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No programa "Só Vale a Verdade" desta semana, o professor e historiador Marco Antonio Villa recebe a líder religiosa Monja Coen.
Monja Coen explica a essência da conversão ao zen-budismo, revelando que se tornar budista é um caminho de autoconhecimento que permite que "você vira quem é de verdade".

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/s7KT_s3lwJU

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Transcrição
00:00Hoje a nossa convidada é a Monja Cõe, ou seja, faz a gente quebrar um pouco das nossas discussões,
00:05são muito pesadas, duras, de conversa com os entrevistados, sobre os graves problemas que nós vivemos.
00:11E a Monja Cõe é uma das pessoas mais importantes no campo do Zen Budismo no Brasil.
00:16Como eu brinco, o Monja agora, nós falamos que tem um meridiano imaginário,
00:19igual aquele que a gente aprendia no primário, o meridiano Tordesilhas, de 1494.
00:25Então eu sempre brinco, Monja, que a partir de agora só vale a verdade.
00:30E pergunto à senhora, primeiro uma pergunta, uma questão pode ser irrelevante,
00:35eu estava falando com a senhora, quando alguém se converte ao Budismo,
00:40ela necessariamente é condição sine qua non, ela passa a ter um outro nome, uma outra personalidade,
00:45como se essa outra personalidade, não sei se eu estou correto, me corrija,
00:49leva necessariamente a se redominar uma nova denominação?
00:53Não é realmente que vai ter uma outra personalidade, vira outra pessoa, vira você.
00:58Quem você é de verdade, qual a essência do ser.
01:01E o nome budista que geralmente o professor escolhe tem que ver com características suas.
01:07Então ele vai observar essa pessoa, e geralmente você recebe primeiro os preceitos laicos, não vira monge,
01:14depois dos laicos que querem seguir a vida monástica, tem um outro período de tempo de observação,
01:19tanto dos professores como da própria pessoa, e até que pode receber os preceitos monásticos.
01:25O nome do meu professor era Coum, Co quer dizer só, órfão, um só, monos seria, né?
01:31E o dele era um, que era nuvem, nuvem solitária, única nuvem.
01:35E o meu ficou Coen, En é um círculo.
01:37E vem num poema chinês, muito bonito.
01:40Que diz assim, mente e lua, meu nome é Shin Getsu Coen, Shin é coração, mente e Getsu Lua.
01:47Shin Getsu Coen, mente e lua só e completa em si mesma.
01:52A luz faz com que todas as formas se revelem, mas quando luz e forma são transcendidas, o que há?
02:01Esse é o poema.
02:03É bonito.
02:04Bom, já, nós somos um país muito distante do mundo oriental.
02:08É como se nós viessemos em dois planetas e estamos no mesmo.
02:12O budismo é, para muitos, é desconhecido no Brasil.
02:18No que consiste o budismo?
02:20Por exemplo, eu pergunto à senhora.
02:22Eu conheci, eu tinha noções muito primárias e tal, e acho que continuo tendo noções primárias do budismo,
02:28mas quando eu tinha lá meus 17, 18 anos, 16 anos, 16 para 17, eu era office boy,
02:34e aí eu fui, era um escritor, o Herman Hesse, muito conhecido, a época, Prêmio Nobel de Literatura,
02:40e um dos livros dele era Siddhartha.
02:41Eu fiquei muito impressionado quando li.
02:44E depois li outros livros dele, O Lobo da Estepe, Um Homem Debaixo das Rodas, etc.
02:49Eu li muita coisa.
02:51E aí, mas fiquei pensando, olhando o Brasil daquela época, durante a ditadura militar,
02:55momento trágico da nossa história, como é que eu poderia, aqueles princípios que lá estavam presentes,
03:02como eu podia colocar em prática?
03:04E não consegui fazer essa ponte, essa associação entre o que eu li e a conjuntura que eu vivia, que era muito adversa.
03:11Eu pergunto primeiro à senhora, o que é o budismo?
03:16A palavra Buda significa aquele e aquela que desperta, que acorda,
03:20que é capaz de ver a realidade assim como ela é e atuar de forma decisiva
03:25para que seja melhor para o maior número de seres.
03:29Então isso, de linhas gerais, Buda quer dizer o desperto, o que acordou.
03:33Quando vai chegar na Europa, há muitos tempos atrás, eles começaram a chamar de o iluminado.
03:40Tínhamos a ideia do iluminismo, então acaba sendo o iluminado.
03:43Mas a palavra Buda quer dizer o que despertou, o que acordou, o que vê o que é assim como é.
03:48Um dos epítetos de Buda é Tathagata, que quer dizer exatamente isso,
03:52aquele que vem e que vai do assim como é.
03:55Ter percepção da realidade como ela é, não projetar em cima dela, nem tirar coisas dela.
04:01Mas ao mesmo tempo, como é que a gente atua nesta realidade.
04:05Eu também li Siddhartha, do Herman Hesse, que foi uma bênção.
04:08Teve uma época que eu fui morar em Los Angeles, na Califórnia.
04:13E eu fui funcionária do Banco do Brasil, procurei um emprego local.
04:19E nessa época que eu comecei a me interessar pelo Zen Budismo.
04:24E o Siddhartha foi muito importante para mim.
04:27Teve uma ocasião, uma situação muito rara, que eu era secretária da recepção do banco.
04:33E eu tinha que fazer uma colagem, colocar vários papeizinhos numa máquina para fazer uma cópia de um papel.
04:41E na hora que eu ia apertar o botão, demorou um certo tempo para ajeitar todos os papeizinhos.
04:46Na hora que eu fui apertar o botão, a secretária do gerente geral, que chamava Dona Erna,
04:52desceu, entrou na sala da copiadora e levantou a tampa e voaram todos os papéis.
04:58E eu fiquei muito brava.
05:00Foi a primeira vez na minha vida que eu me percebi com raiva de uma coisa tão tola como um papel que voou.
05:06Eu praticava já meditação, o Zen, e me achava que estava muito Zen na vida.
05:11E percebi naquele instante que um papel que voasse me tirava do sério.
05:16E me lembrei do Siddhartha.
05:18Que ele é um momento que ele diz que ele está trabalhando como um barqueiro
05:22e que ele tem essa percepção que nem uma gota d'água passa duas vezes no mesmo lugar.
05:28Ou seja, tudo é passageiro.
05:30E isso me deu coragem, vamos dizer, de lidar com a minha raiva, com a minha insatisfação.
05:36Naquele momento, em vez de ficar brava, brigar com alguém e responder de forma dura para qualquer pessoa,
05:41eu comecei a perceber o que eu estou sentindo é raiva.
05:44Isso passa, isso é momentâneo.
05:46E comecei a respirar a minha raiva.
05:50E deixar que ela se abrandasse.
05:53E aí falei, se eu tenho que fazer de novo, vai ser melhor do que eu tinha feito antes.
05:59Então em vez de reclamar que tenho que refazer, vou refazê-lo com cuidado.
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