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Donald Trump volta a se contradizer sobre um possível acordo comercial com a China e aumenta a incerteza global. Vinicius Rodrigues Vieira, professor de economia e relações internacionais na FAAP e FGV, analisa como a postura errática de Trump afeta a credibilidade dos Estados Unidos, a estabilidade política mundial e o equilíbrio de poder entre as grandes potências.

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Transcrição
00:00Donald Trump se contradisse hoje durante uma fala sobre as negociações comerciais com a China.
00:07Primeiro, ele afirmou que irá, sim, se encontrar com o presidente da China, Xi Jinping, e que espera um acordo.
00:15Mas pouco tempo depois, questão de minutos, no meio do discurso na Casa Branca, ele colocou um encontro na condicional,
00:25dizendo que talvez essa reunião nem aconteça.
00:30Vou ver o presidente Xi em duas semanas.
00:33Vamos nos encontrar na Coreia do Sul.
00:35Vamos conversar sobre muitas coisas.
00:37Eles querem discutir o fato de que estão pagando 157% de tarifas.
00:43É um pouco mais alto do que eles pensavam.
00:45E estamos nos saindo muito bem.
00:47Acho que vamos nos sair bem nessa negociação.
00:49Como você sabe, temos nos saído bem com o Japão, com a Coreia do Sul e com a Europa.
00:55As nações europeias se reuniram.
00:57Fizemos um acordo.
00:58E tudo isso foi baseado nas tarifas.
01:01O senhor nunca poderia ter feito o acordo.
01:03Vou lhe dizer uma coisa.
01:04Tarifas são iguais à segurança nacional.
01:08Lembrem-se disso.
01:09Tarifas equivalem à segurança nacional.
01:11E elas também são sinônimo de riqueza para a nossa nação,
01:15porque recebemos centenas de bilhões de dólares de forma muito amigável,
01:19dados a nós por nações que costumavam nos tirar.
01:22E eles usaram tarifas contra nós.
01:25Nunca as usamos contra eles porque éramos tolos ou porque éramos liderados por pessoas que não eram homens de negócios.
01:31Isso realmente acontece.
01:33É igual à segurança nacional.
01:35E eu não teria deixado de lado.
01:37Eu mencionei o fim de oito guerras.
01:39A nona está chegando.
01:40Dessas oito, cinco foram baseadas exclusivamente no comércio e nas tarifas.
01:45Comigo, eles estão pagando centenas de bilhões de dólares.
01:49Mais uma vez, tenho um ótimo relacionamento com o presidente Xi.
01:53Espero poder fazer um bom acordo com ele e fazer um bom negócio para a China.
01:57Mas tem que ser justo.
01:59Durante anos, eles ganharam 700 bilhões de dólares.
02:03700 bilhões de dólares.
02:05E nós não estávamos ganhando nada.
02:07Um acordo unilateral.
02:09Honestamente, nós construímos suas forças armadas.
02:13Construímos as forças armadas da China com o dinheiro que perdemos por tantos anos sendo roubados.
02:18Agora teremos um acordo justo.
02:21Acho que teremos uma reunião muito bem sucedida.
02:24Certamente há muitas pessoas que estão esperando por ela.
02:27Talvez ela não aconteça.
02:29Talvez não aconteça.
02:30Coisas podem acontecer, por exemplo,
02:32talvez alguém diga, não quero me encontrar.
02:35É muito desagradável.
02:36Mas, na verdade, não é desagradável.
02:38São apenas negócios.
02:40E nós vamos, vamos fazer um bom trabalho representando vocês e o povo de nosso país.
02:48A cada novo capítulo da guerra comercial, especialmente entre China e Estados Unidos,
02:54surgem novas incertezas.
02:56Será que ainda existe a possibilidade de um acordo entre as duas maiores potências mundiais?
03:02Sobre esse assunto, converso com o Vinícius Rodrigues Vieira, que é professor de Economia e Relações Internacionais na FAAP e na FGV, que é a Fundação Getúlio Vargas.
03:16Professor Vinícius, sempre um prazer recebê-lo.
03:18Boa noite ao senhor nesta terça-feira.
03:22Eu estou tentando formular aqui o que será que o Donald Trump disse, né?
03:28Porque não é apenas um presidente, é o presidente dos Estados Unidos, a quem nós acostumamos, nos acostumamos a olhar como uma referência ao longo do século XX,
03:40em especial uma posição de liderança, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial.
03:47E agora essa postura, que até faz sentido no mundo dos negócios, criar ali uma dúvida, um desconforto, uma incerteza para que ele tenha um domínio de cartas na mesa.
03:57Mas quando se trata de política, num âmbito sendo a maior potência, referência do século, um ponto de liderança,
04:09o quanto isso vai derretendo o capital político, não só do Donald Trump, mas vai arranhando uma reputação construída.
04:18Os Estados Unidos, o ano que vem, comemoram 250 anos de independência.
04:21O quanto que isso pode colocar em xeque uma história que tem dois séculos e meio?
04:25Boa noite mais uma vez.
04:28Boa noite, Fabário. É sempre um prazer estar com vocês aqui no Times CNBC.
04:34O que nós temos aqui é realmente uma questão que faz com que os Estados Unidos percam mais credibilidade no cenário internacional.
04:44Isso é o que mais nos impacta, principalmente o Brasil como um mercado emergente,
04:49um ambiente de grande incerteza, gera principalmente repercussões naqueles países que, diferentemente da China,
04:56ainda não consolidaram, se é que vão consolidar aí a sua ascensão econômica.
05:01Mas domesticamente, também é interessante pensar que o Trump, ele pode uma hora acabar pagando bastante caro com essas incertezas.
05:11Tanto que nós temos aí sempre algumas ironias que vêm por parte, sem dúvida, dos democratas,
05:17mas que mesmo alguns setores republicanos, ou mais centristas pelo menos, podem acabar por comprar.
05:23O argumento de que o Trump, ele é taco, como surgiu essa expressão,
05:28Trump always chicken out.
05:29Ou seja, o Trump, ele sempre está recuando.
05:32Como você bem colocou, talvez faça ali sentido no ambiente de negócios.
05:37Só que a política, ela é muito diferente do mundo dos negócios.
05:41Até porque, para bons negócios ocorrerem, e acho que o Trump, como empresário, talvez fale muito nessa visão
05:49de que a política deve se espelhar no mundo do business, enquanto, na verdade,
05:55a política sendo com credibilidade mais estável, com instituições,
06:00é o que permite aí a previsibilidade e o sucesso no mundo dos negócios.
06:03Então, Favali, temos aí, infelizmente, esse novo normal, está muito longe de ter uma conclusão
06:09e temos que continuar e ainda que Trump saia do poder, já que outros líderes podem se espelhar
06:15nesse estilo para obter vantagens que são de curto prazo, mas que no longo prazo são muito ruins para todos.
06:22Bom, só para contextualizar, trazer algo que é óbvio, para que todo mundo sinta o peso do que eu e o professor Vinícius
06:29estamos falando, só no dia 20 de janeiro, a gente ainda está na primeira metade de outubro,
06:37só em 20 de janeiro que se completa o primeiro ano do governo do presidente Donald Trump
06:42nesse segundo mandato, ou seja, ainda a gente tem mais três anos do que parece ser
06:47o que dos primeiros aí nove meses, oito meses, foram dessas instabilidades, do vai e não vai.
06:56Professor Vinícius, uma coisa que a gente aprende nas primeiras lições das relações internacionais,
07:01quando a gente olha política internacional e ainda mais quando a geopolítica está tão pungente
07:07como foi no século XX e está sendo no século XXI, não tem vácuo de poder.
07:11Enquanto o mundo observa uma certa incerteza, por mais que seja da maior potência em todos os sentidos
07:17do mundo, bélicamente falando, economicamente falando, politicamente falando,
07:21dessa influência que tem internacional em termos de cultura, mas esta áurea de incerteza
07:28essa que nós estamos debatendo, pode abrir caminho para outras lideranças fora dos Estados Unidos
07:34tentarem chamar um pouco mais de atenção e aí eu vou à ordem clássica das potências mundiais.
07:43Primeiro, Estados Unidos. Segundo, China, que eu vou tirar dessa equação porque o chinês se torna famoso no mundo
07:49e a sapiência do chinês é porque o chinês tradicionalmente ele ouve mais do que fala.
07:56As bravatas do Donald Trump não são respondidas pelo presidente Xi Jinping.
08:02Mas em terceiro, aqui nessa lista das maiores potências do mundo, tem a Alemanha,
08:07que está carecendo ali de uma liderança na União Europeia.
08:12Essa questão de instabilidade nessa referência dos Estados Unidos pode levar o holofote, por exemplo, de novo,
08:20à Alemanha? O governo da Alemanha pode trazer um pouco mais, ou outro país da sua leitura,
08:27pode trazer um pouco mais de credibilidade mediante a falta de credibilidade do Donald Trump?
08:36Nós temos aqui, Fabiola, um cenário muito complicado porque, de fato, a China,
08:41que poderia assumir uma liderança aí no multilateralismo, parece estar contente com esse mundo
08:47que é um mundo, não do século XX, acho, mas do século XIX, um mundo entre grandes potências.
08:52Então, a China se sente também muito confortável, no fim das contas, nesse ambiente de instabilidade,
08:58porque ela pode negociar mais duramente com os países mais fracos do que ela.
09:03Me parece que esse é o cenário.
09:06A Europa, não só a Alemanha, poderia se apresentar como liderança,
09:10mas a Europa, Fabiola, hoje está com muitos problemas.
09:12O mais notório deles é a questão ali com a Rússia.
09:15Então, ela precisa primeiro se defender da Rússia, a Europa como um todo,
09:19e, sobretudo, a Alemanha como a economia mais forte do continente europeu
09:23e, portanto, da União Europeia, para que depois pense em ter alguma proposta para o mundo em geral.
09:30Então, você tem ali também um déficit muito grande nas novas tecnologias.
09:35A Alemanha aí é basicamente um anão em termos de, por exemplo, inteligência artificial.
09:43Ela não consegue competir, a Europa não consegue competir nesse campo com China e Estados Unidos.
09:49Então, a Europa, ela está espremida.
09:51A Europa, se a gente olhar os indicadores e a Alemanha,
09:54acabaram sendo o quê? Os grandes perdedores da globalização.
09:57E, para completar o cenário, Fabiola, nós não temos uma liderança do quilate
10:02que existia ali, que foi considerada a líder do mundo livre,
10:07enquanto Trump esteve pela primeira vez na presidência americana,
10:10que foi Angela Merkel.
10:11O MERS, ele não tem essa estatura moral que a Merkel adquiriu ali no seu tempo.
10:17Então, a gente está aí num mundo sem referências.
10:21Só um último ponto, para concluir o raciocínio, Fabiola,
10:23talvez a saída seja o quê?
10:26Arranjos regionais, potências regionais liderando aí as suas regiões
10:32em áreas específicas e essas potências conversando entre si.
10:36O que pode dar espaço aí para países além de China, Alemanha e Estados Unidos,
10:42entre eles o Brasil, Índia, África do Sul, Turquia, que tem grande estatura
10:47nas suas respectivas regiões e que podem preencher esse vácuo que vem sendo deixado,
10:53não só pelos Estados Unidos, mas pelo Ocidente, pela Europa também,
10:56nesse período aí de grandes transformações que estamos vivendo.
10:59Professor Vinícius, a gente estava falando, deixa eu fechar um pouco mais o círculo,
11:04porque a gente estava falando de Estados Unidos, China,
11:07e agora o senhor trouxe esses conglomerados regionais,
11:11o Brasil aqui na América do Sul, a Turquia ali no meio do Oriente Médio,
11:16conectando o Ocidente com o Oriente próximo.
11:20Deixa eu fechar o círculo com o que eu quero dizer, vamos entrar para os Estados Unidos,
11:25porque é o seguinte, a gente já começa a acenar nesse último trimestre,
11:29olhando para 2026, que é um momento importante para a política dos Estados Unidos
11:34por conta da eleição de meio de mandato, os mid-turn elections,
11:39que vai haver quando vai haver uma renovação do Congresso americano.
11:43Temos um presidente, Donald Trump, mal avaliado pelos seus eleitores,
11:48ali na casa dos 40%, o que historicamente é baixo para um presidente no primeiro ano de mandato.
11:55Só que a oposição, e lá é muito fácil da gente fazer essa leitura,
12:00porque entre republicanos e democratas, os democratas ainda mais mal avaliados.
12:07Como é que o senhor faz essa leitura e que tipo de previsão que a gente pode fazer para o ano que vem,
12:11além dessa que eu vou chamar de uma crise da democracia?
12:15Porque depois que os grandes falcões dos democratas foram se aposentando,
12:21os Clinton, agora mais recentemente Joe Biden, os Obama,
12:27não me parece uma nova liderança.
12:29A gente tem alguém que é o governador da Califórnia,
12:32que usa uma tática trampista, de ser jocoso nas redes sociais, provocador e tal,
12:39mas não me parece sendo assim alguém que desponte com uma força política
12:44em que o eleitor vai lá e deposita uma confiança.
12:48Ele funciona mais como um contraponto usando as mesmas armas do Donald Trump.
12:53Além dessa, que eu estou chamando aqui de crise democrática na maior democracia ocidental,
13:00o que deve ser então essas mid-term elections diante dos dados que por enquanto a gente tem?
13:06Claro que a eleição é só em novembro do ano que vem, muita coisa pode acontecer,
13:10mas olhando os frames deste filme, o que a gente consegue prever, professor Vinícius?
13:19Bem, o primeiro ponto, Fabalio, é que toda eleição de meio de mandato,
13:23ela tem um turn-out, ou seja, uma participação muito menor que as eleições
13:28que ocorrem concomitantemente com as eleições presidenciais.
13:33Esse é o primeiro ponto.
13:34Então, se nas eleições presidenciais ali nós temos geralmente metade da população americana
13:39votando, teve um grande turn-out para eleger Biden contra Trump lá em 2020,
13:46enfim, ali a maior votação da história nominal recebida pelo Biden,
13:51a tendência é que no meio de mandato o eleitor se mobilize menos.
13:54Então, esse é o primeiro ponto que a gente tem que ter em mente,
13:56que mesmo com baixa popularidade, Trump diante desse cenário pode ter ali
14:02pelo menos a manutenção dessa maioria pouco confortável, principalmente na Câmara
14:08dos Representantes, a Câmara dos Deputados Americanos.
14:10O segundo ponto, Fabalio, que a gente tem que trazer aqui para o debate,
14:13embora seja um conceito de um pouco difícil compreensão, é o chamado gerrymandering.
14:19O que é o gerrymandering?
14:20É você fazer os distritos eleitorais, que nos Estados Unidos os deputados
14:24são eleitos por distritos e cabe aos estados definir esses distritos.
14:28Tem distritos ali que são criados de modo proposital para formar uma maioria
14:33de bancada republicana de estados republicanos, por mais que eles tenham
14:37grandes áreas democratas.
14:39O exemplo mais recente é o Texas, em que o governador republicano ali
14:43conseguiu passar um reagrupamento dos distritos para ampliar ainda mais
14:48o número de representantes republicanos segundo as previsões.
14:51E o Nelson, lá da Califórnia, democrata, como você bem colocou,
14:55está tentando reagir, colocando ali uma espécie de referendo estadual
14:59para fazer o redistricting, a redivisão de distritos, de modo a favorecer os democratas.
15:06Então, Fabalio, se a gente tiver uma reação forte dos democratas
15:09nesse processo de redefinição dos distritos, eu acho que eles têm, sim,
15:13grandes chances, mesmo sem grandes referências nacionais,
15:16de capitalizar esse descontentamento do eleitor americano com Donald Trump.
15:21Então, temos essas duas variáveis que devemos observar aí no próximo ano.
15:26Professor Vinícius, a única certeza que a gente tem é que o Donald Trump
15:30cria uma enorme margem de incertezas, independente do juízo de valor
15:35que qualquer um faça a respeito do presidente dos Estados Unidos,
15:39ele é muito bom em criar essa massa cinzenta, um horizonte nebuloso.
15:45Eu queria agradecer a conversa que eu tive com o senhor, espero reencontrá-lo aquilo
15:50pessoalmente no estúdio ou pelas videoconferências, pelas nossas telecomunicações,
15:56para que a gente possa continuar tentando desvendar esse indesvendável Donald Trump.
16:02Vinícius Rodrigues Vieira, professor de Economia e Relações Internacionais
16:06na FAAP e na FGV, aqui eu desejo uma boa noite e também desejo revê-lo muito brevemente.
16:12Obrigado, Vinícius.
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