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Com a escalada entre Israel e Irã, os reflexos no preço do petróleo e do gás ganham força: 20–30% da produção mundial passa pelo Estreito de Ormuz. O professor José Niemeyer analisa como isso pode elevar a inflação, mudar as taxas de investimento e provocar eventual adoção de sanções comerciais.

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Transcrição
00:00Lá em petróleo, né? A gente já sabe que a economia como um todo deve ser impactada por esse conflito em andamento entre Israel e Irã.
00:06Mas será que para além dos impactos nos mercados financeiros e nas commodities, é possível que países imponham sanções comerciais?
00:13E como as empresas multinacionais que estão presentes aqui no Brasil, por exemplo, podem ser afetadas?
00:19A nossa conversa agora é com o professor de Relações Internacionais do IBMEC Rio de Janeiro, José Neemeyer,
00:24que já está aqui conectado com a gente para responder essas e outras perguntas.
00:29Tudo bem, professor? Boa tarde, seja muito bem-vindo.
00:32Como vai, Natália? Tudo bem, um abraço a vocês, obrigado pelo convite.
00:35A CNBC vem cumprindo um papel muito importante para democratizar mais ainda informação estratégica no Brasil.
00:42Então, muito obrigado pelo convite.
00:43Ah, e contamos com especialistas como o senhor para isso. Obrigada pela disponibilidade.
00:49Bom, professor José, o senhor me dizia agora há pouco, né, na conversa prévia,
00:52que o confronto entre Israel e Irã pode ser analisado por diferentes prismas, né?
00:57Tem o aspecto da guerra em si, o aspecto da política internacional.
01:01Qual o impacto de cada um desses em relação à economia global?
01:06Natália, é o que eu costumo falar no IBMEC para os meus alunos, tanto de graduação como de mestrado.
01:10Você analisa um problema na perspectiva mais específica e na perspectiva sistêmica.
01:15Na perspectiva específica, é uma guerra controlada.
01:19Imaginam que em dias, talvez uma ou duas semanas ela termine.
01:22É uma guerra aérea.
01:24É uma guerra que afeta a infraestrutura física dos dois países.
01:27É uma guerra que tem uma fundamentação política para ambos os governos.
01:32Ambos os governos querem se reafirmar politicamente.
01:34Então, me parece, inclusive, uma guerra simétrica.
01:38Por mais que as forças aéreas de Israel sejam mais potentes que as forças aéreas do Irã,
01:43mas o Irã, ao mesmo tempo, tem uma indústria bélica forte,
01:46produz drones, produz tanques de guerra, produz seus próprios mísseis.
01:50Então, é uma guerra simétrica que nós vamos ter que aguardar também a participação das potências centrais
01:56para ajudar na diplomacia, na negociação.
01:58E aí ela deve terminar, até porque os países, numa hora, eles param de guerrear.
02:03Não é como a Rússia.
02:04Eu tenho a informação que a Rússia, nos últimos anos,
02:08ela está produzindo em três meses o que a OTAN produz em um ano de meios militares.
02:12A OTAN inteirinha.
02:14Isso mostra a força da Rússia, né?
02:16Agora, na Guerra da Ucrânia, mas também com o seu parque industrial militar.
02:19Bem, agora, a perspectiva sistêmica seria como essa guerra afeta
02:23a política internacional contemporânea e, principalmente, as...
02:27Eu vou colocar aqui quatro potências, né?
02:29Estados Unidos da América, União Europeia, muito representada por França e Alemanha, China e Rússia.
02:36Essa guerra, sem a presença dos Estados Unidos, mostra uma autonomia de Israel
02:41e mostra também que os Estados Unidos da América vão querer cada vez participar
02:45menos de todas as guerras em todos os lugares do mundo,
02:49como eles sempre fizeram, desde que decidiram que seria uma potência hegemônica no sistema.
02:53Perderam o poder relativo, a China ganhou o poder relativo econômico e comercial,
02:58mas também ganha o poder militar cada vez mais nos seus projetos ligados ao interesse nacional chinês
03:04e ao seu espaço vital, que envolve Taiwan, envolve Hong Kong.
03:08E a Rússia, que nem preciso dizer, recrudeceu a sua agenda de espaço vital.
03:14E, inclusive, há informações também que a Rússia planeja alguma ação para desafiar a OTAN,
03:19alguma ação contra países dos Bálcanos, né?
03:22Do Báltico, desculpe.
03:24Estônia, Litora, países daquela região, dos Bálcãos, do Mar Báltico, desculpe.
03:28Sempre confundo com o Bálcanos, que é uma região maior.
03:31Então, você tem essas quatro potências na política internacional contemporânea.
03:35E eu acho que, talvez, se a gente for analisar, Natália,
03:37é mais grave esta guerra numa perspectiva sistêmica do que particular.
03:42O número de mortes é menor do que, por exemplo, a invasão da faixa de Gaza,
03:46que nós vimos aquele inferno na Terra que foram os últimos meses
03:50com relação à população civil em Gaza.
03:52E a política internacional é mais grave porque ela pode reverberar para algo mais estrutural.
03:57Não acredito agora, mas isso vai determinando informações para o sistema.
04:03E aí que eu queria chegar no sistema econômico e sistema financeiro.
04:06Para o sistema econômico e financeiro, me parece que a perspectiva sistêmica,
04:12a maior, que envolve a política internacional contemporânea,
04:15ela envolve mais a formação de expectativa de inflação,
04:21de taxas de retorno para investimento,
04:25dessa graduação, gradação que se faz para aquelas empresas,
04:30para os países, países com mais risco, países com menos risco,
04:32envolve mais uma inteligência econômica e financeira.
04:35A guerra em si, numa perspectiva mais específica,
04:38ela, na verdade, afeta o que é muito real e para agora,
04:41que é preço de petróleo, porque no Estreito de Ormuz passa 20% a 30% do petróleo produzido no mundo.
04:47Gás também, onde tem petróleo tem gás, onde se transporta petróleo pode se transportar gás.
04:52Tem a questão também da formação de preços e salários,
04:55tem a formação de preços para produtos ligados à cadeia do petróleo,
04:59por exemplo, o agronegócio brasileiro, que vai ser afetado,
05:03já aumentou o preço da ureia, porque a ureia vem da amônia,
05:06a amônia vem do petróleo pesado.
05:08Então, de uma perspectiva mais específica, Natália,
05:11você tem uma... vai ter um problema na economia mais real,
05:16preço do petróleo, preço do álcool combustível,
05:19o preço do álcool vai se valorizar,
05:20porque agora eu vou buscar mais álcool,
05:22e menos... vai ter um petróleo que está mais caro,
05:24então isso afeta os produtores, positivamente,
05:27os produtores de álcool anídrico, como é o caso do Brasil.
05:30E a outra perspectiva aí é mais de simbolismo,
05:33de expectativas futuras de juros, de investimento direto,
05:38de investimento indireto, isso aí.
05:40Falei demais.
05:42Não, mas foi super importante,
05:43trouxe todo um contexto bem amplo para a gente.
05:45Obrigada por isso.
05:46Felipe, sua pergunta, professor.
05:48Professor, muito interessante todo esse contexto,
05:50essa questão de tratar a guerra do ponto de vista específico
05:53e do ponto de vista sistêmico.
05:54Agora, como é que fica essa equação toda?
05:56O senhor falou da guerra simétrica,
05:58Na verdade, eu tenho até um pouco de medo dessa simetria,
06:00porque daí, jogando para os seus públicos internos,
06:03essa simetria passa a ser, talvez, escalando o conflito,
06:08deixando ele mais longo, essa simetria entre os dois países.
06:11Mas a questão em relação aos Estados Unidos,
06:13a gente viu o Donald Trump agora tweetando,
06:16colocando mensagens pedindo a rendição incondicional do Irã,
06:21estava tendo uma reunião no Conselho Nacional de Segurança,
06:25talvez podendo até emprestar armamentos a mais para Israel.
06:29Como é que o senhor vê a entrada dos Estados Unidos nesse conflito?
06:31O que pode mudar se os Estados Unidos entram definitivamente no conflito?
06:36Felipe, você tem razão.
06:37Vou comentar primeiro a sua questão,
06:40que você colocou muito bem,
06:41de uma guerra simétrica poder ser mais longa.
06:45É verdade, mas isso vai depender do estoque de armamento.
06:48Por exemplo, a guerra Rússia-Ucrânia,
06:52eu não acho uma guerra simétrica.
06:53A Rússia tem dez vezes mais a força militar da Ucrânia,
06:56tanto que a Ucrânia está usando instrumentos quase de guerrilha,
07:01bombardeando pontes estratégicas,
07:03usando drones de uma maneira muito ativa,
07:07usando muito menos soldados que a Rússia,
07:10porque a Rússia é que invadiu.
07:12Invadiu o território soberano da Ucrânia mais de três anos atrás.
07:15Neste caso, tem uma simetria, sim.
07:17Por mais que Israel, se você for comparado
07:20com o ponto de vista estratégico militar,
07:21até porque Israel tem 90 bombas.
07:24Falo em mais, mas eu vou dizer em torno de 100 bombas.
07:27Não é muito falado o programa nuclear em Israel.
07:30Ele é mais forte, mas tem uma certa simetria, sim.
07:33Você tem razão, ela pode demorar mais por isso.
07:35Mas vai depender, como eu falei, de estoque de armamento
07:37e também como as potências centrais vão atuar especificamente na negociação.
07:43Eu tenho a impressão que deveriam chamar a chancelaria dos países
07:46para fazer a negociação.
07:48Chancelaria israelense, iraniana, francesa, alemã, norte-americana e chinesa.
07:54Eu ficaria por aí.
07:55Eu não colocaria ninguém da chancelaria russa.
07:58Até porque a Rússia é aliada do Irã.
08:00Aliada do Irã e aliada do Irã no momento de guerra.
08:03Quem está fornecendo parte dos drones da Rússia é o Irã,
08:06que fabrica, como eu falei, drones com muita competência.
08:09Então, eu tenho a impressão que deveriam ser a chancelaria,
08:11não as lideranças.
08:13Você imagina uma reunião hoje entre Putin, Trump, Xi, Macron,
08:21o primeiro-ministro inglês, o primeiro-ministro alemão.
08:25A coisa que eles menos vão falar é da guerra Israel e Irã
08:29e vão muito mais falar da guerra russa-grana.
08:31É claro.
08:32Então, eu acho que tem que tomar cuidado e levar as chancelarias mais técnicas
08:37para assuntos de guerra em determinadas guerras,
08:40no caso aí, na guerra do Oriente Médio,
08:42para poder chegar a uma solução.
08:43Depois, essa guerra deve parar.
08:45Com relação a Trump, agora eu vou ter que falar um pouquinho também.
08:48Trump é um líder muito alternativo.
08:50Eu não considero Trump um líder republicano,
08:53para começo de conversa.
08:54Eu acho que os assinantes da CNBC vão gostar disso.
08:57Porque me parece que um líder republicano,
09:01sempre me pareceu, tem que ser um liberal,
09:03do ponto de vista econômico.
09:05Uma coisa é que Trump não é liberal.
09:07Trump gosta de subsidiar a indústria,
09:11ele gosta de criar autarquias,
09:13de criar uma indústria nacional,
09:15mesmo que tenha prejuízo, aí ele vai subsidiar.
09:19Ele não gosta de livre mercado.
09:20Não, não gosta de livre mercado.
09:21Ele quer taxar produtos.
09:23Ele quer que o norte-americano produza
09:25desde o abacate até a turbina do Boeing.
09:29E o abacate nós produzimos aqui no interior de São Paulo muito bem,
09:32por exemplo, exportamos para ele.
09:33E a turbina do Boeing nós exportamos,
09:35produzimos uma indústria em Petrópolis,
09:37se eu não estou enganado,
09:38e até a americana.
09:39E depois nós exportamos para os Estados Unidos.
09:41Essa indústria que é filial.
09:43Então, ele esqueceu um pouco como funciona a globalização,
09:46o comércio internacional dos últimos,
09:49sei lá, 30, 40 anos,
09:51pelo menos, mais próximo.
09:52E ele não é um liberal.
09:54Ele é um nacionalista.
09:55Inclusive, ele é um presidente petroleiro, minerador.
09:58Ele é um presidente, vou fazer talvez uma brincadeira aqui,
10:02primário, né?
10:03De setor primário.
10:04Ele gosta do setor primário.
10:05Por quê?
10:05Porque é onde os Estados Unidos perderam muito dos seus empregos,
10:09da sua capacidade competitiva no mundo,
10:11e lá que estão os eleitores que ele quer reconquistar
10:14para ficar no poder.
10:16Ele não é um liberal.
10:17Então, e não é um liberal e mais grave.
10:20Além de não ser liberal nem republicano, na minha visão,
10:22ele também tem uma compreensão das relações internacionais,
10:25como se os Estados Unidos da América
10:27fizessem parte de um outro sistema internacional.
10:29Tanto que ele fez algo gravíssimo nas últimas semanas
10:32e repercutiu ontem na reunião do G7,
10:34por isso que ele saiu antes,
10:36ele se afastou dos aliados europeus.
10:37Isso é perigosíssimo do ponto de vista da segurança internacional.
10:41Vai dar até uma identidade à União Europeia,
10:42mas vai demorar para que ela ganhe força estratégica e militar.
10:46Mas foi muito grave.
10:47Então, Trump confunde muito o sistema internacional.
10:49Não podemos nem contar com os Estados Unidos
10:52e também, se contarmos com os Estados Unidos,
10:55eles vão ter uma postura muito singular,
10:58só e somente só a partir dos seus interesses.
11:00Tá certo.
11:01Quero agradecer demais, professor José Niemeyer,
11:03de Relações Internacionais do IBMEC e Rio de Janeiro,
11:06pela entrevista riquíssima aqui ao vivo com a gente no Money Times.
11:09Muito obrigada, viu, professor?
11:11Boa tarde.
11:12Eu que agradeço, Natália, Felipe.
11:14Um prazer falar com vocês e suas ordens.
11:16Um abraço ao assinante da CNBC.
11:17Um abraço para o senhor também.
11:19Boa tarde.
11:20Obrigada.
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