O Supremo Tribunal Federal marcou para 2 de setembro o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. Eduardo Gayer detalhou como sanções dos EUA e revogação de vistos de familiares podem afetar relações econômicas e políticas entre Brasil e Estados Unidos.
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00:00O Supremo Tribunal Federal marcou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro
00:04e de outros sete réus do mesmo núcleo, acusados de tentar dar um golpe de Estado.
00:10A primeira sessão será no dia 2 de setembro.
00:13Vamos até Brasília, então, conversar ao vivo com o repórter Eduardo Geyer.
00:16Geyer, boa noite pra você. Qual vai ser a dinâmica desse julgamento?
00:23Oi, Cris. Boa noite pra você. Boa noite a todos que nos acompanham.
00:26Então, o presidente da primeira turma do Supremo Tribunal Federal, o ministro Cristiano Zanin,
00:32agendou para o dia 2 de setembro o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro
00:36e outros sete réus por uma suposta tentativa de golpe de Estado no país,
00:42acusação da Procuradoria-Geral da República.
00:44Esse agendamento do julgamento vem apenas um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
00:50dizer que Bolsonaro é alvo de uma execução política no Brasil.
00:54Essa justificativa de que Bolsonaro supostamente sofre perseguição por aqui
00:59foi apresentada pelos Estados Unidos para aplicar o tarifácio de 50% sobre o Brasil.
01:06A expectativa é que o julgamento dure mais ou menos umas duas semanas.
01:10Então, portanto, a eventual condenação de Bolsonaro pode sair ainda no mês de setembro.
01:16Uma outra notícia, Cris, que pesou para a família Bolsonaro ao longo do dia
01:20e que pode esbarrar nessa crise diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos,
01:25considerando os acessos que a família Bolsonaro tem no governo Trump,
01:28foi a decisão do presidente da Câmara dos Deputados, o Hugo Mota,
01:33de encaminhar para o Conselho de Ética os pedidos de cassação do deputado federal Eduardo Bolsonaro,
01:38filho do ex-presidente.
01:40Eduardo Bolsonaro é alvo de pedidos de cassação por colegas justamente por conta da sua atuação nos Estados Unidos.
01:47Ele diz em público que está articulando sanções econômicas contra o Brasil,
01:52como o tarifácio de 50% e também sanções contra autoridades brasileiras.
01:58Hoje, inclusive, Cris, o deputado Eduardo Bolsonaro postou uma foto nas suas redes sociais
02:03de um encontro que teria tido com o secretário do Tesouro americano, Scott Bassett, na última quarta-feira.
02:09Vou pedir para colocar as informações na tela, a postagem do deputado federal,
02:14que ele escreveu o seguinte, abre aspas.
02:16Na quarta-feira, dia 13 de agosto, tivemos uma reunião excelente com o secretário do Tesouro, Scott Bassett.
02:22É uma oportunidade única poder falar sobre o Brasil e os Estados Unidos com alguém tão bem preparado.
02:27Obrigado, Bassett, pela sua receptividade e disponibilidade.
02:31Que os laços de amizade entre Brasil e Estados Unidos se fortaleçam, fecha aspas.
02:36Foi o que publicou Eduardo Bolsonaro esse encontro que teria sido com Scott Bassett na última quarta-feira.
02:42Também está na foto o comunicador Paulo Figueiredo.
02:45Importante salientar que esse encontro, se de fato ocorreu nessa última quarta-feira,
02:50teria sido no mesmo dia em que Scott Bassett teria uma reunião com o ministro da Fazenda,
02:56Fernando Haddad, reunião que foi cancelada pelo Tesouro americano.
02:59A Haddad informou no início da semana que a reunião havia sido cancelada após uma articulação do próprio Eduardo Bolsonaro e do comunicador Paulo Figueiredo.
03:09Ao longo da semana, os dois negaram taxativamente que tiveram qualquer participação nesse cancelamento da agenda com a Haddad,
03:15mas hoje postaram essa foto ao lado de Bassett, embora, claro, sem nenhuma menção à Haddad,
03:21uma reunião que teria acontecido justamente no mesmo dia.
03:24Nós pedimos um posicionamento do Tesouro americano, uma confirmação se essa reunião de fato aconteceu na última quarta-feira,
03:30mas não houve retorno até agora. Cris, volto com você.
03:34Gair, quero continuar com você.
03:36Em relação às sanções à autoridade brasileira, os Estados Unidos cancelaram os vistos da filha e da esposa do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
03:45O que aconteceu?
03:46É, Cris, hoje os Estados Unidos revogaram, então, os vistos da esposa do ministro Alexandre Padilha, da Saúde e também da filha dele, de 10 anos.
03:59O visto do próprio Padilha não foi revogado porque já estava vencido há meses.
04:04Vamos lembrar que na quarta-feira, os Estados Unidos também revogaram vistos de duas autoridades brasileiras
04:10por terem participado da elaboração, ao lado de Padilha, do programa Mais Médicos, lá no governo Dilma, em 2013.
04:18E essa teria sido a mesma motivação para a cassação de vistos dos familiares do ministro Alexandre Padilha.
04:25A justificativa do governo americano para esse cerco, o programa Mais Médicos,
04:29é a suposta alegação de que o Brasil estaria financiando a ditadura cubana com a contratação de médicos cubanos.
04:38Mas é importante salientar que desde 2018 o Brasil não tem contrato direto com Cuba para a contratação desses médicos.
04:46E hoje a grande maioria dos médicos do Mais Médicos, inclusive, é formada por médicos brasileiros.
04:53O ministro Alexandre Padilha diz que está absolutamente indignado com essa sanção,
04:57questionou, inclusive, que mal poderia fazer uma menina de 10 anos, que é a idade da filha dele, ao governo dos Estados Unidos.
05:05E destacou ainda que quando o programa Mais Médicos foi criado, lá em 2013, a filha dele sequer era nascida.
05:13Então, mais autoridades, não, mas mais familiares de autoridades brasileiras,
05:18então, agora com vistos cassados pelo governo dos Estados Unidos. Cris.
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