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  • 28/06/2025
No Só Vale a Verdade, Renato Janine Ribeiro reflete os cortes orçamentários nas universidades públicas brasileiras. O ex-ministro da Educação comenta o impacto da desvalorização da ciência e tecnologia no país, um tema crucial para o futuro da nação.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/JqjmeK4PHyQ

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Transcrição
00:00Está pegando esse gancho. A questão contemporânea, eu estava vendo no noticiário,
00:05eu fiquei muitos anos, décadas, com o professor da Universidade Federal,
00:09há muitas críticas em relação a questões recentes do orçamento.
00:13Algumas das universidades maiores, como a UFRJ, por exemplo, entre outras,
00:17tendo dificuldade de falar, olha, com esses recursos a gente não consegue acabar o ano.
00:22E para questões básicas de gastos de custeio dentro da universidade.
00:27Como é que fica essa questão, você que passou pelo Ministério da Educação,
00:31vendo agora essas dificuldades que são muito grandes,
00:35porque houve uma enorme expansão da Universidade Pública Federal.
00:38Elas eram relativamente restritas, eu digo, por exemplo, pelo caso da UFSCar,
00:43que era só São Carlos, depois ainda no governo Collor foi incorporado Araras,
00:48e depois, posteriormente, bem depois, aí foi para Sorocaba, foi para o Vale do Ribeira,
00:53se expandiu muito. Isso ocorreu com outras universidades também.
00:55E, consequentemente, a necessidade de mais recursos, e no momento atual,
00:59não sei qual é a questão que coloca o ministro Camilo Santana,
01:04que é o ministro do MEC, responsável,
01:07as universidades estão em uma situação muito difícil, né?
01:10Muito difícil. Veja, o Brasil tinha que expandir.
01:12Quando o Lula assumiu o governo, se não me engano,
01:15eram 3 milhões de estudantes universitários no Brasil.
01:17Isso dava algo como, talvez, não tenho o número exato,
01:22mas algo como 10 a 15% da galera de 18 a 24 anos,
01:25que é o ponto de referência para a educação.
01:28Quando a Dilma deixou, eram 8 milhões, mais que dobrou.
01:31Agora, pegando o FRJ.
01:33O FRJ tem muitos prédios históricos.
01:35Aí, a manutenção desses prédios é cara.
01:39Depois, existem coisas que são necessárias em termos de equipamentos novos.
01:43Então, você tem, ao mesmo tempo, que cuidar de uma coisa que é quase cultura,
01:47que é quase patrimônio histórico,
01:49e você tem que cuidar também de uma coisa que é a modernidade,
01:52que é o futuro, que é a ciência, né?
01:54Veja o caso coroso do Museu Nacional.
01:56Pegou fogo.
01:57Então, o fato de não ter se cuidado no Museu Nacional antes,
02:02tem um custo altíssimo.
02:04É tremendo isso daí.
02:05E eu gosto da história do Museu Paulista, do Museu do Ipiranga,
02:10porque, há coisa de 10, 15 anos,
02:12a diretora do Museu Paulista, uma professora da FAO,
02:15me foge o nome dela, de repente, fechou o museu.
02:18Nem todo mundo sabe, o museu pertence à USP, o Museu do Ipiranga.
02:21Então, o que ela não perguntou ao reitor,
02:24ela fechou da cabeça dela.
02:25Mas, antes disso, eles tinham chamado os bombeiros
02:28e disseram, se fosse um prédio particular, teríamos interditado,
02:31porque os bombeiros não podem interditar prédio público.
02:34Aí, ela tomou a si, essa missão, fechou.
02:38O prédio ficou fechado quase 10 anos,
02:40demorou para obterem recursos para fazer o concerto.
02:44E hoje está um prédio magnífico, um museu magnífico.
02:47Deu um avanço gigantesco naquilo.
02:50Agora, se não tivesse feito isso,
02:52é capaz que também tivesse flambado o Museu do Ipiranga.
02:55Não, é verdade, é verdade.
02:57Realmente, o museu ficou muito legal aí.
02:59Está muito bonito.
03:01Como o pessoal diz, entre aspas, um museu de primeiro mundo.
03:04Mas, eu queria colocar justamente a questão da ciência e tecnologia.
03:08Porque, afinal, no mundo, provavelmente, na história da humanidade,
03:13nós nunca tivemos transformações tão radicais em tão curto espaço de tempo.
03:17E ciência e tecnologia é o foco disso.
03:21E o curioso, quando a gente começa a olhar brasileiros,
03:24tem brasileiros lá nessas grandes big techs,
03:27sempre tem um brasileiro participando do Facebook, tem isso, tem aquilo.
03:31E muitos desses cérebros saíram do Brasil.
03:33É uma perda que nós tivemos.
03:36Como é que fica, na sua avaliação e acompanhando as reuniões do SBPC
03:40e a sua experiência também passando pela CAPES,
03:43da questão da ciência e tecnologia?
03:45Como fazer para a gente manter esses cérebros aqui,
03:48recursos, desenvolvimento?
03:50Nós temos uma estrutura universitária amplíssima.
03:53Como é que a gente consegue resolver essa questão?
03:55Primeira coisa a fazer, Vila, é não deixar o pessoal ir embora.
03:59Não digo proibindo de ir embora.
04:01Sim, claro.
04:01Mas, assim, retendo os estudantes, retendo os recém-doutores.
04:05O Brasil está formando 20 mil doutores por ano, 70 mil mestres.
04:09É muita gente.
04:10Não tem possibilidade da universidade pública contratar todos esses 20 mil doutores.
04:15Mesmo que a gente diga, mestre não é para ser docente,
04:18a gente quer partir do doutorado,
04:20que é uma coisa que também eu acho que não precisava exigir o doutorado.
04:24Mas o fato é que você não precisa, você não tem como.
04:29Então, você tem que ter outras alocações de trabalho,
04:32mas você tem, sobretudo, que é prioritário e não custa barato,
04:36é você dar condições para os doutores trabalharem no que eles fizeram.
04:40O doutor é um pesquisador, é uma pessoa que aprendeu a pesquisar
04:44e que vai usar essa pesquisa justamente para melhorar a vida das pessoas.
04:48Pode ser na área da saúde, que é uma área top,
04:50pode ser no meio ambiente, que é uma prioridade mundial,
04:54pode ser nas políticas sociais, que também precisam de gente qualificada
04:58qualificada para saber qual a medida adequada para enfrentar a fome e miséria,
05:02qual a medida que é tola, que é inútil,
05:04tipo as velhas cestas básicas que os políticos interioranos
05:09distribuíam para fazer jogo político.
05:12Mas você precisa de gente para isso tudo.
05:14Mas para isso você precisa de recursos.
05:16Não é só o salário deles, você precisa de equipamento e tudo mais.
05:19Agora, com isso, a gente entrega coisas fabulosas.
05:22A gente, estou falando de cientistas em geral,
05:23e eu mesmo, como sou da filosofia, eu tenho dúvida se eu sou cientista a rigor,
05:28porque depende muito do conceito que a gente use de ciência para as humanas,
05:32especialmente para a filosofia.
05:34Mas há uma coisa que é muito importante,
05:37é essa melhora da condição de vida.
05:39E me choca muito quando a gente vê avançando o terraplanismo
05:42e todo tipo de negacionismo.
05:44São pessoas que esquecem, por exemplo,
05:47que a varíola, que foi a primeira vacina,
05:49com o nome de vacina mesmo, originária da Turquia,
05:53por volta de 1700,
05:55depois emplacada a partir do Jenner, na Inglaterra.
05:58Esquece que a varíola, pelos dados que eu consultei,
06:02matou 300 milhões de pessoas no século XX,
06:05é muita gente,
06:06e a partir de 1970, ninguém mais morre de varíola.
06:10Aliás, uma pessoa morreu em 1980
06:12porque manejou o vírus que estava no laboratório e morreu,
06:16mas ninguém mais morreu por contágio normal.
06:19Quer dizer, foi possível vencer um flagelo horroroso,
06:22que também fica um pouco...
06:24Havia um ministro da ditadura, o César Calles,
06:28que a cara dele parecia de alguém todo machucado pela varíola.
06:32Então, mesmo quem sobrevivia,
06:34tinha sequelas muito graves.
06:36A gente venceu isso.
06:37E mesmo, você veja, pode ser que haja gente
06:40até que nos escute, que acredite que a terra é plana,
06:42e que usa iFood, e que usa o Waze.
06:45Como você pode usar um GPS,
06:47como se usaria um GPS e a terra fosse plana,
06:50levando em conta que o princípio deles
06:51é que justamente a terra é redonda,
06:54então você tem uma ciência tudo nisso.
06:57Acho que o que falta muito,
06:58não foi bem a sua pergunta,
06:59mas eu queria aproveitar e fazer um comercial,
07:02o que falta muito é as pessoas entenderem
07:04como o conforto da vida das pessoas em geral
07:08depende muito da ciência.
07:10Nunca houve uma época com tanta ciência aplicada.
07:12aplicada.

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