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  • há 2 dias
De molho de peixe fermentado a símbolo da globalização, o ketchup passou por várias mudanças até chegar ao seu hambúrguer. Entenda como o preparo surgiu – e o mercado que ele movimenta.



A reportagem completa que inspirou esse vídeo você encontra nesse link: https://super.abril.com.br/especiais/a-jornada-do-ketchup/


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Diversão
Transcrição
00:00No dia 11 de outubro de 1924, a Heinz organizou 62 banquetes em diferentes cidades dos Estados Unidos, do Canadá, da Inglaterra e da Escócia.
00:11Foram 10 mil pratos servidos ao mesmo tempo.
00:14Tudo isso, claro, foi feito sem internet.
00:17O jantar aconteceu graças a um sistema de comunicação via rádio e alto-falantes sincronizados.
00:24No final, rolou até a transmissão de um discurso do presidente americano John Calvin Coolidge.
00:29Vamos combinar que foi uma ação de marketing de fazer inveja, até para as empresas de hoje em dia.
00:35Ao lado da Coca-Cola, o frasco de Heinz talvez seja um dos maiores símbolos da americanização do mundo.
00:42Mas e se eu te disser que o ketchup não nasceu nos Estados Unidos e que nem levava tomate na receita original?
00:48Depois da vinheta, eu vou te contar a história desse condimento que você coloca na batata frita ou da pizza.
00:59A jornada do ketchup começa por volta de 300 a.C., na região do atual Vietnã.
01:09É dali que vem os primeiros registros do ketsiap, um molho fermentado de peixe e soja.
01:15Na língua Hokkien, um dialeto chinês que também é falado no sudeste asiático,
01:20ketsiap significa algo como salmoura de peixe em conserva.
01:24Beleza, talvez isso não desperte o seu paladar, mas saiba que ele era um condimento muito popular
01:30e que, com o tempo, se espalhou para fora da Ásia.
01:33No século XVIII, os ingleses entraram em contato com o molho por causa das colônias que eles mantinham na Indonésia.
01:40Os britânicos piraram no sabor marcante do ketsiap e como ele era capaz de turbinar qualquer tipo de prato.
01:47Foi aí que eles decidiram tentar replicar o produto na Europa.
01:51Só tinha um problema, não tinha soja na Inglaterra.
01:54A solução foi adaptar a receita.
01:57E aí nasceram várias versões, como cogumelo, feijão, anchova, ostras e nozes.
02:03A primeira receita publicada na Inglaterra saiu em 1727.
02:08No livro, a grafia do molho mudou para katshop.
02:11Na lista de ingredientes tinham coisas como vinagre, vinho branco, gengibre e casca de limão.
02:18Viu? Nada de tomate.
02:19Mas calma que eu já conto onde é que ele entra nessa história.
02:22O katshop fez um baita sucesso, principalmente por causa da sua durabilidade.
02:27Pensa que a gente está falando de uma época sem geladeira.
02:30O molho era usado para carnes, peixes e pães.
02:34Sabe quem era uma grande fã dele?
02:36A escritora Jane Austen, de Orgulho e Preconceito.
02:39Naquela época, o consumo de tomate ainda era bem tímido na Europa.
02:43O fruto, que é originário da América, chegou no continente depois das grandes navegações.
02:48Só que, por vários séculos, muita gente achou que tomate era venenoso.
02:52E aí usavam só para enfeitar a mesa.
02:55O katshop à base de tomate, que você conhece, foi feito em 1812, nos Estados Unidos.
03:00Quem criou foi o cientista e horticultor James Mees.
03:03A sua receita tinha polpa de tomate, conhaque e algumas especiarias.
03:08Mas, ao contrário da versão europeia, o katshop do Miss estragava bem rápido, justamente por causa do tomate.
03:15A saída foi encher o negócio com produtos químicos, como o benzoato de sódio, para estender a data de validade.
03:22Os fabricantes aproveitaram o bonde e também colocaram várias coisas como o alcatrão de ulha, que realçava a cor avermelhada.
03:29Acontece que já se sabia que esses produtos faziam mal à saúde.
03:33Um dos maiores críticos era o químico Harvey Washington Wheeling.
03:37Penso quão nocivas essas coisas tinham que ser para um americano bigodudo do século XIX falar
03:42Ei, vamos com calma aí nos aditivos?
03:44Wiley defendia que conservantes não eram necessários se os fabricantes usassem ingredientes de alta qualidade.
03:51E um fabricante de ketchup decidiu encampar a briga dele.
03:55O Henry John Hines.
03:56Henry nasceu em 1844 e começou no negócio de alimentos ainda criança,
04:01quando ele ajudava a sua mãe a vender conservas de raiz forte.
04:05A Heinz Company foi fundada em 1869, mas faliu quatro anos depois durante uma grave crise bancária nos Estados Unidos.
04:14A empresa voltou em 1876.
04:17Assim como o Wiley, Heinz acreditava na regulação da indústria de alimentos.
04:21Em vez de aditivos, a sua receita levava tomates mais maduros, para dar uma cor no molho,
04:27além de uma quantidade absurda de vinagre, o que ajudou a conservar o produto.
04:32O ketchup do Heinz foi uma das sensações numa feira de invenções que aconteceu em 1876, na Filadélfia.
04:39No ano seguinte, a sua fábrica já tinha linhas de produção, com tarefas divididas e algumas delas automatizadas.
04:46O cara já era fordista uma década antes do Henry Ford.
04:49No início do século XX, máquinas automatizaram a produção dos frascos de vidro.
04:55Antes, a Heinz comprava potes artesanais.
04:57Isso fez com que o custo de produção do ketchup caísse 90%.
05:02Aí a empresa deslanchou, e começou a vender mais de 12 milhões de unidades por ano.
05:07O Heinz era um cara esperto, que desde o começo se aliou ao governo.
05:11Em 1906, ele defendeu a criação da primeira lei de defesa do consumidor voltada a alimentos e medicamentos.
05:19E essa proximidade com o governo perdurou.
05:22Tanto que, na Segunda Guerra, os enlatados da Heinz faziam parte da dieta dos soldados dos aliados no fronte.
05:29Ah, e décadas depois, o Henry Kissinger, que foi secretário de Estado americano, ajudou a Heinz a entrar no mercado chinês.
05:36O ketchup é feito com um concentrado de tomate.
05:39Tem várias receitas do molho na internet.
05:41Você aí em casa pode testar várias delas.
05:44Mas é bem provável que você não vai encontrar os mesmos tomates usados pelas empresas.
05:49Isso porque elas usam tomate industrial.
05:51Uma variante que desde os anos 30 foi sendo aperfeiçoada para atender as necessidades dos fabricantes.
05:57À primeira vista, ele é bem parecido com o tomate normal.
06:00Pouco menorzinho.
06:01Mas o interior é bem diferente.
06:03O tomate industrial é mais viscoso.
06:06Afinal, quanto menos água ele tiver, melhor para as fábricas de concentrado, já que elas vão gastar menos energia no processo.
06:13Outra diferença é que os pés de tomate industrial são mais baixos, para facilitar a colheita.
06:18Ah, e eles são mais rígidos que um tomate normal, já que precisam aguentar os impactos das máquinas e do transporte.
06:24Ou seja, você até pode colocar ele na salada, mas não vai ser a mesma coisa.
06:28Hoje, o maior exportador de pasta de tomate é a China.
06:31As plantações se concentram no oeste do país.
06:34É uma região bem menos desenvolvida que o leste, que é onde ficam todas aquelas grandes cidades.
06:40A indústria emprega milhões de camponeses, boa parte deles sob péssimas condições de trabalho.
06:46Uma parte da produção chinesa vai para a Itália, onde rola uma gambiarra.
06:50Graças a uma brecha na legislação, o concentrado chinês entra no país, vai para as fábricas de molho enlatado e recebe um feito na Itália na embalagem.
07:00E, você sabe, produtos com esse selo costumam ser bem mais caros.
07:05Na Itália, as maracutaias no setor alimentar são tantas que se criou um termo para quem ganha dinheiro com isso, a agromáfia.
07:12Mas isso é tema para um outro vídeo.
07:14Se você gostou desse aqui, não se esqueça de curtir e de assinar o canal da Super.
07:18Valeu!
07:19Transcrição e Legendas Pedro Negri
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