Humanoides e tecnologia: Tony Ventura explica como Brasil pode ganhar espaço no mercado global de IA

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Tony Ventura analisou o cenário de IA no Brasil, destacando energia limpa, educação e exploração de soluções já existentes como caminho para competitividade global. Eventos FT Climate & Impact Summit e Brasil 2030 debaterão oportunidades e estratégias para o país.

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00:00Nosso assunto agora é inteligência artificial e tecnologia.

00:03Esse será tema de dois eventos que serão promovidos na semana que vem pelo Times Brasil, licenciado exclusivo, CNBC,

00:10em parceria com o Financial Times.

00:13Um desses eventos é o FT Climate and Impact Summit Latin America.

00:17E o outro é o Brasil 2030, uma nação de oportunidades.

00:21Sobre os desafios do nosso país nessa área, eu converso agora com o Tony Ventura,

00:26que é especialista em E.A. e tecnologias do futuro.

00:28Boa noite para você, Tony. Seja muito bem-vindo.

00:32Muito boa noite. É um prazer estar aqui com vocês.

00:35Tony, a gente sabe que o Brasil não tem condições de competir na infraestrutura de E.A. com a China, com a Europa e com os Estados Unidos também.

00:42De que maneira a gente pode comer pelas beiradas para aproveitar essa onda de E.A.?

00:46Porque parece que, de fato, é a nova onda da economia mundial.

00:51Certo.

00:51Para infraestrutura de inteligência artificial, existe uma enorme fila do principal fornecedor de infraestrutura de E.A. do mundo,

01:00que se chama NVIDIA.

01:01Uma fila de espera imensa para governo, para grandes empresas.

01:05Então, realmente, não só o Brasil não consegue competir, mas existe uma alta demanda para uma baixa capacidade de produção,

01:12por enquanto ainda.

01:13Como que o Brasil pode entrar forte nesse mercado de E.A.?

01:20Primeira coisa, a gente tem que explorar o que a gente tem de melhor no Brasil,

01:24que é o principal combustível para inteligência artificial, que se chama energia.

01:29Energia limpa e renovável que o Brasil produz.

01:32Se você pegar a média mundial de produção de energia, o Brasil tem mais do que o dobro,

01:39muito mais do que a média de produção de energia do mundo.

01:42Por exemplo, a China, 60% da energia gerada na China é de carvão, feita com carvão.

01:48Aqui a gente tem 80% de energia limpa e renovável no Brasil.

01:52Isso quer dizer que a energia, ela consegue ser estável.

01:56É uma estabilidade muito maior na entrega de energia que a inteligência artificial precisa.

02:01Então, a gente tem que entender o que a gente tem de vantagem como país e começar a explorar isso.

02:06Um outro ponto muito importante é o Brasil, agora, investir na educação básica com inteligência artificial.

02:13A educação básica, a criança aprendendo sobre inteligência artificial, o adolescente aprendendo sobre inteligência artificial,

02:19agora no início.

02:20Porque eu sei que os Estados Unidos, a China, parecem estar muito à frente e realmente está.

02:26Só que está tudo muito novo para todo mundo.

02:28Eu não vou falar aqui que está todo mundo no mesmo barco, porque não é o caso,

02:32mas está muito parecido o nível de conhecimento ainda da IA no mundo inteiro.

02:39Muita gente ainda está meio que perdida em relação à inteligência artificial.

02:42Muita gente tem definições diferentes sobre isso.

02:44E isso acaba atrasando o processo evolutivo do país e da sociedade também, como um todo,

02:51no mundo inteiro que eu estou falando.

02:52Então, se a gente investir em educação agora, a gente tem chance de estar soberano no futuro próximo.

02:58Energia, educação e um terceiro ponto que eu percebo que não tem ninguém vendo ainda.

03:04Eu já falo isso há muito tempo.

03:06O mundo inteiro compete para criar novas soluções, criar novas tecnologias com inteligência artificial

03:14ou sem inteligência artificial.

03:15Por que o Brasil não busca um oceano azul, ou seja, um mercado que não tem ninguém explorando ainda

03:21para a gente ter ali uma soberania no futuro?

03:25Por exemplo, a gente, olha que interessante, o Brasil poderia, por exemplo, pegar ferramentas e soluções

03:31e tecnologias que já existem e aprender a explorar as funcionalidades que ali estão.

03:37A China está criando hoje, está na corrida de humanoides.

03:40Eu acabei de voltar da China, estava anteontem na maior feira de robôs humanoides com inteligência artificial do mundo,

03:45na China, World Fair Robots, em Beijing.

03:47E eles pegam tecnologias que já existem, da NVIDIA, dos Estados Unidos, de Israel, de vários lugares do mundo

03:54e criam ali um novo negócio, criam um robô, criam um humanoide a partir de tecnologias que já existem.

03:59Então, eu acho que o Brasil está fazendo certo em investir em criação de novas soluções,

04:04em incentivos a startups e tudo mais.

04:06Só que a gente está esquecendo, a gente e outros lugares do mundo também estão esquecendo

04:11de explorar o que já existe, que eu acho que é um ponto muito importante

04:16para a gente conseguir aí estar no ápice da inteligência artificial como país.

04:22Você acha que os humanoides vão ser uma grande coisa para a economia mundial?

04:26É uma tendência que pode trazer novas aplicações aí, que pode ser disseminada?

04:31Eu tenho certeza absoluta disso.

04:34Os humanoides, tudo o que faz a gente, as empresas, gastarem menos tempo e menos dinheiro

04:40e ter um resultado melhor, eu acho que tem um grande potencial de ser uma tendência.

04:45E a China está nessa corrida há muito tempo já e você, em um ano e meio,

04:50a gente não tem noção de quanto esse mercado se desenvolveu com a inteligência artificial.

04:56Há um ano e meio atrás, eu estava na China, na Unitree,

04:59que é a segunda maior empresa de robôs do mundo,

05:02e o preço mais barato, a média de preço era 500 mil dólares de humanoide.

05:06O preço mais barato de humanoide há um ano e meio atrás era de 140 mil dólares.

05:12Passaram-se agora um ano e meio e temos já robôs humanoides de 5.900 dólares

05:16sendo lançados agora, nesse momento, na China.

05:19Olha a evolução.

05:20E os robôs humanoides de 5.900 dólares estão muito melhores

05:24do que os robôs de 130 mil dólares de um ano e meio atrás.

05:28Olha que incrível isso.

05:28Esse desenvolvimento está muito rápido e, sim, tem um grande potencial

05:33para ter um mercado favorável para o Brasil e para o mundo com os humanoides.

05:38Queria que você falasse um pouco também sobre os minerais considerados críticos,

05:43como as terras raras, que são fundamentais não só para a inteligência artificial,

05:47mas também para a transição energética.

05:49O Brasil é falado que tem a segunda maior reserva do planeta,

05:53mas não figura nem entre os dez maiores produtores mundiais.

05:56Por que você acha que a gente está tão lento na exploração desses minerais?

06:02Eu acho que talvez não seja prioridade para as pessoas que deveriam ser prioridade aqui no Brasil.

06:08Quem deveria estar colocando o nível de prioridade alto não está, no meu ponto de vista.

06:13Talvez os nossos governantes ou as pessoas que tomam essas decisões não tenham visto ainda

06:20a importância de colocar isso como prioridade no país.

06:25Eu acho que é muito por aí.

06:27E também tem outra coisa.

06:28Acredito que o nosso país talvez não tenha um nível de organização de processos tão bom

06:32quanto outros países têm.

06:34Quando você tem processos desestruturados, desorganizados,

06:38tudo fica mais demorado, tem mais custo e fica mais difícil de conseguir as coisas.

06:44Está aí a burocracia toda que nós temos e outros países têm também,

06:48que demonstra claramente como tudo fica mais difícil de fazer.

06:53Então, acho que são esses dois pontos.

06:54Prioridade, quem deveria dar prioridade, que talvez não esteja percebendo a importância

06:58e a magnitude desse assunto.

06:59E a segunda coisa, no meu ponto de vista, é a falta de organização de processos

07:05que burocratiza tudo e deixa tudo mais difícil.

07:09Bom, você estava falando agora há pouco da importância da educação.

07:11Você acha que a força de trabalho que a gente tem hoje,

07:14ela está preparada para esses novos tempos da tecnologia?

07:19Eu acho que nenhuma força de trabalho no mundo está preparada.

07:25Eu acho que nós, como brasileiros, precisamos, assim como o mundo inteiro,

07:28nesse momento que a gente está, precisamos nos preparar.

07:34Mais ou menos um go with the floor.

07:36A gente tem que se preparar enquanto o carro está andando.

07:39Então, a gente não tem que se preparar para fazer.

07:42Está acontecendo e a gente tem que se preparar no processo.

07:45E a gente está descobrindo junto, como brasileiro e como mundo também,

07:50o que a inteligência artificial é capaz de fazer.

07:52O que ela pode fazer para nos ajudar e o que ela pode tirar da gente.

07:56A gente está descobrindo isso junto.

07:57Então, eu acho que ninguém está preparado,

07:59mas o que a gente precisa é de um alinhamento do conhecimento da inteligência artificial,

08:04o que é, quais possíveis vantagens, uma conversa mais próxima entre governo, sociedade,

08:09entre pessoas que se interessam no assunto.

08:13E é isso.

08:14A gente tem que ir se desenvolvendo e se preparando enquanto o caminho vai se fazendo.

08:18Esse caminho está sendo criado no mundo inteiro.

08:21Tem muito talento brasileiro no exterior que você acha que poderia estar aqui?

08:25Tem muito talento.

08:26Eu venho procurando talentos há muito tempo, há mais de uma década,

08:30em relação a empreendedor, em relação a, inclusive, inteligência artificial também,

08:35programadores.

08:36Tem muito talento no Brasil que não se deu conta que é um talento ainda.

08:43Também não se deu conta dos incentivos que o Brasil...

08:46O Brasil tem incentivos também para essa área.

08:49Não se deu conta dos incentivos que existem.

08:51Tem muito brasileiro que, por não se dar conta, vai para fora.

08:55E tem muito brasileiro que foi para fora porque existem ofertas de empresas fora do Brasil

09:01muito atraentes.

09:02Mas temos no Brasil ainda muitos e muitos talentos não descobertos.

09:06Eu acho que o que falta aí é um nível, um planejamento de comunicação grande

09:11para que chegue nas pessoas necessárias, chegue até os talentos.

09:14O que o Brasil tem incentivos para novos talentos, boas, enfim,

09:19novos programas com, talvez, boas remunerações, possibilidades que o Brasil pode oferecer.

09:23Eu acho que existe muito talento dentro e fora do Brasil.

09:26Mas falta um plano de comunicação.

09:28Eu estive até recentemente conversando com algumas pessoas responsáveis por comunicação

09:34a nível Brasil.

09:35Não vou entrar em detalhes de nome aqui.

09:37Mas a resposta das pessoas para mim, eu questionei sobre comunicação, né?

09:40Por que a comunicação não chegava até o brasileiro.

09:42Não, está tudo no site.

09:43É só entrar no site...

09:45Não vou falar aqui, mas só entrar no site tal, a pessoa vai ter acesso à informação.

09:48Mas a pessoa não entra no site.

09:50A informação tem que chegar até o cidadão.

09:52Não é o cidadão que tem que ir atrás da informação em si.

09:54A informação tem que ser fácil e prática para chegar até a gente.

09:58Então, eu acho que falta um nivelamento nisso aí, no meu ponto de vista.

10:01Tony Ventura, especialista em E.A. e Tecnologias do Futuro.

10:04Muito obrigado pela sua participação e boa noite.

10:07De nada.

10:08Boa noite.

10:08Foi um prazer.

10:09Obrigado por assistir.

10:10Goi.

10:11Goi.

10:12Goi.

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