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O documentário procura lançar um novo olhar sobre a história e o papel social de uma tecnologia onipresente em nossas vidas: o dinheiro. Combinando uma cronologia histórica da moeda com o acompanhamento de personagens reais, o filme mostra de que maneira diferentes atitudes diante do dinheiro podem nos ajudar a entender e transformar os desejos, valores e ações da sociedade em que vivemos.
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AprendizadoTranscrição
00:00:00O dinheiro em espécie vai acabar, é uma questão de tempo.
00:00:23Vai demorar muito, o papel moeda, você ter aquilo ali segurando físico, essa necessidade
00:00:29do ser humano sempre vai ter.
00:00:32Dinheiro mesmo a gente não vê há muito tempo, porque o dinheiro mesmo a gente vê
00:00:35na conta e por alguns segundos também, depois já vai pra conta de outra e foi.
00:00:41O coração do sistema está o dinheiro, e esse dinheiro pode ser acumulado privativamente
00:00:46ou ele pode simplesmente cumprir o seu papel.
00:00:50O dinheiro não serve pra nada, o que serve é o trabalho humano.
00:00:53A atividade bancária é essencial, o banco não.
00:01:00A atividade bancária é essencial, o banco não serve para nada, o que serve é o trabalho humano.
00:01:07A atividade bancária é essencial, o banco não serve para nada, o que serve é o trabalho humano.
00:01:16A atividade bancária é essencial, o banco não serve para nada, o banco não serve para nada, o banco não serve para nada.
00:01:20Transcrição e Legendas Pedro Negri
00:01:50Na escola, a gente geralmente aprendia ali e falava, ah, não, antes de existir dinheiro, você tinha o escambo.
00:02:00Isso é uma grande besteira, isso jamais aconteceu, não consigo imaginar por que essa história segue sendo contada e recontada.
00:02:08Uma versão popular é essa coisa de que o dinheiro nasceu assim, que ele pulou do escambo, ah, não, primeiro era o escambo, está lá no Adam Smith, que é considerado o pai da economia política.
00:02:27Era difícil trocar a cerveja pelo pão, então para que as trocas pudessem ser facilitadas, de repente se escolheu uma única mercadoria para que ela servisse como meio de troca,
00:02:43e daí se evoluiu então para mercadorias específicas, entre elas os metais e pronto.
00:02:50Mas a antropologia, sobretudo, e a história também, a arqueologia tem nos ensinado que o dinheiro é muito mais antigo do que isso.
00:03:00O que é isso?
00:03:20A primeira coisa do dinheiro, que é importante entender,
00:03:41é que o dinheiro nasce como um conceito,
00:03:46conceito de mensurar valores.
00:03:50Mensurar bens e serviços, e, sobretudo, mensurar dívidas e créditos.
00:03:57É um grande passo para a humanidade inventar um conceito.
00:04:10Ele foi feito primeiramente em tabuletas de cerâmica,
00:04:16em tablets, tablets mesopotâmicos.
00:04:19O primeiro registro de moeda é uma inscrição feita em um templo,
00:04:26em que se registrava, então, aquilo que os soberanos tinham para receber.
00:04:34Como os estados, ou as cidades, ou uma aglomeração urbana,
00:04:40cresceu e se sofisticou, até um certo ponto,
00:04:44guardar na mente humana a quantidade de transações, de créditos e débitos
00:04:50que eram feitas em uma determinada localidade, não era mais possível.
00:04:55O que é isso?
00:05:02O que o uso é o分cimento?
00:05:03O que toda a honra tira tem um uso para os novos,
00:05:06o valor de que seja obvias e uniformes.
00:05:09O que é um experto, sabe qual é o que na frente este ser peltu está worth.
00:05:12Money should be easy to carry about.
00:05:15Metal rods certainly aren't.
00:05:18Money should be divisible.
00:05:19How do you make change when the price is half a cow?
00:05:23Money should be durable.
00:05:25Too much salt money got caught in the rain.
00:05:29Out of such trying experiences,
00:05:32gold and silver emerged as the most durable,
00:05:35most convenient, most satisfactory money.
00:05:38For greater convenience,
00:05:39men started stamping out gold and silver coins
00:05:42with values imprinted on them.
00:05:46Sal era extremamente necessário
00:05:49porque não tinha geladeira.
00:05:51Numa época na Roma Antiga,
00:05:52você pagava o soldo de legionário,
00:05:55você pagava em sal.
00:05:56Tanto que a palavra salário não vem de sal.
00:05:59Então o sal era dinheiro, o azeite era dinheiro,
00:06:01o ouro era dinheiro e ainda é.
00:06:05Essa questão da materialização do dinheiro
00:06:09como foi o caso da ponhagem, da moeda, etc.,
00:06:12ela sempre foi muito problemática.
00:06:17Porque uma coisa interessante é,
00:06:18no momento em que se inventa a moeda,
00:06:22em que um burocrata ligado ao Estado
00:06:26inventa a moeda,
00:06:28ele está criando a moeda.
00:06:30E essa questão de quem tem o poder de criar a moeda
00:06:36e como se cria a moeda,
00:06:38nos atormenta até hoje.
00:06:40E o nosso dinheiro, o dinheiro que a gente usa hoje?
00:06:53As notas de dinheiro,
00:06:55as notas de dinheiro,
00:06:57elas começaram a vida delas
00:06:58na forma de recibos
00:06:59que eram colocados pelos bancos da época,
00:07:02a pessoa deixava ouro guardado lá
00:07:04e levava um recibo,
00:07:07mostrando que ela tem aquela quantidade
00:07:09de ouro guardada lá.
00:07:10E levava esse recibo no bolso.
00:07:12Com o tempo, esses recibos
00:07:13começaram a ser usados no comércio normal.
00:07:16Isso começou entre pessoas comuns
00:07:18e foi sendo abraçado
00:07:20pelos Estados,
00:07:23pelos Estados-nação.
00:07:24Libra esterlina, sterling pound,
00:07:27é meio quilo de prata
00:07:28do tipo sterling,
00:07:30que é uma prata com 90 e tantos por cento de pureza
00:07:33de uma região X lá da Inglaterra.
00:07:34É dizer,
00:07:37uma libra esterlina,
00:07:38que é um negócio que circula até hoje,
00:07:40era um recibo que te dava direito
00:07:43lá na boca do caixa
00:07:44a meio quilo de prata
00:07:46de boa procedência.
00:07:49Não é difícil de imaginar
00:07:50que pouca gente ia sacar
00:07:51esse meio quilo de prata no cofre,
00:07:53porque o negócio já circulava super bem.
00:07:55O que acontece?
00:07:56O governo pega,
00:07:57em vez de aumentar a quantidade de prata
00:08:00que tinha ali para os resgates,
00:08:02ele simplesmente aumenta a produção de notas.
00:08:04e fala,
00:08:05bom,
00:08:05a parte da prata a gente vê,
00:08:07aí o que faz o pessoal começar a sacar,
00:08:08a gente dá um jeito,
00:08:09a gente proíbe,
00:08:10sei lá.
00:08:11Era muito mais fácil
00:08:12você simplesmente ir produzindo mais notas
00:08:14sem ter o devido lastro.
00:08:16Isso não é uma coisa tão antiga assim,
00:08:18então.
00:08:18O último sistema
00:08:19de troca de dinheiro de papel
00:08:21por metal precioso,
00:08:24ele era o sistema
00:08:25que regia a economia mundial
00:08:27até 1971.
00:08:28Tinha um acordo que foi feito ali
00:08:50nos extertores da Segunda Guerra Mundial,
00:08:54fez-se um acordo
00:08:55que era assim,
00:08:57olha,
00:08:57nenhum país mais
00:08:58ia precisar ter lastro na moeda,
00:09:01ou de prata,
00:09:02ou de ouro.
00:09:02O único país que ia ter a obrigação
00:09:04de segura,
00:09:04de guardar
00:09:06o metal precioso,
00:09:08né,
00:09:08para servir de lastro
00:09:09para o dinheiro,
00:09:10seria os Estados Unidos.
00:09:11então o dólar tinha,
00:09:13um dólar passava a valer
00:09:15ali,
00:09:16uma certa quantidade de ouro,
00:09:180,3 grama,
00:09:20uma quantidade pequena,
00:09:22né,
00:09:22obviamente,
00:09:23e todas as outras moedas
00:09:25teriam câmbio
00:09:25em relação ao dólar.
00:09:27Se você quisesse ver teu ouro,
00:09:29você cidadão,
00:09:30brasileiro até,
00:09:31você trocava seus cruzeiros
00:09:33por moeda americana,
00:09:34pegava tua moeda americana,
00:09:36pegava um navio ali,
00:09:37tal,
00:09:37até os Estados Unidos
00:09:39e trocava na boca do caixa.
00:09:40Ninguém fazia isso,
00:09:42motivos óbvios,
00:09:43mas só
00:09:43a ideia
00:09:45de que isso poderia acontecer,
00:09:48por incrível que pareça,
00:09:49era o suficiente
00:09:50para que o negócio tivesse,
00:09:52para que o dinheiro de papel
00:09:53tivesse valor.
00:10:10E aí,
00:10:10Jem.
00:10:11Oi.
00:10:11Bom, olha, nós ainda temos alguns minutos antes de sair do dia.
00:10:15Eu gostaria de contar sobre a hora que Eleanor e eu...
00:10:18Oh, vamos fazer a conversa.
00:10:20Nós não podemos concordar que o capitalismo é um sistema econômico?
00:10:23Um sistema para a produção e distribuição de coisas que precisamos e queremos?
00:10:27Eu não concordo com isso.
00:10:29Não até você falar algo sobre o governo, também.
00:10:32Tem uma base legal para qualquer sistema econômico para operar.
00:10:37É fácil ver que você tem diferentes ideias sobre o que o capitalismo é.
00:10:41O essencial é quando a moeda deixa de ser uma coisa impressa pelo governo, papel,
00:11:08e ela se torna imaterial.
00:11:10Isso vem com a internet, vem com a informática, enfim, com o conjunto dessas transformações.
00:11:17Isso se torna significativo a partir dos anos 90, basicamente, em que a moeda deixa de ser uma
00:11:28coisa impressa pelo governo e passa a ser apenas um sinal magnético.
00:11:34Hoje, ordem de grandeza no mundo, os diversos papéis representam, quando muito, 5% da chamada liquidez.
00:11:4595% são apenas sinais magnéticos.
00:11:52E quando tiver sinal magnético, ele passa a poder circular no planeta.
00:11:58Um sinal magnético entra na internet.
00:12:00O sistema financeiro se torna um sistema global.
00:12:07O território desaparece em grande parte.
00:12:10O tempo desaparece em grande parte.
00:12:12O que é praticamente instantâneo.
00:12:23E aí?
00:12:25E aí?
00:12:26Finchley joins the stream of traffic
00:12:28that flows toward his job.
00:12:32As you can see,
00:12:33Finchley could not be called, Victor.
00:12:36But he always gets to work
00:12:38right
00:12:40on
00:12:42time.
00:12:47$60 a month.
00:12:49Have a cigar.
00:12:51Thanks for the good work, Finchley.
00:12:54Well, uh, gee.
00:12:56Thanks, J.B., for the cigar
00:12:58and, and
00:12:59the raise.
00:13:04$60 a month.
00:13:07Can I use it?
00:13:09Sure you can, Mr. Finchley.
00:13:11But how?
00:13:13Yes, what will you do
00:13:14with those extra dollars?
00:13:16There are lots of things you could do.
00:13:18Bury it in a tin can in the backyard,
00:13:20for instance.
00:13:21But idle money may in time depreciate.
00:13:24Or you could spend it on a couple of nights out a week with the wife.
00:13:36This seems like a lot of fun.
00:13:39But with this kind of life, you'd depreciate.
00:13:41So why not put your money to work?
00:13:45Put my money to work?
00:13:47That's right, Mr. Finchley.
00:13:49You can own a share of American business.
00:13:52There are over 1,200 companies listed on the New York Stock Exchange.
00:13:56Companies which employ more than 11 million people,
00:13:59produce half of all the goods made in America,
00:14:01and pay about half of the nation's dividends.
00:14:05Many of these companies have been paying dividends for 25 years or longer.
00:14:10It's practically instantaneously.
00:14:20You can pay for example,
00:14:22you have a set of systems today that we call arbitrage.
00:14:28Computers detect any difference in price
00:14:31between Singapore and Buenos Aires,
00:14:35and, for example, immediately have a re-compra of rights.
00:14:39That's right,
00:14:40that generated a system basically informatic,
00:14:44which banha the planet.
00:14:46That's essential to understand,
00:14:48because the finances are globalized,
00:14:51but the governments are still nationals.
00:14:53That's right,
00:14:54we've lost, in large part,
00:14:56the control of the systems.
00:15:00We have central banks,
00:15:14but there are 193 central banks
00:15:17of the 193 members of the United Nations.
00:15:23We have the monetary fund,
00:15:24we have the World Bank,
00:15:28we have institutions of Bretton Woods,
00:15:30but the institutions of Bretton Woods,
00:15:32what we earned in terms of financial governance,
00:15:35belong to another era.
00:15:37Today, it's simply a system
00:15:40in which any institution,
00:15:42and not only banks,
00:15:44but in particular banks,
00:15:45can emit money.
00:15:48Any bank emite money
00:15:52in form of credit,
00:15:54simply abriendo credit,
00:15:56cobrando juros,
00:15:58even if they don't have this money.
00:16:01This generated a large part
00:16:03of the tensions
00:16:04and generated, for example,
00:16:06the crisis of 2007, 2008,
00:16:09in which a bank,
00:16:10for example,
00:16:11like Lehman Brothers,
00:16:12which closed in 2008,
00:16:16Lehman Brothers
00:16:17had paid
00:16:1931 times more
00:16:21than what had in caixa,
00:16:23because simply
00:16:24anota
00:16:25and goes cobrando juros.
00:16:28Isso se chama leverage,
00:16:30alavancagem.
00:16:31O que é isso?
00:17:01O que é isso?
00:17:31O que é isso?
00:18:01Recentemente, mais uma vez, nos Estados Unidos e na Europa, que foi essa crise bancária, essa aí do Silicon Valley Bank.
00:18:11Ela só foi apaziguada quando o Banco Central americano e o Tesouro americano disseram, tudo bem, a gente vai entrar e garantir todos os depósitos.
00:18:23Por que é que as autoridades fizeram isso? Para evitar que houvesse saque de dólares dos bancos.
00:18:33Então, é muito interessante esses episódios porque eles deixam claro que, em última instância, a moeda é um ente do Estado.
00:18:44Quem fala de economia, assim, tal, gosta muito da metáfora, né, tal, tipo, imprimir dinheiro.
00:18:55Ah, o Banco Central está imprimindo dinheiro.
00:18:58Isso é só uma alegoria, né? O Banco Central, quem imprime dinheiro é a casa da moeda, né?
00:19:06O Banco Central não imprime dinheiro, nunca imprimiu, isso jamais aconteceu, né, tal.
00:19:11O Banco Central emite.
00:19:12E o que é emitir ali?
00:19:14Emitir, assim, é simplesmente você cria do nada, você diz ali, não pegava, no computador mesmo, pré-PIX, pré-tudo.
00:19:22Você simplesmente, ali, o Banco Central pegava e falava, bom, então vamos emitir 4 milhões de reais para o Itaú.
00:19:31Esse dinheiro que o Banco Central cria e dá para o banco normal, e que o banco normal vai lá e coloca na economia, esse é o dinheiro.
00:19:42Um segundo eixo é que a forma de apropriação do dinheiro e, essencialmente, a forma de apropriação de fortunas pelo andar de cima,
00:20:02ela se desloca justamente para o manejo do dinheiro.
00:20:06Nós tínhamos, que a gente conheceu os avanços do século XX, né, do século passado,
00:20:13era em torno da produção do automóvel, da produção de geladeiras, enfim, a indústria, é Ford, é Toyota, enfim,
00:20:21essa era a força maior.
00:20:24A partir dos anos 80, com as novas tecnologias e com a mudança da moeda,
00:20:28o eixo principal da economia se desloca para o sistema financeiro.
00:20:38Grande parte da incompreensão que as pessoas têm da economia é que pensam ainda que o capitalismo é essencialmente o produtor.
00:20:47Quando o grosso do capitalismo, por exemplo, eu pego as fortunas que a Forbes me apresenta, os 290 bilionários brasileiros,
00:20:57você conta nos dedos gente que faz alguma coisa.
00:21:00É dono de banco, é herdeiro de fortunas, é gente que comprou ações, é gente que pertence à dinâmica de apropriação financeira.
00:21:11Entra-se no que eu chamei de capital improdutivo, que mundialmente se chama de financiarização,
00:21:19e que entra varrendo profundamente toda a visão da economia.
00:21:25Entra Thomas Piketty, Joseph Stiglitz, Mariana Mazzucato, o New Economic Foundation na Inglaterra,
00:21:34Roosevelt Institute dos Estados Unidos, um conjunto de instituições que entenderam
00:21:39que a lógica do sistema muda.
00:21:43E a lógica do sistema é particularmente sentida no Brasil.
00:21:59Isso é importante porque a forma como se apropriam das riquezas da sociedade,
00:22:06grupos financeiros, é o que explica o que está acontecendo no país.
00:22:11Um país que o último ano que cresceu foi em 2013, crescemos 3%,
00:22:17um país que se desindustrializou, chegamos a ter 22% do PIB da indústria,
00:22:23hoje é 11%, em um país que hoje funciona apenas dois setores,
00:22:29a exportação de bens primários e os lucros financeiros, que estão conjugados.
00:22:34Então, entender essa lógica, digamos, desse novo sistema,
00:22:41passa justamente pela moeda, e isso ajuda.
00:22:44Comecei tudo num carrinho de mercado.
00:22:59Aí num carrinho de mercado eu comprei um, aí fui comprando outro.
00:23:02Aí na pandemia, nós fizemos empréstimo para poder fazer um carrinho.
00:23:07Aí nós pegamos, fizemos esse carrinho aí, adaptamos ele.
00:23:11Eu botei três isopor no carrinho.
00:23:14Aí fizemos essa faixa aí, hoje em dia nós estamos assim, pera aí.
00:23:19Aí o que eu fazia?
00:23:21Eu pegava de iso, juntava e guardava,
00:23:24até para eu poder se levantar e ter uma coisa melhor.
00:23:28Aí foi antes que eu comprei um carrinho para mim.
00:23:33Eu comecei com uma mala de latão de brama.
00:23:39Desde quando a gente estava acostumado com dinheiro,
00:23:43o pessoal vinha com dinheiro,
00:23:44e começou a perguntar, tem cartão?
00:23:49Tem cartão?
00:23:49E aí no início a gente perdia algumas vendas,
00:23:52porque tinha gente que tinha máquina,
00:23:54e a gente não.
00:23:54Aí eu falei com ele, da hora da gente pegar uma máquina.
00:23:57De início a gente pegou uma daquelas do banco,
00:24:01alugada, mas não deu muito certo,
00:24:03porque é uma roubação da taxa.
00:24:05A gente perdia muito dinheiro.
00:24:07Eu falei, vamos comprar o dinheiro que a gente está perdendo
00:24:08para a taxa do banco, a gente compra.
00:24:10Começamos com a PagSeguro, do PagBank,
00:24:13aí compramos uma minizinha,
00:24:15aí compramos essas duas,
00:24:16aí a taxa dos juros dela ficou muito alta.
00:24:20E tem lugar que, tipo, se a Semelha falou 10,
00:24:22a gente tem que vender a 11,
00:24:23porque a gente não recebe os 10 que caem.
00:24:26Aí o pessoal começou a reclamar também,
00:24:28que estava, ah, mas eu estou pagando, né, do banco.
00:24:32Aí o que a gente fez?
00:24:32Eu fui conseguir comprar Mercado Pago,
00:24:34porque a taxa é menor,
00:24:35comprei duas também, que sai o papel,
00:24:37aí ele fica com uma, eu fico com outra.
00:24:56A média do que as famílias pagam de taxa de juros,
00:25:14hoje é 55,8%.
00:25:17Estou pegando os dados do Banco Central.
00:25:1955,8% para uma inflação de 3,5%.
00:25:24Isso é um lucro que a gente chama hoje de rentismo,
00:25:28porque não é lucro sobre produção.
00:25:30É simplesmente apropriação de dinheiro de terceiros.
00:25:34Eu chamaria de apropriação em débita, certo?
00:25:37Mas que atola as famílias.
00:25:41Basicamente, 71 milhões de adultos estão inadimplentes.
00:25:46Não é má vontade.
00:25:49Simplesmente é que não tem como,
00:25:52não há como pagar esse tipo de taxa de juros.
00:25:56As famílias, 55,8%.
00:25:58Na China, é 4,6% ao ano.
00:26:06É muito importante lembrar
00:26:09que a Constituição de 88 considerou esse problema.
00:26:14Então, no artigo 192,
00:26:18sobre o sistema financeiro nacional,
00:26:20estava estipulado
00:26:21que o sistema financeiro deve servir
00:26:25aos interesses da sociedade.
00:26:30E no último parágrafo,
00:26:31estava escrito que
00:26:33ultrapassar 12% de juros reais ao ano
00:26:38será considerado crime de usura
00:26:41punível nos termos da lei.
00:26:43através, simplesmente,
00:26:46de uma pressão muito forte
00:26:48em cima do Congresso,
00:26:49muita gente endividada,
00:26:51muita gente com interesses financeiros
00:26:52também no Congresso.
00:26:54E em 2003,
00:26:55eles tiraram o artigo 192.
00:26:59Ou seja,
00:27:00o que eles estão praticando
00:27:02com esses juros de 450%
00:27:04no rotativo do cartão,
00:27:06de 150% no cheque especial,
00:27:0855,8% do prédio das famílias, etc.,
00:27:11tudo isso aí
00:27:13seria considerado crime
00:27:16se não fosse o fato
00:27:18deles terem tirado
00:27:19esse artigo 192.
00:27:22Todo mundo reclama do preço do arroz,
00:27:27do tomate,
00:27:29do feijão.
00:27:30Mas todo mundo continua comprando e vendendo.
00:27:33E o custo de vida continua subindo.
00:27:36Ninguém faz nada.
00:27:39Todo mundo continua comprando e vendendo
00:27:42como se nada acontecesse.
00:27:44Entendam de uma vez por todas.
00:27:47O custo de vida
00:27:48é culpa de todos nós.
00:27:50Culpa de quem compra,
00:27:51culpa de quem vende.
00:27:53Você tem que fazer alguma coisa.
00:27:56Comece a pechinchar.
00:27:58Comece a dar valor
00:27:59a cada centavo do seu dinheiro.
00:28:01Procure o mais barato.
00:28:03Discuta o preço.
00:28:05Compre somente o que você precisa.
00:28:08Se todo mundo acreditar
00:28:09que esta é a única solução,
00:28:11aqueles que vendem caro
00:28:13vão acabar acreditando também.
00:28:15E o brasileiro vai vencer a inflação.
00:28:18Porque é que nós temos que
00:28:20submeter a população
00:28:23a esse tipo de custo,
00:28:27ao potencial de termos crises
00:28:30de tempos em tempos.
00:28:33Crises essas que, na verdade,
00:28:36jogam dinheiro público
00:28:39para salvar o sistema bancário.
00:28:43esse dinheiro
00:28:43que, quando ele é
00:28:45para ser alocado
00:28:47para a previdência social,
00:28:49para outras despesas sociais
00:28:52que são tão importantes,
00:28:53é um barulho incrível
00:28:55que se faz,
00:28:56é um debate incrível,
00:28:57é tão suado,
00:28:59mas nessas horas se diz
00:29:00não, isso agora,
00:29:01temos que salvar.
00:29:04O essencial
00:29:05no repensar
00:29:07as finanças,
00:29:09por que surge um Banco Palmos,
00:29:10por que já temos
00:29:11180 bancos comunitários,
00:29:13por que as pessoas
00:29:15estão buscando,
00:29:16neste sistema
00:29:17de dinheiro
00:29:18virtual,
00:29:21que, afinal,
00:29:22a gente
00:29:22pode
00:29:23repassar isso
00:29:25de outra forma.
00:29:38As moedas sociais
00:29:39do Brasil,
00:29:40os bancos comunitários,
00:29:41começam aqui,
00:29:42no Conjunto Palmeiras,
00:29:43na periferia de Fortaleza.
00:29:46Isso é muito importante
00:29:46e muito curioso a gente dizer.
00:29:48Não souberba,
00:29:49mas para essa nossa autoestima,
00:29:51essa tecnologia social
00:29:53de Banco e Moedas Social,
00:29:55que hoje está espalhada
00:29:56pelo Brasil
00:29:57e pelo mundo inteiro,
00:29:58nasceu
00:29:59na periferia
00:30:00de Fortaleza,
00:30:02na alta capacidade
00:30:03de inovação
00:30:04e inventabilidade
00:30:05do povo
00:30:06da periferia.
00:30:09Essa tecnologia
00:30:11que hoje
00:30:12não serve
00:30:14só de exemplo,
00:30:15era utilizada
00:30:16para o Maslab.
00:30:18É aqui,
00:30:19nesses 30 jovens
00:30:20da periferia
00:30:21que criaram
00:30:21um aplicativo,
00:30:22que mantém o aplicativo,
00:30:24que era o software.
00:30:29A moeda social
00:30:30é um ativo financeiro,
00:30:32é um circulante financeiro
00:30:34que é lastreado
00:30:35em reais,
00:30:37mas que tem como objetivo
00:30:38gerar riqueza
00:30:39no local.
00:30:40Ela tem
00:30:40algumas características.
00:30:42A primeira característica
00:30:44é que ela circula
00:30:45restrita a um território.
00:30:47Um Palmas,
00:30:48aqui no Palmeiras,
00:30:49vale um real.
00:30:50ela circula
00:30:51no território.
00:30:52Ela circula o quê?
00:30:53Eu compro do João,
00:30:55a bodega do João
00:30:56compra na farmácia
00:30:57da Maria,
00:30:58que compra no açougue
00:30:59do Pedro.
00:31:00Essa circulação
00:31:01do dinheiro
00:31:02é que gera
00:31:03a riqueza local.
00:31:05E na hora que eu compro
00:31:06com cartão
00:31:07ou smartphone,
00:31:09gera uma taxazinha
00:31:10ali que o comerciante
00:31:11paga,
00:31:12mais barato
00:31:13que a taxa
00:31:13de mercado.
00:31:14essa taxa
00:31:15volta para o banco
00:31:17comunitário
00:31:18para ele reinvestir
00:31:20na comunidade,
00:31:21na produção,
00:31:22geralmente,
00:31:23crédito
00:31:24a juros zero.
00:31:25A riqueza
00:31:26gerada
00:31:27não é apropriada
00:31:28privativamente
00:31:30como é no capitalismo.
00:31:32Ela é reinvestida
00:31:33de forma social
00:31:35na própria comunidade
00:31:36que gerou a riqueza
00:31:37para que cresça ali
00:31:39as empresas,
00:31:41o trabalho,
00:31:41a renda
00:31:42e isso é feito
00:31:43distribuído.
00:31:48Para mim,
00:31:49o lugar mais lindo
00:31:49do mundo
00:31:50não é Paris,
00:31:51é Nova York,
00:31:51não é Espanha,
00:31:52é o conjunto Palmeiras.
00:31:53Tem que ser.
00:31:54Então, se a primeira coisa
00:31:55para você gostar do lugar
00:31:56é se apaixonar por ele.
00:31:58Se eu pego o Palmeiras,
00:32:00há 50 anos atrás,
00:32:02ele não tinha
00:32:02absolutamente nada.
00:32:04Aconteceu aqui,
00:32:05talvez,
00:32:05a mais brutal
00:32:06despeja,
00:32:07a mais brutal
00:32:08violência urbana
00:32:09que se tem a notícia
00:32:10no Brasil.
00:32:11Nós éramos pescadores,
00:32:16nossos pais
00:32:16tinham suas casas
00:32:17há décadas,
00:32:19há séculos,
00:32:20que moravam ali.
00:32:21A ditadura militar
00:32:22expulsou literalmente
00:32:23porque ninguém queria
00:32:24sair da beira-mar.
00:32:25Eles eram pescadores
00:32:26que viviam ali,
00:32:28viviam bem,
00:32:28tinham suas relações sociais,
00:32:30suas escolas,
00:32:31suas vidas.
00:32:32Pessoas que moravam ali
00:32:33há anos,
00:32:34então os parentes,
00:32:35todo mundo era parente,
00:32:36amigo um do outro,
00:32:37trouxeram na marra,
00:32:39na taca,
00:32:39num fuzil,
00:32:40botaram dentro
00:32:41de uma caçamba,
00:32:43derrubaram os barracos
00:32:44e disseram para cá.
00:32:45E botaram a gente
00:32:46aqui em barracas
00:32:48de lona,
00:32:49o povo capinava,
00:32:51eles demarcavam
00:32:52o terreno,
00:32:52isso aqui é seu local,
00:32:54o pessoal capinava
00:32:55e fazia ali
00:32:55uma barraca de lona
00:32:56sem nada,
00:32:57não tinha água,
00:32:57luz,
00:32:58tinha a natureza,
00:33:00os bichos,
00:33:01a floresta.
00:33:01e nós pegamos ali,
00:33:04capinamos,
00:33:05botamos as barracas,
00:33:07depois os primeiros
00:33:08rutirões da década
00:33:09de 80,
00:33:10para construir o bairro,
00:33:12fomos construindo
00:33:12as casas de Taipa,
00:33:14a primeira escola,
00:33:15a primeira igreja,
00:33:17ficamos marcados
00:33:18por a chamada
00:33:19que fazemos isso
00:33:20até hoje,
00:33:21a reunião das 6 horas
00:33:22da noite,
00:33:22fizemos um grande trabalho
00:33:24na imprensa,
00:33:25venham filmar
00:33:25porque isso aqui
00:33:26apareceu voluntários,
00:33:28a cooperação internacional
00:33:30começou a solidarizar
00:33:31e o Banco Palmas
00:33:33veio no final,
00:33:35já em 98,
00:33:36passados aí já
00:33:37mais de 20 anos
00:33:38para resolver
00:33:39o problema da economia.
00:33:41Hoje é um bairro popular,
00:33:42é um bairro pobre,
00:33:43mas é um bairro popular.
00:33:44Hoje já tem escolas,
00:33:45dois postos de saúde,
00:33:47dezenas de igrejas,
00:33:49nós temos um grande consórcio
00:33:51de 36 associações comunitárias,
00:33:54associações de mulheres,
00:33:55de jovens.
00:34:01Em 98,
00:34:03teve um seminário
00:34:03para falar
00:34:04sobre as riquezas locais
00:34:06e a partir disso
00:34:08descobriu que
00:34:08o bairro,
00:34:10na verdade,
00:34:10é um bairro muito rico,
00:34:12apesar dele estar
00:34:13com o menor IDH
00:34:14de Fortaleza,
00:34:16mas é um bairro muito rico
00:34:17de produção e tudo mais.
00:34:19Daí, então,
00:34:20surgiu vários outros projetos,
00:34:21como a Palma Fecha,
00:34:23que também é um pouquinho
00:34:24coladinha com
00:34:25com a fundação do banco,
00:34:28que o banco é em 98,
00:34:29e em 2001, mais ou menos,
00:34:30surge a Palma Fecha.
00:34:36Aconteceu um desfile,
00:34:37que foi em parceria
00:34:38com a Universidade Federal
00:34:40do Ceará,
00:34:42juntamente com
00:34:43umas instituições filantrópicas.
00:34:45e daí surgiu a ideia
00:34:47de ter uma marca local,
00:34:48de contratar pessoas
00:34:50da comunidade
00:34:50para costurar para a marca.
00:34:5893% de tudo
00:35:00que se comprava,
00:35:01da coisa mais básica,
00:35:03uma roupa,
00:35:04um material de limpeza,
00:35:05um sabão,
00:35:06a gente comprava fora
00:35:07das grandes empresas,
00:35:10das grandes corporações,
00:35:12dos grandes supermercados.
00:35:13E nós saímos com a frase
00:35:15que definiu e mudou
00:35:17a nossa vida
00:35:18e que fez
00:35:19a filosofia
00:35:20e a inspiração
00:35:21de todos os bancos comunitários.
00:35:23Nós não somos pobres.
00:35:26Não existe bairro,
00:35:27comunidade,
00:35:28favela pobre.
00:35:30A gente se empobrece
00:35:31porque perde
00:35:33as nossas poupanças locais.
00:35:35E nós perdemos
00:35:36porque nós compramos
00:35:37tudo de fora.
00:35:39Daí surgiu a ideia,
00:35:40uma ideia meia maluca,
00:35:42se a gente tivesse aqui
00:35:43aqueles cartões,
00:35:45que estavam começando
00:35:45os cartões de crédito
00:35:47no Brasil.
00:35:48Mas podia ter um cartão
00:35:49que a gente só comprasse aqui.
00:35:53Foi uma senhora
00:35:53de 90 anos de idade
00:35:54que disse isso.
00:35:56Na hora que ela falou
00:35:56na assembleia,
00:35:57era uma assembleia
00:35:58da associação,
00:35:59eu disse,
00:35:59a mulher matou a charada.
00:36:01Nós vamos criar um banco
00:36:02cujo dinheiro
00:36:04só circula aqui
00:36:05na comunidade.
00:36:06Porque se o problema
00:36:07é que todo mundo
00:36:08compra fora,
00:36:09se todo mundo
00:36:10comprar dentro,
00:36:11a gente vai aqui desenvolver.
00:36:13E começamos,
00:36:14primeiro,
00:36:15com o Palma Card.
00:36:16Os mais jovens
00:36:18não sabem nem o que é isso
00:36:19porque isso era feito
00:36:19do mimeógrafo.
00:36:21A gente rodava
00:36:21aquele negócio do mimeógrafo
00:36:22e fazia um cartão de crédito,
00:36:25era 20 reais
00:36:25o valor do cartão.
00:36:27E as pessoas
00:36:28no comércio
00:36:29comprando com o Palma Card,
00:36:30os comércios
00:36:31começaram a se desenvolver.
00:36:33A gente decidiu,
00:36:34vamos criar um banco
00:36:35pela nossa autoestima?
00:36:36Isso é importante.
00:36:37Se eu tivesse dito,
00:36:38vamos criar só um fundinho
00:36:39de crédito?
00:36:41Vamos criar um dinheirinho.
00:36:42Vamos criar um banco.
00:36:44Um banco Palmas.
00:36:46Se nem um centavo
00:36:47no bolso,
00:36:47ninguém tinha nada.
00:36:49Eram cinco sócios
00:36:49da associação.
00:36:51Aí muita gente falava assim,
00:36:52cara,
00:36:52mas eu quero comprar
00:36:53sabão,
00:36:54vassoura
00:36:54e não tem aqui.
00:36:55Aí nós criamos
00:36:56uma pequena linha de crédito
00:36:58para estimular
00:36:59a produção local.
00:37:00Aí começou a surgir
00:37:01a fábrica de sabão,
00:37:03a fábrica de vassoura,
00:37:04a fábrica de sapato.
00:37:05fábrica aqui entendido
00:37:07como pequenos empreendimentos locais.
00:37:09Eu acho que o primeiro impacto
00:37:11é a questão da autoestima,
00:37:13porque muitas
00:37:14estavam paradas
00:37:15há muito tempo, né?
00:37:17E como mulher,
00:37:18priorizando a família,
00:37:21a casa, os filhos.
00:37:23E aí algumas deixaram
00:37:24de estudar,
00:37:24deixaram de trabalhar.
00:37:26Então é uma retomada
00:37:27a essa vida ativa, né?
00:37:29Como um sujeito
00:37:30de independência,
00:37:31como uma mulher
00:37:33que também
00:37:33vai fazer sua roupa,
00:37:35vai fazer do jeito que quer.
00:37:37Então a autoestima
00:37:38é uma coisa
00:37:38que vem primeiro,
00:37:39que eu percebo primeiro,
00:37:40assim,
00:37:41de ver o orgulho
00:37:42e o brilho no olho
00:37:43que foi uma roupa
00:37:43que ela produziu,
00:37:44que ela fez,
00:37:45que ela vai passar
00:37:45o Réveillon
00:37:46com a roupa que ela fez,
00:37:47que ela fez pro neto,
00:37:48que ela fez pro filho.
00:37:49Então esse é o primeiro impacto
00:37:50que eu percebo.
00:37:52O segundo
00:37:52é o financeiro,
00:37:53porque querendo ou não
00:37:54uma bolsa, né?
00:37:56Ajuda ali
00:37:56a comprar um arroz,
00:37:57um feijão,
00:37:58uma coisa,
00:37:58uma comida diferenciada,
00:37:59levar um açaí
00:38:00pros filhos comer,
00:38:01enfim,
00:38:02uma cervejinha
00:38:02no final de semana.
00:38:04Elas recebem uma bolsa,
00:38:05né?
00:38:05Que é paga
00:38:06pelo aplicativo
00:38:07do Edinheiro,
00:38:08então isso também ajuda
00:38:10a moeda circular
00:38:11no local,
00:38:11porque se ela vai
00:38:12comprar alguma coisa,
00:38:13ela pode comprar
00:38:14num mercantil
00:38:15que tem um desconto,
00:38:17pode ir comprar,
00:38:18fazer uma encomenda
00:38:20com alguém
00:38:21de um bolo
00:38:21que vende na comunidade,
00:38:23de um doce e tal.
00:38:24Ou ela pode sacar
00:38:25o dinheiro também
00:38:26no banco
00:38:26que tem aqui do lado.
00:38:30Passados 25 anos,
00:38:36em 2022,
00:38:38movimentamos
00:38:391 bilhão
00:38:40e 500 milhões.
00:38:42Foi movimentado
00:38:42na plataforma
00:38:43e moeda social.
00:38:44Aqueles 2 mil
00:38:45viraram 1 bilhão e meio.
00:38:47Nós temos
00:38:47220 mil
00:38:49sócios
00:38:50espalhados
00:38:51no Brasil inteiro.
00:38:5230 mil
00:38:53começam
00:38:54aceitando
00:38:54a moeda social.
00:38:56Claro que tudo
00:38:57isso é distribuído,
00:38:58e essa riqueza
00:38:59não está acumulada
00:39:00ou distribuída.
00:39:01O segredo
00:39:02valoriza o que é teu.
00:39:04Eu tenho muito orgulho
00:39:06de dar essa entrevista
00:39:06aqui importante,
00:39:08bonita,
00:39:09tudo muito iluminado
00:39:10com tudo isso aqui
00:39:11feito na minha comunidade.
00:39:13Essa blusa
00:39:14da Palma Fashion,
00:39:15Palma Fashion,
00:39:16as mulheres
00:39:17de nossa cooperativa,
00:39:18a Toca,
00:39:1990%
00:39:20de tudo
00:39:21que a gente precisa
00:39:22para viver,
00:39:23a gente pode fazer localmente.
00:39:24e a gente
00:39:26a gente
00:39:27consumir
00:39:28o que a gente produz.
00:39:30Parar de consumir
00:39:31aquilo que bota
00:39:3224 horas
00:39:33na tua cabeça.
00:39:34Tenha o banco tal,
00:39:35você é granfino
00:39:36porque tem um cartão
00:39:36do banco tal,
00:39:37você é granfino
00:39:38porque tem
00:39:39a roupa tal.
00:39:41Chique,
00:39:41granfino
00:39:42é usar o produto local
00:39:44porque ele é o produto
00:39:44da vida.
00:39:46Se o planeta
00:39:46se acaba,
00:39:47meu irmão,
00:39:48tchau,
00:39:48benção,
00:39:48acabou tudo.
00:39:49O que é que Maricá fez?
00:39:58Ela conseguiu
00:39:59uma forma
00:40:00de arrecadar extra
00:40:03injetando
00:40:04esta moeda
00:40:06adicional
00:40:07na economia.
00:40:08Isso foi uma coisa
00:40:09muito inteligente
00:40:11e com excelentes resultados
00:40:14porque ela vai
00:40:16desestrangular
00:40:19digamos assim.
00:40:21Municípios
00:40:21que tem
00:40:22estrangulamento
00:40:22financeiro
00:40:23que são
00:40:23basicamente
00:40:24todos.
00:40:25Todos.
00:40:39O Banco Mambuca
00:40:40hoje é o maior
00:40:41banco comunitário
00:40:42do Brasil
00:40:42em termos
00:40:43de movimentação
00:40:44de dinheiro
00:40:45e quantitativa
00:40:47de pessoas
00:40:47que utilizam.
00:40:48Nós temos hoje
00:40:48em torno
00:40:49de 80 mil contas
00:40:50mas a gente
00:40:51não partiu
00:40:52desse naipe.
00:40:53A gente começou
00:40:54num trabalho
00:40:56de formiguinha
00:40:57muito denso
00:40:58lá em 2013
00:41:00tendo que convencer
00:41:02as pessoas
00:41:03a serem beneficiárias
00:41:04porque como assim
00:41:05a gente vai receber
00:41:06um benefício social
00:41:07que é pago
00:41:08em moeda social
00:41:09que eu nunca vi
00:41:10na vida
00:41:11que não é papel moeda
00:41:13não é real
00:41:14e para além disso
00:41:17a gente tinha
00:41:17uma questão
00:41:17com o comércio
00:41:18como é que o comércio
00:41:19vai aceitar.
00:41:20A gente começou
00:41:21o primeiro semestre
00:41:22com 4 mil famílias
00:41:23de beneficiários
00:41:24eram 70 reais
00:41:2670 mumbucas
00:41:27por família
00:41:28a gente foi
00:41:29ampliando
00:41:31o quantitativo
00:41:32de beneficiários
00:41:33e é importante
00:41:34frisar que
00:41:34quando o mumbuca
00:41:35começou
00:41:35o Maricá
00:41:36não recebia
00:41:36royalties
00:41:37do petróleo
00:41:37porque todo mundo
00:41:39acha que a gente
00:41:41consegue fazer isso
00:41:43por conta dos royalties
00:41:44mas começamos
00:41:46com o dinheiro
00:41:46de arrecadação
00:41:47do município
00:41:47o orçamento
00:41:48acho que era
00:41:48100 mil
00:41:49no início
00:41:50e aí hoje
00:41:51a gente tem royalties
00:41:52então hoje
00:41:53a gente consegue
00:41:54ampliar por conta
00:41:55dos royalties
00:41:55mas não começou
00:41:56dessa forma.
00:42:00Então existe
00:42:01um marco temporal
00:42:02das políticas públicas
00:42:04do começo
00:42:05do governo
00:42:06novo modo
00:42:07de governar
00:42:08desses jovens
00:42:09que assumem
00:42:10o governo
00:42:10em 2000
00:42:11na eleição de 2008
00:42:12e muito ligado
00:42:14nos nossos mestres
00:42:15principalmente
00:42:15o Paul Singer
00:42:16que é o criador
00:42:17da economia solidária
00:42:18por conta
00:42:19da experiência
00:42:19de vida dele
00:42:20ele chega ao Brasil
00:42:22e ele cria
00:42:22essa ideia
00:42:23de economia solidária
00:42:24por conta
00:42:25da experiência
00:42:26dele com Kibbutz
00:42:27que é um modelo
00:42:27de Israel
00:42:28de desenvolvimento
00:42:29de fazendas
00:42:30comunitárias
00:42:30de circulação
00:42:31dentro da comunidade
00:42:33uma comunidade
00:42:33que se fortalece
00:42:34e consegue
00:42:35ir além
00:42:36das suas barreiras
00:42:37vermelhinho
00:42:50bentley
00:43:02vermelhinho
00:43:05bentley
00:43:07Pedal
00:43:37Pedal
00:44:07Pedal
00:44:16Em 2013, o Banco Central criou a Lei das Moedas Digitais.
00:44:20Não foi criado para nós, dos bancos comunitários.
00:44:23Ele quis regular todo o sistema de moedas digitais, que dizia
00:44:27quem quiser emitir moeda, assim como faz os bancos comunitários,
00:44:31pode emitir, desde que seja digital.
00:44:34E a rede brasileira de bancos comunitários, nós olhamos para nós com aquelas 150 moedas espalhadas e digo, pronto, aí nós construímos, ninguém pensava que a gente fosse conseguir isso.
00:44:47Nós construímos uma plataforma digital, a plataforma digital das moedas sociais, chamada-se É Dinheiro Brasil.
00:44:55Em 2017, a gente adere a plataforma da rede brasileira de bancos comunitários, o Instituto É Dinheiro Brasil hoje, e aí a gente democratizou por completo a moeda mumbuca.
00:45:14Qualquer pessoa com o CPF poderia usar a moeda mumbuca.
00:45:18E 14 anos depois, a gente está vendo, colhendo esses frutos que são planejados, sim, mas são muito da experiência de vida.
00:45:32Daquelas pessoas que trabalham com uma nova alternativa de economia possível.
00:45:37Fala pessoal, estou aqui na sede do Banco Mumbuca, no auditório Manoel Lago, onde está acontecendo a segunda edição do EGAPT.
00:45:48Encontro de gestores, articuladores e pesquisadores em economia solidária.
00:45:52Exportamos essa, entre aspas, tecnologia social para Niterói, que criou a moeda Araribóia, para Itaboraia, para Cabo Frio, Arraial do Cabo, agora Saquarema.
00:46:07São nove municípios no estado do Rio de Janeiro que já aderiram a esse modelo.
00:46:12E é o nosso sonho expandir isso para o estado, para a cidade do Rio de Janeiro, e que isso seja uma forma de desenvolvimento local através do governo federal.
00:46:29A moeda social, simplesmente, ela capitaliza a confiança das pessoas numa comunidade determinada.
00:46:36E no caso do Maricá, por exemplo, é reforçado quando a prefeitura dá um laço para isso, e ela não tira o peso da moeda em geral.
00:46:49Ela gera um complemento.
00:46:51As comunidades vivem no município, vivem na cidade.
00:46:54Elas sabem qual é a escola que está precisando de um investimento melhor, qual é o fogo que está contaminado.
00:47:00Por isso se chama finanças de proximidade.
00:47:01O dinheiro se aproxima e a decisão do uso do dinheiro se aproxima do local, você tem, realmente, uma produtividade do dinheiro incomparavelmente maior.
00:47:14Está se criando, muito lentamente, um sistema capilar de a gente resolver os problemas financeiros uns dos outros.
00:47:25E o que criou um banco grande desse tipo nos Estados Unidos, você diz de maneira muito simpática.
00:47:33A atividade bancária é essencial, o banco não.
00:47:36A atividade bancária é essencial, o banco não.
00:47:51Eu estou trabalhando até hoje e eu estou trabalhando mas
00:47:54Eu estou trabalhando em um prêmio de trabalho, mas eu acho que muita gente vai lutar
00:47:58Eu estou trabalhando com muita gente
00:48:00Mas eu estou trabalhando com muita gente
00:48:04Eu estou trabalhando com muita gente
00:48:06Eu estou trabalhando com muita gente
00:48:10E então, Brasil, Gineiro é um negócio de ficar bem
00:48:15Não é bom
00:48:16Eu acho que todos os carros, eu acho que é um caso de ficção
00:48:19mas quando o nome do Gineiro
00:48:21é que ele quer dizer
00:48:23que ele quer dizer que ele quer dizer
00:48:26isso que eu acho
00:48:29que eu acho
00:48:30eu não sou
00:48:31mas
00:48:32mas
00:48:33sim
00:48:34mas
00:48:35eu acho que ele é muito difícil
00:48:37que eu acho
00:48:40mas
00:48:40é isso que eu acho
00:48:41O que você conhece o rádio é melhorar como rádio?
00:49:11Eu acho que é isso.
00:49:20Por que eu acho que a gente não tem mais dinheiro, mas não tem mais dinheiro.
00:49:27São pessoas que não tem mais dinheiro.
00:49:30Mas, eu acho que não tem dinheiro.
00:49:37Mas, eu acho que não tem mais dinheiro.
00:49:41Mas, eu acho que é mais devido a diminuir, mais...
00:49:45mais devido...
00:49:47Não tem ainda que terminar, não é?
00:49:50E eu também...
00:49:58O dinheiro de papel está arrumando para a não existência,
00:50:02primeiro em certos lugares,
00:50:04e o Brasil está muito na dianteira disso.
00:50:08Nos Estados Unidos, você, pra fazer uma transferência bancária, sem custo,
00:50:13que em três ou quatro dias a transferência vai ser feita.
00:50:18Com custo, que você paga um dinheirinho, dentro de algumas horas.
00:50:24Ah, mano, se eu te passar um Pix aqui de um centavo, você vai receber agora.
00:50:30O nosso sistema aqui e tal, ele é muito, muito, muito bom.
00:50:34E até no pré-PIX, o Pix só foi possível porque o sistema já era bom,
00:50:38então você já fazia transferência na hora.
00:50:42O dinheiro, pra ser dinheiro, precisa haver confiança.
00:50:45Então é por isso que existia ouro por trás antes, certo?
00:50:49Porque as pessoas confiavam que uma hora você ia trocar aquela cédula por ouro.
00:50:52A única moeda que tem o seu valor realmente garantido pelo Banco Central
00:50:59é a nota de dinheiro.
00:51:02O saldo do seu banco, ele não é garantido pelo Banco Central.
00:51:07Ele é garantido pelo FGC, que é o clube dos 250 bancos brasileiros.
00:51:13Nos Estados Unidos, é garantido pelo FGC deles.
00:51:24O papel morredo, você ter aquilo ali segurando físico,
00:51:27eu acho que essa necessidade de ser humano sempre vai ter.
00:51:32Enquanto tivesse ser humano, as pessoas estão sempre desconfiadas em algum ponto.
00:51:37Quem está segurando o meu dinheiro, ou esse sistema está vendo.
00:51:41Transações que vão, de fato, necessitar transferir dinheiro em papel mesmo.
00:51:46Mas o desuso, ele já é, assim, absurdamente contado.
00:51:53Como você nasce nesse sistema, você entende que o dinheiro, que o real, no nosso caso,
00:51:59ele é uma coisa que vale alguma coisa.
00:52:00Ele é equivalente a ouro.
00:52:02E nenhuma pessoa vai pegar e falar,
00:52:04o real é uma fraude, ele não vale nada.
00:52:08Às vezes, umas pessoas acordam da Matrix e falam isso.
00:52:11Uma dessas pessoas que acordou da Matrix e falou,
00:52:13o dólar não vale nada,
00:52:15é o cara conhecido como o Satoshi Nakamoto, que inventou o Bitcoin.
00:52:19Ele pegou, saiu da Matrix, falou,
00:52:21o dólar não vale nada, isso é só empre...
00:52:23É tudo impresso pelo BC americano, pelo Fed.
00:52:26E aí o Fed, quando o banco quebra, eles dão mais dinheiro para o banqueiro.
00:52:29Eu vou acabar com isso.
00:52:31Então, o Satoshi Nakamoto, seja lá quem ele for ou o que ele for,
00:52:37o Satoshi Nakamoto pega, inventa um dinheiro digital que emula o ouro.
00:52:47Cripto, ela surgiu a partir de uma crise, que foi em 2008.
00:52:51Quando a gente teve a falta de confiança,
00:52:54credibilidade no sistema financeiro como um todo,
00:52:57alguns cyberpunks decidiram se unir e montar um sistema
00:53:05que fosse alheio à necessidade de um banco central.
00:53:12E aí, da onde surgiu pegar a mesma tecnologia
00:53:15que quando começou o Q2P, de música, de um lugar para o outro,
00:53:21quem é antigo vai lembrar da Napster e tal, esse tipo de coisa,
00:53:24e transferir isso para um papel para a moeda em si
00:53:27e eliminar, de fato, a necessidade de uma pessoa que controla
00:53:33a instituição que está registrando a tecnologia,
00:53:39os seus valores.
00:53:42E a tecnologia utilizada para isso foi o blockchain.
00:53:45Porque o blockchain, ele permite a gente replicar isso em vários serviços,
00:54:03em vários servidores ao longo do mundo inteiro,
00:54:05a mesma informação.
00:54:07E essa informação passa a ser, de forma pública, anônima,
00:54:17ou seja, não sei a pessoa que está falando, que está registrando,
00:54:21mas isso é a quantidade que está indo de um lugar para o outro.
00:54:24Borderless, eu consigo transferir isso para um lugar para o outro,
00:54:27para qualquer país, sem necessidade de um banco central,
00:54:30de passar por um suíte, de qualquer outra coisa.
00:54:32e não preciso confiar em uma pessoa, trustless.
00:54:37Não preciso confiar em um banco, não preciso confiar em um banqueiro.
00:54:44Você pode comparar ela com um banco de dados
00:54:47que você instala em um serviço da sua empresa
00:54:50ou que você contrata para utilizar um serviço na internet.
00:54:57O blockchain é um banco de dados.
00:54:58A tecnologia é um banco de dados, só que ele é distribuído.
00:55:00Tem que entender que o Bitcoin é a porta de entrada
00:55:04para essas outras moedas.
00:55:06O Bitcoin é o mainstream.
00:55:08Ele entra ali e daí por diante
00:55:10as pessoas passam a se identificar
00:55:13com outros projetos de blockchain.
00:55:15criptomoedas, tal como as pessoas, em geral, entendem esses criptoativos,
00:55:25eles não são moedas porque eles não são definidos pelos estados.
00:55:33Bitcoin, que é um dos mais conhecidos, vulgarmente, e se popularizou de uma moeda digital, né?
00:55:42Assim como a gente pode inventar aqui uma coisinha nossa, pegar um objeto
00:55:48ou fazer um token digital e chamá-lo de moeda.
00:55:51Mas o que que ele é?
00:55:53Ele é um ativo bastante especulativo.
00:56:01Temos hoje mais de mil criptomoedas.
00:56:03Você pega um estoque limitado de bitcoins, por exemplo,
00:56:08que não é que você pode estar emitindo.
00:56:10Tem um estoque de 21 milhões de unidades de moeda que vão variar o seu valor.
00:56:17Isso permite que as pessoas façam transações entre si diretamente,
00:56:25sem a garantia de um banco, mas isso gera sistemas anônimos
00:56:30de quem quer basicamente especular no bitcoin, né?
00:56:34Esperando que vai subir, de repente cai, de repente perde dinheiro, certo?
00:56:38Então, se tornou uma moeda especulativa
00:56:41e se tornou também moeda perigosa em termos de financiamentos ilegais, certo?
00:56:49Porque você não pode recompor para onde for, certo?
00:56:54Então, você cria um mundinho financeiro de comercialização descontrolável.
00:56:59Outra coisa são as experiências que os bancos centrais estão fazendo,
00:57:21estão implementando de moedas digitais, cryptocurrencies.
00:57:26No que elas se assemelham a essas criptomoedas do tipo bitcoins?
00:57:34Na tecnologia.
00:57:35De fato, a tecnologia que está por trás do bitcoin,
00:57:43essa tecnologia de blockchain,
00:57:45ela é uma tecnologia que os bancos centrais também estão usando,
00:57:51que é uma tecnologia que permite, já está permitindo uma revolução na forma da moeda.
00:58:00E agora, o Banco Central está com essa agenda,
00:58:03que tem sido a agenda dos bancos centrais nas economias ocidentais.
00:58:08O dinheiro que a gente usa hoje é o chamado dinheiro de banco.
00:58:16Esse é o dinheiro que circula pelo Pix.
00:58:18É uma bomba atômica, um sistema bancário, esse dinheiro deixa de existir.
00:58:22O dinheiro digital, o realmente digital, quando ele vier a existir,
00:58:27a graça é que aí ele é a prova de bomba atômica.
00:58:30Vai depender de internet e tal, mas ele é a prova de uma crise sistêmica.
00:58:35O Banco Central mesmo disse assim, Roberto Campos Neto, ele é super entusiasta.
00:58:41Os dois vão conviver, o dinheiro de banco vai conviver com esse novo dinheiro.
00:58:48Então, para o dia a dia, no fim das contas, não faz diferença.
00:58:51O Pix vai ser o mesmo.
00:58:53O Brasil tem a vantagem de estar super adiante de boa parte dos países desenvolvidos,
00:59:00no momento que você tem um Pix eficiente.
00:59:02Então, essa operação do real digital, ela não vai prescindir da intermediação do sistema bancário.
00:59:15Mas ela poderia prescindir.
00:59:17A tecnologia permite hoje que todos nós tenhamos uma conta diretamente no Banco Central.
00:59:26Mas isso será uma enorme briga política.
00:59:28Talvez os exemplos que vêm do Oriente, a forma como a China, que está muito na frente em tudo isso,
00:59:36está implementando os seus pagamentos digitais.
00:59:40A China, que tem um sistema bancário, que é um sistema bancário basicamente estatal,
00:59:45dominado por bancos públicos, possa servir de roadmap para os caminhos que a gente vai seguir.
00:59:53Eu tinha a convicção de que algum tipo de futuro muito diferente do que a gente estava acostumado aqui estava acontecendo na China.
01:00:05E, como futurista, a primeira coisa que me veio em mente é que eu não posso, um, ignorar esse futuro.
01:00:12Porque a China, em 40 anos, deixou de ser um país onde mais de 50 milhões de pessoas morreram de fome,
01:00:20que um quarto do Brasil nem população morreu de fome, para a segunda maior economia global.
01:00:26Por mais clichê que isso possa parecer, a partir do momento que você diz que o pagamento é todo feito pelo celular,
01:00:33e você não entende a dimensão do que é, de fato, o pagamento todo feito pelo celular.
01:00:40E isso começa a mudar a forma de identidade do que é conviver no dia a dia.
01:00:48Coisas simples como você poder sair de casa sem nada, sem carteira, sem cartão, sem dinheiro.
01:00:57Você poder, hoje em dia, já sair de casa sem celular, porque existem formas de pagamento hoje que são por reconhecimento facial,
01:01:05por reconhecimento de íris, por chamada de voz, por movimento, enfim.
01:01:12Eu acho que esse foi o primeiro grande choque que eu tomei na perspectiva de como é que eles fizeram isso para 1,4 bilhões de pessoas.
01:01:22Então, você precisa ter a primeira camada dessa moeda alinhada muito bem com o sistema de segurança 1 nacional, 2 dos bancos.
01:01:33E depois, como é que você vai levando isso para o varejo?
01:01:39Ou seja, isso tem que começar de algum lado.
01:01:42Então, como é que a China fez isso de uma forma que foi realmente maestral?
01:01:48Ela começou oferecendo hongbao, que na cultura chinesa representa um envelope vermelho.
01:01:56Dá um envelope vermelho para uma pessoa.
01:01:58Isso representa respeito, isso representa proximidade, isso representa honra, isso representa família.
01:02:07Então, em diversos momentos você tem o uso do hongbao.
01:02:10E hoje, você tem esse hongbao digital, que é fantástico.
01:02:14Então, você manda um envelope vermelho ao invés de você fazer uma transferência.
01:02:18Então, você passa hoje assim na China, é muito comum você ver em lojas de conveniência, em lojas físicas, aceitamos esse NY.
01:02:33O que não se via alguns poucos anos atrás.
01:02:37Das grandes teses, e algo que a gente vai ter que trabalhar num futuro próximo, é a valorização, por exemplo, de uma moeda digital, diante de outra moeda digital.
01:02:51Como é que se dá essa operação?
01:02:54O Brasil passa a aceitar, por exemplo, o R&B.
01:02:58O maior parceiro comercial do mundo, do Brasil, é a China.
01:03:02Então, como é que a gente consegue facilitar esse processo?
01:03:05Senão, você acaba tendo uma perda quase que duas vezes, né?
01:03:09De transformar o real para o dólar, o dólar para o R&B e vice-versa.
01:03:20É o fato de você ter uma carteira digital hoje em dia, tirar o dinheiro que está do seu banco e colocar nessa carteira,
01:03:28e o banco ficar muito a cegas de como você está gastando esse dinheiro.
01:03:36E pelo contrário, hoje, essas fintechs têm esse poder de dizer quem é uma identidade de uma sociedade com base nos seus padrões de consumo.
01:03:50Você, eu sei dizer qual é a próxima vez que você vai pagar e o que você vai comprar.
01:03:56Por como você compra on e offline, por como você circula com os meios de transporte.
01:04:03É muito poderoso você ter essa quantidade de dados.
01:04:08E aí que a gente precisa da regulamentação, para garantir que a nossa vida não vai ser determinada por uma única empresa ou um único governo.
01:04:19Essa moeda digital de Banco Central é a experiência que é mais promissora em termos de a gente tirar os atravessadores.
01:04:31Porque não só eles tiram o dinheiro, mas eles não fomentam a atividade econômica.
01:04:39Grande parte deles compram ações, por exemplo, do Massamarco, caso do Bradesco.
01:04:45Em vez dessa marca consertar a barragem, ela tem tal pressão dos acionistas para pagar mais dividendos para um banco e seus acionistas que compraram ações,
01:05:00que em vez de consertar a barragem, eles passam dinheiro e geram um desastre.
01:05:04Porque tem uma coisa importante.
01:05:27Se a gente não enfrentar a questão econômica e distribuição da riqueza, distribuição da renda, renda e riqueza gerada, a gente não resolve os problemas.
01:05:40Então os programas sociais são importantes, os programas de assistência são importantes, mas no coração do sistema está o dinheiro.
01:05:46E esse dinheiro pode ser acumulado privativamente, como é hoje pelos grandes bancos, grandes corporações, ou ele pode simplesmente cumprir o seu papel, que é o seu meio de pagamento.
01:05:58O dinheiro não serve para nada. O que serve é o trabalho humano.
01:06:02O problema é que as pessoas, em nome do dinheiro, se apropriam do trabalho humano.
01:06:05E a moeda social vem dizer isso.
01:06:07Ora, o dinheiro só serve para mediar as trocas.
01:06:12Se eu trabalho, eu tenho a minha riqueza gerada.
01:06:15Se eu do trabalho, eu tenho a sua riqueza.
01:06:17A gente pode trocar nossas riquezas através desse instrumento que é a moeda.
01:06:22Que já foi sabão, que já foi pedra, que já foi tudo.
01:06:24Mas a força está no trabalho humano.
01:06:26E é isso que a moeda social faz.
01:06:33Eu trabalharia com a mudança do sistema, não indo para criptomoedas,
01:06:39Mas, de um lado, para essas moedas digitais de banco central, para um nível de regulação internacional.
01:06:50Porque, senão, um governo não tem como ir atrás do dinheiro para fora.
01:06:55Toda a discussão hoje na ONU, certo?
01:06:58O novo pacto verde global que está se discutindo, o novo Bretton Woods que está se discutindo,
01:07:04O sistema de tributação internacional de 15% que está sendo discutido.
01:07:10Ou seja, eu vejo a nova arquitetura que temos pela frente, não é previsão, é sônico, certo?
01:07:18Mas que a gente consiga o mínimo de regulação global para parar o sistema especulativo global.
01:07:25Que a gente tenha um sistema de moeda, um papel regulador efetivo dentro dos países
01:07:32Para tirar esses atravessadores e esses especuladores
01:07:35E que a gente reforce a capacidade das chamadas finanças de proximidade.
01:07:41Isso, para mim, é a reorientação do sistema que a gente precisa.
01:07:45E todos eles trabalharão, evidentemente, com moeda que são simplesmente informações.
01:07:50Isso, para mim, é a reorientação do sistema.
01:08:20E a reorientação do sistema.
01:08:50E a reorientação do sistema.
01:09:20E a reorientação do sistema.
01:09:50Transcrição e Legendas Pedro Negri
01:10:20Transcrição e Legendas Pedro Negri
01:10:50Transcrição e Legendas Pedro Negri
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