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Com a maior safra da história, o Brasil exportou quase 73 milhões de toneladas de soja até setembro, alta de 30% frente a 2024. A disputa comercial entre EUA e China abriu espaço para o grão brasileiro, consolidando o país como principal fornecedor global, segundo Lucas Costa Beber presidente da Aprosoja-MT.

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Transcrição
00:004 horas 37 minutos, os agricultores americanos estão colhendo uma das maiores safras de soja da história.
00:08Mas o maior comprador foi embora.
00:10Em retaliação ao tarifácio iniciado pelos Estados Unidos, a China impôs tarifas retalhatórias sobre produtos agrícolas americanos
00:19e fechou as portas para a soja do país.
00:22A China vem atendendo a sua demanda, aumentando as compras de soja da Argentina e do Brasil.
00:27Os chineses são os principais compradores do grão brasileiro.
00:32De janeiro a setembro, a China importou 63,7 milhões de toneladas do Brasil, um aumento de 2,4% em relação ao ano anterior.
00:42Vamos falar sobre esse cenário com o Lucas Costa Beber, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso.
00:50Lucas, boa tarde para você. Obrigado pela sua disponibilidade em conversar aqui com a gente.
00:55O Brasil tem plenas condições de seguir atendendo a essa demanda adicional da China, Lucas?
01:01Olá, Turci. Sem dúvida nenhuma, o Brasil tem.
01:05Esse ano tivemos uma superprodução, a última safra que passou.
01:10Temos ainda soja para exportar.
01:12Inclusive, os números são muito positivos.
01:15Em setembro, aumentamos 30% as exportações em relação a setembro do ano passado.
01:23E esse ano já estamos chegando, agora em setembro, no fechamento de setembro, já quase 73 milhões de toneladas exportadas,
01:33frente a 75, que foi o total exportado no ano de 2024.
01:39Ou seja, estamos batendo recorde de exportação e a China é o nosso principal destino.
01:47E houve essa oportunidade para o Brasil diante desse conflito comercial.
01:54Agora, sem uma safra recorde como essa que a gente está vendo esse ano, daria para atender a China?
01:59Olha, eu acredito que ainda dá sim, tem espaço, está sendo plantada soja no Brasil.
02:07Nós temos um período muito grande.
02:09Então, se houver remuneração, ou seja, viabilidade econômica para o produtor, pode ainda se aumentar a área no Brasil.
02:17Nós temos áreas aí que são feitas outras culturas.
02:21E aí também aumentam os investimentos.
02:25Basta, de fato, é claro que nós temos que considerar que a safra do ano passado foi fora da curva em termos positivos.
02:34Ou seja, ela surpreendeu positivamente, superando até as expectativas dos produtores.
02:42Essa mudança de eixo nas compras da China, de alguma forma interfere nos rumos do preço da commodity?
02:51Olha, sempre, sempre, a China, lá em 2019, quando nós tivemos a primeira guerra comercial,
02:59deu um grande boom no preço, somado depois à pandemia que aumentou o consumo mundial de alimentos,
03:06nós tivemos um grande boom no preço da soja.
03:09Então, agora tudo vai depender desse acordo.
03:14Porque hoje há muita volatilidade, toda hora, muita especulação.
03:18Agora o presidente dos Estados Unidos está anunciando que deve se encontrar nos próximos dias com o Xi Jinping.
03:26E também, é claro, ele diz que está disposto a retomar as compras de soja,
03:34as vendas, perdão, para a China.
03:37Porém, ele quer, é claro, que a China colabore também nas negociações.
03:41Ou seja, ele mostra que pode diminuir a taxação para que a China possa comprar soja norte-americana,
03:50até pela pressão dos produtores norte-americanos.
03:53Hoje, eu acompanhava as redes sociais da Associação Norte-Americana,
03:58inclusive o presidente pedindo para que o governo não meça esforços para fazer um acordo
04:04para retomarem essas negociações.
04:08Pois é, uma grande pressão dos produtores americanos contra Donald Trump.
04:12Agora, como você observou, a confirmação dessa reunião entre ele e o presidente chinês no fim de semana.
04:19E a gente fica nessa expectativa sem saber o que vai acontecer na relação comercial entre os dois países
04:23e o que poderia se refletir, inclusive aqui no Brasil, incluindo a soja.
04:28E aí, num momento como esse, você falava aí dessa instabilidade, né?
04:31Quer dizer, nesse momento, o maior comprador do grão do mundo está aumentando as compras do Brasil,
04:36está sendo ótimo para nós aqui, mas não se sabe até quando isso vai e se é que vai parar em algum momento.
04:43Como é que fica o planejamento do setor diante desse cenário tão positivo hoje,
04:48mas sem saber o que vem pela frente?
04:50É, nós ainda não estamos tendo uma renda adequada, né, Torce?
04:55Se não, é como eu falei, o aumento de área poderia ser maior.
04:59Nós temos um potencial enorme.
05:01Hoje, Mato Grosso, em questão de três anos, se tivesse para isso, claro, basta ter remuneração.
05:09Nós temos aí, no mínimo, 5 milhões de hectares de pastagem que pode se transformar em lavoura do dia para a noite.
05:16Basta que haja.
05:16Por outro lado, nos chama a atenção que o Brasil tem que fazer o dever de casa nas relações comerciais,
05:23porque países como Espanha, Tailândia, Turquia, têm importado soja do Brasil,
05:29mas as exportações para esses países têm diminuído, ou seja, o produtor norte-americano também tem buscado novos mercados, né?
05:40Outros países se aproveitam desse conflito para ir buscar soja norte-americana por conta do trabalho que o governo faz também lá para buscar abrir novos mercados.
05:53Eles não medem esforços para abrir novos mercados, ou seja, também está tendo uma compensação.
05:58É claro que a Espanha é o segundo país que mais importa do Brasil.
06:03No ano passado, como eu falei, 75 milhões de toneladas, esse ano já temos 73, e a Espanha importou até agora 3,68,
06:15ou seja, é um número muito ínfimo, mostra que nós temos um grande dever de casa para expandir mercado para soja,
06:22para não ficar também só dependente da China.
06:26Mesmo que haja um acordo entre China e Estados Unidos, falando aqui especificamente da soja,
06:32vocês acreditam que o Brasil poderia manter com o mercado chinês uma fatia maior de participação,
06:38até olhando para o que aconteceu no primeiro mandato de Trump, na primeira guerra comercial, quando a história da soja se repetiu?
06:45Com certeza, né? Natural. Os Estados Unidos mudaram as políticas de esmagamento e industrialização interna.
06:51Eles ampliaram o consumo com novas políticas de biocombustíveis, demandando por mais óleo de soja,
06:59intensificaram a produção de carne de frango e suíno, aproveitando farelo de soja para exportar mais carne para o mundo.
07:06Em contrapartida, abriu espaço para soja in natura.
07:10Hoje, os Estados Unidos exportam em média de 18 a 20 milhões de toneladas de soja,
07:16frente ao Brasil, só para mais de 100 milhões de toneladas no ano passado e somente para a China, 75 milhões.
07:27Então, há espaço e o Brasil tem potencial de produtividade.
07:30Para isso, nós temos que fazer alguns ajustes em casa.
07:33Os Estados Unidos têm uma malha ferroviária enorme que tem uma grande eficiência, não só em preço de frete e transporte,
07:43além das suas hidrovias, como de menor emissão de carbono.
07:46Nós aqui, por outro lado, perdemos nisso.
07:49Mato Grosso, que é o maior estado produtor agrícola, se fosse um país, seria o terceiro maior produtor de soja do mundo,
07:56tem apenas 900, perdão, 400 quilômetros de ferrovia operante, frente à Alemanha e França, por exemplo,
08:05tem o mesmo tamanho do território de Mato Grosso, juntas, mais de 66 mil quilômetros.
08:11O Brasil tem praticamente a mesma malha ferroviária de 100 anos atrás, algo em torno de 30 mil quilômetros.
08:18Então, nós precisamos, porque Mato Grosso, no pico da safra, paga no frete ferroviário,
08:24muitas vezes mais caro até que o rodoviário, devido à grande demanda e só ter uma via de exportação,
08:30que é através do Porto de Santos.
08:33Temos a necessidade também do acesso por ferrovia aos portos do Arco Norte,
08:38para melhorar ainda mais a nossa competitividade, estimando aí, só com a construção da ferrogrão,
08:44nós economizaríamos mais de 8 bilhões por ano, Mato Grosso, de frete,
08:48o que viabilizaria uma maior conversão de áreas de pastagem em lavoura.
08:55Continua sendo um tremendo gargalo, né?
08:58Lucas, para o ano que vem, a gente deve ter soja recorde de novo, renovando o recorde?
09:03Olha, a princípio, as projeções são, né?
09:05E o USDA projeta 175 milhões, a Conab 177, às vezes nos deixa desconfortável,
09:14porque eles partem já de projeções super otimistas,
09:19Mato Grosso está enfrentando um problema esse ano, apesar do ritmo de plantio estar mais acelerado,
09:25nós temos distribuído no estado inteiro situações ótimas de plantio,
09:32mas também temos atraso, ou seja, tem produtor, por exemplo,
09:36que fala que faz o plantio em 15 dias esse ano, está com um mês e meio e ele plantou só metade da sua área.
09:44Tem nobres aqui, por exemplo, um produtor hoje relatava 30 dias sem chuva,
09:49algumas áreas com 12, outras com 15.
09:52Na região oeste e sapezal também, áreas com mais de 10 dias.
09:55Na região norte também, nós temos aí, produtor reclamando que está tendo,
10:02normalmente tem uma estiagem todo ano durante o plantio, ou ele atrasa.
10:07Esse ano está tendo mais que uma estiagem, ou seja, dá uma chuva,
10:11o produtor se anima a plantar, tem previsão e não se confirmam as chuvas.
10:16Então, há reclamação de redução de porte de plantas devido ao déficit hídrico.
10:22O estande de plantio também, com uma distribuição irregular de plantas,
10:29e isso pode afetar na produtividade da próxima safra.
10:33Mais uma vez o clima aí, dando dor de cabeça. Vamos acompanhar.
10:37Lucas Costa Beber, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso.
10:42Obrigado, Lucas, pela sua entrevista.
10:45Obrigado, Turcio. Um prazer poder conversar com vocês.
10:48Obrigado, boa tarde.
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