Com o prazo apertado, Geraldo Alckmin lidera reuniões em Brasília para tentar barrar a tarifa de 50% anunciada por Donald Trump. A repórter Fernanda Sette acompanhou os bastidores das negociações com setor privado e ministérios, e Mariana Almeida analisou o assunto no estúdio do Agora.
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00:00E por falar em guerra comercial, hoje vai ser um dia agitado em Brasília em relação à tentativa do Brasil de achar uma saída para o tarifácio de Donald Trump.
00:11Porque em Brasília o vice-presidente, ministro do desenvolvimento e também coordenador do grupo de trabalho Geraldo Alckmin
00:19terá um dia repleto de reuniões justamente para tentar definir o futuro do Brasil frente à tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump
00:28e que passa a valer já a partir da semana que vem se não chegarem a um acordo.
00:33Eu vou voltar então à Brasília com a repórter Fernanda Sete, que já está novamente ao vivo aqui no Agora.
00:40Fernanda, mais uma reunião, mais um dia de trabalho intenso para buscar essa alternativa, uma saída a esse tarifácio de Trump?
00:51Exatamente, Eric Klein. Mais uma quinta-feira aqui intensa de rodada de reuniões.
00:56A primeira reunião com o Geraldo Alckmin, que vai contar com a participação dele aí,
01:02juntamente com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais,
01:08começa às 10 horas da manhã e segue o dia inteiro de reuniões.
01:13Ontem, Alckmin, que é o vice-presidente, ministro do desenvolvimento,
01:17também coordenador desse grupo de trabalho, desse comitê que foi criado aí
01:21com o objetivo de traçar estratégias junto aos empresários, junto aos representantes do setor produtivo,
01:28para encontrar uma alternativa a essa tarifa de 50% e também, claro, para buscar novos mercados,
01:33segue com rodadas de reuniões intensas aqui em Brasília.
01:37E ontem também não foi diferente.
01:39Ontem, Alckmin se reuniu aí com representantes do setor farmacêutico.
01:43E essa quinta-feira também promete ser de muito trabalho e muitas reuniões.
01:48Como eu falei, a primeira reunião está agendada para começar às 10 horas da manhã,
01:52será aqui na vice-presidência.
01:55E as reuniões, na parte da tarde, vão acontecer no Ministério do Desenvolvimento,
01:59Indústria, Comércio e Serviços.
02:01Mas a expectativa é essa.
02:03A primeira reunião, Alckmin vai se reunir aí com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais.
02:11Já na parte da tarde, Alckmin se reúne com o presidente da Associação Nacional da Indústria de Armas.
02:17Além disso, outra reunião prevista é com o presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo.
02:24A gente percebe, Klein, esses esforços aqui, essa união de esforços das autoridades aqui em Brasília,
02:31buscando aí estratégias, planos e alternativas para, de fato, driblar essa tarifa,
02:37caso ela seja, de fato, confirmada, se ela entre em vigor mesmo no dia 1º,
02:43procurar aí caminhos para que os setores privados não sofram tanto esse impacto,
02:48para a economia brasileira também não sofra esse impacto.
02:51Lembrando aí que faltam oito dias apenas para o dia 1º de agosto.
02:56Então, a gente vê aqui realmente uma movimentação intensa aqui em Brasília,
03:00principalmente por parte de Geraldo Alckmin, que é o coordenador desse comitê,
03:05desse grupo de trabalho que foi criado aí justamente com essas finalidades, né?
03:09De criar estratégias para negociar com os Estados Unidos e também buscar novos mercados aí para o setor privado.
03:17A gente segue acompanhando aqui, Klein, de perto.
03:19Daqui a pouquinho eu estarei ali na vice-presidência acompanhando a chegada dessas autoridades, né?
03:25Ver quem mais pode participar dessa reunião agendada para as 10 horas.
03:29Mas a gente vê um esforço bastante grande, um trabalho intenso aqui em Brasília,
03:35não só por parte de Geraldo Alckmin, mas também por parte dos ministérios, né?
03:39Lembrando também que hoje haverá, e como a gente falou mais cedo,
03:43uma reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com técnicos ali da Fazenda,
03:48do Ministério das Relações Exteriores, do Ministério do Planejamento,
03:51para elaborar um plano aí para ver aí esse impacto, né?
03:56Como que essa tarifa de 50% pode impactar na economia brasileira.
04:00Então, todas as esferas aí se unindo, trabalhando, de fato,
04:05para poder tentar reverter e encontrar alternativas para que esse impacto,
04:10caso essa tarifa se aplique, não seja tão prejudicial à economia brasileira, Klein.
04:16Tá certo, Fernanda Sete, que vai agora descer ali para a vice-presidência, né, Sete?
04:20A portaria fica um pouco abaixo aí do Palácio do Planalto.
04:23Tem um túnel por dentro do Planalto que dá para passar.
04:26E qualquer novidade, Fernanda Sete volta, então, aqui no Agora,
04:30com novidades sobre essa reunião.
04:33Mariana Almeida, a gente vê uma preocupação quase que generalizada no Brasil, né,
04:38do setor produtivo, do governo, também do Congresso,
04:41em relação a esse tarifácio de Donald Trump.
04:43E o Brasil atuando em várias frentes, né?
04:45Então, a gente tem mais uma reunião aqui do Geraldo Alckmin,
04:49vice-presidente e o líder, o coordenador desse grupo de trabalho.
04:53Estamos vendo uma comissão de senadores que vão também aos Estados Unidos
04:59tentarem negociar ou tentar negociar.
05:01E também temos os empresários, não só atuando junto com o governo brasileiro,
05:05mas também atuando com empresários dos Estados Unidos.
05:08Estão várias frentes abertas para tentar diminuir ou negociar essas tarifas com Donald Trump.
05:13Sem dúvida, porque, na verdade, como as tarifas chegam de uma maneira bastante inusitada
05:18e sem a expectativa, né, o Brasil não tinha se preparado para uma situação como essa.
05:23E a gente, desde o início do tarifácio, o Brasil estava mais à margem,
05:26sempre no bloco dos países que tinham efeitos menores.
05:30E, ao contrário, na verdade, podendo até se aproveitar de alguns desvios de comércio
05:35de acirramento de brigas dos Estados Unidos com outros países que a gente estava ocupando espaço,
05:39no agro.
05:40Então, quando vem e vem com esse empacotamento político,
05:44com alguma coisa que não se sustenta na economia,
05:47a gente é pego de surpresa e aí está se organizando para ter uma reação,
05:51como você disse, dos vários setores.
05:52Porque a situação é grave, ainda que o impacto sobre o PIB nas várias medições
05:57imediatamente possa ser menor até do que...
06:01Não é catastrófico, né?
06:02A gente viveu outros momentos que também tiveram efeitos,
06:05mas é um sinal muito negativo do ponto de vista da organização da produção.
06:09Por quê?
06:10Porque os Estados Unidos é um mercado muito privilegiado das nossas exportações,
06:15nos setores que são setores fundamentais na economia brasileira,
06:18que puxam, é um centro dinâmico também aqui, que é o setor do agro.
06:23E é isso, fica sem previsibilidade.
06:25A pior coisa para um produtor, e principalmente para um produtor agrícola,
06:28que trabalha com ciclos produtivos associados à real natureza,
06:32essa falta de previsibilidade acaba impactando significativamente nos seus planos,
06:36na sua rentabilidade e na capacidade depois de retomada.
06:40Então, a situação atual é essa e tem que entender quais são os planos aí,
06:44quais são as possibilidades de lidar com esse cenário a partir de agora.
06:47Por hora, juntando tudo e tentando reagir para derrubar.
06:51Mas o que vai acontecer caso isso não seja possível?
06:54Até porque, Mari, não há uma perspectiva de negociação,
06:57porque a gente repete aqui, não é uma questão propriamente econômica.
07:02Então, a gente viu na carta de Donald Trump ao Brasil uma citação política.
07:07Agora, ontem, ele reafirmando que quem os Estados Unidos estão se dando bem.
07:13Então, não é uma questão econômica.
07:14Então, precisa saber o que o Donald Trump quer dentro da razoabilidade.
07:20Sexta-feira da próxima semana entra a tarifa ou entraria a tarifa em vigor.
07:25Então, assim, o relógio está correndo e não há uma luz no fim do túnel,
07:28não se sabe uma perspectiva de realmente nem sentar a mesa para negociar.
07:32Até porque a fila lá em Washington está grande.
07:34Pois é, e alguns dos produtores mesmo, de representantes dos setores que trabalham,
07:41me parece que até a gente já fez entrevistas em algumas aqui no Agora mesmo,
07:45quase que tem a sensação de que não é possível que isso vá se efetivar,
07:48porque é muito forte.
07:50De novo, embora, claro, tenha efeito dos nossos exportadores,
07:53mas a relação da balança comercial como um todo,
07:56ela é superavitária em favor dos Estados Unidos.
07:58O governo brasileiro, é bom lembrar aqui, ele, junto com o Congresso,
08:03o Congresso e o Executivo aprovaram uma lei de reciprocidade econômica.
08:06Então, tem na manga um outro instrumento que seria retaliar também do ponto de vista comercial,
08:12algo que o governo tem deixado de lado, ou seja, existe a lei,
08:16mas não é o centro da estratégia. Por quê?
08:19Porque daí vai efeito dominó.
08:20Se a gente tem um trabalho aqui, que agora, quem está na mira,
08:25acabam sendo os exportadores, e aí o agro como centro,
08:28se a gente refaz uma retaliação, você começa a entrar em várias cadeias produtivas
08:32com insumos que nós importamos e que podem ter efeito interno.
08:36Então, assim, quando começa a mexer em preço relativo,
08:39em ação arbitrária do ponto de vista dos negociadores sobre cadeias produtivas,
08:44você sabe como começa, mas é difícil prever exatamente como termina.
08:47E aí, acho que a gente está nessa tensão mesmo e até um certo grau de incredulidade.
08:53Será que vai mesmo acontecer?
08:55Acho que é importante que a gente considere que pode sim acontecer,
08:58porque Donald Trump pode efetivar, apesar dos zigue-zagues em outras situações,
09:03e aí entender quais são os planos nessa situação.
09:05O que acontece com os preços internos?
09:07Qual é a margem do governo brasileiro para financiar perdas ainda
09:10e apoiar os produtores que vão ter perdas neste momento?
09:14Enfim, tem muita água para passar, mas de novo num prazo muito curto
09:19para tentar evitar efeitos maiores no curto prazo.
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