Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • 28/06/2025
No Só Vale a Verdade, Renato Janine Ribeiro revela detalhes sobre sua gestão no Ministério da Educação em 2015. O ex-ministro revela os desafios e as tensões enfrentadas em um período de instabilidade política e econômica no Brasil.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/JqjmeK4PHyQ

Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan
#SoValeaVerdade

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Primeira coisa, como foi na apresentação, professor, o seu desafio de ser ministro da educação
00:06numa conjuntura bastante complexa, que era 2015, e num país tão plural e diverso como é o Brasil.
00:12Como foi a sua experiência no Ministério da Educação, de alguém que tinha uma larga experiência no mundo acadêmico,
00:18da reflexão acadêmica, num cargo que exige também a questão gerencial e de conflitos que acabam ocorrendo?
00:25Foi muito difícil. Na verdade, eu já tinha sido convidado uns anos antes para assumir um outro Ministério da Cultura.
00:32Na ocasião, eu não quis. Aí, quando veio esse convite, eu falei, gente, a coisa está piorando, cada vez que é algo mais importante.
00:38É bom parar por aqui antes de ter um... de ser fazendo alguma coisa que eu não teria a menor capacidade.
00:44Então, eu aceitei, achei que era um desafio importante, o momento estava muito difícil.
00:48E é uma coisa que é evidente, Marco.
00:50Uma pessoa de fora do mundo político só é chamada se ninguém do mundo político está disposto.
00:56Então, isso é visível.
00:57Então, não são belos olhos, não é nada disso.
01:00É simplesmente que, nos momentos muito difíceis, às vezes, os cargos não são objeto de desejo, tanto quanto em outros momentos.
01:07Por exemplo, no governo atual, Lula III, você vê que, desde o começo, houve muita disputa pelos cargos.
01:12Os cargos voltaram a ser objeto de desejo, apesar da situação do Brasil não estar muito melhor do que no momento de 2015,
01:19quando, logo depois da reeleição, a presidente Dilma foi alvo de uma campanha muito forte.
01:25E, além disso, a situação econômica já estava ruim.
01:27Mas não está muito melhor, quase dez anos atrás.
01:31Foi praticamente uma década perdida.
01:33Eu tinha tido a experiência da diretoria de avaliação da Capes, que é um cargo que eu acho maravilhoso.
01:38Porque, para quem gosta da qualidade científica, como é o meu caso, você está lidando só com o pessoal top da academia, tudo que é área científica.
01:47A avaliação, ela tem um papel importante, porque ela é um termômetro da qualidade dos mestrados e doutorados, e ela permite melhorá-los, mesmo com pouco dinheiro.
01:56O meu orçamento, o orçamento da diretoria de avaliação, o que 20 anos atrás, em 2004, era um milhão de reais por ano.
02:03Quando eu fui para o MEC, o orçamento era 150 bilhões, 140, 150 bilhões.
02:08Uma diferença gigantesca.
02:10Mas tudo isso é aparência.
02:12Porque, na verdade, quando você tem um orçamento maior, primeiro, quase tudo está carimbado.
02:16Quase tudo tem já direcionamento.
02:19Segundo, faltava dinheiro para as coisas.
02:22Quer dizer, imagina, você tinha começado a fazer uma faculdade de medicina, hipoteticamente, no ano anterior.
02:28Então, você construiu os prédios, contratou os professores para um ano de medicina.
02:32No ano seguinte, tem nova entrada no primeiro ano e tem o segundo ano.
02:36E assim, gradualmente, você precisa de cada vez mais dinheiro.
02:39O Brasil não pode parar.
02:40O Brasil precisa de dinheiro, precisa de faculdades, precisa de gente de nível universitário,
02:46precisa incluir mais gente nisso tudo.
02:48E estava muito difícil.
02:49Então, foi uma experiência difícil, mas, ao mesmo tempo, vício, talvez, da profissão acadêmica,
02:55você aprende coisa, ou acredita que aprende.
02:59Tanto que eu escrevi um livro sobre esse período no MEC, A Pátria Educadora em Colapso.
03:04O título, quem sugeriu, foi o meu editor, Alcino, que era da editora da Folha, que depois fechou.
03:13Então, foi uma experiência muito importante, mas, ao mesmo tempo, muito difícil.
03:19Porque você tem a gestão, parte de gestão, quer dizer, manejar dinheiro.
03:23Tem a falta de dinheiro que o Brasil está vivendo, muito grande.
03:26E hoje, mais ou menos, está a mesma coisa.
03:29Você vê, o orçamento da República, em boa parte, foi desviado para coisas que são, assim, erradas.
03:35Quer dizer, hoje, consta que a Câmara está pensando em autorizar um pagamento a mais para os deputados.
03:41Não é muito dinheiro que vai dar se eles puderem acumular com a aposentadoria,
03:45mas, simbolicamente, é assustador.
03:48Quer dizer, você tem explicitamente, hoje, gente que quer cortar os gastos,
03:53leia-se as políticas sociais, e, ao mesmo tempo, quer estar cada vez canalizando mais dinheiro
03:58para coisas inessenciais, como, por exemplo, permitir que os deputados ganhem, sei lá,
04:02mais de 50, 60 mil reais por mês, que, vamos dizer, é um exagero isso, né?
04:07Então, foi difícil.
04:08Bom, Justo, me pegando esse gancho, professor, a questão da...
04:12Você é presidente da SBPC, né?
04:14A SBPC tem um papel histórico importante na discussão dos rumos da ciência no Brasil,
04:21e, em certo momento, um papel político também muito importante, especialmente nos anos 70.
04:25Eu me lembro que, em 1977, a reunião da SBPC foi célebre,
04:29que foi na PUC-SP, era para ser no Nordeste, o governo federal criou problemas,
04:35acabou sendo na PUC, e era o Oscar Sala, né?
04:38O presidente da SBPC, eu me lembro, eu estava lá no Tuca naquele dia da abertura,
04:43e, em certo momento, tinha tanta gente, por tanto lugar, sentado no chão, em cima,
04:47e ele é físico, Oscar, pediu que não continuasse batendo o pau com aquele volume,
04:51que as ondas podiam colocar em risco a estrutura do prédio, tal,
04:55e tanta gente que tinha, e um ato de resistência, naquele momento tão difícil da vida nacional.
05:01A SBPC continua tendo uma participação na vida política e na vida científica.
05:07Como é ser, como é hoje, qual é o papel da SBPC?
05:10Você foi eleito, foi reeleito na gestão dessa entidade, Oscar?
05:14Olha, primeiro que eu me filiei à SBPC exatamente nessa ocasião.
05:17Assim que chegou a notícia que o governo tinha proibido a reunião,
05:21na verdade, o que o governo fez foi o seguinte, proibiu todos os detentores de cargos de confiança
05:26de irem à reunião que seria no Ceará.
05:28Segundo, cortou todo o financiamento.
05:30Então, era proibir, na prática era proibir.
05:32Teve uma assembleia na psicologia da USP, os barracões, onde a gente estudava na época,
05:38aliás, eu era professor, havia pouco tempo na USP,
05:42e aí, no dia seguinte, eu fui até a Cardeal Arco Verde, 1625,
05:46e me filiei junto com a professora Carolina Bori, que era secretária executiva,
05:52secretária-geral da sociedade, depois foi nossa presidente,
05:55e hoje dá nome ao Prêmio para Cientistas Mulheres.
05:59Bom, a SBPC foi praticamente a cara do que a gente pode chamar de sociedade civil.
06:04Eu creio que nesse período, sociedade civil no Brasil tinha três pilares.
06:09A CNBB, Conferência Nacional dos Bispos, a Ordem dos Advogados do Brasil,
06:14o AB e a SBPC, cada uma no seu papel, uma mais na religião, outra com os advogados,
06:20que tinha um papel importante na luta contra a arbitrariedade da ditadura,
06:24e a SBPC no mundo acadêmico.
06:26Então, foi muito importante.
06:28A coisa boa é que a sociedade civil hoje no Brasil é muito mais forte do que 50 anos atrás.
06:33Então, o nosso papel relativo dentro disso não é tão importante.
06:37Nós somos como os pais de uma criança que cresceu, adulta, e faz as coisas próprias.
06:42Então, a SBPC não tem mais esse peso todo que teve no passado.
06:46A gente, às vezes, lamenta, mas eu acho muito bom que você não precisa mais,
06:50de certa forma, carregar os pecados do mundo, levar tudo em ordem.
06:54Porém, a gente continua tendo um papel.
06:56Por exemplo, quando o governo fez um certo contingenciamento de verbas
07:01para o ensino superior no Brasil, foi a SBPC, junto com a Sociedade Irmã,
07:06Academia Brasileira de Ciências, presidida pela Helena Nader,
07:09que fez o principal documento de protesto,
07:12que levou o governo, inclusive, a rever um pouco o contingenciamento.
07:16Então, a gente continua tendo esse papel.
07:18Quer dizer, a gente luta por uma quantidade de pautas muito grande.
07:23Quer dizer, nós somos sociedade do progresso da ciência,
07:26mas isso envolve diretamente tecnologia e inovação.
07:30Fora isso, a nossa revista chama Ciência e Cultura.
07:33Então, há 75 anos, a cultura está no nosso mapa.
07:36A educação é fundamental para nós, não só o superior e pós-graduado,
07:41que é a pesquisa mesmo, mas também a educação básica, que é o pivô de tudo.
07:45Saúde e meio ambiente são fundamentais.
07:48Então, eu chamo isso tudo de um círculo virtuoso que a gente opera.
07:51E a gente faz o que pode dentro disso.
07:54Então...
07:55É, deixa eu...

Recomendado