Márcio Sette Fortes analisou os novos acordos sanitários que liberam feijão para a Rússia e macadâmia para a Índia. A ampliação abre espaço para elevar exportações, fortalecer regiões produtoras e diversificar mercados em meio ao tarifaço e à disputa global por commodities.
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00:00E o nosso assunto agora é a possibilidade de ampliação das exportações do Brasil para a Índia e para a Rússia.
00:07Sobre isso, eu converso com Márcio Sete Fortes, que é economista e ex-diretor do Brasil, do Brasil no BID, o Banco Interamericano de Desenvolvimento.
00:18Oi, Márcio, boa noite para você. Muito obrigada pela sua participação ao vivo aqui com a gente.
00:24Boa noite, muito boa noite a todos.
00:26Obrigada, Márcio. O governo brasileiro chegou a um acordo sobre questões sanitárias com os dois países, com a Rússia para exportar o feijão comum e o feijão fradinho, já com a Índia para exportar nozes de macadâmia.
00:41Apesar dessa aparente especificidade dos produtos, é um avanço importante, Márcio?
00:47Bastante importante, na medida em que a Rússia necessita desse feijão, é um país que se não estivesse comprando da gente, iria necessariamente comprar de outros fornecedores,
01:02e necessita desse feijão diante do seu inverno mais rigoroso e um momento em que o consumo interno precisa ser suprido pela importação daquele país.
01:16Por outro lado, a Índia com a Noz Macadâmia importando o produto brasileiro, não é apenas uma questão do produto em si, mas uma questão de um mercado extremamente dinâmico,
01:30talvez um dos mais dinâmicos do mundo hoje em termos de consumo, com uma população de 1,4 bilhão de pessoas.
01:37Então, é um mercado em que a certificação fitossanitária para exportação é extremamente interessante,
01:45porque isso traz também aí uma questão de credibilidade para o produtor brasileiro,
01:51que pode ser ampliada para outros produtores e outros produtos.
01:55Márcio, na nota sobre os acordos, o governo brasileiro disse que o país é o terceiro maior produtor mundial de feijão.
02:02Há espaço para ampliar a nossa produção e também a presença do Brasil no mercado internacional?
02:10Sim, o Brasil é o terceiro maior produtor, o quinto maior exportador, e o Brasil tem uma tradição na produção de feijão.
02:19Nós produzimos diversos tipos de feijão com três safras diferentes durante o ano,
02:25o que nos torna praticamente imbatíveis nisso aí.
02:29Nós estamos crescendo essa produção, as estimativas são de cerca de 500 mil toneladas embarcadas até novembro desse ano.
02:39Então, o Brasil consegue ser um grande player do produto no mercado mundial,
02:45e essa produção consegue também se ampliar caso haja necessidade.
02:50Não há, evidentemente, há momentos de questões de preço no mercado interno, de abastecimento,
02:55mas o mercado interno continua sendo muito bem abastecido, a maior parte dele, pelo feijão carioca, 65% dele.
03:04E essa exportação que aumenta agora, direcionada para a Índia, é de feijão fradinho.
03:10Perdão, para a Rússia agora é de feijão fradinho.
03:13Então, nós temos aí bastante produto para fornecer, e o interessante é que essa exportação de feijão fradinho também,
03:20do feijão comum e do feijão fradinho, mas especificamente do feijão fradinho,
03:27dinamiza a produção no Nordeste brasileiro.
03:30Estados como Bahia, Ceará, Pernambuco, claro, e estados também do Centro-Oeste, como Goiás e Mato Grosso,
03:37terão a sua economia dinamizada cada vez que nós pudermos conseguir colocar mais feijão no mercado russo,
03:45que, apesar de ter uma população menor do que a da Índia, tem uma necessidade grande do produto.
03:51Reafirmo aqui, principalmente nos períodos de inverno, quando essa necessidade de abastecimento do mercado interno
03:57se torna ainda mais dependente das importações naquele país.
04:03Aproveitando que você falou sobre a Rússia, ainda segundo o Ministério das Relações Exteriores,
04:08a Rússia importou mais de um bilhão de dólares em produtos agropecuários do Brasil no ano passado.
04:14Essa tentativa de ampliar os mercados, na sua opinião, é unicamente um efeito do tarifácio dos Estados Unidos, Márcio?
04:24Não, essa política de diversificação de produtos em mercados,
04:30ela vem acontecendo desde antes do tarifácio, é uma política que vem acontecendo desde 2023.
04:37O governo Lula tem se esmerado nesse objetivo, o Ministério da Agricultura,
04:42o Ministério das Relações Exteriores tem feito um esforço tremendo
04:45para que não apenas as grandes commodities, como soja e milho,
04:49essas já têm grandes mercados garantidos,
04:52mas que também outros produtos consigam alcançar com compradores do mercado mundial.
04:57É uma política que antecede, portanto, o tarifácio do presidente Trump.
05:02Mas, por outro lado, soa muito bem no momento em que
05:06a maior parte dos nossos embarques para os Estados Unidos continua sendo alvo do tarifácio.
05:12Então, encontrar mercados alternativos é aí uma boa política e um bom momento
05:17na consecução desse objetivo.
05:21Márcio, e falando agora da Índia, no ano passado, segundo o governo,
05:25as exportações agropecuárias do Brasil para o país superaram os 3 bilhões de dólares.
05:31Esse acordo para exportar as nozes de macadâmia, como você comentou na sua primeira resposta,
05:37é muito relevante para a nossa balança comercial, não?
05:41Sim, na medida em que, ao se obter uma certificação,
05:45essa certificação é para os produtores de macadâmia,
05:48mas isso ajuda também a que outros produtores brasileiros
05:52possam também, pouco a pouco, solicitar e gozar da confiabilidade
05:56na questão de outros tipos de certificação para outros produtos
06:00para acessar o mercado daquele país.
06:02É um mercado muito grande, 1,4 bilhão de pessoas,
06:05é um mercado que deve ser bastante considerado,
06:08embora também seja um produtor agrícola,
06:12tem especificidades baseadas em pequenas unidades produtoras,
06:17um bocado diferente do Brasil para determinados produtos,
06:20mas ainda assim, para nós, é bastante interessante direcionar para aquele mercado
06:24para conseguir não só ampliar as nossas vendas,
06:28mas também direcionar produtos que perderam o mercado nos Estados Unidos
06:33diante do tarifácio.
06:34Agora, para a Índia, apesar da pressão e das sanções dos Estados Unidos,
06:39alguns acordos comerciais como esse podem interferir na nossa relação
06:44com os norte-americanos e também atrapalhar o fim do tarifácio.
06:48Ou a estratégia do Brasil é justamente ampliar as relações
06:53dentro daquilo que o governo vem chamando de multilateralismo?
06:58Olha, nesse momento, tudo deve ser comemorado em termos de ganho,
07:03ainda que sejam ganhos muito pequenos para produtos específicos, se for o caso,
07:08mas tudo deve ser comemorado em função de um momento
07:11onde há uma questão de guerra comercial no mundo,
07:16de dificuldade de colocação de inúmeros produtos no mercado norte-americano.
07:20Evidentemente, o mercado norte-americano é um grande consumidor de produtos industrializados,
07:24mas, de qualquer maneira, nós temos produtos do agronegócio direcionados para aquele país
07:29e buscar novos mercados é extremamente importante.
07:33A Índia soa como um bom parceiro nesse momento,
07:36é um país membro dos BRICS, é um país com o qual o Brasil mantém um diálogo franco, aberto,
07:42a questão comercial entre os dois países é algo bastante positivo, vem se ampliando,
07:49e, no caso da Rússia, eu ainda chamaria atenção,
07:53há uma especificidade porque a manutenção das relações comerciais com aquele país
07:58é de extrema relevância, uma vez que nós temos na Rússia
08:02o maior fornecedor de fertilizantes para o agronegócio brasileiro.
08:06Então, a manutenção das boas relações comerciais com a Rússia
08:09é de extrema relevância para o Brasil.
08:13Perfeito.
08:13Márcio Sete Fortes, economista e ex-diretor do Brasil no BID,
08:18o Banco Interamericano de Desenvolvimento.
08:21Márcio, muito obrigada pela sua participação,
08:23um ótimo final de semana para você e até a próxima.
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