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O professor de agronegócio Rafael Barisauskas, em entrevista nesta quinta (19) ao Real Time, explicou como o conflito Israel x Irã afeta cadeias importantes da economia, como os produtos agrícolas, fertilizantes e fretes marítimos.

Acompanhe em tempo real a cobertura do conflito entre Israel e Irã, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/conflito-israel-e-ira/

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Transcrição
00:00O conflito entre Israel e Irã tem impacto sobre os fretes marítimos, fertilizantes e por tabela
00:12os produtos agrícolas. Nós vamos abordar como as tensões no Oriente Médio afetam o agronegócio
00:18com o Rafael Barizalskas. Peço desculpa, um pouquinho de pigarro. O Rafael Barizalskas é
00:26economista, palestrante e professor de agronegócio e cadeias de valor da FECAP. Bom dia para
00:32você, Rafael. Seja bem-vindo. Bom dia, Marcelo. Obrigado pelo convite. Me escuta bem? Escuto
00:37bem. Bom, já tem algum reflexo que você está vendo aí no preço dos fretes marítimos
00:42por causa do conflito entre Irã e Israel? Olha, os fretes marítimos já começaram a subir
00:48muito mais por conta da incorporação do risco de uma possível escalada desse conflito do
00:56que, de fato, por fatores reais, né? De fato, por alguma questão de bloqueio, por
01:00uma questão de falta de petróleo, enfim. Isso aumenta muito o risco de transitar pelo
01:05Estreito de Hormuz, o conflito, a escalada desse conflito, na realidade, aumenta muito
01:10o risco do trânsito global naquela região. Então, isso encarece os fretes por tabela,
01:14naturalmente. E existe também um efeito dominó ali pelas cadeias por conta do custo do petróleo.
01:20Com o aumento do barril do petróleo, a gente já viu aí aumento nos últimos dias, a gente
01:25chegou ali a quase 10% de alta, isso naturalmente se transfere para o preço dos combustíveis
01:30e para o preço do transporte. Então, de forma geral, sim, preços de fretes marítimos tendem
01:35a subir e isso para o agro do Brasil é um problema. A gente pode ter aí um efeito de
01:42aumento de custo de produção para o produtor brasileiro nos próximos meses.
01:47Você já tem notícias de barcos que estão evitando navegar pelo Estreito de Hormuz?
01:52Olha, eu não tenho nenhuma notícia até onde eu acompanhei, eu não vi nenhuma notícia
01:57específica sobre isso, justamente porque não há um bloqueio, não há uma situação
02:01ali física disso, mas em contato com traders, em contato ali com o mercado, a gente sempre
02:06escuta que as operadoras marítimas, as seguradoras, elas evitam transitar pelo Estreito
02:12sempre que há uma escalada do conflito. É importante a gente ressaltar que a região,
02:15ela vive em alguma instabilidade, então instabilidade para a região não é um fato
02:21novo, mas a escalada dessa instabilidade, sim, isso é um fato novo e que naturalmente
02:26afasta um pouco ali os navios. Mas a gente já vê um efeito natural ali nos preços de
02:32transporte, preço de commodities começando a reagir a isso.
02:35Agora eu queria falar um pouco de fertilizantes, porque isso para o Brasil é crucial, o Brasil
02:39importa a maioria dos fertilizantes que usa. Você acha que o aumento crescente nessas tensões
02:44no Oriente Médio pode influenciar a oferta global de fertilizantes?
02:49Olha, com certeza a gente pode ter um efeito vindo não só dos países envolvidos no conflito,
02:55mas de uma forma geral da região. O Oriente Médio é um importante produtor de fertilizantes
03:00da cadeia dos nitrogenados no mundo, sendo o Irã um importante produtor dentro dos produtores
03:05do Oriente Médio. E o Irã é também um relevante fornecedor para a ureia brasileira.
03:11A gente viu no ano passado o Irã fornecendo cerca de 17, 18% do que o Brasil consumiu de
03:17ureia. Só para te contextualizar, a ureia é um dos principais fertilizantes utilizados
03:21em quase todas as nossas safras agrícolas, mas sobretudo na safra de milho, milho safrinha,
03:27cujas compras começam agora a se intensificar no segundo semestre. Então eu acho que o momento
03:32da escalada desse conflito é um péssimo momento para o produtor brasileiro. A gente
03:38vai começar agora a entrar no mercado para adquirir volume de ureia para o plantio de milho
03:42safrinha ali só para ser usado no final do ano, início do próximo ano, mas a gente
03:48já vê reflexo disso nos preços. A gente viu no mercado de papel de futuros os preços
03:54de ureia já subindo e a gente viu as cotações também no mercado físico reagindo a isso,
03:59subindo aí quase 10% também por conta do conflito. Então, de uma maneira geral, o
04:05produtor brasileiro pode enfrentar sim custos de produção vindos do fertilizante mais
04:10altos para a próxima safra. Importante dizer que também outra ponta de custo, você não
04:15mencionou, mas eu estendo aqui um pouquinho a análise, custo de petróleo, custo de diesel
04:21para máquinas agrícolas. Então, de uma forma geral, com custos de petróleo mais altos,
04:25talvez a gente veja custos gerais de produção para o produtor brasileiro nessa safra um pouco
04:32menos vantajosos.
04:33E você vê algum risco do ponto de vista da demanda do Irã pelos produtos brasileiros?
04:38Porque o Irã compra bastante milho, inclusive, do Brasil, né?
04:41Sim, sim, realmente. O Irã, ele é um importante destino do nosso milho, recebendo aí cerca de
04:4610% daquilo que a gente exporta, dados ali de 2024. Vale ressaltar que essa participação
04:51vem caindo ao longo dos últimos anos. Então, a gente já viu o Irã sendo muito mais
04:56relevante na nossa pauta exportadora de milho do que ele é hoje. O que, por um lado, é
05:01bom. Numa escalada, numa possível escalada desse conflito, a gente não é tão dependente
05:06de exportar para o Irã, sim. Mas, de uma forma geral, não só o Irã, mas toda a região
05:10do Oriente Médio é um importante destino para exportação de milho, para exportação
05:14de soja, cerca ali de 5% da nossa pauta exportadora, para exportação de carne bovina
05:19e carne de frango. Então, por mais que os principais atores de uma possível escalada
05:25desse conflito, seja Israel, seja Irã, por mais que eles não sejam necessariamente os
05:29protagonistas da pauta exportadora brasileira, exceção feita aqui novamente para o Irã
05:34em milho, de forma geral, o Oriente Médio como um todo é um importante player, é um importante
05:40comprador das safras brasileiras, milho, soja, bovinos, frango, enfim. E uma possível escalada
05:46da tensão ali na região pode prejudicar as exportações para países vizinhos também.
05:51É natural, né? A gente já vê, por exemplo, alguns reflexos acontecendo no mercado de fertilizantes,
05:57com o Egito produzindo um pouco menos de fertilizante porque ainda tem interrupção
06:01de gás natural, do fornecimento de gás natural vindo de Israel. Então, por mais que o Egito
06:05não seja ali um ator deste conflito, a gente também pode ter uma redução ali de exportação
06:12de fertilizante lá. O mesmo, trazendo um paralelo, pode acontecer na parte de compras. Por mais
06:18que outros países vizinhos não sejam os atores, a gente pode ter uma redução assim
06:21de consumo das principais exportações brasileiras.
06:24É, e aí a gente volta a falar de logística, né? Porque o Brasil, para vender para a Arábia
06:27Saudita, por exemplo, para o Catar, ele tem que passar pelo Estreito de Hormuz. A Arábia
06:32Saudita talvez consiga até evitar, pode ir pelo Mar Vermelho ali, mas Catar, Emirados
06:36Árabes, tem que passar por ali, né? E também é mais um desafio aí para o produtor
06:40brasileiro enviar os produtos para lá, né?
06:43Com certeza. Eu diria não só para o produtor brasileiro enviar, mas também para o importador,
06:47porque todo mundo vai precisar de uma disponibilidade maior de caixa para cá, com custos de transporte
06:51mais caros. E a diferença é que isso não vai estar refletido diretamente no preço
06:55dessa transação, especialmente se ela já foi contratada, né? Especialmente se você
06:59já tem embarques contratados. Então, eu diria que num primeiro momento, tanto para o exportador
07:04brasileiro quanto para o importador no Oriente Médio, a gente pode ter um problema de caixa,
07:08porque a gente vai ter custos logísticos mais caros para transitar, justamente por conta
07:12do aumento dos fretes, né? O custo do seguro, ele sobe muito quando tem uma escalada desse
07:17tipo de conflito e naturalmente encarece toda a cadeia. Então, sim, a gente vai ter algum
07:22problema nisso, caso o conflito escale e continue.
07:25A gente fala muito do Estreito de Hormuz, mas também tem o canal de Suez, porque ali sim,
07:29se parar, vai prejudicar muito o comércio internacional. E a gente tem as ameaças aí latentes dos
07:35Hutis, né? Que estão no Iêmen ali e jogam junto com o Irã, né?
07:40Sim, realmente. Quando a gente coloca hoje o panorama global de conflitos, a gente vê uma escalada
07:47que extrapola uma relação entre dois países apenas. A gente vê quase uma, não uma tendência,
07:54né? Mas a gente vê uma maior predisposição de países em conflito a adotarem uma postura
07:58mais conflituosa se algum outro conflito já está acontecendo. Então, isso traz um sinal de alerta,
08:04como você mencionou, isso naturalmente já começa a ser também incorporado a custos
08:10de transporte. Eu diria que o mercado é muito rápido em incorporar esses riscos, especialmente
08:15em custo de transporte e custo de seguro. Então, por mais que a gente não tenha uma
08:18disrupção no fornecimento de combustível marítimo, uma disrupção efetiva no fornecimento
08:22de petróleo, os custos de movimentar mercadorias pelo canal de Suez ou pelo Estreito de Hormuz já
08:27começa a subir de uma maneira quase que, não especulativa, mas de uma maneira um pouco
08:33mais, em termos de precaução, uma maneira um pouco mais tentando antecipar possíveis
08:39riscos. Então, os custos já sobem de uma maneira um pouco mais desproporcional.
08:43Rafael Barizals, que é o economista e professor da FECAP. Aliás, muito obrigado pela sua participação
08:48e bom dia para você.
08:50Obrigado, Marcelo. Para você também.
08:51Até mais.
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