O governo brasileiro condenou a ameaça dos EUA de usar até meios militares contra o país após o julgamento de Jair Bolsonaro. Em entrevista ao Real Time, Márcio Sette Fortes, economista e ex-diretor do Brasil no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), analisou os impactos econômicos e políticos dessa tensão.
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00:00E o governo brasileiro condenou a disposição dos Estados Unidos de usar até meios militares contra o Brasil por causa do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
00:11Essa ameaça foi feita pela porta-voz da Casa Branca.
00:15Sobre mais essa intimidação do governo americano, a gente vai falar agora com Márcio Sete Fortes, que é economista e ex-diretor do Brasil no BID, que é o Banco Interamericano de Desenvolvimento.
00:28Olá, boa tarde, seja muito bem-vindo ao Real Time.
00:33Boa tarde, muito obrigado.
00:35Nós que agradecemos a sua participação.
00:38Na sua opinião, a fala da porta-voz da Casa Branca pode ter sido só inconsequente ou ela foi de fato proposital?
00:45A fala, ela traz ali uma intenção de deixar muito claro o desconforto do presidente norte-americano em relação ao andamento do julgamento que nós temos aqui no Brasil atualmente.
01:00É uma questão política e isso é uma questão extremamente difícil para o Brasil porque não há negociação possível nesse campo.
01:09Os problemas são comerciais, há possibilidade de novas sanções, isso é bastante real essa possibilidade, só que a questão da soberania e a questão de assuntos internos não está na mesa de negociação colocada pelo Brasil.
01:27O Brasil não vai colocar isso na mesa de negociação.
01:29Portanto, é uma situação bastante difícil no que diz respeito a uma solução e nós possivelmente devemos esperar aí, como consequência do julgamento, do seu encerramento, possíveis novas retaliações, possíveis novas sanções econômicas.
01:48Márcio, muito tem se falado que Donald Trump usa as tarifas como armas e a gente sabe que ele fez isso com vários países, não só com o Brasil e agora, claro, com o Brasil utilizando também essa esfera política.
02:02Só que nessa menção de ontem, a porta-voz alegou que ele usaria, não teria medo de usar questões militares.
02:11Até onde essas ameaças a gente pode encarar como blefe ou de fato ameaças militares, porque daí ficaria muito mais grave do que já está, né?
02:22Olha, nós temos que olhar para o mercado nesse momento, que o mercado é bastante sensível a essas possibilidades futuras, o quanto o mercado leva em consideração essas possibilidades futuras.
02:33E aparentemente o mercado não está considerando ações militares, mas há um grau de aproximação no que diz respeito a medidas esperadas de cunho econômico, e não as militares propriamente.
02:49Embora as militares possam soar um pouco mais agressivas, o mercado ainda não precificou isso.
02:55Ontem nós vimos a Bolsa com uma pequena queda, o dólar com uma pequena elevação, mas o dólar subiu no mundo inteiro.
03:03Então, ainda não existe essa precificação por parte do mercado e o medo real de intervenção militar, mas sim uma possibilidade de ação comercial no que diz respeito a novas tarifas
03:17ou até a imposição de sanções sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal.
03:23Essas declarações de uso dos meios militares, como você disse, então podem se refletir na economia brasileira,
03:30mas a gente precisa esperar então mesmo até sexta-feira para entender como que o mercado vai reagir a isso.
03:36Porque por enquanto ainda está reagindo de maneira mais morna, né?
03:41Acho que eles não estão esperando grandes movimentações até o presente momento,
03:46mas de quarta-feira, que é hoje, até sexta, esse cenário pode mudar bastante.
03:50Sim, nós temos aí uma questão de possibilidade, mas não propriamente de probabilidade de que algo seja feito nesse sentido.
03:58Embora a estratégia norte-americana de atuação com as sanções econômicas no sentido de imposição tarifária,
04:07elas tenham aí uma estratégia política por detrás.
04:10O objetivo, naturalmente, é influenciar o resultado do julgamento,
04:15mas já olhando lá na frente o nosso cenário eleitoral de 2026,
04:20onde haveria uma possibilidade para os Estados Unidos de obter no Brasil um novo presidente com alinhamento ideológico aos Estados Unidos.
04:30Isso é uma estratégia política que se observa.
04:34Ao mesmo tempo, nós vemos outros tipos de estratégias políticas, como, por exemplo,
04:39aquela imposta sobre a Índia na questão da compra de petróleo,
04:43sobre a qual, questão sobre a qual o Brasil também tem que se preocupar,
04:47porque o Brasil também importa petróleo da Rússia.
04:50A Índia importa muito mais do que o Brasil, a China é mais que o dobro da Índia,
04:55mas o perigo para o Brasil também é real.
04:57Então, existem questões de estratégia política afetando a nossa questão comercial.
05:04Há aí o risco presente que nós podemos esperar para os próximos dias.
05:08Como que você avalia, Márcio, esse posicionamento de Donald Trump,
05:13não só pensando pelo lado econômico, mas usando, então, o lado político também?
05:19Olha, o Brasil está ciente do que está acontecendo.
05:24Nós não estamos completamente sem ter a noção do que fazer.
05:30Quando nós vemos certas coisas, nós temos que pensar por que elas estão acontecendo.
05:34Por exemplo, o governo brasileiro vem se esforçando num discurso em prol
05:40de realizar a mediação da paz entre a Rússia e a Ucrânia.
05:47Por que o Brasil haveria de ter um interesse como esse?
05:50Bem, me parece muito claro que o Brasil, ao tentar fazer parte do grupo de paz,
05:57dos amigos da paz que mediaria esse problema,
06:00o Brasil está preocupado, nesse momento, em que não lhe sejam impostas sanções
06:07por conta da compra do petróleo russo.
06:10Então, é uma estratégia brasileira também de pôr fim à guerra na Rússia,
06:16se for possível participar da mediação, é claro,
06:19como o governo brasileiro diz que gostaria,
06:22e isso traria o fim das sanções à Rússia e, em contrapartida,
06:26eliminaria o risco, por exemplo, de o Brasil receber sanções por conta da compra de petróleo,
06:33como a Índia recebeu recentemente.
06:35Lembrando que nós já estamos com 50% e a Índia chegou a 50%.
06:39E isso não é o fim.
06:41É possível que haja novas sobretaxações,
06:44elevando ainda mais o percentual das alíquotas impostas ao país,
06:49tornando a nossa situação cada vez mais difícil no cenário comercial internacional.
06:54É isso, né, Márcio?
06:56Temos que aguardar, então, o que vai acontecer aí nos próximos dias
06:59e também pelas próximas semanas.
07:02Muito obrigada pela sua entrevista.
07:04Você aí de casa ouviu o Márcio Sete Fortes,
07:07que é economista e ex-diretor do Brasil no Banco Interamericano de Desenvolvimento.
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