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Nos primeiros seis meses de governo, Donald Trump causou abalos na estabilidade econômica global e comprometeu alianças estratégicas de décadas. O cientista político Hussein Kalout, pesquisador da Universidade de Harvard, analisa como as medidas tarifárias e a erosão do soft power americano impactam a ordem internacional. O Brasil, com déficit de 7 bilhões de dólares na balança com os EUA, adota uma postura firme, mas diplomática, apostando na negociação e não na retaliação. Os analistas Julia Lindner e Alberto Ajzental discutem com Hussein o que está em jogo para investidores, empresas e governos.

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Transcrição
00:00Bom, são seis meses de Donald Trump no governo dos Estados Unidos e nós seguimos falando sobre esse cenário mundial de instabilidade na economia e nas relações internacionais.
00:11Eu vou conversar agora com o Hussein Kalou, ele é pesquisador da Universidade de Harvard e cientista político.
00:16Hussein, boa noite, obrigada por ter aceitado o nosso convite.
00:20É instabilidade mesmo daquelas que podem mexer com a ordem global ou é algo mais ameno com chances de dar uma amainada, uma tranquilizada nos próximos meses?
00:32É claro que o pano de fundo são os primeiros seis meses de Donald Trump na presidência americana.
00:43Eu não estou ouvindo o áudio do Hussein.
00:46Sou só eu aqui no estúdio ou as pessoas também não estão ouvindo?
00:50Boa noite.
00:50Agora sim, obrigada.
00:52Boa noite, obrigado pelo convite.
00:56É um prazer estar contigo.
00:58Eu diria que uma das principais marcas do governo de Donald Trump nesses seis meses
01:05foi, se caracteriza pela dilapidação do soft power americano conquistado ao longo de pelo menos 70 anos.
01:20Essa interpretação geral que se faz não só mundo afora, mas também nos Estados Unidos em diversos segmentos.
01:31Os Estados Unidos foram os construtores e os fiadores da balança da ordem internacional e da ordem liberal do sistema internacional.
01:51Então, o que se chama de international liberal order.
01:58E aí o que você tem é uma acelerada depredação desse capital nesse período.
02:06Porque as variáveis que o governo Trump apresentou, ela minou o que?
02:15Primeiro, em primeiro grau, o arco de aliança dos Estados Unidos no hemisfério ocidental.
02:22Quer dizer, você aplicar tarifas, punir os países aliados, Canadá, México, que compõem o nafta,
02:32isso é uma guerra comercial, uma agressão comercial desnecessária.
02:38Você parte para o bloco europeu.
02:41Quer dizer, são países aliados fundamentais para a segurança nacional americana.
02:49Se você deflagra uma crise, com a qual a União Europeia hoje quer retalhar.
02:54Então, isso é um outro mecanismo.
02:58Aí você parte para um terceiro bloco, que são os países latino-americanos,
03:02que normalmente e tradicionalmente são países cujas características
03:08são de países mais pacíficos, países que não têm contencioso com os Estados Unidos.
03:13Portanto, as primeiras medidas nesses seis meses é uma dilapidação dessa construção
03:25dentro do hemisfério ocidental.
03:27E se a gente olhar quais são os adversários dos Estados Unidos na Europa Internacional,
03:33o governo Trump tem tido posturas muito mais lenientes,
03:37com a China de recuo e com a Rússia de leniense.
03:41Vou passar para a pergunta dos nossos analistas.
03:44Vamos começar pela Júlia Lindner, lá em Brasília.
03:47Júlia, fique à vontade.
03:51Roussein, do ponto de vista do Brasil, como é que você vê a postura,
03:55tanto do governo brasileiro e também a expectativa para um possível recuo
03:59dos Estados Unidos em relação a essa tarifa de 50%?
04:02Bom, a sua pergunta é bem objetiva, Júlia.
04:09Eu diria que o Brasil adotou uma postura muito acertada,
04:17muito acertada em deixar muito claro que o Brasil tem um peso,
04:23dimensões muito diferentes dos países que foram chantageados
04:28e extorquidos a partir da imposição tarifária que o governo de Donald Trump
04:36postou, impôs a esses países.
04:41O Brasil, primeiro, decidiu claramente não aceitar intervenção na sua soberania,
04:47segundo, de não negociar sua integridade institucional,
04:52e terceiro, de colocar como uma condição fundamental
04:59a reciprocidade, aplicar a lei da reciprocidade.
05:05E isso é que um país digno de suas dimensões fará.
05:12E o Brasil deixou claramente que está disposto a negociar
05:16e está trabalhando em prol da negociação.
05:19O Brasil não quer adotar como primeiro instrumento a retaliação.
05:25Não é isso, não é esse o objetivo dos negociadores brasileiros.
05:29É a construção de uma negociação.
05:33Então, a gente tem que aí eliminar alguns maus entendidos
05:39ou algumas fábulas plantadas por grupos mal intencionados no Brasil.
05:44Ah, o Brasil não tem canais de diálogos com o Oscar.
05:47Isso não é verdade.
05:49Pode não ter canais de diálogos em nível presidencial,
05:53mas existem canais de diálogos em nível ministerial
05:56que estão logo abaixo do nível presidencial.
06:00Vamos voltar à negociação.
06:02Quando o Trump impôs uma tarifa de 10%,
06:05todo mundo se recorda.
06:08O ministro, o vice-presidente da República,
06:10e ministro de Indústria e Comércio,
06:11Geraldo Alckmin,
06:12dialogou com o secretário do Comércio naquele momento.
06:15Então, há canais de diálogo nesse nível.
06:18E o governo brasileiro vem negociando com o USTR também
06:22a aplicabilidade de algumas tarifas
06:26e quais são as regras de aplicação de algumas cotas.
06:30Então, há um diálogo permanente nesse nível ministerial
06:34e no nível técnico entre os dois países.
06:37E, na minha opinião, indo direto,
06:42eu acho que os Estados Unidos
06:43estão cientes da importância do superávit na balança comercial.
06:52São 7 bilhões de dólares.
06:54Então, por mais que o Brasil possa sentir os efeitos
07:00da aplicabilidade de uma taxa de 50%,
07:03há de que se lembrar que isso tem um efeito muito ruim
07:07para o sistema produtivo americano.
07:10Isso vai gerar desemprego,
07:12isso vai gerar nos Estados Unidos escassez de produtos,
07:16e isso vai gerar uma perda desse superávit.
07:21Então, a pergunta-chave é como o Trump vai responder internamente a isso.
07:25Portanto, eu vejo um caminho possível para a negociação
07:31e uma disposição de manter os canais abertos com o Brasil.
07:37Alberto, por favor, sua pergunta.
07:40Roussein, boa noite.
07:42Você tocou em dois pontos.
07:44Um, dos Estados Unidos, como há mais de 70 anos,
07:48uma âncora, uma luz de democracia e de liberdade.
07:55E a pergunta, você, quem eventualmente,
08:01nesse período de tempo desse governo,
08:03pode eventualmente assumir essa posição?
08:08E você também tinha comentado sobre os danos causados
08:12ao longo desse governo.
08:14A segunda pergunta é,
08:15esses danos você enxerga que podem no futuro serem reparados?
08:20Eu creio que o Joseph Nye escreveu um artigo extraordinário
08:34antes do seu falecimento sobre o declínio do soft power americano
08:41a partir do Trump ainda em 2025.
08:44E esse artigo foi publicado na Foreign Affairs,
08:48o artigo coautorado com o Robert Culhane,
08:55e que foi publicado após a morte dele.
09:00E ele alertava para como este governo
09:05não conseguia lidar com os instrumentos fundamentais
09:09que edificaram o papel dos Estados Unidos no mundo.
09:13Eu vou colocar duas coisas importantes nessa discussão.
09:18A reivocação dos vícios do ministro supremo
09:21e a possibilidade da aplicação da lei Magnitsky
09:25ferem estruturalmente
09:28os princípios que erigiram a força dos Estados Unidos no mundo
09:34em termos de valores, de liberdade e democracia.
09:38Explico o porquê.
09:40Porque
09:41esse tipo de atitude,
09:45eles só foram aplicados
09:46a países não democráticos.
09:48O Brasil será o primeiro país democrático
09:51que terá
09:55um poder independente
10:00cujos ministros da Suprema Corte
10:04sofrerão sanções equivalentes
10:07a traficantes, a terroristas,
10:11a ditadores.
10:13Isso nunca foi aplicado.
10:15Sem elementos fundamentados.
10:19Dois.
10:20Se ocorrer a aplicação da lei Magnitsky,
10:23será o primeiro país
10:25não democrático,
10:28será o primeiro país democrático
10:30a ser sancionado,
10:32a ser equiparado a países
10:38ditatoriais
10:39nesse contexto.
10:41Portanto,
10:43eu acho que há uma ruptura
10:45sobre como os Estados Unidos
10:48estão pensando.
10:50E esses danos
10:51não são reparáveis facilmente.
10:55Não são reparáveis.
10:56Porque o custo político é enorme.
10:58porque isso vai gerar
11:00fuga de capitais dos Estados Unidos.
11:02Sabe por quê?
11:02Porque pessoas,
11:03empresários brasileiros
11:04e não brasileiros,
11:05vão começar a pensar o seguinte.
11:07Poxa,
11:08qualquer um pode
11:10sofrer
11:12a partir
11:14da distorção
11:15dessas leis,
11:16desses mecanismos.
11:17Eles vão buscar
11:18Andorra,
11:20Suíça,
11:21Singapura
11:22como repositório
11:24dos seus investimentos.
11:26Outras empresas
11:26vão pegar
11:27mecanismos alternativos.
11:29Por quê?
11:30Debaixo da arquitetura
11:32desse governo,
11:34nada mais,
11:35nada se torna
11:36mais,
11:36nada se torna seguro.
11:39Está entendendo?
11:40Porque as leis
11:41não têm mais valor
11:42e a forma como
11:43distorcem
11:44as coisas,
11:46elas colocam em perigo
11:47essa estabilidade.
11:49Roussein,
11:50muito obrigada.
11:51Prazer conversar com você.
11:53Boa noite.
11:54Muito obrigado
11:55e boa noite.
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