A expectativa cresce para o encontro entre Lula e Trump na ONU. O consultor em comércio internacional Welber Barral e a analista Mariana Almeida explicam impactos para o Brasil, incluindo tarifas, exportações e negociações futuras com os EUA.
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00:00Aqui no Brasil, a expectativa para a semana que vem é para o possível encontro entre o presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, o Donald Trump.
00:07A conversa foi anunciada pelo Trump durante a fala dele, o presidente americano, durante a Assembleia Geral da ONU,
00:16que teve a participação dos dois líderes e se encontraram na abertura do evento.
00:21Primeiro falou Lula, na sequência Donald Trump.
00:23É sobre isso que nós vamos conversar agora com o Elber Barral, consultor em comércio internacional.
00:29Aqui eu começo a conversa agradecendo a presença, desejando uma ótima noite de sábado.
00:36Barral, como dizemos aqui no jargão jornalístico, fomos atropelados pelos fatos e parafraseando o Nelson Rodrigues,
00:45o imponderável de Souza e o sobrenatural de Almeida entraram em campo ali e bagunçaram a lógica.
00:54Quem apostaria que haveria um encontro pessoal dos dois assim a toque de caixa?
01:00Mas aí surge a pergunta de um milhão de dólares, fazendo referência a um famoso jogo de perguntas e respostas dos Estados Unidos, o Joe Party.
01:10O que você aposta aí nessa conversa?
01:13Porque nós temos um falcão da política, que é o Lula, depois temos um homem de negócios, ambos com 80 anos.
01:22Quer dizer, nos seus terrenos cada um tem a sua expertise.
01:26Como é que vai ser esse encontro de titãs aí?
01:31Marcelo, boa noite, obrigado pelo convite.
01:33De fato, a grande novidade dessa semana foi a abertura de um canal de alto nível entre Brasil e Estados Unidos.
01:40Até agora não estava havendo uma negociação efetiva entre Brasil e Estados Unidos.
01:45Evidentemente não vão ser os dois presidentes que foram negociar, são vários temas extremamente complexos,
01:50que vão desde tarifas até a questão de terras raras, até a regulamentação de comércio digital.
01:56Provavelmente o que vai acontecer é um encontro, que esperamos que seja rápido entre eles,
02:02para que eles possam estabelecer os mandatos para os seus respectivos negociadores.
02:08E a partir daí deve acontecer o que aconteceu com a China, com o México, com o Reino Unido,
02:13que é começar um processo de negociação com os Estados Unidos.
02:17Então foi isso que aconteceu.
02:18Isso garantiu, no caso do México e da União Europeia, uma tarifa mais baixa provisoriamente,
02:24enquanto a negociação está ocorrendo.
02:26Eu acho que esse seria o melhor resultado de uma futura reunião entre o Lula e o Trump.
02:32Barral, muito mais do que a gentileza, eu quero aproveitar o benefício de a gente ter aqui no estúdio
02:36a Mariana Almeida, a nossa analista de economia e política,
02:40para colocar ela na conversa, quem eu passo a palavra aí e coloco vocês dois em conversa pública
02:47com os nossos telespectadores.
02:49Obrigada, meu tal. Obrigada, Mariana, pela presença aqui.
02:53Bom, a pergunta é a seguinte, acho que a gente, como o Favale falou, somos atropelados pelos fatos
02:58e, ao mesmo tempo, quem toma decisão, os agentes econômicos,
03:02ficam ali esperando que os fatos tragam uma grande mudança, uma calmaria,
03:05alguma coisa que pode se agarrar e que vai mudar o jogo.
03:08Queria te perguntar o seguinte, porque o que o tarifaço, a toada de Donald Trump,
03:13ela também vem um pouco aí empacotada com uma mudança que é mais permanente,
03:17que é trazer a instabilidade para o centro da roda sempre.
03:20Então, mesmo que tenha uma negociação, será que dá para esperar que a negociação
03:25traga mais certezas e definitivas?
03:29Quem está tomando decisão, quem tem a empresa, quem conta com o mercado americano,
03:33vale a pena jogar todas as fichas na conversa dessa semana?
03:38Não, com certeza não, Mariana. Como você mencionou há pouco,
03:41o grau de segurança aumentou muito no mundo desde o começo do ano.
03:44Desde o começo do ano, nós já tivemos várias tarifas que foram anunciadas,
03:48não foram aplicadas, foram anunciadas novamente.
03:51Agora, vários outros setores, como é o caso de madeira, móveis,
03:55é o caso de medicamentos também, devem sofrer uma elevação alta
04:00para todos os países dos Estados Unidos.
04:01Isso afeta várias cadeias produtivas do mundo.
04:04Então, as empresas hoje, primeiro, tem que ter muita resiliência
04:07para se adaptar a essa situação.
04:08Em segundo lugar, tem que diversificar, não só a sua cadeia produtiva,
04:13mas também o destino de suas vendas para não ficar dependente de um único mercado.
04:17As empresas que mais estão sofrendo hoje no Brasil
04:20são aquelas que têm os Estados Unidos como o único mercado de exportação.
04:24Daí a necessidade de diversificação.
04:26Ao mesmo tempo, se houve um efeito positivo de toda essa situação,
04:30é os países buscarem mais acordos de livre comércio.
04:34O Brasil conseguiu finalmente fechar o acordo com o EFTA, com os países europeus com o EFTA.
04:39Ontem mesmo, nós tivemos notícias de que a Indonésia vai fechar com a Europa,
04:44a Europa está negociando com a Índia.
04:46Então, você está tendo a multiplicação de acessos de mercado,
04:51acessos a mercado por meio de acordos regionais.
04:53O Brasil e o Mercosul também não podem ficar fora disso.
04:56Então, uma expectativa, do ponto de vista global e governamental,
05:01é o avanço dos acordos bilaterais e, do ponto de vista das empresas,
05:06é a iniciativa para a diversificação,
05:08tanto de fornecedores quanto os desvestidos de seus produtos.
05:12Marral, é fato que o Donald Trump forçou uma reorganização do comércio global.
05:18Como você falou aí, Brasil com o EFTA,
05:20você citou os países do Sudeste Asiático,
05:24a ASEAN, que, aliás, vai ter um encontro mês que vem da ASEAN.
05:28Saindo um pouco do macro, indo para o micro,
05:31lembrando que o Donald Trump falou,
05:33primeiro, make the America great again, o MAGA,
05:36e depois, the America first,
05:38queria olhar uma coisa mais micro, dentro do território americano.
05:42Por quê?
05:43Porque agora a realidade bateu num eleitorado,
05:46que ele não é muito numeroso, mas ele é muito politicamente influente,
05:50que é o agricultor americano.
05:52Muitos ali, perto do desespero,
05:55porque não tem mais grandes clientes,
05:58sejam de substratos que eles importavam,
06:01ou principalmente exportações.
06:03O melhor exemplo era de tudo que ia para a China
06:07e não está indo mais no mesmo volume,
06:10se é que ainda vai.
06:11Bom, isso vai pesar, primeiro, na economia.
06:14Segundo, no capital político do Donald Trump,
06:17que tem eleições no ano que vem,
06:19o mid-turn elections para a mudança do legislativo.
06:22corre o risco dos republicanos
06:23perderem controle das duas casas do Congresso,
06:27entre a Câmara dos Deputados e dos Senadores.
06:30Você acha, vou fazer uma pergunta retórica,
06:32ela é muito óbvia,
06:33mas o quanto esta variável mexe na equação?
06:39Tem duas variáveis aí, Marcelo, bastante importantes.
06:42A primeira delas, como você mencionou,
06:44é o efeito sobre o meio oeste americano,
06:47no que se refere às exportações daqueles estados centrais,
06:51e que são quase todos republicanos,
06:53ali do centro dos Estados Unidos.
06:55E aí, esses estados têm sofrido, inclusive,
06:59por conta de retaliação, principalmente da China,
07:02que também elevou a tarifa contra os Estados Unidos.
07:05Elevou, depois diminuiu,
07:06mas ainda eles estão com dificuldade de acesso
07:08a alguns mercados que estão retaliando
07:10contra produtos agrícolas americanos.
07:12Nesse ponto, o governo americano tem reagido
07:15tentando, fundamentalmente, fazer esses acordos.
07:19No caso, por exemplo, do acordo com a Indonésia,
07:22com a Vietnã, com a Malásia, com as Filipinas,
07:28há um acordo de compra de produtos agrícolas americanos.
07:32Isso é algo que nós temos que observar, inclusive,
07:34que pode gerar um desvio de comércio
07:36em desfavor das exportações brasileiras.
07:39Esse é o ponto.
07:41O mais importante, claro,
07:43é um eventual acordo dos Estados Unidos com a China,
07:46que aí, de fato, poderia também afetar
07:48muitas exportações brasileiras,
07:50já que, vamos lembrar,
07:51o Brasil compete com os Estados Unidos
07:53em grandes commodities,
07:55como no caso de carnes ou de milho ou soja.
07:59Esse é um fator político relevante.
08:00O outro fator político relevante
08:02é o impacto inflacionário.
08:05Há um cálculo de que o impacto inflacionário
08:09dessa elevação perifária
08:10ainda não chegou na economia americana.
08:13Ela tem sido alta.
08:15A inflação do último mês foi 0,4%,
08:17que é a inflação alta para os Estados Unidos.
08:20Mas o cálculo é que vai haver um repasse de custos
08:23na medida que os estoques diminuírem nos Estados Unidos
08:27e as empresas estão muito estocadas no primeiro semestre,
08:29ou foi uma importação muito grande no primeiro semestre.
08:32Então, esse impacto inflacionário,
08:34e como mencionou a Mariana,
08:36o Trump está tentando passar para o Fed,
08:39é algo que pode ter um efeito,
08:42inclusive obrigando o Trump, eventualmente,
08:45a renegociar algumas tarifas,
08:47que têm um aumento de custo muito grande
08:49para o consumidor norte-americano.
08:52Queria agradecer, primeiro, ao Hélder Barral,
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