque as soluções deles...
23:21Sim, claro.
23:22Então, vender a nossa solução,
23:24estar nas mesas certas,
23:26levar as coisas de uma forma articulada
23:28e cada vez mais juntar as pontas,
23:31porque, por exemplo,
23:32o caro, o biocombustível,
23:34poder ser uma solução,
23:37seja para aviões...
23:40Você vai precisar de compradores
23:45que topem fazer compras grandes,
23:48antecipadas,
23:49para financiar todo o investimento
23:51que precisa ser feito.
23:53Você vai precisar de setor financeiro
23:54aberto a pensar estruturações
23:57financeiras diferentes.
23:59Então, acho que esse é o grande desafio
24:01e a grande oportunidade da Agenda do Clima,
24:03que, como a gente está falando
24:04de repensar setores,
24:07cadeias por inteiro,
24:09de criar novos setores da economia,
24:11muitos pontos precisam ser ligados.
24:14Então, acho que se a gente
24:15dedicar tempo,
24:16que eu acho que a COP está sendo
24:18uma forma da gente fazer isso.
24:19Se geraram tantos grupos de trabalho,
24:22o Cebedes, por exemplo,
24:23que é um dos nossos parceiros
24:24no Climate Implementation Summit,
24:26que é o Conselho Brasileiro
24:27de Empresas Comprometidas
24:30com o Desenvolvimento Sustentável,
24:32eles pegaram o setor de transportes,
24:34por exemplo,
24:36as várias empresas
24:37dos vários pontos da cadeia.
24:40Então, os diversos atores
24:41ali envolvidos no tema de transporte.
24:43Fizeram uma série de workshops
24:45e reuniões de trabalho
24:47com o apoio de uma consultoria
24:48e chegaram a três soluções
24:51que reduziriam em 80%
24:54as emissões do setor brasileiro
24:55de transporte.
24:57Mas, eles chegaram
24:58nessas três soluções
24:59com o compromisso
25:01de implementação
25:02de todos os atores
25:04do setor de transporte.
25:06Que é isso que precisa.
25:07Está todo mundo na mesa
25:08comprometido em avançar
25:10na mesma direção.
25:11Qual é o maior gargalo,
25:12na sua opinião,
25:13nessa conexão
25:14entre investidores e projetos?
25:16Acho que são alguns.
25:17Eu acho que, muitas vezes,
25:19acho que as empresas,
25:21o capitalismo,
25:22ele foi forjado
25:23em cima dessa ideia
25:23da competição
25:24que favorece pouco
25:26a colaboração.
25:27E essa agenda de clima
25:28é uma agenda totalmente
25:29de interdependência,
25:31é uma agenda sistêmica,
25:32é uma agenda que precisa
25:33de novas formas de trabalhar.
25:35Então, acho que a gente
25:35está aprendendo
25:36a trabalhar
25:37de um outro jeito,
25:38que é colaborativo,
25:40que é intersetorial,
25:41que é envolvendo, né,
25:43tanto os fornecedores,
25:45quanto os compradores.
25:46e isso, acho que rompe um pouco
25:49com, acho que é um desafio cultural,
25:52acho que esse é um ponto.
25:54Acho que outro ponto, né,
25:55a gente está com as pessoas
25:57muito sobrecarregadas,
25:58está todo mundo, né,
25:59cada vez fazendo mais coisas,
26:01com menos tempo,
26:03e construir essas articulações
26:05requer tempo,
26:07requer um outro,
26:09uma outra dinâmica,
26:10requer participar, assim,
26:11de grupos de trabalho,
26:12que muitas vezes você fala,
26:13meu Deus, porque eu estou nessa reunião
26:15de novo, discutindo esse tema,
26:17mas esse é um passo importante
26:18para trazer mais gente
26:19para a agenda.
26:21Então, eu acho que é uma mudança,
26:23a gente está no meio
26:24desse processo de mudança cultural,
26:26de uma nova forma
26:27de operar como setor privado,
26:29uma nova forma de trabalhar, né,
26:31que parte da colaboração.
26:33Arina, eu poderia ficar aqui
26:34o dia inteiro conversando com você,
26:36encantadora a maneira
26:38como você fala sobre isso,
26:39mas infelizmente
26:39o nosso tempo está acabando,
26:41e eu sempre encerro também
26:42com pergunta igual
26:43para todas vocês.
26:44O que significa para você
26:46ser protagonista
26:47da sua própria história?
26:48Eu acho que protagonista
26:49significa que,
26:51voltando ao que eu falei
26:52no começo, né,
26:53essa visão profunda
26:54de que o futuro não está dado,
26:56que ele é criado
26:57a cada passo,
26:58e que cada um de nós
27:00pode moldar o futuro,
27:01não só individual,
27:02mas coletivo.
27:03Eu realmente acho
27:04que a gente está
27:04num ponto de bifurcação
27:06da história da humanidade,
27:08em que se a gente conseguir
27:10trabalhar junto
27:11e superar esses desafios
27:12colocados pelas mudanças climáticas,
27:15a gente pode chegar
27:16no futuro muito mais verde,
27:18muito mais óspero,
27:19muito mais inclusivo,
27:20com uma qualidade de vida
27:21muito melhor para as pessoas,
27:22e pode chegar no futuro incrível,
27:24que a humanidade
27:24nunca viveu antes.
27:26Mas, para isso,
27:27a gente precisa trabalhar junto.
27:28Se a gente não conseguir
27:29trabalhar junto, né,
27:30e viver esses vários desafios,
27:33infelizmente,
27:34acho que a gente caminha
27:35para um futuro
27:35que acho que a gente
27:38não consegue nem vislumbrar,
27:39assim,
27:40de quão, né,
27:42a gente está comprometendo
27:43a nossa estabilidade,
27:45nossa saúde,
27:46né,
27:46das pessoas que a gente
27:47mais ama.
27:49Acho que a minha visão
27:50é essa visão de que
27:51sempre, né,
27:53tem um novo dia,
27:54uma nova ação é possível
27:55e que a gente pode
27:56aumentar,
27:57dar mais passos
27:58na direção do que a gente
27:59acredita.
28:00Então, o protagonista,
28:01para mim, é isso, assim,
28:02agir, né,
28:03alinhado ao futuro
28:04que eu quero criar.
28:04Muito obrigada,
28:06desejo muito sucesso
28:07no Climate Implementation
28:09Samba.
28:10Te espero lá, hein?
28:10Com certeza absoluta.
28:11E nos vemos em Belém.
28:12E nos vemos em Belém.
28:13Obrigada, Belém.
28:14Obrigada, Belém.
28:14Obrigada, Belém.
28:15Obrigada.
28:16Obrigada.
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