Warley Nascimento, pesquisador da Embrapa Hortaliças e presidente da Associação Brasileira de Horticultura, explicou como a suspensão das tarifas nos EUA impacta o setor, aliviando pequenos produtores de inhame e gengibre e destacando a necessidade de buscar novos mercados e investir em logística.
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00:00Mesmo que o foco principal do tarifaço tenha sido em carnes e café, a medida preocupou também o setor de hortaliças.
00:08O inhame brasileiro tem como principal destino de exportação os Estados Unidos.
00:12Já o gengibre tem o país norte-americano como o segundo principal destino.
00:17Período de sobretaxa gerou necessidade do setor buscar novos mercados ou redirecionar a produção.
00:23Então a gente vai entender o momento, o impacto após a decisão de Donald Trump de retirar as tarifas de alguns produtos brasileiros e como é que isso deve impactar na competitividade do setor.
00:33A conversa ao vivo é com Varley Marcos Nascimento, pesquisador da Embrapa Hortaliças e atual presidente da Associação Brasileira de Horticultura.
00:42Tudo bem? Boa tarde. Seja muito bem-vindo.
00:44Obrigado, Natália. Sempre um prazer e agradecer a oportunidade de falar um pouquinho sobre essas hortaliças aí dentro do agro.
00:55A gente que agradece a sua disponibilidade, porque professor, a princípio veio aquela lista super extensa, mais de 200 produtos, subprodutos,
01:05e agora com o decorrer dos dias a gente vai entendendo melhor do que se trata, do impacto para cada setor.
01:11Então começa trazendo para a gente esse contexto, né? Qual que é o impacto imediato dessa suspensão da tarifa de importação para os produtos do setor que você representa?
01:23Natália, na verdade o Brasil, o país, ele é um grande produtor de hortaliças. Nós estamos falando aqui de verduras, de legumes, enfim.
01:30Mas ele não é um grande exportador, né? Assim como ocorre em outras commodities, de carne, de café, de suco de laranja, de etanol, de soja, de milho, algodão, enfim.
01:43Então boa parte dessa produção interna, ela é consumida no país.
01:48Embora o brasileiro consome menos hortaliças que deveria consumir, a gente consome apenas um terço daquela porção preconizada pela Organização Mundial de Saúde.
02:00Ou seja, nós temos um potencial muito grande ainda para avançar.
02:05E é claro, algumas cadeias são exportadas, essas hortaliças, os dois principais produtos.
02:12E aí, Natália, só para os nossos ouvintes aí saberem um pouquinho mais, né?
02:18As duas principais hortaliças que nós exportamos é o melão e a melancia.
02:24Nós chamamos comumente de frutas, mas na verdade são duas hortaliças, até pelas suas características biológicas, via ciclo e etc.
02:32Mas elas não são tão exportadas para os Estados Unidos.
02:35Essas duas hortaliças são bastante exportadas para a União Europeia.
02:39Já algumas hortaliças, como é mencionado aí na reportagem, o inhame e o gengibre, são bastante importantes.
02:49E mais ainda, Natália, que essas hortaliças são produzidas aqui no país por pequenos agricultores, aqueles da agricultura familiar.
02:57Então quando vem uma sobretaxa, isso afeta muito essas pessoas.
03:02Nós estamos falando de renda, nós estamos falando de empregos e, claro, de trabalho para toda essa população envolvida nessas cadeias.
03:11E, é claro, quando veio essa sobretaxa de 40%, nós ficamos bastante preocupados porque não são hortaliças que são facilmente desviadas para outros países.
03:22Também não são facilmente consumidas no Brasil.
03:26Graças a Deus, terminou, pelo menos para essas duas espécies aí, inhame e gengibre.
03:33Mas isso trouxe uma coisa bastante interessante para a gente nessa oportunidade.
03:39Sempre quando vem crise, a gente tira algum proveito.
03:41E que a gente necessita investir mais, priorizar, por exemplo, a parte de logística, cadeia de frio, conseguir novos mercados, para que isso não venha a acontecer novamente.
03:57Então, realmente foi um ensinamento.
03:59Houve, sim, prejuízos, mas a gente está acertando.
04:03Eu fico bastante satisfeito que não houve um grande, digamos assim, prejuízo, como tem outras cadeias aí do café, da carne e etc.
04:13Resolvido por hora.
04:15Ana, fiquei surpresa de saber que melancia e melão fazem parte, então, da lista de hortaliças.
04:20Eu não poderia imaginar, né?
04:22Vivendo e aprendendo.
04:24Vivendo e aprendendo, como se diz por aí.
04:26Agora, você mencionou, né, inhame e também o gengibre, que essa retirada da sobretaxa já trazem um alívio.
04:35E tem produtos que a gente exporta para os Estados Unidos e que ainda não foram contemplados pela retirada das taxas, ainda estão com sobretaxa ou não?
04:43Não, praticamente as hortaliças que são exportadas para esse país foram contempladas nessa lista da retirada da alíquota de 40%.
04:55Estamos resolvidos por hora.
04:58E aí, eu queria ouvir isso.
04:59Bom, estamos aliviados agora, mas, assim, vivemos num contexto de muita instabilidade, né?
05:05E já vimos que as coisas podem mudar de uma hora para outra, né, Verley?
05:09Sem dúvida.
05:10E, assim, quando você fica, como foi o caso, de agosto até novembro, sem exportar, você perde mercado, né?
05:18Então, você, mesmo que voltou agora, mas, enfim, você deixa de ser competitivo.
05:26Outro país coloca lá.
05:28Nós temos aqui, no caso do gengibre, nós temos aqui o Peru ao lado, que é um grande competidor.
05:33Nós temos a China.
05:34Então, essa coisa também atrapalha.
05:37Pontualmente, ela atrapalhou muito, mas pode atrapalhar aí, porque o espaço, ele vem preenchido por outro país competidor.
05:46Então, isso nunca é bom, né?
05:49Essa perda, mesmo que temporária, de algum tipo de produto.
05:53E nós temos um potencial muito grande, como eu mencionei, né?
05:56Nós temos aí a batata doce, nós temos aí a páprica, que é a pimenta moída, nós temos a cúrcuma.
06:03São nichos de mercado, mas que o país tem o potencial de aumentar a exportação.
06:10E nós estamos falando dos Estados Unidos, um país aí, né, de 300 milhões de pessoas, enfim.
06:15Poder aquisitivo bem maior, a potência do mundo, enfim.
06:19Então, não é bom.
06:21Não é bom.
06:21Isso que aconteceu.
06:22Não foi bom.
06:23Então, nesse período em que a gente ficou com essa sobretaxa de 50%,
06:28esse espaço, não tem espaço vazio, né, em comércio exterior.
06:32Então, ele foi preenchido por outros concorrentes e os exportadores brasileiros já conseguiram se recolocar nesse jogo ou ainda não?
06:41Sim, sim.
06:43Essas duas espécies, você consegue ainda manter um pouquinho no campo, né, na colheita.
06:48São raízes, tubérculos, na verdade.
06:50Poderiam estar armazenados em câmaras frias, mas a nossa cadeia de frio do Brasil é uma coisa que a gente tem que avançar muito.
06:58viu, Natália?
06:59É pífia, é diferente da carne, de lácteo, então temos que avançar em logística no porto, nos caminhões, nos frigorrentes, enfim.
07:10Melhorar a conservação pós-colheita.
07:12Mas estamos no caminho certo aí de conseguir, para o próximo ano, o gengibre e assim também o inhame coincidiu agora com o período aí de término, de colheita, então o prejuízo já foi.
07:30Então, agora temos que pensar aí no próximo ano melhorando aí nossa estrutura, principalmente de logística e também de buscar novos mercados.
07:40E, claro, continuar com esse produto de excelente qualidade, que é o produto, qualquer produto do agro nacional, sustentável, enfim.
07:48Mas temos, é claro, em ser competitivo frente aos outros países aí exportadores.
07:55No caso do inhame, por exemplo, a África aí exportando muito.
07:59No caso de ingibre, a China também é o maior exportador.
08:02Então, a gente tem que ter um produto de qualidade frente a esses países para conseguir um melhor mercado.
08:10Exatamente.
08:11Então, ficou mais escancarado do que nunca a importância da gente estar sempre aberto e buscando novos mercados.
08:17Não é um processo rápido nem fácil, né?
08:20Essa diversificação e abertura de mercados.
08:24Agora, olhando para a União Europeia, para a Ásia, o que o senhor vê de potencial para a gente ampliar?
08:30E com esse foco em produtos, nichos mais sustentáveis, nos orgânicos, qual que é o investimento assim que fica no radar daqui para frente?
08:38É, a gente tem que ter...
08:40O grande problema que eu vejo, Natália, é que boa parte dessas hortaliças é produzida por pequenos produtores e, na maioria das vezes, não são organizados.
08:52Nós não temos cooperativas, nós não temos associações na cadeia produtiva.
08:56Então, é muito difícil para um produtor, a não ser quando é um empresário, no caso do melão e da melancia, que ele consegue fazer a coisa sozinha.
09:05Então, assim, precisamos também melhorar a gestão dessas propriedades, envolver essa organização do setor, por meio, talvez, cooperativas,
09:16investir em cadeias de frio e também políticas públicas, junto com o Ministério da Agricultura, junto com a Apex, junto com a CNA, buscar novos mercados.
09:27Mas é uma guerra, digamos, entre aspas, porque nós estamos aqui, nos Estados Unidos, nós temos os países aqui da América Latina, da América Central,
09:36que são grandes produtores de frutas, de hortaliças, tem uma logística mais fácil.
09:40O peru, por exemplo, exporta muito gengibre, exporta muito aspargo, que é outro hortaliça importante, e está praticamente na metade do caminho do Brasil.
09:50Então, temos que pensar também como sermos mais competitivos e apresentarmos um produto de melhor qualidade, e, obviamente, além do preço.
10:01Bora aproveitar essa crise como um teste de adaptação e uma grande lição, Badley.
10:07Sem dúvida, sem dúvida. E vamos consumir mais hortaliças, viu, Natália?
10:12Porque, quando a gente consome mais hortaliças, a gente fica mais imune, uma alimentação mais saudável.
10:16É.
10:17Eu acho que, independente de que está exportando ou não, a gente aqui, esses últimos meses, foi terrível para a cebola.
10:24Poderíamos estar exportando cebola.
10:26Então, nós temos que melhorar, né, também o consumo interno de hortaliças aqui no nosso país.
10:33É. O inhame estava fazendo sucesso nas redes sociais, viralizando, como um superalimento.
10:39Em casa, sempre tem, viu? Estou fazendo a minha parte.
10:41Batata doce também, né, que tem um bom para dietas, né, um baixo calórico.
10:48Enfim, cada hortaliça tem aí uma qualidade nutricional bastante interessante, com as suas cores, aromas, sabores diferentes.
10:55É isso, muito bom. Valeu, Marcos Nascimento, pesquisador da Embraa Portaliças e atual presidente da Associação Brasileira de Horticultura.
11:04Muito obrigada pela participação ao vivo. Ótima tarde, boa semana para você.
11:09Para você também. Nós que agradecemos. Grande abraço.
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