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O presidente chinês Xi Jinping se reúne com líderes da Rússia e Índia em meio às tensões comerciais impostas pelos Estados Unidos. Para analisar os impactos dessa aliança e suas consequências para a geopolítica global, Marcus Vinícius de Freitas, professor de direito e relações internacionais, é o entrevistado.

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Transcrição
00:00O presidente da China, Xi Jinping, se reuniu hoje com alguns dos principais líderes mundiais,
00:07incluindo o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.
00:12O encontro buscou promover o que o líder chinês definiu como uma nova ordem global,
00:19em oposição à influência dos Estados Unidos e do Ocidente.
00:23Xi Jinping apresentou a visão dele de uma nova ordem econômica e de segurança global
00:30e defendeu o multilateralismo durante a cúpula da Organização de Cooperação de Xangai,
00:35além do comportamento intimidador de alguns líderes,
00:38em uma referência às tarifas impostas ao resto do mundo pelo presidente americano Donald Trump.
00:44Xi recebeu mais de 20 chefes de Estado na cúpula que foi realizada na cidade portuária de Tianjin,
00:49incluindo o presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
00:56Putin aproveitou o encontro para justificar a ofensiva militar à Rússia na Ucrânia
01:00e acusar o Ocidente de prolongar a guerra, que dura mais de três anos.
01:05A reunião faz parte de uma estratégia de Pequim para fortalecer alianças no chamado sul global
01:10e consolidar sua influência frente a Washington.
01:13Muitos dos líderes presentes na cúpula também vão participar do desfile militar
01:18que será realizado na quarta-feira em Pequim para marcar os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.
01:26E para me ajudar a analisar o encontro entre o presidente chinês Xi Jinping e os líderes de Rússia e Índia
01:33em meio a essas tensões comerciais impostas pelos Estados Unidos,
01:37eu tenho o privilégio de receber aqui no estúdio do Conexão Marcos Vinícius de Freitas,
01:41que é professor de Direito e Relações Internacionais e professor visitante na China Foreign Affairs University
01:47e ele também é Senior Fellow Policy no Center of New South.
01:53Professor Marcos, é tanta coisa que quase não cabe aqui, a gente precisa de um programa à parte
01:57para dar todos os predicados que, claro, que o senhor merece.
02:00É sempre um privilégio a gente conversar com o professor Marcos Vinícius,
02:03porque, como eu antecipei, ele leciona na China, mora na China
02:08e pode ajudar a gente a entender, decifrar a China de dentro para fora.
02:13A gente só tem um olhar de fora para dentro.
02:15Professor Marcos, é sempre um prazer.
02:17Queria começar para o senhor, então, para a gente analisar.
02:21Porque este encontro entre Narendra Modi, líder da Índia,
02:26o Xi Jinping, o anfitrião e Vladimir Putin,
02:29em meio a essa guerra comercial patrocinada e impetrada pelo Donald Trump,
02:34não é um acaso.
02:34Tudo bem que estava numa agenda de visita deles,
02:38mas isso tem um pano de fundo, que é o tarifácio, obviamente.
02:44O que significa essa aliança daqui para frente?
02:48E depois eu vou fazer um recorte entre China e Índia,
02:50porque tem uma relação um pouco mais particular.
02:53Vale, é sempre um prazer estar com você.
02:56Eu acredito que o que nós observamos ali é um encontro de redefinição
03:01daquilo que nós chamamos de governança global.
03:03porque ali você tem três países grandes,
03:07os dois que têm a maior população mundial
03:09e que estão num processo contínuo de distanciamento dos Estados Unidos.
03:16A Rússia, a gente já sabe que historicamente tem os seus problemas com os Estados Unidos,
03:20desde a Guerra Fria.
03:22Aquilo que nós observamos na Ucrânia foi nada mais, nada menos,
03:26do que uma guerra de procuração entre Rússia e Estados Unidos.
03:30E os russos, nesse processo todo, têm sido alijados do cenário internacional
03:36em razão das sanções.
03:38E a Índia era o ponto que os Estados Unidos estavam querendo utilizar
03:43para conter a China.
03:45Desde o governo Clinton, os Estados Unidos têm buscado se aproximar mais da Índia.
03:52A Hillary Clinton, no governo Obama, criou essa ideia de transformar a Índia num pivô contra a China,
03:59para a contenção da China.
04:01E aqui, Donald Trump, agindo como os chineses dizem, né?
04:05Trump é o melhor presidente que os chineses poderiam ter eleito para os Estados Unidos.
04:11Ele, basicamente, com esta elevação da tarifa e esta alegação que você mencionou antes
04:17de que os Estados Unidos estão sendo injustamente tratados pelos indianos,
04:21ele, basicamente, coloca a Índia nos braços da China
04:26e perde aí uma potência que seria muito importante para ele nessa estratégia.
04:33Então, nós vemos ali a configuração de uma nova ordem mundial,
04:36parecido com aquelas reuniões que você teve na Segunda Guerra Mundial,
04:41com o Churchill, com o Roosevelt e com o Stalin, na ocasião.
04:45Você vê esta ordem global sendo redesenhada.
04:49Professor Marcos estava explicando para a gente,
04:51mas os números corroboram o que parece uma teoria, não é na prática.
04:55Por quê?
04:56Professor Marcos, estamos vendo o encontro de dois gigantes
04:58que antes andavam de costas um para o outro, né?
05:01Esse aqui é o destino das exportações da Índia com números consolidados de 2024.
05:07Para os Estados Unidos, 18%.
05:11Ok, a Índia está distante dos Estados Unidos, faz um certo sentido.
05:16Mas a China e Índia são vizinhos de porta.
05:21Eles fazem fronteira seca.
05:23Tem um passado aí com uma certa rusga que passa pela Cachimira,
05:27mas isso fica para uma outra conversa.
05:29O curioso é que são duas potências crescentes, os dois dentro dos BRICS.
05:33Como o professor Marcos falou, são as duas maiores populações do mundo
05:38e estão numa curva ascendente da economia de desenvolvimento tecnológico,
05:43desenvolvimento científico.
05:45Mas a Índia, por exemplo, vem de pouco para a China,
05:50que são vizinhos, repito, e a recíproca também é verdadeira.
05:54Professor Marcos, este encontro de China e Índia,
05:58o que pode significar para as próximas décadas do século XXI?
06:03Porque os dois estão desenvolvendo tecnologias que parecem ser a grande pauta do século XXI.
06:08A transição energética, desenvolvimento tecnológico.
06:12A China tem novos laboratórios, enquanto a Índia é um dos maiores produtores mundiais de medicamentos.
06:19Estou fazendo alguns recortes que põem esses dois países em pontos de intersecção.
06:23Mas esse encontro de dois líderes, claro, que representam países que não se falavam
06:29e agora parece que estão andando de braço os dados,
06:31o que isso pode significar não só para os Estados Unidos, mas para o resto do mundo?
06:36Você tem que levar em consideração, Favari, que também você deve ter aqui exportação de serviços
06:41que os indianos vendem muito para os Estados Unidos por causa do inglês e do domínio do idioma.
06:47Mas a relação entre China e Índia é deficitária para os indianos.
06:54Eles reclamam muito disso nesse processo todo.
06:57Mas historicamente é porque você tem um problema grave com relação à Índia.
07:02A Índia é um país que é uma potência não global, mas regional.
07:06Embora tenha aí a maior população do mundo, o PIB per capita da Índia é pequeno comparativamente à China,
07:14vem crescendo nos últimos anos, mas a Índia ainda tem uma série de coisas que precisa vencer
07:21para conseguir aproximar-se do nível de desenvolvimento econômico com a China.
07:26Não é a grande fábrica global, como você tem na China.
07:30E o que aconteceu ao longo desse período aí é que algumas movimentações da Índia
07:36de alguma forma também distanciaram os dois.
07:40Sabe aquela história que a gente sempre fica falando, né?
07:42Você tem que acender vela para dois santos e aí na história toda os dois brigam
07:47e você realmente não se dá bem.
07:49É mais ou menos o que aconteceu neste processo com a Índia.
07:52Durante algum tempo a Índia tem os seus problemas históricos de fronteira com a China,
07:57tem a questão do Dalai Lama no Tibete.
07:59Você tem outros assuntos, inclusive a Índia faz parte do Quad,
08:03que é uma estrutura de defesa que é contra a China.
08:08Então, isto impede que o relacionamento avance.
08:12O fato de Modi retornar à China depois de sete anos
08:16é evidência de que o relacionamento precisa ficar mais próximo.
08:21E há uma coisa aqui só que é um dado importante.
08:24Na guerra do Paquistão com a China, os equipamentos chineses se provaram muito eficientes.
08:32O sexto na classificação chinesa, na classificação dos equipamentos,
08:36o sexto mais baixo foi o que venceu e conseguiu derrubar, acho que três Rafales,
08:43que são os melhores equipamentos europeus.
08:44Então, a China vê, a Índia vê, numa melhoria da relação com a China,
08:52uma forma também de impedir maiores conflitos com o próprio Paquistão.
08:56Excelente.
08:57Queria avançar para trazer então esse outro elemento, que são os Estados Unidos.
09:01Esta é a balança comercial Estados Unidos-Índia.
09:05Vocês podem perceber, 2019, 20, 21, 22, esse arco de tempo, esse fenômeno se repete.
09:11Eu só fiz um recorte aqui para ficar mais fácil da gente digerir.
09:14Ele é sempre deficitário para os Estados Unidos, déficit crescente.
09:20Era de menos 23 bilhões em 2029 e subiu para menos 43 bilhões em 2023.
09:29Ou seja, os indianos cada vez mais exportam mais para os americanos do que compram de produtos americanos,
09:36o que ajuda a gente a entender a base do tarifácio do Donald Trump.
09:41Como o senhor estava falando, professor Marcos, de Donald Trump entregar de bandejos indianos para a China,
09:48a tendência, a lógica diz, é que esse déficit e essa diferença aumentem.
09:52Isso também não é um risco para o Donald Trump, não é um tiro no pé, ele ficar longe daquele,
09:59que não é, como o senhor destacou, o grande centro manufatureiro do mundo, mas pode vir a ser.
10:04E talvez um novo polo de tecnologia do mundo, transição energética,
10:10isso não vai deixar os Estados Unidos acessar o maior mercado, não o mercado consumidor,
10:16porque a gente tem uma área de pobreza muito grande na Índia, mas temos a maior população do mundo.
10:21É um mercado interessante, obviamente.
10:23O grande equívoco do presidente Trump é que ele leva a política de comércio internacional
10:28como sendo um jogo de soma zero, ou seja, os Estados Unidos sempre precisam ganhar.
10:33E a gente aprende em economia que existem determinados países que têm vantagem competitiva
10:39e vantagem comparativa.
10:41Você não planta café na Alemanha.
10:43Então o Brasil sempre vai ter uma vantagem comparativa e competitiva com a Alemanha
10:47com relação a café.
10:48Então a mesma coisa acontece quando você olha para esse quadro.
10:52O grande desafio dos Estados Unidos é que eles se tornaram grandes exportadores de serviços,
10:58não mais de produtos manufaturados.
11:00O produto manufaturado hoje em dia é feito na China.
11:03Então você vê esse déficit entre China e Índia alto, porque a China é o grande vendedor,
11:08é a grande fábrica global.
11:10E os Estados Unidos têm serviços, só que os serviços norte-americanos
11:13são na área bancária, financeira e outras, que eles não conseguem vender tanto,
11:18da mesma forma e com a mesma efetividade.
11:20Então você sempre vai ter esta falta de possibilidade de aumento, a não ser que os Estados Unidos
11:26viessem aí a incrementar a sua base manufatureira e conseguir vender novos produtos para os indianos.
11:34Então o comércio com os Estados Unidos terá essa dificuldade, além do fato de que o dólar
11:38sempre supervalorizado impede aí, faz com que as exportações americanas sempre sejam mais caras
11:45com relação àquilo que acontece na Índia.
11:46Para a gente encerrar e trazer, mesmo que rapidamente, o último personagem dessa história aqui,
11:52que é o presidente russo Vladimir Putin, porque aqui a gente tem um gráfico que mostra o aumento
11:59e não é uma coincidência das exportações da Rússia para a China, da Rússia para a Índia,
12:05justamente quando a guerra de Rússia na Ucrânia, a invasão, ela se agrava e aí o Ocidente,
12:13leia, a União Europeia, Estados Unidos começam a fechar as torneiras para a Rússia,
12:18a Rússia achou duas outras boias de salvação que são os comércios para a China e para a Índia,
12:26para vender aquilo que ele tem de maiores recursos, combustível, fertilizantes, minerais.
12:33Professor Marcos, colocando esses três agora, China, Índia e Rússia, e a gente retoma o começo da nossa conversa,
12:41essa nova recomposição da hegemonia global, a Rússia tem mais a ganhar do que perder com essa turma aqui.
12:50Tem sim. E veja só, Favali, o que você observa aqui é um incremento na exportação, particularmente, de petróleo.
12:57Mas não significa, e aqui essa é a razão que o Trump tem ficado bravo, não significa que os indianos estão comprando o petróleo para consumo próprio.
13:06Os indianos estão comprando o petróleo e vendendo para os europeus, que estão encontrando uma maneira de burlar a sanção porque estão sendo afetados por isso.
13:16Então, essas sanções secundárias tentam fazer com que você não comercialize este tipo de petróleo ou não comercialize os produtos russos dentro do mercado global.
13:28O problema é que os europeus também estão quebrando as sanções.
13:32E aí o grande desafio é o seguinte, se Trump está aplicando aí sanções secundárias, no sentido de evitar o comércio com a Rússia,
13:39será que ele vai aplicar mais tarifas sobre o Brasil? Porque nós ainda importamos fertilizantes.
13:44Essa é a grande pergunta quando você olha para aquilo que o presidente Trump tem feito nos últimos tempos.
13:49Bom, mas a gente já sabe que para esses novos aqui, novos ricos, né, entre Rússia, China e Índia,
13:57a gente tem que manter um olhar apurado e sempre teremos o contato do professor Marcos Vinícius de Freita para nos ajudar,
14:05seja aqui ou seja na China.
14:06Só uma notinha, você vai ver, observar também, uma diminuição da exportação russa para a China
14:14em razão do carro elétrico e das novas usinas nucleares que os chineses estão implementando.
14:19Então deverá haver uma diminuição nesse comércio. Nada espantoso, mas você vai observar isso.
14:24Vou me aproximar para cumprimentá-lo. Obrigado, Marcos.
14:27É sempre um prazer.
14:29A gente já entendeu, ele já deu a deixa para a gente continuar essa conversa.
14:33Eu tenho ideia que ele esteja voltando para a China para lecionar no próximo semestre,
14:39então os nossos contatos serão por videochamada, mas ele tem sempre muito a nos ensinar,
14:43seja no ocidente ou seja no oriente.
14:46Professor Marcos Vinícius de Freitas, é sempre um prazer.
14:48Até a próxima e eu espero que seja em breve.
14:50Ótimo, eu que agradeço pela oportunidade sempre.
14:52E aí
14:53E aí
15:05E aí
15:06E aí
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