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Fernando Marx, trader do Fundo TC Cosmo, analisou os impactos do novo acordo de US$ 20 bilhões entre a Argentina e o FMI, que inclui a flexibilização do câmbio e metas fiscais. O acordo prevê um superávit primário de 1,3% do PIB em 2025 e a eliminação de controles cambiais, visando estabilizar a economia e atrair investimentos.

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Transcrição
00:00Vamos continuar então falando sobre a Argentina, porque após um acordo feito do país com
00:05o FMI, que prevê 22 bilhões de dólares em ajuda, a gente vai ver agora que isso trouxe
00:11a suspensão dos controles cambiais imposta sob pressão do FMI, mas não houve uma crise
00:17imediata como muitos previam.
00:19O peso caiu 12% no câmbio oficial, uma desvalorização que já era esperada.
00:25A gente vai entender melhor esse cenário com o Fernando Marques, que é trader do fundo TC Cosmo.
00:30Fernando, seja bem-vindo aqui ao Real Time, boa tarde para você.
00:34Boa tarde, pessoal, tudo bem?
00:36Esse movimento é muito interessante.
00:38Eu acho que antes de abrir sobre a Argentina, especificamente, a gente pode falar um pouquinho
00:43do que aconteceu no Brasil em 99, que foi quando a gente fez o mesmo movimento.
00:48E naquela época, o real foi de 1,20 para 2, praticamente, quando a gente tirou o câmbio
00:53FITSU para o flutuante, foi muito mais truculento, vamos dizer assim.
00:57Na Argentina, realmente, como você disse, a reação do mercado foi muito mais palatável.
01:05Isso porque é um movimento que está sendo feito aos poucos.
01:08Foi uma retirada dos controles cambiais parcial e, posteriormente, até 26, a ideia é que tire tudo.
01:18Aí seria o fim exatamente do câmbio FITSU.
01:23O câmbio, hoje, na verdade, está com aquela banda de 1.100 para 1.400 pesos.
01:28E ainda é uma etapa para virar 100% flutuante e, de fato, acabar com o CEPO, que é esse controle
01:35cambial que ainda existe, mas foi afrouxado.
01:39Foi afrouxado.
01:39Você lembrou de 89, lembrou bem, mas lá foi feito no susto.
01:43A gente teve um problema gravíssimo fiscal e liberou o câmbio e acabou desvalorizando
01:49bastante o real.
01:50Agora, no caso da Argentina, o que chama atenção é que o país está acumulando empréstimo
01:55atrás de empréstimo do FMI.
01:57Eu fico imaginando que o desempenho econômico da Argentina nos próximos anos vai ter que
02:01ser muito bom para o país não ficar com a economia estrangulada, não?
02:05Sim, exatamente.
02:06Eu vou até voltar, eu acho muito legal quando a gente pega um ponto histórico para tentar
02:10desenhar o que pode acontecer no futuro.
02:14E, voltando para o Brasil, realmente foi no susto.
02:16Tinha uma crise de mercados emergentes, em 99, a gente veio de uma imperflação dos
02:20anos 80 para início de 90, a Argentina também veio de uma imperflação e veio o tripé econômico
02:27no Brasil, que foi o fim do câmbio flutuante, metas de inflação e responsabilidade fiscal.
02:33A gente entende que o Millet está com responsabilidade fiscal, ele está tirando o câmbio fítico,
02:39indo para o câmbio flutuante e também tem a questão da meta de inflação com a política
02:43monetária, esse alinhamento que é muito importante.
02:46Mas, de fato, tem que continuar com a confiança do investidor internacional, dos órgãos internacionais,
02:53isso inclui o FMI também, esse empréstimo, apesar de ter um custo e não é barato, dado
02:59que ele é um mau pagador, um mau devedor argentino, é necessário.
03:04E qual que é a ideia?
03:05Aí eu volto para o Brasil de novo.
03:07Foi na época do Fernando Henrique Cardoso, que a gente teve o Plano Real, teve o fim do
03:12câmbio fítico e, depois, a gente teve um bom momento de crescimento, depois de turbulência,
03:17e a gente teve o quê?
03:18Superávit, superávit primários grandes.
03:20E esses superávit primários grandes foram usados no governo Lula 1 para fazer a nossa
03:25reserva cambial e pagar a nossa dívida internacional.
03:29É o que deve acontecer ou deveria acontecer com a Argentina.
03:32Eles deveriam caminhar para superávites maiores, tentar manter o crescimento estável e, com
03:38esse superávit, eles pagarem essa dívida, que seria muito bem vista, porque não acontece
03:43historicamente, e também recompor a reserva cambial.
03:47Bom, a gente vê a Argentina com um grande problema para o futuro também, que é o câmbio
03:52muito apreciado.
03:54Isso faz com que os produtos argentinos fiquem caríssimos.
03:56Eu acho que atrapalha muito, por exemplo, o setor exportador de lá.
04:00E a gente sabe que, toda vez que o câmbio está muito apreciado, a população tem aquela
04:04sensação de que o dinheiro está valendo muito, mas tem problemas a longo prazo que
04:09podem prejudicar também o crescimento da economia.
04:13Perfeito.
04:13O exportador argentino está com esse problema e é muito interessante.
04:18A gente até discutiu isso da última vez.
04:21O argentino, na Argentina, ele não se sente, abre aspas, mais rico, com maior poder
04:26aquisitivo.
04:27Pelo contrário.
04:29Quando ele viaja, ele sente que essa moeda vale mais.
04:32E, de fato, uma moeda mais apreciada significa uma indústria menos competitiva, uma indústria
04:37exportadora menos competitiva.
04:39Isso é um fator negativo do que acontece nesse momento.
04:43Mas é um processo.
04:45O que a Argentina está vivendo, depois de mais de décadas, vamos dizer assim, do período
04:50do cristianismo, com o Alberto Fernandes na sequência, etc., que teve muitas consequências
04:56ruins para a economia, não pode ser desfeito de um dia para o outro.
05:00E esse processo está acontecendo bem.
05:02Inclusive, o eleitor argentino está absorvendo bem esse momento de turbulência.
05:08E a própria economia local, os exportadores também, que foram muito bem no passado, porque,
05:15de certa forma, eles se beneficiavam desse câmbio desvalorizado.
05:19Mas a tendência é que isso, com o tempo, se reequilibre, apesar de ser um curto prazo
05:24desafiador, pelo motivo que você apontou.
05:26Já que a gente está falando bastante de história hoje, tem um outro ponto da história que eu
05:30acho que pode trazer arrepios para quem analisa a atualidade da Argentina, que foi o fim do
05:35governo Menem.
05:36A gente lembra que o governo Menem teve, durante boa parte do governo, a paridade cambial, que
05:40também dava essa sensação de que o argentino estava bem na fita, para usar uma gíria.
05:45E logo depois teve aquela catástrofe, em 2001, no governo do Fernando de la Rua, que teve
05:49aquela desvalorização em massa lá.
05:51Você faz um paralelo entre o câmbio valorizado de hoje, daquela época, ou você acha que
05:57não tem muita relação?
06:00Em algum momento, a gente entende que isso tem que se equilibrar.
06:05Essa valorização real do peso argentino, que acontece desde o ano passado para hoje,
06:10ela, com certeza, não é sustentável.
06:13Agora, qual vai ser o timing disso, é muito difícil de cravar.
06:18E tem um ponto, em breve volta aquele problema, problema, entre aspas, não é problema, mas
06:23que todo o país passa.
06:24A eleição vai chegar.
06:26E, quando chega a eleição, chegam temas controversos.
06:29Essa política, ela vai continuar?
06:31Ela precisa de mais tempo para ser eficiente.
06:34Ou vai mudar novamente, entrando num poder, vamos dizer assim, mais radical de esquerda,
06:40que era o último, que vai tentar fazer um reset novamente?
06:43Aí fica tudo muito bagunçado.
06:45E essa bagunça é o que gera essas volatilidades maiores, a imprevisibilidade do mercado.
06:52Mas, assim, acho que, no momento atual, a gente não tem muito mérito da forma que está sendo feita,
06:59a forma faseada que está sendo feita.
07:02Os economistas americanos, globais como um todo, estão elogiando.
07:06E, vamos combinar, na eleição, o Millet assustava um pouco, porque ele tem uma postura mais radical.
07:11Ele é um cara midiático.
07:14Mas, na prática, aparentemente, está sendo feito de forma correta.
07:18Isso tente ao equilíbrio positivo no final.
07:21Mas tem o problema também da pobreza, que está grande por lá.
07:26Sim.
07:27É como a gente falou.
07:28Tem essas consequências.
07:30O PIB cresce.
07:31Mas, apesar da moeda mais valorizada, como a economia local tem esses gargalos, a pobreza, vamos dizer assim, em termos percentuais, ela sobe.
07:43É uma consequência.
07:44E a gente não pode deixar de apontar um fato.
07:47Gastos públicos, políticas públicas, foram cortadas em massa.
07:52Mas não dá para ter um meio termo aí, Fernando?
07:54Boa, perfeito.
07:57Isso é muito importante.
07:58Tem até aquela motosserra, que parece um pouco exagerada, que faz esse corte grande de políticas públicas.
08:05E, naturalmente, se você tira política pública de renda, trabalho, saúde, educação, você entende que a população mais pobre fica mais sensível.
08:16Porque é uma população que não tem aquela camada de proteção adicional.
08:20Quem tem uma renda maior, tinha dólar, tem empresa, comércio, imóvel, naturalmente fica protegido contra esses maremotos da economia.
08:30E, sim, eu acho que deveria ter um meio termo.
08:32E vamos ver como vai caminhar isso.
08:34Porque a parte mais brutal que foi proposta e feita, eu acho que ela já aconteceu.
08:41A gente pode estar com o superávit primário da Argentina bastante alto.
08:44O superávit financeiro, inclusive, aconteceu.
08:47Então, começa a abrir margem, apesar do Milley não ter dado nenhuma, não ser da postura dele,
08:55começa a abrir margem para você ter um lado de gasto público ou políticas públicas
09:01para essa camada que fica realmente mais afetada.
09:05E volta para o ponto da eleição também.
09:07Por enquanto, a questão de popularidade, etc., ele está bem.
09:11Mas a gente sabe também que, se continuar com essa pobreza subindo,
09:16a reeleição vira um problema e todos os ganhos que têm sido feitos também.
09:20Eu concordo completamente.
09:22O meio termo é muito importante, não só para a sustentabilidade do que está sendo feito,
09:27a nível monetário e fiscal, mas também para ter uma reeleição.
09:30E essa política poder ser estendida.
09:34Acho que a pior coisa que pode acontecer é parar no meio e ter um outro reset de política econômica.
09:40Fernando Marques, trader do fundo TC Cosmo, muito obrigado pela sua participação hoje aqui no Real Time.
09:45Boa tarde.
09:47Muito obrigado, gente. Um abraço. Tchau, tchau.
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