Em agosto, o México superou os Estados Unidos como o segundo maior comprador de carne bovina do Brasil, com quase 60 milhões de dólares em vendas. José Pimenta, da BMJ Consultores, comenta o impacto das tarifas americanas e a estratégia do Brasil para ampliar mercados na América Latina.
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00:00E pouco tempo depois do tarifácio de Donald Trump, o México já superou os Estados Unidos como o segundo maior comprador de carne bovina brasileira.
00:08Neste mês, né? Esses dados são deste mês e são referentes ao período aí que vai de 1º a 25 de agosto.
00:15Vamos dar uma olhada aqui nos números.
00:16Nesse período, os exportadores brasileiros mandaram para a China, você vê aí, 115 mil,7 toneladas, né?
00:23Total de 644 milhões de dólares e o México ultrapassou os Estados Unidos.
00:28O México, a gente vendeu para o México 10 mil toneladas, um pouco mais aí, e a gente arrecadou quase 60 milhões de dólares.
00:37Rússia também está na frente dos Estados Unidos agora, 7,9 mil toneladas, 39 milhões de dólares.
00:43O Chile também, 7,9 mil toneladas, 46,5 milhões de dólares.
00:49E em quinto lugar agora os Estados Unidos, que como a gente disse, eram o segundo,
00:52a gente vendeu para eles 7,8 mil toneladas e arrecadamos 43,6 milhões de dólares.
01:01Na outra tela aqui, a gente vai ver os números do mês anterior, julho, quando ainda não havia entrado em vigor o tarifácio.
01:08A China ocupava o primeiro lugar com 160,6 mil toneladas.
01:12Logo em seguida vinha então os Estados Unidos, né?
01:14Com 18,2 mil, México 15,6, México estava em terceiro, a gente já estava vendendo bem para o México.
01:21Rússia 13,8 e União Europeia 11,8 mil toneladas.
01:26Então a União Europeia saiu do top 5 aqui do Brasil neste mês de agosto.
01:32Sobre esse trabalho do governo brasileiro para ampliar relações comerciais com o México,
01:36eu vou conversar...
01:38Não, temos mais uma tela aqui, desculpa gente.
01:41Antes da entrevista aqui, mais uma tela para mostrar para vocês.
01:44Essa tela é a relação comercial Brasil-México.
01:48O México é o oitavo maior destino do agro brasileiro.
01:51Participação aí de 1,87% das nossas exportações do agro.
01:57Exportações entre janeiro e julho somaram aí 1,82 milhões de dólares.
02:03E as importações, 40 milhões.
02:05A gente está falando aqui da relação comercial entre Brasil e México.
02:10E também vamos para a próxima tela aqui.
02:15Agora é os top 5 aí dos produtos exportados em 2025.
02:20Carne bovina em primeiro lugar, 775 milhões.
02:24Complexo de soja, 421 milhões.
02:27Produtos florestais, 268 milhões.
02:30Café, 112 milhões.
02:32Cereais e farinhas, 47 milhões.
02:34A carne bovina, 20% de tudo que o Brasil exporta do agro para o México.
02:40E agora sim eu vou chamar o nosso entrevistado aqui, o José Pimenta,
02:43que é diretor de Relações Governamentais e Comércio Internacional da BMJ Consultores.
02:49Boa noite para você, Pimenta.
02:51Seja muito bem-vindo.
02:53Boa noite, Marcelo.
02:55Boa noite a todos que nos escutam.
02:56Bom, como é que você avalia essa estratégia do governo para estreitar a relação com o México
03:02diante desse aumento das tarifas aí dos Estados Unidos?
03:05Marcelo, é um momento muito importante, onde não só o governo, mas também o setor privado brasileiro,
03:15o setor produtivo, tem pensado muito na diversificação de mercados,
03:22sobretudo por conta do tarifácio, sobretudo por conta dessa perda de mercado
03:26que nós já estamos tendo em relação aos Estados Unidos,
03:29e essa necessidade de diversificar, capilarizar os produtos para outros países.
03:37E é natural esse movimento com o México, porque note que o Brasil já tem formalmente
03:42um nível institucional muito fortalecido com o México.
03:49Nós temos três acordos, que a gente chama de acordos de complementação econômica,
03:54que ocorreram no âmbito da LAD lá atrás, são acordos que devem ser ampliados.
03:59Então, essa visita é uma visita justamente para trabalhar a ampliação dessas bases institucionais
04:04comerciais já existentes entre Brasil e México, Marcelo.
04:10Pimenta, agora eu queria saber a sua visão sobre quais setores da indústria do agro-brasileiro
04:15que podem se beneficiar mais com essa aproximação.
04:18Certo.
04:22Primeiro ponto fundamental aqui, Marcelo, a dizer, e até foi citado na matéria que vocês trouxeram,
04:29que o comércio bilateral é um comércio de alto valor agregado.
04:35Então, é um comércio de bens de média e alta intensidade tecnológica.
04:39Quando a gente olha para o agro, não há dúvidas que nós estamos falando aí
04:43de um complexo grande de produtos relacionados à carne bovina, como vocês citaram,
04:51carne de frango também, toda a proteína avícola tem no México ali um destino importante
04:58em termos de mercado.
05:00Complexo da soja, produtos florestais, que já tem uma pauta, um percentual importante
05:06na pauta exportadora para o México, mas onde mais se ganha, Marcelo, nesse caso,
05:12é justamente essa necessidade de ampliar essa cultura de negociação bilateral,
05:18porque nós estamos falando principalmente das duas maiores economias latino-americanas
05:23que precisam, já são integradas, estamos falando de um comércio bilateral na casa
05:28de 14 bilhões, isso é uma cifra elevada, sobretudo para dois países em desenvolvimento,
05:34e com o estoque de investimento direto bilateral também na casa dos seus 18 bilhões.
05:41Então, nós temos empresas mexicanas investindo no Brasil, já não é de hoje,
05:46e empresas brasileiras também que investem no México, um valor menor.
05:49Então, toda essa negociação, essa possibilidade de negociação, que não é nova,
05:54isso é antigo no mundo do comércio internacional, mas ganha um novo momento,
05:58justamente por conta da necessidade brasileira e mexicana de ampliação de mercados, Marcelo.
06:05O que você acha que é o maior desafio aí para a gente fazer essa relação crescer ainda mais?
06:12Hoje, basicamente, você tem de ambos os lados a faca e o queijo na mão,
06:17como se diz no dito popular.
06:20Por quê? Você tem vontade política.
06:23Esse é o principal ponto.
06:24Outrora, lá atrás, quando se buscava essa ampliação desses acordos de complementação econômica,
06:32você tinha menos vontade política, eu diria.
06:35Você tinha os setores mais sensíveis da economia de ambos os países,
06:40que não queriam, que travavam esse tipo de acordo, esse tipo de discussão.
06:45De novo, nós estamos falando de países que já têm uma base institucional formalizada.
06:50Então, não há necessidade da assinatura de um novo acordo comercial.
06:53As bases estão lançadas.
06:56Falta agora ambos os governos decidirem que querem ampliar essa lista negociadora,
07:02querem ampliar esses acordos,
07:04que ainda são muito incipientes do ponto de vista de a prangência comercial.
07:09O ACE 53, por exemplo, que é um acordo bilateral mais amplo,
07:14tem 800 produtos.
07:15No universo de 10 mil, isso é muito pouco.
07:18Então, não dá nem 10%.
07:21Então, é importante que a gente tenha, consiga aproveitar essa vontade política.
07:28Quando eu falo a gente, eu falo setor produtivo,
07:30para a gente negociar, negociar bem e ter acesso preferencial ao mercado importantíssimo na América Latina, Marcial.
07:38Você vê algum outro país na América Latina que o Brasil poderia tentar também aprofundar a relação?
07:45Obviamente, não serve falar da Argentina, porque já está dentro do Mercosul aqui.
07:48Mas a Colômbia, por exemplo, você acha que a Colômbia tem um potencial para a gente fazer crescer bastante o comércio?
07:53Colômbia é um país muito importante.
07:58A gente viveu com a Colômbia uma relação bilateral comercial muito incipiente nas últimas duas décadas.
08:05Isso, de alguma forma, melhorou na última década, na final da última década,
08:10com novos acordos sendo suscitados entre os países.
08:14Já há um acordo também bilateral Mercosul-Colômbia.
08:18Então, há uma necessidade agora também de você trabalhar também estoque de investimento estrangeiro com a Colômbia.
08:24São países muito complementares, países de um mesmo continente, quando a gente fala aí de Sul-América.
08:31Então, assim, vizinhos e a gente precisa estreitar a relação.
08:35Outro país muito importante para a gente ampliar, sobretudo por conta da integração de infraestrutura física, é o Peru.
08:41Todo mundo já está falando e já fala, em 2026 vai ter corredor bioceânico.
08:46sendo inaugurado.
08:49Então, o escoamento dos produtos brasileiros para o Pacífico vai ser facilitado.
08:55E o tempo de escoamento, o tempo de envio desses produtos diminuído por conta desse corredor,
09:00dessa rota bioceônica que com o Peru vai ser estabelecida.
09:05Então, o Peru também é um país importante.
09:06E eu diria também que não só um país, mas um conjunto, uma região importante para o Brasil ampliar os seus acordos bilaterais, ampliar o seu comércio, é a América Central.
09:18Você tem empresas brasileiras investindo na América Central.
09:21São países com grande entreposto comercial, sobretudo em alguns setores, catering, alimentos, tecnologia.
09:29Então, são países importantes quando unidos em termos de mercado e também servem como entreposto para outros países,
09:37porque são países que têm acordos bilaterais com outras nações.
09:41Então, eu diria aí, América Central como um todo, Colômbia, Peru, mas sem, obviamente, esquecer da manutenção do comércio com países importantes também,
09:53Mercosul, Chile, Bolívia, entre outros, com a própria Equador.
09:57Mas esses três, ou esses dois países e essa macro região, fundamentais para a gente ampliar, Marcelo.
10:03Vamos trocar de continente agora, Pimenta, e falar sobre a União Europeia.
10:07Você é um dos otimistas que acreditam que o acordo pode ser selado, de fato, até o fim do ano?
10:14Ganhou um novo momento.
10:16Eu já estou há 20 anos trabalhando com comércio internacional, é uma vidinha já tocada aí no âmbito do comércio, Marcelo.
10:24E a gente sempre ouviu falar desse acordo e sempre negociou aí do lado do setor produtivo com muita esperança,
10:31porque, de vez em quando, se amplificava um pouco mais a possibilidade, depois diminuía,
10:39o momento político também não favorecia, né, Marcelo?
10:42Mas agora não.
10:43Agora a gente está tratando de um novo momento no comércio internacional,
10:47um momento onde esses dois blocos já têm uma complementariedade econômica e produtiva muito grande,
10:53historicamente, inclusive, muito grande, quando a gente fala de aspectos sociais, políticos, econômicos,
10:59e também comerciais.
11:02E é claro que você tem particularidades ali, alguns países, notadamente a França, que tem algumas questões específicas.
11:09Já foi falado que o acordo não vai ser reaberto, ele já está assinado, agora falta ratificação.
11:15Então, falta agora trabalhar politicamente para a concretização, para a concretização, né,
11:20da internalização do acordo e que a gente possa, né, aí, olhando do ponto de vista de longo prazo,
11:27sobretudo, ter os benefícios gerados por esse mega acordo, esse acordo de última geração,
11:34entre duas regiões importantes do globo, Marcelo.
11:37Vamos mudar de assunto agora, falar um pouco aqui da economia nacional, Pimenta.
11:41O governo tem defendido aí a medida de isentar quem ganha até 5 mil reais e aumentar o imposto
11:49para quem ganha mais de 50 mil por mês, aproximadamente, aí, com o argumento da justiça tributária.
11:54Mas tem estudos que apontam impactos negativos para os investimentos e também para o PIB.
11:59Na sua avaliação, quais são os riscos reais dessa proposta para a economia brasileira?
12:02É importante notar que essa proposta, né, o PL da renda, ele é multifacetado.
12:11Você tem uma gama de pontos ali que, de alguma forma, vai, segundo o governo,
12:16trazer mais justiça tributária.
12:18Mas tem outros pontos também importantes sobre a sobretaxação, por exemplo, né,
12:23no caso do PL 1087, de tributar, né, em 10% o imposto de renda, né,
12:31os lucros de dividendos que serão enviados para o exterior.
12:34Isso é complicado, isso é complexo.
12:36O estudo da Anchan recentemente mostrou que isso pode trazer, sim,
12:40prejuízos à competitividade brasileira.
12:42Então, é importante notar, claro, o governo sempre vai buscar, né,
12:46tirar de algum lugar e compensar em outro lugar.
12:50Isso é notório em termos de ambiente tributário.
12:53É necessário fazer isso para você poder fechar as contas.
12:56Mas é importante também ter em mente que a gente está afetando aqui
12:59uma parcela importante do empresariado, se isso vier a cabo, evidentemente.
13:04Então, essa proposta tem que ser melhor discutida.
13:07Obviamente, está sendo discutida, claro, mas tomar cuidado justamente
13:10para a interrupção de projetos já realizados, de investimento,
13:14de atração de investimento, que nós, como país em desenvolvimento,
13:17precisamos atrair multinacionais para o nosso continente,
13:20para operar, para empregar, para gerar renda, para gerar desenvolvimento.
13:24Obviamente, sem esquecer da justiça tributária,
13:26que é muito divulgada pelo governo.
13:28José Pimenta, diretor de Relações Governamentais e Comércio Internacional
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